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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MENTIRA PREPARADA E IMPOSTA

Evandro Éboli - O Globo
BRASÍLIA. No apagar das luzes da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo decidiu ensinar aos estudantes de escolas públicas como eram os porões da ditadura, como funcionava a repressão e como se davam as torturas.
O conteúdo dessa aula sobre as vítimas da repressão - incluindo a lista e a biografia dos 384 desaparecidos políticos - está reunido no CD-ROM "Direito à memória e à verdade", que será distribuído aos cerca de 7,2 milhões de estudantes de ensino médio das escolas públicas do país. O material foi produzido pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos e pelo Ministério da Educação (MEC).
O documento digital é um dos mais completos arquivos com registros daquele período: são 10.505 imagens e trechos de 380 filmes e documentários. Há até a inclusão de 4.892 canções que marcaram a ditadura, de 1964 a 1985. O CD-ROM mostra o que ocorria nos teatros, na TV e na imprensa do Brasil e do mundo.
"Objetivo é reflexão sobre aquele tempo"
O documento foi encomendado pelo governo ao Projeto República, um centro de documentação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenado pela historiadora Heloísa Starling. Um dos responsáveis pela concepção do CD-ROM, o historiador Augusto Carvalho Borges afirmou que o objetivo é ir além da biografia das vítimas da ditadura.
- O propósito é mostrar as histórias compartilhadas, não só individuais, fragmentadas. Ao registrar o que ocorria ao mesmo tempo no cinema, no teatro, nas artes plásticas, permite-se uma reflexão sobre aquele tempo. É um tema delicado, sabemos, mas que exige ser amplamente visitado - disse Augusto Borges.
Os alunos terão acesso a imagens de tortura, de militantes de esquerda mortos e de manifestações e a trechos de documentários, muitos desconhecidos no país. É o caso de uma cena do ex-delegado do Dops Sérgio Fleury sendo condecorado por militares. A imagem faz parte do filme "Você também pode dar um presunto legal", de Sérgio Muniz, realizado durante a ditadura e concluído no exílio.
Material digital quer dar visibilidade ao passado
O CD-ROM inclui parte do conteúdo do livro "Direito à memória e à verdade", lançado pela Secretaria de Direitos Humanos em 2007 e que causou polêmica nas Forças Armadas.
Os ministros Fernando Haddad (Educação) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), autores do projeto, afirmaram na apresentação do CD-ROM que o livro foi "mais um passo no reconhecimento, pelo Estado brasileiro, de sua responsabilidade nas graves violações aos direitos humanos ocorridas durante os anos do regime militar". Sobre o CD, os ministros disseram: "Estamos, ambos ministros, convencidos de que somente dando visibilidade aos fatos ocorridos em nosso passado recente poderemos ajudar na construção da memória nacional e contribuir ativamente na construção de nosso futuro".

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