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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

CHE - Criador do primeiro campo de concentração da América Latina: o gulag de Guanahacabibes

"Obrigatoriedade do trabalho para todos, instituição de exércitos industriais, em especial para a agricultura." (MARX, 1848)

Tirso W. Saenz (2004, p.243) explica que: "(...) o lugar se chamava Uvero Quemado e situava-se na penínsola de Guanahacabibes, na região extremo-ocidental de Cuba. No ministério se conhecia com esse nome um acampamento que se estabeleceu naquela área, por instruções do Che, dedicado fundamentalmente à plantação de eucaliptos.

Dirigentes administrativos ou pessoas com funções administrativas graves eram enviados a Guanahacabibes como punição. Lá deveriam dedicar-se a um trabalho braçal, mas não pior que o trabalho realizado por um operário florestal. O mais importante era a sanção moral. Existia um código pelo qual, dependendo da gravidade da infração, o tempo de punição podia variar entre um mês e um ano. Era o Che quem aprovava a sanção."

Che trabalhando no cais de Havana nas manhãs dos "domingos de trabalho voluntário". 1961. Liborio Noval.

Segundo Jorge G. Castañeda (2006, p.231):
“Foi o Che inclusive inclusive quem criou o primeiro “campo de trabalho” em Cuba, naquele período, precisamente em Guanahacabibes. Embora ele próprio tenha passado alguns dias ali, voluntariamente, estava estabelecendo um dos mais odiosos precedentes da Revolução Cubana: o confinamento de dissidentes, homossexuais e, mais tarde, aidéticos. Sua justificação posterior é lamentável:

Só em casos duvidosos se envia a Guanahacabibes gente que deveria ir para a cadeia. Eu acredito que quem deve ir para a cadeia deve ir para a cadeia, de qualquer maneira. Seja um velho militante, seja quem for, deve ir para a cadeia. Para Guanahacabibes enviam-se pessoas que não devem ir para a cadeia, gente que atentou contra a moral revolucionária, em maior ou menor grau, com sanções simultâneas de privação de cargos, em outros casos não, sempre como um tipo de reeducação por meio do trabalho. Trabalho duro, não trabalho bestial, mas condições de trabalho duras sem serem bestiais [...]" Ernesto Che Guevara, Actas del Ministerio. Reunião bimestral de 20 de janeiro de 1962, p.166.

Che Guevara em seus "domingos de trabalho voluntário". 26 fevereiro 1961. Liborio Noval.

De acordo com Jon Lee Anderson (1997, p.647), "Era um campo de reabilitação na extremidade ocidental de Cuba, uma zona isolada, pedregosa e infernalmente quente (...) Ali tinham que se submeter a períodos de trabalho físico impessoal, a fim de se redimirem antes de retornarem ao trabalho. As sanções eram “voluntárias” e podiam durar de um mês a um ano, dependendo da falta, geralmente de tipo ético."

Fruto da admiração de Ernesto Che Guevara pela URSS e pela China, Régis Debray (1996, p.185), antigo companheiro de guerrilha de Che na Bolívia, faz notar: "Foi ele, e não Fidel, que inventou, em 1960, na península de Guanaha, o primeiro 'campo de trabalho corretivo' (nós diríamos de trabalhos forçados)..."

Guevara fora amadurecendo sua avaliação sobre o trabalho voluntário: "Domingo passado foi meu dia de ir perder meu tempo no trabalho voluntário, e realmente aconteceu algo que nunca me acontece em um trabalho voluntário, a não ser na cana: ficar olhando o relógio a cada quinze minutos para ver quando acaba a jornada e poder ir embora, porque aquilo não fazia o menor sentido [...]". Ernesto Che Guevara, Actas del Ministerio. op. cit., p. 508. (CASTAÑEDA, 2006, p.345-6)


Che achava que os chineses demonstravam uma "moral socialista mais elevada" do que os soviéticos. Novembro de 1960, Che e Mao Tsé-Tung.

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