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sábado, 19 de fevereiro de 2011

 Jornal O Estado
By Bruno Pontes
Quando os iranianos saíram às ruas em protesto contra a suspeita reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, a esquerda brasileira ficou assistindo pela televisão, na torcida para que a justiça prevalecesse e aquele tumulto pequeno-burguês fosse rapidamente sufocado.

Muita gente pode ter esquecido, mas foi de Lula a melhor síntese do que se passava: "Não conheço ninguém, a não ser a oposição, que tenha discordado da eleição do Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas, sabe, uma coisa entre flamenguistas e vascaínos".

Mas agora nossa esquerda anda super empolgada com democracia no Oriente Médio. Todos os defensores de Fidel Castro festejam o levante no Egito e vislumbram a Era de Aquário, entre eles o PT, que divulgou uma
nota solidária:

"O Partido dos Trabalhadores saúda o povo egípcio e presta total solidariedade à luta dos povos árabes e de toda a região contra governos ditatoriais, corruptos e violadores dos direitos humanos. Ao cabo de dezoito dias de luta nas ruas do Cairo e outras cidades do Egito, seu povo, defendendo as bandeiras de pão, emprego, justiça social, progresso, liberdade e democracia, derrubou o regime antipopular e ditatorial de Hosni Mubarak".

A mensagem acrescenta: "A lufada de ar renovador que teve início na Tunísia, respeitadas as características e a cultura de cada país, poderá soprar por outros países, provocando uma nova correlação de forças em favor da democracia e da soberania, que contribua para a construção de uma ampla e justa paz, objetivos com os quais o PT possui compromissos históricos".

No momento em que o PT se pronunciou, os iranianos já haviam saído às ruas, tal como em 2009, contra o regime de Ahmadinejad, mas o Irã não é citado entre os países onde o PT espera ver soprar a lufada de ar democrático. Os iranianos, parece, também estão lutando contra um regime "antipopular e ditatorial". A esquerda não quer saber deles e só se emociona com o Egito. Por quê?

Um
editorial do site do PC do B, o partido das ditaduras mais sanguinárias e amigas do povo, explica direitinho:

"A queda de Mubarak tem o sabor inegável de uma derrota histórica dos EUA e de Israel (...) A mudança começou. E ela precisa ir até o fim, com a conquista da democracia e com a derrota da presença do imperialismo norte-americano e a ignominiosa convivência com o principal fator de perturbação da paz no Oriente Médio constituído pelos governos sionistas e agressores de Tel Aviv".

Não é todo dia que a Irmandade Muçulmana pode chegar ao poder no Egito, incrementar o bloco terrorista antiamericano, romper 31 anos de paz com Israel e juntar-se a Ahmadinejad e companhia na guerra à única democracia liberal do Oriente Médio. Dá pra entender o entusiasmo seletivo dos esquerdistas.

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