Bunker da Cultura Web Radio

Free Shoutcast HostingRadio Stream Hosting

sábado, 18 de junho de 2011

BASTA. DEVOLVA-NOS O BRASIL!


Roma, o mundo civilizado do passado cuja cultura foi um dos alicerces do mundo ocidental moderno, existiu por quase mil anos.

Em seu apogeu suas cidades eram monumentais e Roma era sinônimo de mundo civilizado.

Mas em 476 d.C., após conluios, cooptações e inúmeras invasões bárbaras, Odoacro, rei dos hérulos, derrotou e barbarizou Roma.

Bárbaros sentaram em tronos e foram coroados pelas hordas de seguidores ignorantes que sequer tinham noção do valor ou da utilidade do que saqueavam e pilhavam.

Praticamente toda cultura de uma civilização de quase 1000 anos foi queimada, destruída ou se perdeu pela ignorância dos povos que ocuparam as cidades do esfacelado império romano.

Essa é uma história de um passado longínquo que só conhecemos pelos poucos documentos e testemunhos arqueológicos que restaram daquele período.

Depois desse período a civilização ocidental praticamente estagnou por um longo período. A Idade Média foi um recomeço construído sobre os fragmentos de uma civilização outrora pujante, influenciada por povos bárbaros.

Os centros urbanos viraram verdadeiras arapucas com aglomerados populacionais sub-existindo no limite da miséria em condições sanitárias precárias.

Na Europa as cidades cresceram de forma desordenada com barracos de madeira calafetados com alcatrão, formando labirintos de vielas infectas.

No século XIV a peste se espalhou pela Europa matando aproximadamente 1/3 da população.

Vez por outra irrompiam incêndios que queimavam quarteirões inteiros. Não havia rede de água e a técnica de combate ao incêndio consistia em fazer um grande acero demolindo tudo no perímetro do foco de incêndio.

O Grande Incêndio de 1666 em Londres destruiu 13200 casas, 87 igrejas e 44 prédios públicos.

Foram necessários alguns séculos para que as cidades voltassem a ganhar contornos de civilização.

Com o processo de industrialização eclodindo em vários países, surgiram novos conceitos sobre higiene e outros avanços, teve início um movimento de reconstrução da Europa.

Paris talvez seja o exemplo mais marcante dessa transformação. Georges Haussmann, prefeito de Paris idealizou uma verdadeira revolução urbana. Bairros inteiros foram demolidos, dando lugar ao arrojo de grandes projetos com vias largas, construções monumentais e iluminação feérica. Somente monumentos e construções históricas foram poupados e integrados ao projeto.

Pouco depois, o Prefeito Francisco Pereira Passos, inspirado na grande reforma de Paris, transformou o Rio de Janeiro.

Entre 1902 e 1906, a então versão tropical das arapucas européias foi demolida, erguendo-se em seu lugar a Cidade Maravilhosa.

Quem vê as fotos, não tem dúvida, o Brasil definitivamente ganhou status de civilização.

Quase 60 anos depois, Juscelino Kubitschek de Oliveira ergueu no Planalto Central a cidade monumento de Brasília.

Tudo indicava que aquele seria o futuro com cidades amplas e planejadas sendo erguidas do nada em prazos cada vez menores.

Os avanços tecnológicos da construção civil, a gigantesca oferta de mão de obra e todas as demais condições favoráveis poderiam ter levado o Brasil a se tornar um modelo para o mundo. Não só do ponto de vista urbano, mas principalmente do ponto de vista social.

Mas como o Império Romano, sofremos uma lenta e silenciosa invasão de bárbaros. Ironicamente não foram bárbaros estrangeiros vindos do norte e sim brasileiros.

Brasileiros que durante gerações não conseguiram alavancar uma evolução social e se multiplicaram de forma descontrolada até que se tornaram maioria.

Tal como em Roma, tomaram as ruas, ocuparam as cidades até que finalmente conduziram bárbaros ignorantes ao poder em todas as esferas.

A outrora Cidade Maravilhosa deu lugar a uma urbe suja e decadente, com construções em ruínas, fachadas pichadas, edificações mal conservadas e uma expansão caótica, onde já não se identifica sequer resquícios de um sistema com leis.

A periferia das grandes cidades nada deixa a desejar em termos de miséria, precariedade sanitária e caos às arapucas do século retrasado.

Os serviços essenciais deixaram de funcionar, vindo a falir. Os grandes centros urbanos são dominados por gangues, milícias e facções criminosas. Em todos os aspectos, é terra sem lei, exatamente como as províncias tomadas por bárbaros após a queda do Império.

Mas esse barbarismo não se deu apenas no Rio de Janeiro. Está presente no país. Sua face mais visível são as cidades entremeadas por favelas e sufocadas pelo crime, por epidemias e mazelas modernas.

No campo as hordas de bárbaros literalmente saqueiam, invadem e vandalizam o que encontram pelo caminho, sem que o Estado mova uma palha ou envie legiões para conter os bandos de saqueadores. Exatamente como em Roma, antes da queda do Império, bárbaros entraram em conluio com as autoridades que consentiram a invasão.

Mas a face oculta e mais perversa é aquela que destrói uma cultura e pode esfacelar o país.

Infelizmente coroaram o bárbaro mor e os gabinetes de norte a sul estão ocupados por políticos despreparados, corrompidos e desprovidos de princípios morais. Bárbaros ignorantes em todos os aspectos. Se aboletaram em poltronas e esbulham os cofres para experimentar luxos e luxúrias que a maioria dos brasileiros talvez nem consiga imaginar.

Como se não bastasse, sofremos ainda pressão interna e externa para amputar o próprio território.

Impossível imaginar há 30 anos que poderíamos chegar a esse ponto de desesperança.

Será está uma visão pessimista ou estamos realmente vivendo um ciclo de barbarização do Brasil?

E o que virá depois? Nossos filhos e netos serão forçados a reviver a idade média?

Basta! Devolvam-nos o Brasil!
 
OSWALDO LUIZ NEPOMUCENO DE FIGUEIREDOoswaldo.nepomuceno@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário