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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

RELIGIÃO, SAGAS E HISTÓRIA


Os meus últimos ensaios provocaram reações bem interessantes. Fizeram com que eu aprendesse muita coisa, mesmo porque em matéria de confissões religiosas eu não era (e não sou) dos mais versados. O que mais chama a atenção é a sempre repetida reivindicação dos descendentes do antigo povo hebreu (e dos seus novos adictos) de ocuparem uma posição singular na história da humanidade.

Posição toda ela especial seja quanto à sua religião, seja quanto aos seus direitos. Vi que quando se comparam com o cristianismo invocam sua crença monoteísta. Teriam eles uma única divindade, a verdadeira, enquanto os cristãos idolatram três. Vi-me tentado a perguntar: e daí?

O Homo Sapiens, assim chamado porque já deve ter sido capaz de algum discernimento, existe sobre a terra há quanto tempo? 250.000 anos? E a história dos hebreus? Parece que foi por volta de 1.400 a.C. que o seu profeta Moisés lhes teria dado alguma unidade de fé, observada pelas doze tribos. Todo este período até os dias de hoje representa 1,4% do tempo em que o homem existe. Os mistérios da vida sempre fizeram o homem crer, crer em poderes invisíveis. Portanto já houve muitos profetas e houve muitos deuses. Mesmo dentro deste pequeno período de 3.400 anos os hebreus não estavam muito seguros sobre o que ou em quem deveriam acreditar. Lembro o rei Salomão, filho de Davi. Nas sagas do oriente era considerado sábio e poderoso, dominando até o reino dos demônios. Elas diziam também que tinha 700 mulheres, uma delas filha de faraó egípcio. Reinou de 965 a 926 a.C. Cobrou altos impostos para construir templo e palácio, mas ao final do seu reinado renegou a Jeová, passando a seguir à Astarte, deusa de Sidon.

Pensando bem, soa muito pretensioso exigir exclusividade para a própria fé como sendo a única e verdadeira e, mais ainda, afirmar ser um povo escolhido.

Também não entendi donde viriam os “direitos históricos” que este grupo populacional alega ter sobre a terra da Palestina. Ao que se conta, o seu patriarca Abrão partiu com o seu povo de uma localidade chamada Ur, então habitada pelos Sumérios. Fica no Sul do hoje Iraque, próximo a Kowait. Seguiram pelo rio Eufrates, passando pela cidade Babilônia, sempre em direção ao Noroeste, até chegarem a uma região, hoje Norte da Síria. Mudaram de direção passando a rumar para o Sul, via Aleppo, chegando às terras de Canaã. Foram adiante até a foz do Nilo e de lá, como se sabe, voltaram para Canaã, onde habitavam também os Filisteus (Palestinos).  Tudo isto na primeira metade do segundo milênio a.C. No sexto século a.C os babilônios passaram a borracha em tudo e ocuparam a região. Mais alguns cem anos vieram os romanos e tudo acabou na DIASPORA. Dispersaram-se pelo mundo, alguns voluntariamente, outros menos (corrija-me onde eu estiver errado).

A pergunta que se apresenta seria a partir de quando, que data ou que época um povo adquire um DIREITO HISTÓRICO, sobre a terra que habita ou habitou?

E dentro deste contexto quer me parecer necessário lembrar o que vem acontecendo nos últimos noventa anos com o povo alemão. Sucessivamente, ao cabo de duas guerras, suas terras vêm sendo ocupadas, expropriadas por outras nações, também chamadas de “nações do bem”. Seus habitantes oprimidos, escorraçados ou assassinados aos milhões. A tudo isto o mundo assiste com a maior naturalidade, porque a grande mídia teleguiada se omite ou justifica o que acontece.

Veja no mapa acima: Entre 1919 e 1945 a Alemanha foi despojada de 1/3 do seu território (em azul o que sobrou). Ali também vivia gente que achava que aquela terra era sua pátria, seu lar. Gente que construíra ali suas casas, fizera suas plantações, organizara sua sociedade e acabou perdendo tudo, até a vida.

Pareceu-me válido recordar estes fatos, quando incompreensão e violência continuam imperando no mundo, também as motivadas ou justificadas por direitos históricos.

Toedter

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