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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

11/11 - DIA DA QUEDA DO MURO DE BERLIM

Neste 11 de novembro, há 26 anos, caía o Muro de Berlim, uma das maiores atrocidades da humanidade. Foi o único muro do mundo criado para impedir que as pessoas saíssem de um lugar.

Com a fuga em massa do povo do opressor regime socialista da Alemanha Oriental para o país capitalista mais próximo – a própria República Federal Alemã, que teve uma curta sede em Bonn enquanto Berlim e o leste do país se tornavam um satélite stalinista – seu primeiro ditador socialista, Walter Ulbricht, sentiu necessidade de criar uma “proteção” (a si próprio) que impedisse o povo de fugir de sua prisão socialista.
A Alemanha, não sendo uma ilha como Cuba, e próxima demais do paraíso capitalista para não ter deserções em massa (civil e militar são quase sinônimos no comunismo), tinha um dilema com sua fronteira.
Em uma conversa com ninguém menos do que Mao Tsé-tung, o maior genocida em números da história mundial, recebeu deste uma idéia inspirada na própria Muralha da China, tesouro ancestral de seu país: criar um muro gigante fechando a sua capital ao restante do mundo (e até ao lado ocidental, rico e funcional da própria cidade).

Com os boatos provocados, Ulbricht iria à TV em 15 de junho de 1961 para garantir a seu povo: “Ninguém tem a intenção de criar um muro”. O povo, sem opção de livre concorrência no regime estatalizante socialista, foi obrigado a permanecer preso.
Entupido de guaritas e escavando gigantescos fossos (quase uma aplicação da teoria keynesiana de economia social-democrata, um “Estado de bem-estar social”), o muro foi construído às pressas da noite para o dia e em segredo, na madrugada do dia 13 de agosto de 1961.
Eram 43 km de fronteira com até 3,6 metros de altura, 302 torres, 20 bunkers e 259 recintos para cães perseguirem fugitivos. Mais de 100 mil alemães fugiram para a Alemanha ocidental de alguma forma. Os números de mortos em tentativas de fuga são incalculáveis até hoje. As mortes podiam ser horrendas – por tiros dos guardas, por afogamento, até sufocamento em túneis. Ser um dos soldados que vigiavam a fronteira tinha uma vantagem enorme: nenhuma posição na Alemanha estava tão perto da fuga para a liberdade capitalista.
Famílias foram divididas para sempre repentinamente – o bom e velho planejamento político da sociedade contra as “ondas conservadoras” com sua moral familiar. Crianças, idosos (como Ida Siekmann, a primeira vítima, de 58 anos), todos tentavam fugir, com ajuda de bombeiros do lado ocidental. Até balões foram usados para se escapar do socialismo.
Na Alemanha Oriental, os mortos por perseguição política assomaram 70 mil. Erich Honecker, o sucessor do ditador Ulbricht (que governou, claro, até sua morte), recusava a abertura ao Ocidente proposta por Mikhail Gorbachev, preferindo o velho modelo stalinista original do socialismo. Quando seu sucessor, Egon Krenz, passou a missão ao emissário Günter Schabowski de como iria começar a abertura. Perguntado ao vivo quando ela começaria, respondeu, no susto: “Pelo que sei… a partir de agora”. Minutos depois já havia uma multidão de pessoas na fronteira querendo fugir do pesadelo socialista. O muro foi derrubado, literalmente, com as mãos.
Pessoas chegavam a usar as unhas para destruir o “muro da vergonha”, causador de tantos Mauertote – estes neologismos que só existem numa realidade socialista, ou seja, os “mortos do muro”. A TV dizia que ainda era preciso uma autorização do governo para tentar refrear as massas que iam para o lado ocidental. A população, ignorando o fato, foi aos milhares para a tão desejada liberdade capitalista.
muro de berlim espaçoO último líder da Alemanha esquerdista, Egon Krenz, foi ainda sentenciado pela morte de quatro pessoas que tentaram fugir apressadas. Em um ano, quase todas as instalações do muro, que fechava mais de 100 ruas, estavam demolidas. A diferença da economia do muro pode ser vista ainda hoje até do espaço, quando se compara a iluminação da Berlim ocidental com o a fraca iluminação de seu lado oriental.
A política da época era de oferecer 100 marcos para os alemães do Leste serem bem recebidos no lado capitalista. Os capitalistas que visitassem seus parentes e conhecidos no lado socialista raramente poderiam voltar. As pessoas, no socialismo, são propriedade privada do Estado.
Lá em sua original, diante de alguma necessidade de explicar por que fizera tal aberração, o ditador socialista Walter Ulbricht, esta figura inteiramente desconhecida do Brasil, que nunca cai no ENEM, explicou que era um “muro de proteção anti-fascista”, praticamente o “nome oficial” da fortaleza. Sem que o mundo civilizado percebesse, estava incutido tudo em seu batismo: a eterna desculpa anti-fascista, quando eles não representam nenhum número expressivo mesmo na Alemanha (e onde os skinheads e neonazistas são muito mais comuns do lado oriental) e tentando usar a propaganda soviética e e da Escola Marxista Britânica de chamar o nacional-socialismo de “extrema-direita” (termo que eles próprios nunca usaram para si).
Até hoje, a esquerda faz seus discursos utilizando exatamente a mesma retórica: de que há “fascistas” por aí do qual devemos nos proteger sob auspícios de um Estado que controle o pensamento, e que o capitalismo e o fascismo seriam aparentados – quando pouca diferença pode existir entre socialismo e fascismo, como se vê nos rarissíssimos filmes conhecidos no Ocidente que retratam a vida na Alemanha Oriental ou além da Cortina de Ferro, como A vida dos outros.
germany-berlin-wall-a_franE é aqui que surge a grande dúvida, 26 anos depois da queda do Muro: se a esquerda diz que não é mais comunista, se afiança que o socialismo já acabou no exato momento em que, justamente, o Muro de Berlim caiu, como se todos os socialistas do mundo passassem no mesmo segundo a defender o mais ortodoxo livre mercado da Escola Austríaca de economia, se garante que qualquer um que note o marxismo reinante nas Universidades, na educação ou no discurso da mídia é um “conspiratório” com “saudosismo da Guerra Fria”, então por que, afinal, a esquerda não comemora a queda do Muro de Berlim?
A queda do Muro da Vergonha é comemorada todo santo ano por todos os amantes da liberdade. A esquerda, que garante que não é mais socialista, que não acredita mais em Karl Marx e nem tem nenhuma admiração por figuras como Stalin, Mao ou Pol-Pot (Walter Ulbricht e Erich Honecker não entram na lista graças ao MEC) simplesmente o ignora.
Tal como todo este cenário, esta realidade do muro, foi simplesmente ignorada e fingiu-se que não existia na recente literatura de esquerda alemã (como o sonífero nobelizado Günther Grass), o jornalismo de esquerda brasileiro, ao invés de comemorar, finge que o Muro de Berlim ainda não caiu. Talvez preso pelo seu próprio Muro de Berlim intelectual.
Não é a esquerda que garante que fundou o PT buscando a “democratização”? Não é a esquerda que garante que agora é “democrática”, que repudia qualquer forma de autoritarismo? Não é a esquerda que garante que Che Guevara, Fidel Castro e o totalitarismo cubano não os representam? Não é a esquerda que, num tom amarelado-peidei-na-festa, até admite que alguma forma de capitalismo é “tolerável”, para não recairmos de novo no modelo norte-coreano? Não é a esquerda que usa “democracia” como substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, interjeição, pronome, artigo, preposição e conjunção?
Por que, então, não estão saudando a queda do Muro de Berlim? Não é bom dar um pouco de liberdade àqueles alemães orientais, já que o comunismo “já acabou”? Não é o que parece, lendo os veículos de esquerda.
Carta Capital? Preocupada com feminismo, golpismo, MC Drik Barbosa, biografia do comunista Luiz Carlos Prestes e livro de Cynara Menezes, a “socialista morena”, com prefácio de Jean Wyllys, do Partido “Socialismo e Liberdade”.
Revista Cult? Feminismo, Simone de Beauvoir, documentário sobre Jean Wyllys, mais Jean Wyllys, livro de Márcia Tiburi e Vladimir Safatle falando sobre ovelhas.
Revista Brasileiros!? Afirmar que a maioria dos sindicatos não apóia a greve (*chocada*) dos caminhoneiros, propaganda para Haddad sobre passe livre e em coluna de Alex Solnik, críticas a Alckmin e até um escritor alemão. Sem Muro.
Caros Amigos? Estatísticas discutíveis sobre assassinato de mulheres, manifestações contraEduardo Cunha (as únicas noticiadas), mais um artigo sobre ditadura (a militar brasileira, não a socialista alemã), Cynara Menezes, críticas ao capitalismo (sem a defesa clara do socialismo) e duas defesas de “democracia”. Wallless.
No Conversa Afiada fala-se de algo em alguma língua parecida com o português que não compreendemos. Nada de Muro.
Mônica Bergamo, Eliane Brum, Leonardo Attuch, Leonardo Sakamoto, Lola Aronovich, o próprio Jean Wyllys, Clara Averbuch e tantos outros esquerdistas de nome complicado: onde estão seus textos saudando a libertação que foi a queda do Muro e o desfacelamento da União Soviética em algum momento?
Diário do C. do Mundo? Suposição de que o Papa Francisco irrita conservadores por causa de “marxismo”, garantia de que corrupção não irrita nos tempos de vacas gordas (sic), menoscabo pelo grau de investimento e, claro, seguindo a retórica de Walter Ulbricht, afirmação de que há uma “guinada armamentista de extrema-direita” (Muro de Berlim puro) ou de que há “nazistas morenos” na recepção popular de Bolsonaro em Recife que pegou a esquerda de surpresa (e só podendo inventar espalhafatos de pensamento que causam repúdio… à direita). A mesma retórica socialista, intacta (exceto em se admitir comunista).
Se fascismo causa repúdio à direita (liberal ou conservadora, foi o alvo primordial dos fascistas, e não seus aliados ocasionais na “luta anti-imperialista”, como Stalin: eram alvos de ódio até no hino nazista, a Canção de Horst-Wesel), por que o socialismo não causa repúdio na esquerda?
Não é só o Diário do C. do Mundo que sofre disto. Toda a retórica esquerda ainda é intactamente marxista. Pode ter vergonha de dizer o que é, mas toda a sua fúria contra as livres trocas comerciais, sua visão de que a riqueza e o lucro são pecados, seu ódio à “elite” da qual invariavelmente fazem parte, seu foco na “desigualdade”, sua crença de que trabalho livre é “exploração” a ser corrigida com “sindicatos”, seu amor secreto por um Estado gigante a devorar toda a sociedade, sua logorréia sobre “direitos” ou “conquistas sociais” – tudo isto ainda é integralmente marxista.
Ou, como têm vergonha de admitir que acreditam num projeto de poder totalitário, genocida, fracassado e, por birra ou desconhecimento, não querem dar o braço a torcer a teorias opostas, mas infinitamente superiores, que provam que eles estiveram errados a vida inteira, são “pós-marxistas”, seguindo desde a junção de marxismo com psicanálise da lacanagem com a análise do discurso, a Escola de Frankfurt e a teoria crítica, o gramscismo anti-revolucionário, a revolta de multidões de Antonio Negri, a luta de classes trocada para o gênero de Judith Butler e Shulamith Firestone. Ou seja, todos sempre com o linguajar marxista até o último furúnculo.
A esquerda, toda ela, toda a esquerda moderna, a renovada, a democrática, é ainda devedora do marxismo. E como tal, é ainda socialista. E não pode comemorar a liberdade de um povo diante da tirania socialista – no máximo, ignorar, fingir que não é com ela, relativizar, adulterar a história ou até afirmar que, se é tirania (ao menos depois que cai), era de direita.
Eventos como este provam quem está do lado da liberdade. Qualquer liberal ou conservador comemora o fim de qualquer regime ditatorial, como nossa ditadura militar – que de “direita” só tinha o anti-comunismo. A esquerda não pode fazer o mesmo. No fundo, talvez até lamente, secretamente.
Que fiquem nossos préstimos pelos amantes da liberdade que derrubaram o muro, como Ronald Reagan em seu famoso discurso “Tear down this wall”Os outros que tenham vergonha.

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