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sexta-feira, 17 de maio de 2019

A Raiz do Antinacionalismo “Disfarçado” de Bolsonaro

Para se entender a raiz da subserviência de Bolsonaro aos interesses estrangeiros, expressa politicamente na escolha na dupla Ernesto Araújo/Paulo Guedes, é necessário compreender o pensamento do seu guru, o ocultista Olavo de Carvalho. Ainda lembro do mesmo, repetidas vezes até o ano 2013, explicar uma suposta covardia dos brasileiros atribuindo-a à herança lusitana.
Segundo o guru, isso se devia ao facto de terem os portugueses vivido durante séculos numa posição de incerteza, espremidos entre os senhores muçulmanos e cristãos. A imbecilidade de tal opinião, ou melhor, palpite, salta à vista de qualquer conhecedor da reconquista. Olavo apenas provou que desconhece os factos básicos do processo, como as sucessivas deslocações de populações cristãs do sul da Península Ibérica para norte e a posterior ocupação do sul despovoado a partir do norte, para além da própria história militar luso-brasileira. Se a guerra brasílica contra a WIC (Companhia das Índias Ocidentais), contemporânea do esforço militar português no velho continente contra os temidos tercios espanhóis (e no caso dos espanhóis, por qual razão não valeria o mesmo raciocínio?), fosse conhecida do auto-proclamado sábio, deveria bastar para que tal ideia pueril fosse descartada e não chegasse ao cúmulo dessa formulação artificiosamente idiota, que mostra que a sua imagem mental do medievo ibérico foi inspirada em filmes sobre o feudalismo inglês ou francês!
Tais imbecilidades, expressas com um tom de certeza e com um grau de detalhe que dão a impressão de que ele realmente estudou o assunto,  são a regra no pensamento olaviano, e não se restringem apenas à História, mas abrangem a própria Filosofia, área que supostamente domina (ver aqui). Recentemente, seu discurso público sobre essa suposta covardia luso-brasileira mudou por mera conveniência pois caía mal entre os monárquicos, para além dos católicos em geral, mas os fundamentos continuam lá, ao menos para os mais atentos, como se poderão constatar na obra de propaganda “Brasil Paralelo”.
Hoje li um artigo que pega na “obra magna” do bruxo da Virgínia e dá mais um exemplo da ignorância desse autodidacta lusófobo oriundo do submundo da astrologia. Aqui deixo um trecho:
No O Jardim das Aflições”, 3 ed. página 284–284 temos a seguinte afirmação:
[…]“Em Portugal, Afonso Henriques havia subjugado os outros senhores feudais e criado um reino da noite para o dia- literalmente, já que, não contando com um exército numeroso, recorria ao expediente de saltar pessoalmente pela janela de seus inimigos, enquanto dormiam, e degolá-los na cama: ao despertarem, os servos e cortesões eram informados de que o castelo tinha um novo senhor. Assim, de janela em janela e de pescoço em pescoço, nascera o reino de Portugal, segundo comentavam os juristas da época, quase per latrocinium (não entendo o que queriam dizer com esse quase)[…]”.
Tal pérola merece ir para os anais da imbecilidade travestida de sabedoria! Olavo, em questões históricas, está ao nível de uma conversa de bar ao estilo “os portugueses roubaram o ouro do Brasil” e o seu pupilo, Jair Bolsonaro, que nem sequer domina a língua-pátria, consegue ser ainda mais raso. Não é por acaso que se comporta como um lacaio perante aqueles que lhe causam complexo de inferioridade, que são os mesmos que embasbacam o seu guru, um provinciano encantado por uma América que jamais compreendeu e que jamais o aceitou. Quanto a essa falta de aceitação, no Brasil, ele podia reclamar de não ter sido convidado para dar aulas alegando que isso se deve a uma suposta inveja da academia brasileira em relação ao seu gênio (quem mais, a não ser o grande Olavo, o Jack Parsons tabajara, poderia ter feito um experimento de transmigração numa Barca Egípcia construída por ele próprio e ser aclamado pela populaça como o maior sábio da nação depois de um internamento num hospício?). Mas e na América, como ficamos?
Incrível que um gigante do porte de Olavo de Carvalho, que até recebeu um visto de gênio, seja completamente ignorado em Harvard, Yale ou Princeton, apesar de todos os seus esforços para chamar a atenção da academia e da inteligencia local! Bom, talvez a academia americana seja dominada por comunistas e o “KGB” deu ordens para que ele fosse ignorado, afinal, é o homem que derrotou Dugin…


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