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quinta-feira, 27 de junho de 2019

O que pensava Miguel Reale sobre Gustavo Barroso

“…era um companheiro admirável. Alto, de porte marcial, parecia ter nascido para comandante da milícia, a cujos desfiles assistia com olhos saudosos dos heróis que cultuara em suas pesquisas históricas, ostentando no peito as condecorações que o envaideciam. Quando, porém, se tinha a fortuna de conhecê-lo na intimidade, o que deparávamos diante de nós era um homem simples e afável, com muito do recato da vida sertaneja. Nas longas viagens pelo ITA, contava-nos eles casos e mais casos do Nordeste ou da Guanabara, com uma verve espontânea e aliciante, assim como gostava de referir-se aos estudos históricos que haviam desfeito falsas glórias das armas argentinas ou uruguaias, nas guerras platinas, restituindo valores devidos ao exército brasileiro. De um patriotismo exemplar, entrara para o Integralismo seduzido pelo ideal nacionalista, assim como pelo amor que dedicava aos valores da ordem e da hierarquia na luta contra o comunismo, que ele inseria no quadro de um combate universal à “conspiração judaica”. Como me opunha a alguma de suas idéias, chamava-me de “judeuzinho”, mas, no fundo, era um sentimental, incapaz de compartilhar com as futuras atrocidades de Hitler contra o povo israelita.”



REALE, Miguel. Memórias: Destinos Cruzados. São Paulo: Saraiva, 1987. Pág. 99.

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