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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Comemorar 25 anos do Plano Real? Nem pensar!

O plano Real não continha nenhum milagre. Não precisava ser gênio para colocá-lo em funcionamento. Pelo contrário, todos os economistas brasileiros que resolveram brincar com a genialidade apenas agravaram a situação brasileira. Não existe caso mais icônico do que o do Plano Cruzado que desestabilizou toda a cadeia produtiva com seus congelamentos de preços e caça aos estoques com violação da propriedade privada. Sabem a Venezuela de Maduro? Assim era o Brasil de Sarney e Funaro.
Depois do plano Cruzado, teve também o plano Collor e seu inédito confisco das poupanças e outros ativos, além da desindexação fraudulenta dos índices de correção monetária que visavam manter o poder aquisitivo das rendas e a atualização dos valores contratados. Sabem a Argentina de Cristina? Assim era o Brasil do Collor, o caçador de marajás.
Muitos países deixaram para trás políticas inflacionárias apenas fazendo o que é básico, sem fórmulas mágicas, sem pirotecnia, apenas reduzindo o gasto do governo e/ou aumentando os impostos explícitos para não ter que financiar seus déficits imprimindo dinheiro, causa primária da inflação, que nada mais é do que um vergonhoso estelionato oficial.
O Brasil de 1980 em diante foi transformado em laboratório econométrico e a população em cobaias involuntárias. A cada governo, se esperava com ansiedade quem seria o ministro da Fazenda. Por ali passaram ilusionistas de todos os tipos, desde sádicos messiânicos, até ignorantes perversos, teve Delfim Netto, Dilson Funaro, Bresser-Pereira, Zélia Cardoso de Mello, Guido Mantega, para citar os mais perniciosos.
Não há a menor dúvida que tivemos todos esses problemas, porque entre os pajés e curandeiros econômicos que buscaram exorcizar a inflação com seus planos heterodoxos, nunca tivemos economistas sensatos, prontos a defenderem a ortodoxia das teorias monetaristas apresentadas pela Escola de Chicago de Milton Friedman, nem os ensinamentos mais radicais de pensadores da Escola Austríaca, como Mises e Hayek.
Comemorar os 25 anos do Real é contraditório, porque se deixamos a inflação galopante para trás, seguimos inflacionando à trote. A inflação que não passa de carga tributária oculta tornou-se explícita em volume jamais visto. Mesmo assim, da maneira como o poder executivo cria tributos no Brasil, à revelia do Congresso, tanto faz se a transferência de renda dos indivíduos para o Estado se dá de forma camuflada através do imposto inflacionário ou pelos tributos escorchantes que asfixiam a todos, empresários e consumidores.
O programa de privatização que integrou o Plano Real foi obra dos chamados neoliberais, que deveriam ser chamados de fakeliberais, economistas que tem aversão ao mercado livre e que para privatizarem empresas estatais, todas incompetentes, deficitárias, perdulárias e corruptas, criaram como contrapartida reservas de mercado, agências reguladoras para a proteção dos concorrentes privilegiados, participação dos fundos de pensão dos funcionários das empresas estatais remanescentes e leis e mais leis para controlar ainda mais as decisões estratégicas e até as mais irrelevantes dos que se aventuram a empreender no mercado brasileiro.
O Plano Real foi uma tapeação que deu um cacife tão grande para o FHC que ele entregou o Brasil nas mãos de ninguém menos que o PT. A satisfação de passar a faixa presidencial para o Lula pôde ser vista na TV, hoje pode ser revista no YouTube.
25 anos de Plano Real. Para mim, não há o que comemorar, a não ser que você ache que estagnação e atraso são dignos de serem comemorados.

Roberto Rachewsky

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