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domingo, 1 de setembro de 2019

A volta da síndrome de comandar legalmente o hábito do outro

O alcaide tucano Bruno Covas com placa proibindo fumar nas praças e parques de São Paulo


Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro


Em tempo de globalismos, hipersensibilidades e surtos identitários, é fato que uma parcela minoritária da população está impondo suas vontades aos demais no amparo de um "direito decisório" totalmente autocentrado.

Globalistas, hipersensíveis dispostos a se ofenderem por qualquer coisa e surtados por síndromes identitárias dissimulam sua atividade antinacional e economicamente concentradora (os primeiros), neurastênica e sublimada (os segundos) e rancorosa e segregadora (os terceiros), no labirinto psicótico do vitimismo e do politicamente correto.

O que praticam passa longe de qualquer democracia, ainda que utilizem a "novilíngua" orwelliana para dourar seu autoritarismo com ares cosmopolitas.

O mote da saúde pública, é a senha para se desfazer da democracia. E assim, a ditadura da caneta "politicamente correta"segue  sempre manipulada por gente problemática. 

Esse risco de desfazimento das garantias da cidadania parece ser maior e mais extenso do que parece.

O Município de São Paulo parece concentrar várias experiências  desses "Iluminados" que se apoderam da caneta para desgregar, segregar e excluir.  Por  aqui decidiu-se proibir que charutarias e casas especializadas em charutos sediassem as baforadas de seus frequentadores. Já se tentou,   por lei aprovada na Assembleia (e vetada pelo governador), que a bisteca constituiria infração administrativa se fosse consumida ás segundas feiras.  Já se traçou quilômetros de ciclovias... sem que houvesse qualquer sentido nos traçados implementados, gerando grandes extensões de faixas sem tráfego. Patinete tornou-se obsessão de autoridades, que de tudo fizeram para impedir seu  uso razoável pelos cidadãos paulistanos.

Conflitos jurídico-institucionais desse  tipo  desbordam para o campo da psiquiatria, pois normas "politicamente corretas", higienistas, surgem não em função  do interesse público mas, sim, da inconfessável necessidade que muitos têm... de interferir na vida alheia.

Essa hegemonia dos medíocres ressentidos ameaça o pluralismo. É o ápice do regime político comandado por "gente com problema".

O  jovem alcaide que dirige hoje a cidade de São Paulo, apoiado pela mais desacreditada Câmara Municipal do Brasil, acaba de nos dar  mais um exemplo dessa necessidade de atormentar o cidadão: sancionou lei proibindo que fumem cigarros nos parques e praças da cidade (Lei Municipal 17.965 de 30 de agosto de 2019).

Claro que a medida segue modelos de outros países sem qualquer identidade com o nosso. Claro que a razão da saúde pública de novo é brandida, como elixir para qualquer iniciativa higienista.

Tabagismo é uma opção individual e cultural, no entanto é atividade lícita. Nesse sentido, se a lei não proíbe o hábito de fumar, não pode segregar o hábito em áreas públicas de uso comum do povo, pois nada de ilegal há nisso. 

Com efeito, logradouros públicos são de uso comum do povo, e o povo não é composto apenas de antitabagistas. O povo bebe, fuma, transa, conta piadas, enfim... não se parece em nada com os idiotas globalistas que querem pasteurizar culturas e comportamentos. Até mesmo maconheiros, que compõem o eleitorado do próprio prefeito - versão "prafrentex" do avô super fumante, Mário Covas, afirmam sua conduta "libertária" usando cantos de parques para o seu fumacê.

Fumantes compulsivos recorrem ao seu direito de usar bens de uso comum do povo (como são classificadas legalmente as ruas, praças e parques) para "não incomodar" nos lugares fechados - onde a lei já tratou de segregá-los em nome da saúde pública. 

Porém, o politicamente correto trata agora de fechar esses espaços  de convivência dos diferentes à prática  lícita do fumo. 

Vai resolver o "problema do tabagismo" na cidade? Claro que não! Como não se resolveria sequer com Mário Covas (vítima do hábito).  

O que vai ocorrer é mais um episódio de segregação contra os mais pobres e os mais velhos. Anotem: veremos guardinhas e fiscais operosos multando MENDIGOS, que não têm casa para fumar, idosos desavisados e jovens reunidos em grupos, tudo para gaudio dos militantes da chatice. 

Aliás, esses chatos foram os mesmos que aplaudiram a proibição de patinetes a menores recentemente... ou apoiaram as ações trogloditas de policiais e fiscais contra jovens que saíram no carnaval com seus próprios instrumentos musicais, e que não sabiam que bumbo e rebolado no último carnaval da cidade só poderiam ocorrer "com alvará" (e com alvará pudemos ver horrores serem cometidos contra o pudor, sem que os mesmos policiais impedissem...).  

O mundo dos hipócritas... E a grande hipocrisia é que a Administração que perde tempo fazendo esse tipo de demagogia é aquela mesma que não consegue eliminar  o maior fumódromo a céu aberto do Brasil: a cracolândia, e suas filiais que já se espalham por todos os baixos de pontes e viadutos da cidade.

Falta do que fazer e espírito de ditador constituem elementos perigosos quando se misturam ao rancor e ao politicamente correto - produzem traques irritantes como  esse marco legal ridículo, mais uma molecagem de uma administração moleque, que nos foi presenteada pela infinita vaidade de João Dória - aquele "gestor", que resolveu tornar-se governador - quebrando sua promessa solene de manter-se à frente da prefeitura até o final do mandato. 

A conhecida simpatia e lanheza de Bruno Covas, o jovem prefeito paulistano, não compensa  a profunda arbitrariedade contida na lei que sancionou. É de se perguntar até quando iremos todos aceitar esse tipo de imposição "bem intencionada" porém tóxica para o Estado de Direito Democrático. 

Parece que está na hora de se impor o maior dos direitos: o da liberdade de escolha.

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