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quinta-feira, 19 de março de 2020

Do porquê o “marxismo cultural” inexiste nos termos da Direita



Todo o postulado direitista hoje vigente no discurso dos nossos governantes executivos e seus apoiadores vale-se de três pilares fundamentais, sendo o 1) A crença no livre mercado como solução para o caos econômico gerado pelos governos anteriores 2) Uma suposta “ameaça comunista” sorrateiramente confundida com o projeto globalista cujos tentáculos nacionais seriam os partidos à esquerda e 3) O caráter cultural de uma contraposição dos valores nacionais e a agenda global perpetrada pelo chamado “Marxismo Cultural”, sobre o qual este artigo visa esclarecer em matéria de conceito e análise de conjuntura.
No curso deste artigo haverá de se argumentar, mediante sucessões de aforismos, como o chamado “marxismo cultural” trata tanto mais de um fenômeno desencadeado pelo liberalismo e pela globalização – os quais, em nada se relacionam com o marxismo – que propriamente de um esquema orquestrado pelo “comunismo internacional” ou o que quer que o valha. Assim, o “marxismo cultural”, nos termos da Olavo de Carvalho e Flávio Gordon e demais pensadores, inexiste, mas o empreendimento de derrubada dos valores tradicionais, este se faz presente no progressismo expresso nos meios culturais.
Antes, porém, de qualquer consideração contrária ou favorável ao entendimento direitista de “marxismo cultural”, há que se compreender que o objeto em questão, cônsul das reflexões e observações da atuação do marxismo no meio cultural, retoma a problemática da degeneração e da perda generalizada dos valores e tradições no curso da pós-modernidade. O “marxismo cultural” ou “comunismo” consagrado pela direita na qualidade de “bode expiatório”, deriva apenas de um mal entendimento de uma conjuntura que, por respeito axiológico a verdade, haveremos de compreender como verdadeira.
A divergência com o discurso neoconservador deve-se a dois fatores primordiais da discussão 1) O que hoje se trata por “comunismo” em verdade, em nada se relaciona com o comunismo idealizado por Karl Marx e Friedrich Engels, nem tampouco com o posterior marxismo-leninismo aplicado à inúmeros países no curso do século XX, mas de uma conciliação anacrônica dos categóricos marxistas com a crítica pós-moderna inaugurada pela Escola de Frankfurt ainda no século passado; e 2) a accepção de que o este empreendimento de degeneração de todos os valores, embora de fato exista, vale-se, primeiramente, do neoliberalismo e do livre mercado global como forma de exportação de suas agendas; e, somente então, dos movimentos progressistas como meio de aferição de seus valores deturpados de moralidade e conduta. Não se trata, portanto, de uma guerra cultural de agendas políticas dicotômicas, mas de um empreendimento global caracterizado pela instrumentalização das pautas políticas em benefício próprio. Logo, o real inimigo não pode ser compreendido nos termos do linguajar público, como uma guerra de esquerdas e direitas, mas , em verdade, dos esforços nacionalistas contra a hegemonia liberal. Expressa-se a verdadeira face do globalismo, que opera a cima do fraudulento teatro democrático e não vê no jogo político senão um instrumento de propagação de seu ideário, fomentando uma contraposição artificial e retroalimentar de esquerdas e direitas que desagrega o povo e termina por negligenciar a indispensável unidade nacional na superação das problemáticas que afligem a todos.
Comecemos, pois, pela incongruência da direita no entendimento de o que de fato é o marxismo e porquê o mesmo não pode ser confundido com este empreendimento global erroneamente designado nos termos de “gramscismo” ou “marxismo cultural”:

De como o marxismo, em sua metamorfose, deixou de sê-lo

Poder-se-ia aferir, em consonância com as máximas perpetradas pela direita no senso comum, que os ideais expressos nas pautas prescritas pelos movimentos progressistas, apartaram-se da esquerdas marxistas, restringindo-se a uma espécie de pseudo-socialismo pequeno-burguês. Contudo, a consolidação do progressismo enquanto postulado intelectual por parte de acadêmicos marxistas, terminou por inaugurar uma simbiose do asceticismo pós-moderno com determinados categóricos marxistas, a chamada “heterodoxia marxista”, ou “progressismo”.
A heterodoxia marxista, em síntese, diz respeito a uma analise relativista da obra marxista, que compreende o materialismo histórico enquanto uma escola filosófica sujeita às contingencias dialéticas da cronologia por este estabelecido. Para um marxista heterodoxo, Karl Marx e Friedrich Engels hão de ser analisados, não à luz de um postulado universal, mas tão somente como frutos da sociedade europeia industrial do século XIX. Logo, se outrora convinha por-se a lutar em defesa de direitos proletários, hoje o dever do marxista seria a defesa de “direitos das minorias”, uma vez que entende-se uma transposição da luta de classes, e, por conseguinte, das relações de “opressores e oprimidos”, a todos os aspectos do meio social.
Não obstante, convém retomar que, para a execução de uma análise de conjuntura em consonância com as complexidades geopolíticas implícitas ao tema, faz-se mister o entendimento do progressismo enquanto componente de uma conjuntura superior às contingências das circunstâncias políticas nacionais. Há que se considerar o caráter metapolítico do empreendimento globalista que vale-se de espectros políticos ambidestras como instrumentos de imposição de suas agendas escusas.
Marx, na condição de desinformante e usurpador intelectual de Friedrich Hegel, bebia de uma concepção de mundo dialética, na qual “o motor da história”, seria a contraposição de classes, em uma espécie de teleologia na qual o devir histórico encaminha-se para determinado fim. Isto posto, depreende-se a concepção de que o estado natural do ser humano é a constante guerra, isto é, a luta de classes. Segundo Marx, “A história de toda a sociedade é a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de guilda e aprendiz, em suma, opressores e oprimidos sempre estiveram em oposição.” Mesmo o termo “progressismo”, deriva desta concepção teleológica, tipicamente hegeliana, ao presumir a inerência de um progresso à história.
Vale observar, que a concepção histórica materialista marxista, transcende as relações burguês e proletário e atualmente se estende, segundo o ideário heterodoxo, a todas as relações sociais. Este discurso é ainda hoje aplicado pelas esquerdas como técnica de divisão, não tão somente entre trabalhador e empregado, como também entre homens e mulheres, brancos e negros, alunos e professores, homossexuais e heterossexuais, em uma constante de desunião social e nacional que retoma a máxima napoleônica, “dividir para conquistar”. Desta forma transfigura-se a luta de classes em instrumento de desagregação conciliado com os anti-valores pós-modernos.
Assim sendo, o agente revolucionário cônsul do processo outrora designado ao proletariado, passa a incumbir sobre o chamado lumpemproletariado, isto é, as “minorias” as quais os movimentos progressistas (feminismo, gayzismo, africanismo, etc.) rogam-se a alcunha de guardiões. Mesmo as agentes da criminalidade passaram a ser defendidos como promotores de alguma “justiça social” coercitiva, e seus crimes tornaram-se objeto de apologia por parte de congressistas progressistas. Outrossim, ao abordar o tópico da “exploração”, o “marxista” heterodoxo fará descaso das condições de trabalho ou da CLT. Em verdade, os progressistas, assestados ao conforto de suas coberturas, nem mesmo sabem do que se trata a condição dos trabalhadores braçais, a eles, mais vale denunciar uma inexistente “exploração da mulher pelo patriarcado”, ou “opressões estruturais” da sociedade, como os terríveis olhares tortos dirigidos a determinadas minorias nas ruas.
Outra constante invariável da heterodoxia marxista diz repeito a “desconstrução” (leia-se “destruição”) dos valores fundadores da estrutura civilizacional: o primado patriarcal das relações familiares que, em última instância, sumariza todo o entendimento tradicional do termo “família”. A defesa do divórcio, da sodomia e de todas as demais modalidades de promiscuidade sexual e moral oriundas revolução sexual de Woodstock, atuam, propositadamente, no sentido de consolidar o desamparo familiar vigente na pós-modernidade, marcada pela infidelidade, pela depravação sexual e por proles que crescem apartadas de exemplos paternos ou maternos, sucedendo gerações desgarradas de tradições perpetraras pela continuidade familiar.
Não seria imprudente supor que o desprezo pelos valores familiares também deriva, a despeito de anacronismos pontuais e da perversão progressista, da tradição marxista clássica, haja visto que a categorização da família enquanto instrumento do grande capital data de 1884, quando Friedrich Engels publica “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, expressando os valores ainda embrionários vigentes em O Manifesto do Partido Comunista, “Supressão da família! Mesmo os mais radicais indignam-se com essa ‘perigosa’ proposta dos comunistas. No que repousa a família atual, a família burguesa? No capital, no lucro privado. A família, em sua plenitude, existe apenas para a burguesia […]. O burguês vê em sua mulher um mero instrumento de produção.”
Renovado pela heterodoxia marxista, a supressão da família impera como objetivo primeiro do globalismo: mediante a exportação do feminismo enquanto agenda global, põe-se as mulheres contra os homens, infundindo em cada uma a crença profunda em um revanchismo histórico potencializado pela mitologia da exploração da mulher. O fim último do feminismo se concretizará quando cada mulher crer que “todo homem é um estuprador em potencial” e que toda relação matrimonial consiste na exploração da mulher pelo homem; o movimento LGBT, ataca pela mesma via, através da “desconstrução” da masculinidade, destruindo ainda no seio familiar as virtudes viris indispensáveis em uma pátria de homens fortes; o desprezo pela castidade e pela santa pureza, sintetizado nos slogans do “sexo livre”, chancelam a indústria do divórcio e dos preservativos e escancaram as portas das famílias às traições e às doenças sexualmente transmissíveis.
Observa-se, à luz da historiografia, que o desmantelamento da estrutura familiar apresenta-se como uma constante invariável em processos de regências governamentais que visam usurpar os valores vigentes em detrimento da construção de um “novo homem”, haja visto que a continuidade familiar sintetiza uma estrutura de poder, sobretudo de poder à longo prazo. Mesmo os brasões familiares encarregados da promoção do globalismo (Rockfeller, Rothschild…), o fazem tendo em vista um projeto de longo prazo passado de geração em geração mediante uma tradição patriarcal. Com a supressão da família, a cada nova geração, perdem-se os valores, ideias e tradições agregadas, subordinando o povo aos desmandos das elites, concretando o aliciamento passivo das massas pelo fomento da desordem e do caos.
Isto posto, evidencia-se a absoluta dissociação teórica e prática de progressismo e marxismo e, por conseguinte, salienta-se a erronia interpretação direitista de que o fomento da degeneração é, ou poderia vir a ser, cônsul de qualquer mudança de paradigma social ou governamental que pudesse ser categorizado enquanto “comunismo”. Pelo contrário, o que se observa da parte da nova agenda da esquerda é o completo descaso para com as problemáticas sociais.

De como o neoliberalismo, e não “o comunismo”, chancela a degeneração

O que de fato se expressa na hegemonia progressista vigente no meio cultural não é a subordinação da cultura de massas ao “comunismo”, como acredita a direita, mas à hegemonia liberal chancelada pelo próprio livre mercado defendido pelas políticas neoconservadoras. Filmes infestados de ideologia, de mensagens anti-cristãs, anti-família, anti-nação, jamais seriam exportadas do império estadunidense mundo afora senão precedidas da implementação de um livre mercado global. Para comprovar tal aferição basta observar como toda pauta progressista defendida no Brasil foi inteiramente importada de países estrangeiros, mesmo quando se trata de movimentos cujas apologias parecem mais “justas”, como é o caso do movimento negro, que, mesmo no Brasil, postula um discurso que não faz qualquer sentido a não ser nas circunstâncias dos EUA sessentista, onde haviam leis de segregação raciais consagradas em políticas concretas – um contexto completamente anacrônico ao Brasil atual.
Os demais fatores relativos a propagação da degeneração fazem-se verdadeiros no sentido de considerar o impacto de aspectos imateriais, como ideologias e juízos de valor, sobre o indivíduo. Reparemos como, na unidade de suas divergências, os sociólogos são unânimes em afirmar que toda mudança de paradigma social ou político é antecedida de empreendimentos, premeditados ou não, no âmbito cultural – isto é: na literatura, na música, nas artes plásticas, na mídia audiovisual, etc. Assim sendo, é do interesse dos agentes operantes do globalismo, valerem-se de sua posse dos meios de comunicação e de entretenimento, como vetor de suas pautas escusas. Trata-se da disseminação de uma propaganda tipicamente velada, que se alastra pelo meio cultural, restrita somente às percepções da inconsciência.
Em síntese, todo projeto de desagregação nacional principia pelo desmonte das estruturas morais da civilização, primeiramente à nível da inconsciência; por conseguinte, em sua materialização no debate público; e, somente então, na concretude de ações institucionais posteriormente consolidadas em leis, regimentos e burocracias palpáveis. Perceba como todo projeto progressista entrou em vigência no Brasil mediante aferições, aparentemente inofensivas, relativas a linguagem cotidiana: determinados vocábulos passaram a ser socialmente criminalizados segundo a aferição falaciosa de que os mesmos seriam carregados de preconceito; logo, elites tomadas por “minorias” partiram às ruas reivindicando novos – e cada vez mais – privilégios tomados por “direitos”, com a chancela da mídia e das grandes corporações, as quais tomaram parte em suas causas pequeno-burguesas; logo, o Supremo Tribunal Federal não mais legisla senão em prol das pautas “minoritárias”, rasgando a constituinte, inclusive, ao decidir pela equiparação da “homofobia” ao crime de racismo, tangenciando a nação em detrimento de interesses apátridas.
Deixando de lado, porém, a indispensável determinação dos agentes causadores deste processo de degeneração, o filósofo Mário Ferreira dos Santos, ainda na década de sessenta, explicitou na obra “Invasão Vertical dos Bárbaros”, aquilo o que identificava como uma crescente do barbarismo nas expressões culturais. Segundo o autor, “Os meios de vulgarização intelectual de nossa época, periodismo, rádio, televisão, o teatro e o livro estão infestados da mais desenfreada propaganda do inferior e do primitivo.”
Na contemporaneidade, a promoção dos valores deturpados do pós-modernismo, se expressa em praticamente todos os meios midiáticas. Nas telenovelas, apresenta-se um Brasil ficcional apartado da objetividade factual presente no cotidiano do cidadão comum: desdenha-se do sofrimento daqueles que habitam áreas de periferia mediante a “glamourização” das favelas, apresentadas como ambientes onde, a despeito da pobreza, vive-se bem e feliz; desenha-se um Brasil cuja prática homossexual é norma geral, sem deixar porém, de retomar constantemente o mito da “homofobia”; fomenta-se, em toda ocasião, uma luta de classes entre homens e mulheres, negros e brancos, etc. Segundo Mário Ferreira dos Santos, “descrevem o sábio como um charlatão, o honesto como um hipócrita, […] o religioso como um tartufo, o ladrão, o malandro, como exemplos de acuidade mental.”
No longo prazo, a repetição destes chavões termina por consolidar uma narrativa fraudulenta da realidade na mente do cidadão médio segundo a qual toma-se decisões na regência familiar e nos procederes pessoais, como em relações de trabalho, na escolha do vocabulário cotidiano, no julgamento pessoal acerca de terceiros, etc. Assim, molda-se a conduta de uma nação por inteiro, dispensando a necessidade de qualquer mediação entre a propaganda e o indivíduo, que a consome deliberadamente sem tampouco indagar-se acerca dos interesses ideológicos lucubrados nos objetos de seu interesse.
Para além da construção de narrativas imediatas, observa-se os efeitos da parasitagem progressista nos meios de comunicação à luz de seus impactos históricos. O escritor e roteirista Dias Gomes, em sua autobiografia, “Dias Gomes: Apenas um Subversivo”, explica, com riqueza de detalhes, como que, valendo-se do liberalismo vigente no regime Militar e chancelado pela família Marinho, propagou, nos roteiros de suas novelas exibidas na Rede Globo, os valores deturpados de sua heterodoxia marxista. Em sua primeira novela, “Verão Vermelho”, exibida em rede nacional entre 1969 e 1970, o autor usou da trama como ensejo para surtir um debate público acerca do divórcio no Brasil – tema este o qual, segundo ele próprio, era “ainda um tabu”.
O roteiro girava entorno de uma moça que, descontente com seu casamento, sonhava em divorciar-se. Contudo, diante da constatação de que o divórcio inexistia juridicamente no Brasil, a narrativa termina por retratar a infelicidade da sina imputada a protagonista. Bastaram poucos meses, após a exibição da novela, para que a discussão chegasse ao parlamento e o divórcio fosse aprovado no Brasil, fomentando a infidelidade matrimonial e a promiscuidade e, da mesma forma, demais outras pautas em dissonância com os anseios nacionais, permanecem sendo efetivadas, valendo-se da passividade de um povo aliciado pelo entretenimento midiático, outrora ainda monopolizado pelas emissores de televisão.
Nos países atingidos pela globalização, constantes falseamentos históricos marcam presença sobretudo na mídia hollywoodiana, haja visto que esta alavancou-se ao posto de mercado mundial e, assim, terminou por unificar a cinematografia mundial segundo os moldes estadunidenses. Os filmes por esta organização produzidos, são os grandes determinadores de concepções históricas e sociais vigentes nas mentes de seus consumidores – isto é: da enorme maioria da população mundial. Quando um indivíduo reflete acerca de determinado período histórico, por exemplo, sua consciência busca primeiramente concepções visuais extraídas de obras de ficção, como filmes, séries e obras literárias, que propriamente de bibliografias e materiais historiográficos. Logo, a facilidade com que diretores e cineastas impõem às massas concepções totalizantes de narrativas, transcende em muito qualquer meio cultural jamais existente.
Tomando por exemplo a obra “Sombras de Goya”, um longa-metragem do diretor Milos Forman, observa-se uma iminente tentativa de construir uma narrativa que perpetre no imaginário coletivo uma imagem pejorativa e artificialmente construída da Igreja Católica e da Inquisição Espanhola: o roteiro trata de um sacerdote o qual, encarregado do cargo que inquisidor, persegue uma moça inocente na tentativa de incriminá-la como uma bruxa. A engenharia social é genialmente conduzida: no decorrer da narrativa, expõe-se figuras eclesiais como que caracterizadas à luz de vilões arquetípicos; todo tipo de insinuação anti-cristã é maliciosamente incutida, não em uma narração externa a trama, mas nas falas dos personagens; a todo tempo, retoma-se mentiras consagradas no imaginário popular acerca da cristandade histórica, bem como o mito da tortura como instrumento de interrogatório inquisidor, a deliberada falsificação da “venda de indulgências” como ação institucional, etc. O que, naturalmente, não passa pela mente do espectador, é que Hollywood, mesmo ao tratar de história da Igreja, não deixa de ser uma empresa judaica em um país protestante – em síntese: aquilo o que o cidadão médio sabe – ou pensa saber – sobre a história da Igreja, oriundo tanto mais de mídias televisivas de que estudos acadêmicos, lhe foi contado pelos inimigos da Igreja sob o disfarce conveniente da “ficção histórica”.
Desta forma, compõe-se as narrativas vigentes no consciente coletivo acerca do que quer possa ser instrumentalizado em favor da agenda globalista, como a demonização de regimes nacionalistas; concepções dicotômicas e monoculares sobre eventos como a Segunda Guerra Mundial e os aviltes estadunidenses contra soberanias nacionais (Guerra do Vietnã, Guerra do Iraque…); a exaltação de uma juventude depravada e da revolução sexual; o entendimento da instituição familiar enquanto um arranjo social opressor; a exaltação do banditismo e o desdém da figura moral de autoridade, como os agentes do estado, o clero, a verdadeira intelectualidade… Trata-se, sempre, de uma guerra desigual, por lidarmos contra uma atuação que se propõe a desmanchar a civilização, não pela qualidade de suas contraposições ou proposições, mas pela quantidade de mentes vazias, bovinamente adequadas a uma episteme embasada na dialética negativa da heterodoxia marxista.
É mister que aqueles inclinados às atividades de ordem intelectual, ponham-se a atuar no sentido de recuperar, primeiramente, na unidade da consciência individual – nas bibliografias, obras de ficção, documentários, salas de aula, mídia – e, posteriormente, na concretude das estruturas de poder, os valores nacionais então restritos à “lata de lixo da história”. Há que se desenvolver uma intelectualidade nacionalista que faça frente ao projeto cultural globalista, restaurando o patrimônio intelectual legado por aqueles que deram suas vidas pela construção da civilização, bem como os valores sobre os quais nossos estadistas ergueram o Brasil, efetivando os valores nacionais como a catolicidade, o tradicionalismo cívico, o resgate de nossas raízes luso-ibérica, de nossos expoentes literários, músicos, compositores, escritores e intelectuais. O nacionalismo, em verdade, não reside no estamento burocrático, nem tampouco na diligência dos governantes, mas sobretudo na memória do povo acerca de seus feitos históricos em comum, de suas artes, de seus valores.

Notas:

O artigo a cima é síntese de uma conjuntura geral relativa a perspectiva do autor quanto a aspectos imateriais da problemática da degeneração cujas ideias já residiam, ainda que de forma embrionária nos textos “Globalismo e Guerra Cultural”“Da Heterodoxia Marxista aos Movimentos Progressistas”.
Eduardo Salvatti

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