quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Banco quebrado, oposição falida, que maravilha este país

 - Medida Provisória indecorosa para tornar viável o inviável: o trem-bala;
- compra de 49% das ações de um banco quebrado;
-  plano para controlar os meios de comunicação — que “eles” chamam mídia;
-  vexame continuado no Enem, barafunda a que se submetem milhões de secundaristas;
-  penca de irregularidades, apontadas pelo TCU, em obras tocadas pelo governo federal;
- tentativa de voltar a enfiar a mão no bolso dos contribuintes para supostamente financiar a saúde, aumentando a carga tributária…

Para que serve, afinal de contas, a oposição se não for para vigiar o governo; para obrigá-lo a se explicar; para lembrar aos adversários e à população os fundamentos da lei, de que sempre se esquecem aqueles que se inebriam com o poder — no Brasil e em qualquer país do mundo —
para apresentar alternativas àquelas tidas como corretas pelos donos de turno do poder? Essas ações legitimam as oposições no mundo inteiro, e é assim que atuam. E ambas, maioria e minoria, legitimam o regime democrático. Tal fundamento pode estar em risco no país.
A oposição no Congresso está bastante desmilingüida, embora, na eleição presidencial, tenha recebido 44 milhões de votos, fazendo o governo de 10 estados, onde estão 52% da população e bem mais da metade do PIB do país. Com alguma articulação, poderia estar se preparando para ocupar o céu; em vez disso, corre o risco de mergulhar de vez nos infernos. O PSDB, apesar da movimentação inicial de Aécio Neves, está em compasso de espera. Sozinho, não vai fazer verão. Quem vive o auge do rebuliço é o DEM, o partido que, com efeito, mais sofreu perdas na era Lula. Já está noticiada em todo canto a movimentação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que estaria de malas prontas para se mudar para o PMDB. Outros o seguiriam. Há quem defenda nada menos do que a fusão dos dois partidos — ou, para ser mais exato, a deglutição do DEM pelo PMDB.
Vejam o caso do Banco Panamericano:
- O Banco Central avisa: “Não tenho nada com isso”;
- a Delloite, que fazia auditoria interna, avisa: “Não tenho nada com isso”;
- a KPMG, que fez a auditoria a pedido do Banco Fator, que intermediou a operação em nome da Caixa, avisa: “Não tenho nada com isso”;
- o Banco Fator avisa: “Não tenho nada com isso”;
- a CEF, que comprou as ações do Panamericano, avisa: “Não tenho nada com isso”.

Com tantos “expertos”, espertos e espertalhões cuidando de tudo, nos mínimos detalhes, nada impede que você torre seus bilhões comprando um banco quebrado. Se bem que… Vamos pensar.
Aquisição e fusão de bancos não são coisas tão raras, não é mesmo? Fizeram-se aos montes depois do processo saneador levado adiante pelo governo Fernando Henrique Cardoso. E não se sabe de nenhum banco privado, nacional ou estrangeiro, que tenha levado uma tungada do tamanho que levou a CEF: mais de R$ 700 milhões. O dinheiro investido no Panamericano virou pó. A se dar crédito às versões, executivos de um banquinho mixuruca conseguiram levar no bico gente altamente especializada em detectar fraudes. E olhem que, até onde se sabe, não era nada muito sofisticado. O Panamericano vendia carteiras de crédito a outros bancos, pegava a grana antecipada, mas fazia de conta que os pagamentos feitos pelos devedores ainda eram seus.
Visto tudo de perto, encontram-se sempre aquelas incríveis coincidências que aproximam o mundo da política do mundo dos negócios. Informa Lauro Jardim no Radar Online: “Rafael Palladino, ex-presidente do Banco Panamericano, sempre chamou atenção do mercado pela relação muito próxima com Marcio Percival Alves Pinto, vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica Federal (indicado por Aloizio Mercadante para o cargo) e Walter Appel (dono do banco Fator, um dos que auditaram o Panamericano para a CEF)”. Dá para entender.

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