quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ENCONTRO DE BANDIDOS DA VELHA GUARDA

O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, estava escalado para um discurso de apresentação do balanço do governo Lula, nesta quarta-feira, em Brasília. Mas pegou carona no clima emotivo de despedida que tomou conta do salão nobre do Palácio do Planalto e fez um pronunciamento de desagravo que emocionou a presidente eleita Dilma Rousseff.
Companheiro de lutas contra a ditadura de Dilma, Franklin disse que se sentia orgulhoso por ver uma mulher da sua geração chegar à Presidência e argumentou que, se era uma época difícil para quem lutava contra a repressão de liberdade, era especialmente pior para as mulheres. "Se foi difícil para todos nós, porque nós tínhamos pela frente a perspectiva da prisão, do exílio, da tortura, da morte, para as mulheres foi muito mais difícil", afirmou.
Franklin lutou contra a ditadura militar e até hoje é proibido de visitar os Estados Unidos por ter participado do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969. Dilma também era integrante de organizações de resistência, mas não há evidência de sua participação em ações armadas.
"(As mulheres) eram apresentadas como se fossem prostitutas, como se fossem levianas, porque queria se desqualificar as mulheres. Então, a mulher que se insurgia, se insurgia não só contra aquela pressão ditadura, mas também contra aquela desqualificação moral que tentava reduzir a zero as pessoas que estavam sintonizadas com a democracia", disse. "Em outros países, as mulheres que lutavam pelos seus direitos queimaram sutiãs. No Brasil, as mulheres que lutaram por seus direitos queimaram caravelas para lutar pela democracia," afirmou, arrancando aplausos e deixando Dilma visivelmente emocionada.
Antes dos elogios à presidente eleita, ele enalteceu as qualidades de Lula, dizendo que o presidente foi forjado num ambiente de negociação sindical e que isso o tornou um homem que não abaixa a cabeça para a inércia. O discurso foi feito em evento para a apresentação de um documento consolidando as ações do governo Lula, para ser protocolado em cartório.

"Um repórter falou algo para o presidente que me impressionou muito. Ele disse ''presidente Lula, o senhor é hoje talvez o único presidente do mundo que diz não''. Eu achei isso de uma força extraordinária, porque era sobre o 'não' do homem que não fica abaixando a cabeça para inércia, para a rotina. Não fica simplesmente cumprimentando as verdades estabelecidas e o pensamento que já vem de trás," afirmou.

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