quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lula ainda não teve tempo de "dar uma olhada" nas novas provas do Mensalão. Deve estar trabalhando muito.


Lula firmou, ontem, depois de palestra paga pela Microsoft, que se as provas que foram apresentadas pela Polícia Federal forem incorporadas ao processo da sofisticada organização criminosa do Mensalão, que desviou dinheiro público para comprar maioria no seu governo, ele será julgado apenas em 2050. A matéria abaixo é da Folha de São Paulo.




O ex-presidente Lula desprezou ontem o impacto do novo relatório da Polícia Federal que aponta o uso de dinheiro público no mensalão. Ele afirmou que, se o documento for incorporado aos autos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o processo "só vai ser julgado em 2050". O relatório não faz parte da ação penal do mensalão, em tramitação no STF (Supremo Tribunal Federal), mas traz novidades em relação a pontos-chaves da investigação. O documento, revelado pela revista "Época", confirma o uso de recursos públicos na "montagem de redes de influência" do governo. Afirma que dinheiro do fundo Visanet, do Banco do Brasil, abasteceu contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de operar o mensalão. O relatório traz ainda a informação de que Freud Godoy, ex-assessor de Lula, afirmou em depoimento que Valério bancou despesas com segurança de sua campanha presidencial em 2002.


PALESTRA


Lula falou a jornalistas em Washington (EUA), após dar palestra remunerada em evento da Microsoft. Disse que não "teve chance de dar uma olhada" no relatório -nem pretende. "Não sou advogado", justificou. O ex-presidente afirmou que o documento, que associa 17 novos nomes ao caso, não é um "relatório final". "Não se sabe se o ministro Joaquim [Barbosa] vai receber ou não, se aquilo vai entrar nos autos [da ação]." Em seguida, sugeriu que a lentidão da Justiça pode comprometer o processo. "Se entrar, todos os advogados de defesa vão pedir prazo para julgar. Então, vai ser julgado em 2050. Então, não sei se vai acontecer." A expectativa hoje é que a ação principal, que tem 38 réus e não inclui Lula, seja julgada no ano que vem.


MUDANÇA DE TOM
Depois que o caso foi revelado pela Folha, em junho de 2005, Lula disse se sentir traído "por práticas inaceitáveis", das quais não teria conhecimento prévio. "Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e chocam o país", disse, em agosto daquele ano. Em 2006, definiria o caso como "uma facada nas costas". Com passar do tempo, mudou o tom e passou a questionar a existência do esquema. Chegou a chamar o escândalo de "maior armação já feita contra um governo". Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, indicou que não deve pedir a inclusão do novo relatório ao processo do mensalão. "Está havendo um equívoco em relação a esse relatório", disse. "Ele cuida de fatos específicos de um inquérito que não é hoje a ação penal do mensalão."

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