Quando meio governo começa a dar justificativas sem dizer coisa com coisa é porque a suspeita está confirmada: Dilma passou por cima da autonomia do BC e mandou baixar os juros na marra. Veja a entrevista abaixo, concedida ao Estadão pelo ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni. Ele classificou de "ousada" a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Para ele, o que está em jogo agora é a credibilidade do BC.
O Sr. achou da decisão do Copom?
Acho uma decisão ousada porque, na realidade, os dados de inflação, principalmente as expectativas, apontam para uma inflação acima da meta. O mercado de trabalho continua aquecido, a pleno emprego, com massa salarial crescendo na base de 6%. Mesmo com a desaceleração da indústria, as pressões de demanda ainda estão aí. Mais prudente seria manter os juros pelo menos até outubro.
Acho uma decisão ousada porque, na realidade, os dados de inflação, principalmente as expectativas, apontam para uma inflação acima da meta. O mercado de trabalho continua aquecido, a pleno emprego, com massa salarial crescendo na base de 6%. Mesmo com a desaceleração da indústria, as pressões de demanda ainda estão aí. Mais prudente seria manter os juros pelo menos até outubro.
Qual então é a justificativa?
A única justificativa técnica que vejo para essa decisão é que o Banco Central está apostando que a política fiscal vai continuar apertada, não só este ano, mas também no ano que vem. É uma proposta arriscada. O governo acaba de encaminhar a proposta orçamentária para o ano que vem e, como todo mundo antecipava, há um impacto enorme nos gastos correntes, principalmente em gastos com pessoal e Previdência, em função do mega reajuste do salário mínimo já estava contratado.
O superávit pesou?
Sem dúvida. É a única justificativa técnica. Imagino que o BC continua com sua autonomia preservada, o que é essencial para as expectativas inflacionárias. O BC vai ter que explicar muito bem, na ata, a fundamentação técnica da decisão. Que não é simplesmente resultado de pressões políticas. A função de um BC independente e autônomo é tomar decisões que não sejam necessariamente aquelas que pressões políticas desejam. Foi a grande conquista do Brasil a partir do Armínio Fraga.
O BC cedeu à pressão?
Espero que não. O Brasil tem uma experiência tão bem-sucedida na construção de uma independência conquistada pelo BC, com saldo extremamente positivo. Foi a principal âncora para enfrentar a crise de 2008. O que está em jogo agora é a credibilidade do BC. Fica a expectativa de elementos que o BC disponha, que ainda não aparecem nos dados oficiais, para justificar a decisão.
A única justificativa técnica que vejo para essa decisão é que o Banco Central está apostando que a política fiscal vai continuar apertada, não só este ano, mas também no ano que vem. É uma proposta arriscada. O governo acaba de encaminhar a proposta orçamentária para o ano que vem e, como todo mundo antecipava, há um impacto enorme nos gastos correntes, principalmente em gastos com pessoal e Previdência, em função do mega reajuste do salário mínimo já estava contratado.
O superávit pesou?
Sem dúvida. É a única justificativa técnica. Imagino que o BC continua com sua autonomia preservada, o que é essencial para as expectativas inflacionárias. O BC vai ter que explicar muito bem, na ata, a fundamentação técnica da decisão. Que não é simplesmente resultado de pressões políticas. A função de um BC independente e autônomo é tomar decisões que não sejam necessariamente aquelas que pressões políticas desejam. Foi a grande conquista do Brasil a partir do Armínio Fraga.
O BC cedeu à pressão?
Espero que não. O Brasil tem uma experiência tão bem-sucedida na construção de uma independência conquistada pelo BC, com saldo extremamente positivo. Foi a principal âncora para enfrentar a crise de 2008. O que está em jogo agora é a credibilidade do BC. Fica a expectativa de elementos que o BC disponha, que ainda não aparecem nos dados oficiais, para justificar a decisão.
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