domingo, 30 de junho de 2024

Imponderabilidade das Forças Metafísicas

 

As forças físicas podem ser medidas com exatidão. E sua trajetória e duração pode-se predizer, porém as forças metafísicas são imponderáveis. Poderia se afirmar que estas são forças de um plano superior que ocasionalmente se materializam no nosso.

As forças físicas do hitlerismo eram insignificantes em relação às forças que se lhe opunhavam dentro e fora da Alemanha. Primeiro se creu que Hitler não chegaria ao poder, e logo que ascendeu a chancelaria – baixo a presidência de von Hinderburg – se teve a certeza de que sua queda era iminente e que seria um triunfo comunista.

Foi um milagre de equilíbrio, de tato, de audácia precisa, de franqueza, que atraía a uns e desconcertava ao inimigo, o que foi apoiando a situação de Hitler como chanceler. Detrás de suas forças físicas, relativamente reduzidas, borbulhavam forças metafisicas que iam superando obstáculos e atraindo vontades.

Hitler foi diretamente às bases visíveis do adversário ou inclusive aos redutos mais ocultos.

Cortou de um golpe o capitalismo especulativo, o que explora e engana, ou seja, o supercapitalismo, porém sem danificar o autêntico capitalismo, o que presta um bem social como fator de produção e progresso. A propriedade privada podia se desenvolver com canais morais.

Como consequência do anterior, aumentaram os centros de trabalho e os investimentos. A massa de seis milhões de desempregados começou a diminuir rapidamente e o nível de vida do trabalhador começou a subir. Em cinco anos a produção duplicou.

A economia do Estado se canalizou a reforçar a produção da iniciativa privada, não a suplantá-la mediante a absorção dos meios de produção. Desta forma, se praticava um socialismo autêntico, tendente a melhorar a sociedade, não o enganoso socialismo marxista, que ao absorver a iniciativa privada, não melhora ao povo, senão que unicamente aumenta seu próprio poder político.

No campo trabalhista, Hitler liquidou a danosa luta de classes entre trabalhadores e patrões. Em vez dessa dualidade, estabeleceu a convergência de classes ao bem comum do todo. Dissolveu aos grupos líderes (em sua maioria com vínculos internacionais comunistas) e suprimindo o capital especulativo fez possível que o trabalhador laborasse identificado com seu patrão, mediante salários justos e tratamento decoroso. Síndicos trabalhistas da Frente de Trabalho fixavam os salários de acordo com as possibilidades de cada empresa. Ao patrão, era exigido responsabilidade sobre o bem-estar de seus empregados e trabalhadores. Para evitar a inflação (alta desenfreada de preços) cuidava-se que o aumento de salários fosse proporcional ao aumento da produção.

Sobre a agricultura, se proclamou que “a ruína do camponês alemão seria a ruína do povo alemão”. As fazendas até 125 hectares foram declaradas propriedades hereditárias que não podiam ser objeto de hipoteca nem leiloadas por dívidas. Mediante o estímulo aos preços agrícolas, aumentou-se a produção para que a Alemanha se abstecesse de provisões, coisa que se logrou em 83%.

A respeito da ameaça comunista, Hitler a tratou como tal. O marxismo não era uma ciência econômica nem uma ciência social, como fingia para se camuflar, senão uma conspiração internacional. Portanto, proibido o Partido Comunista alemão e toda propaganda marxista. Dizia que uma sociedade sã combatia aos criminosos sem discutir com eles.

No campo religioso, Hitler precisou que sua doutrina era um sistema político que nada tinha que objetar com as crenças religiosas e concluiu uma concordata com o Vaticano. Anos depois o Papa Pio XI condenou vários pontos do nazismo em sua encíclica Mit brennender Sorge. Concretamente dizia que os valores de “raça, ou o povo, ou o Estado, ou a forma de governo ou quaisquer outros valores básicos da configuração social humana” não deveriam se converter “na norma máxima de todos os valores” porque isto “inverte e distorce a ordem das coisas tal como foi criado e mandado por Deus” (N.T.: Vale destacar, que apesar dessas críticas pontuais, a Igreja Católica jamais condenou ao Nacional-Socialismo como um todo, enquanto que o mesmo papa Pio XI em sua carta encíclica Divinis Redemptoris classifica ao comunismo como “intrinsecamente perverso” e que com ele “não se pode admitir em campo nenhum a colaboração”).

Para com a imprensa, o rádio, o teatro e a literatura em geral, Hitler estabeleceu uma censura publicamente anunciada. Em vez da hipócrita “liberdade” que em muitos países era realmente censura vergonhosa, secreta, estabeleceu uma censura visível, pública. Suprimiu-se, por exemplo, a nascente campanha antinatalidade de diários e revistas, pois Hitler dizia que uma guerra matava “um fragmento do presente”, mas que o controle de natalidade na Europa “mata mais gente que todos os que caíram nos campos de batalha, desde os tempos da Revolução Francesa até nossos dias”.

Também se proibiu a pornografia impressa, teatral ou cinematográfica, as publicações homossexuais, as distorções da arte, etc. Em uma cerimônia pública foram queimados folhetos, revistas e livros como os de Sigmund Freud, criador da psicanálise pan-sexualista. “A cerimônia de hoje – disse Goebbels, a 10 de maio de 1933 – é um ato simbólico. Ela demonstrará ao mundo que o fundamento da República de novembro de 1918 já está destruído para sempre. Deste monte de cinzas surgirá a Fênix de um novo espírito”.

No ramo da política internacional, Hitler acabou fulminantemente com o Tratado de Rapallo, do qual a URSS vinha se beneficiando. Em troca disso, buscou e obteve uma aproximação com a Polônia. O chefe polaco Pisuldski se inclinava a formar uma aliança germano-polaca frente à URSS. No sul, Hitler se reuniu com Mussolini e pôs as bases para um tratado germano-italiano oposto ao comunismo internacional. (Este tratado se denominaria depois Eixo Berlim-Roma e se ampliaria com a inclusão do Japão).

A respeito da revolução que Röhm (NT: Ernst Röhm, chefe das SA) ansiava para dar uma inclinação socialista-esquerdista ao nacional-socialismo, Hitler celebrou uma reunião com chefes da SA e da SS e advertiu: “Asfixiarei todo intento de perturbar a ordem existente tão implacavelmente como esmagarei a chamada segunda revolução, que somente conduziria ao caos”… Sobre as pretensões de estabelecer controle oficial sobre as empresas privadas, despojando aos donos, e de confiscar as grandes lojas comerciais, especificou: “A história não nos julgará se destituímos e encarceramos ao maior número de economistas, mas se logramos ou não proporcionar trabalho… As ideias do programa não nos obriga a destruir tudo e a atuar como loucos, senão a considerar nossos pensamentos prudente e cuidadosamente”.

O outro propósito de Röhm, de converter a SA em uma milícia nacional sob seu comando, em vez do exército sujeito a normas tradicionais de honra, justiça e cavalheirismo, foi desautorizado por Hitler, que precisou que o exército seria a força armada da nação e que a SA (forças de assalto) a esse deveria se submeter.

Hitler sabia que no alto mando do exército havia vários generais que ansiavam derrubá-lo. Uma de suas primeiras atividades como chanceler foi reunir a 400 altos chefes militares e falar a eles de sua doutrina. Em parte, persuadiu a muitos com seus argumentos e os fez seus partidários, ainda que nada logrou com aqueles que secretamente eram células de infiltração. Por outra parte, aproveitou a seu favor o cuidado que os oficiais tinham a respeito da enorme força da SA que Röhm estava armando. De um modo ou de outro, Hitler logrou um certo apoio do exército, apesar dos chefes deste, que somente esperavam um momento propício para derrubá-lo.

Como Röhm persistia em seus planos, em 30 de junho de 1934 foi detido e executado, junto com 71 dos chefes fanaticamente aderidos à ele. Por certo que causou grande surpresa que entre os conjurados com Röhm se encontrava o Dr. Erich Klausener, presidente da Ação Católica de Berlim, que se suicidou ao ver-se descoberto. Röhm era inimigo de toda religião e queria suprimir o culto.

O general Schleicher, ex-ministro da Defesa e ex-chanceler, antigo protetor do Tratado de Rapallo, se mostrava muito confiante e dizia indiscretamente que Hitler não viveria muito. Havia entrado em tratos com Röhm para derrubar a Hitler. O general von Bredow também se encontrava comprometido neste plano. Dias depois da morte de Röhm, Schleicher e Bredow foram liquidados pela Gestapo. Se disse que apresentaram resistência quando iam ser presos. O exército não protestou porque Schleicher era visto com suma desconfiança devido os seus planos de criar na Alemanha uma milícia ao estilo dos soviets.

O general Hammerstein, chefe do exército, muito próximo a Schleicher, chamado de o “general vermelho” e recalcitrante adversário de Hitler, foi substituído do mando, aparentemente por haver chego à idade limite.

O ancião presidente Hindenburg deu seu apoio moral a todo o anterior e felicitou a Hitler.

Desta forma, em pouco menos de um ano e meio desde que subiu à chancelaria, Hitler evitava perigos mortais para seu regime e consolidava sua posição.

Ao mesmo tempo, os comunistas viam que o que haviam julgado impossível estava fazendo-se possível e que não chegava o caos que pouco antes consideravam iminente. Cada dia era mais difícil desencadear o que eles mesmos chamavam de o dilúvio comunista.

O fracasso vermelho repercutiu nos grossos muros do Kremlin.

Tradução livre e adaptação por Viktor Weiß

Fonte: Infiltración Mundial, Salvador Borrego. Capítulo: Imponderabilidad de las Fuerzas Metafísicas

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