sexta-feira, 13 de maio de 2011

A herança da Dilma

Mas até aqui parece que Lula fez um bom governo. Mas e a conta? Quem pagou? Pagou o setor produtivo da economia, indústria e agricultura foram jogadas às feras; as importações explodiram com o real valorizado; e inutilidades como biscoitos da Dinamarca, arroz do Uruguai e manteiga da França pipocam nos mercados.
As exportações de manufaturados foram as mais prejudicadas, as indústrias calçadista, moveleira, de autopeças e eletrônica foram dizimadas, em particular no Rio Grande do Sul.
A concorrência dos importados no setor de alimentos criou um imenso endividamento na agricultura especialmente na de consumo interno: arroz, feijão e trigo.
O Brasil mudou seu perfil exportador, retrocedemos 50 anos, voltamos a ser um exportador de commodities básicas, sem qualquer valor agregado.
O turismo de massas fez todos pensarem que tínhamos ficado ricos, mas estávamos apenas na fase do "dame dos" argentino, eu já tinha visto este filme.
Eleitoralmente, entretanto, estas políticas foram um sucesso, os bancos e empreiteiras agradecidos fizeram doações inéditas. A companheirada empoleirada em empregos e nas obras de emendas parlamentares fez uma campanha eleitoral mais aguerrida do que nunca, para não perder a boquinha. Os consumidores, beneficiados com os preços baixos, especialmente os emergentes, deram a Lula índices de aprovação nunca vistos em regimes democráticos.
Dilma esta eleita, mas a farra acabou; a crise europeia tem novos desdobramentos. Portugal naufragou, Espanha e Inglaterra estão na UTI, Grécia e a Irlanda não sabem quando saem de lá, e os americanos não parecem ter fôlego para escapar do atoleiro em que se meteram.
Hoje, qualquer fator externo negativo, seja uma alta dos juros nas economias centrais ou um enfraquecimento nos preços ou na demanda de commodities, derrubará o Brasil como a um castelo de cartas.
Precisamos urgentemente arrumar a nossa casa, e não vai ser fácil. Uma imensa tormenta está armada sobre nós. Sempre é bom lembrar que a inflação aleija, mas as crises cambiais matam.

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