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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Quando os bons se tornam maus

 Talvez John Galliano, como muitos outros, aprendeu da pior forma possível que nunca, em toda a história da humanidade, houve tão pouca liberdade como hoje, na fossa da liberal democracia. Ele, em meio a seus delírios de roupas de luxo e inversão da natureza, possivelmente compreendeu que as forças fáticas que governam este mundo, não permitem deslizes.

Há uma tênue linha que separa os indivíduos do lado “bom” e o “mau”. Basta pisar em falso para os alarmes do politicamente correto soarem. O outrora “mocinho” se torna um grande e perverso vilão. Isto ocorre num estalar de dedos. Aos incautos, obra de um verdadeiro passe de mágica.

Desta forma, nós podemos constatar como, impressionantemente, diversos ícones dos vencedores da Segunda Guerra Mundial foram demonizados. À medida que desviavam seus passos do caminho traçado pelos conquistadores do mundo, se tornavam seres descartáveis. Muitos foram, por conseqüência, suicidados, assassinados, lançados em prisões ou no mínimo desmoralizados e relegados ao esquecimento público pelos meios de imbecilização em massa.

Foi assim que o general Patton, o cavaleiro dos blindados americanos, caiu em desgraça. Patton detestava o Nacional-Socialismo, ao menos, tal qual este lhe era apresentando pela imprensa estadunidense. Mas ele também abominava o comunismo. Queria adentrar Berlim antes do exército vermelho para prevenir sua selvageria e depois rumar sobre a União Soviética e esmagar os bolchevistas. A posição e determinação anticomunista, bem como seu elevado senso moral, foram determinantes para selar seu destino.


George S. Patton

Patton se opôs, parcial ou integralmente, à aplicação do plano Morgenthau em seu setor de ocupação na Alemanha. Em decorrência, teve que enfrentar violentas discussões com um general de posição mais elevada, Einsenhower. Ao observar todos os abusos e atrocidades que estavam sendo levados a cabo na Alemanha derrotada, se indignou. Patton falou que possuía um livrinho preto e que retornaria ao EUA e denunciaria publicamente o que estava acontecendo.

O primeiro “incidente” com o general ocorreu no dia 21 de abril de 1945. O avião em que rumava ao QG do 3º Exército foi atacado por um suposto caça alemão, porém constatou-se que era na verdade um “spitfire” guiado por um piloto polonês. Em 3 de maio, seu jipe foi atropelado por um carro de bois, do que saiu com feridas leves. A 13 de outubro houve uma colisão com um caminhão. Misteriosamente os médicos não o deixaram receber visitas e quando Patton parecia se recuperar bem, veio a notícia de seu “ataque cardíaco”.

Segundo uma publicação do final dos anos 70, um agente da OSS (Office of Strategical Services), Douglas Bazata, foi quem assassinou Patton. Este indivíduo, perante uma platéia de cerca de 450 convidados, ex-membros do OSS, teria proclamado:

“Por diversos motivos políticos, muitos altíssimos personagens odiavam a Patton. Eu sei quem o matou. Porém sou eu quem se encarregou de fazê-lo. Dez mil dólares. O próprio General William Donovan, diretor do OSS me confiou essa missão. Eu preparei o acidente. Como não morreu no ato, se lhe deixou incomunicável no hospital onde se lhe matou com uma injeção.” [1]

Caso igualmente curioso e confuso é o do sanguinário Stalin.

Stalin, o grande vencedor da 2º Guerra. Dono de quase meio mundo e ávido em por as mãos sobre a outra metade. O grande aliado das forças que supostamente representavam o ocidente e a liberdade. O amado líder a quem os democráticos Churchill e Roosevelt se debateram durante anos para ajudar de todas as formas possíveis e imagináveis. Quando tentou romper com os poderes fácticos, este homem tornou-se, miraculosamente… Um anti-semita!


O “democrata” Stalin

Nascido Joseph Vissarionovich David Nijeradse Chizhdov Djugachvili [2], adotou o apelido de Stalin, que em russo significa “aço”. Seu primeiro nome, Joseph, não é comum entre a população georgiana ou russa ortodoxa. O mesmo se pode dizer de David. Vissarionovich significa “filho de Vissarion” em russo. Segundo o autor Troian Romanescu, Vissarion seria um nome recorrente nas comunidades hebraicas do Cáucaso. Finalmente, o sobrenome paterno de Stalin, Djugashvili, significa literalmente em língua georgiana “filho de um judeu”. Tal afirmação também é suportada pelo ex-funcionário soviético Iván Krylov. Segundo ele, em georgiano, “chvili”, filho e “Djuga”, israelita. [3]

Stalin foi casado sucessivamente com três judias, Ekaterina Swanidtze, Nadia Allelujevna e Rosa Kaganovich, esta, irmã do poderoso Lazar Kaganovich. [4] Outra curiosidade é o primeiro codinome utilizado por Stalin no início de sua carreira política: Kochba ou Koba. Bar-Koba foi um revolucionário judeu que, no ano de 165 liderou uma sublevação dos hebreus contra Roma e foi reconhecido como o “verdadeiro messias”. [5]

Os falsificadores “mainstream” gostam de citar as purgas ordenadas por Stalin para aludir a um suposto anti-semitismo. Pois bem, que judeus morreram em tais eventos, isto é um fato sem sombra de dúvida. Porém, também é igualmente inegável que, o espaço vazio deixado por eles foi ocupado por outros judeus ou pessoas muito próximas ao círculo dos israelitas marxistas.

A eliminação de elementos de etnia hebraica por parte de Stalin nada mais foi do que uma disputa de poder, onde Stalin exterminou, primeiro politicamente e depois fisicamente, elementos da ala trotskysta do partido vermelho. Assim, logo após essas depurações “anti-semitas” nós temos a criação da Guarda de Segurança do Kremlin, cujo chefe era Jacob Rappaport. A substituição do russo Potemkine, embaixador soviético em Paris, por Louritz. A nomeação de Moises Kaganovich para comissário de Transportes. Aronchatam e Rawinobich recebendo os cargos de comissários políticos do Exército do Leste e da frota do Báltico, respectivamente. Mendel Kerman, Lazarus Kagan e Semen-Firkin encarregados de cuidar da população penitenciária da URSS, que na época chegava a sete milhões de pessoas. Todos esses indivíduos eram judeus. [6]

Estranhamente, em 13 de Janeiro de 1953, houve um grande clamor de judeus do mundo inteiro apontando a cortina de ferro stalinista como sendo anti-judia. Nesta data o Kremlin emitiu uma nota dizendo que havia descoberto uma conspiração judaica no mais alto instituto médico da União Soviética (a Direção Sanitária do Kremlin). Este grupo estava, supostamente, eliminando indivíduos de alta patente, do governo e exército, que se mantinham contrários aos seus interesses. Então, um mês e meio após este evento, houve a notícia que Stalin agonizava. Em 5 de março foi divulgada sua morte.

Que forças haviam agido na prematura morte do saudável Stalin? O ex-agente Kapanadse, leal ao ditador e que fugiu para o ocidente relatou parte do ocorrido:

Em 28 de fevereiro Stalin se encontrava saudável e otimista em sua casa de campo em Moscou. No Kremlin lhe aguardava Kruschev para celebrar um acordo. Quando Stalin chegou a seu escritório, encontrou o Estado Maior do Partido Comunista. Voroshilov o repreendeu sobre o processo aos médicos judeus e lhe disse: “Desonraste o partido de Lênin”. Stalin tentou telefonar para seu ajudante, general Alexandro Proslcrebiech, porém o telefone estava cortado. “O kremlin está tomado!” Lhe gritou Malenkov. E assim, inverossimilmente, com a rapidez com que se colapsa a grandeza humana, Stalin viu que era já um cativo. Depois foi encarcerado e acamado e muitos poucos conheceram seu horrendo final.

O ex-agente soube que às vezes ele se levantava da cama e caminhava a tropeços, enquanto o insultavam e zombavam dele e após penosa agonia morreu em 2 de março, não em 5, como dizia o boletim oficial.

Em 4 de abril, o repórter Jean Danés, da agência “France Press” telegrafou de Viena dizendo:

“O que retém a atenção dos observadores vienenses é o caráter publicitário dado à notícia, a insistência com que os serviços de informação da URSS e dos países satélites anunciam ao mundo inteiro quase que sem interrupção desde hoje pela manhã, que os médicos judeus haviam sido injustamente denunciados, detidos, julgados e condenados. Se tem a impressão de que em Moscou se quis que esta notícia da reabilitação seja tão sensacional como a da acusação. Pois bem, uma se produziu antes da morte de Stalin. A outra depois. Isto aumenta seu caráter extraordinário”.

Foi assim que Stalin, de grande campeão da “democracia soviética”, quando tentou ser um tirano independente, acabou se tornando mau e anti-semita. Foi descartado, amaldiçoado e lançado ao esquecimento. [7]

Vejamos agora Chiang Kai Shek, o ditador chinês. Ele estava contra as determinações expansionistas do Japão, bem como contra o marxismo da URSS. Em 1927 ele realizou um assalto à embaixada soviética e se apoderou de vários documentos sobre os planos do Kremlin para bolchevizar a China.


Chiang Kai Shek e seus colegas democratas

Durante a guerra sino-japonesa, Kai Shek conseguiu receber amplo apoio material americano. Mas quando o Japão caiu e já não era ameaça para determinados poderes, as invisíveis cordas do destino foram realinhadas. Subitamente, se desencadeou uma campanha publicitária contra Chiang, a quem os jornais o acusavam de desviar dinheiro público. Assim, os nacionalistas chineses deixaram de receber suporte em sua luta contra os marxistas, o inimigo interno.

Desta maneira, de 1946 a 1948, as forças patrióticas chinesas não receberam um só cartucho de bala em ajuda dos EUA. Então, quando proeminentes americanos começaram a apontar a grande traição do governo de seu país, ao entregar a China à União Soviética, o próprio general Marshall (na época Secretário de Estado) tentou tranqüilizá-los dizendo que, Mao Tse Tung não era comunista, apenas um reformista agrário.

Em 10 de dezembro de 1949 os comunistas cercaram o último reduto nacionalista na China e Kai Shek forçado a se exilar na ilha de Formosa (atual Taiwan). 538 milhões de pessoas caíram sob o jugo da terrível tirania marxista. O antigo aliado, que por tantos anos forneceu carne de canhão para segurar o avanço japonês na Ásia continental (o que ofereceria demasiado perigo a URSS), agora era tratado como um mero pilantra e ladrão pela mídia “ocidental”. Mas qual o verdadeiro pecado que Chiang Kai Shek cometeu? Ao que parece, ele, como Patton, resolveu se por contra a vontade suprema dos poderes fácticos. [8]

Esses foram alguns breves exemplos de que mesmo o mais aclamado dos heróis pode, repentinamente, se tornar malvado. Qualquer um pode ser vitimado por uma campanha difamatória orquestrada pelos meios de manipulação em massa. Como prova disso, finalizemos com o esdrúxulo caso de John Galliano.

Estilista de famosas marcas, notório homossexual que apareceu em uma lista dos sodomitas mais influentes da Inglaterra e de suposta origem judaica sefardita. [9] De Buda fashion, ele decaiu da graça salvífica do mundo liberal quando, aparentemente, negou um de seus dogmas.

Divulgado um vídeo, datado de dezembro de 2010, Galliano aparecia, visivelmente embriagado, desferindo comentários anti-judaicos e anti-asiáticos. Durante semanas ele ocupou as manchetes dos jornais, foi demitido da grife Dior onde tinha contrato e intimado a prestar declarações à justiça.

Depois de enfaticamente afirmar que não era racista e tão pouco anti-semita, internou-se em uma clinica de reabilitação e desapareceu da mídia. Curiosamente, em quase nenhuma das notícias veiculadas se dava destaque às falas anti-asiáticas que ele teria dito. Seria uma ofensa a um asiático de menor gravidade do que a um judeu? Seria o povo asiático inferior?

Talvez John Galliano, como muitos outros, aprendeu da pior forma possível que nunca, em toda a história da humanidade, houve tão pouca liberdade como hoje, na fossa da liberal democracia. Ele, em meio a seus delírios de roupas de luxo e inversão da natureza, possivelmente compreendeu que as forças fácticas que governam este mundo, não permitem deslizes.

Galliano, por um escorrego etílico, foi enviado a um provável ostracismo. Ele, assim como Stalin, Patton, Chiang Kai Shek, Petain, McCarthy e etc, tornou-se mau… Muito mau…

Viktor Weiß

Que benefícios a democracia trouxe para o mundo?

 


“Maravilhoso mundo democrático que trouxe o multiculturalismo devastador, a ditadura das minorias e marca a ferro todo orgulho nacional. Enviaram papai Noel para África e a Disneylândia para a Ásia.”

Sob a égide de uma suposta libertação dos povos, os vencedores de 1945 empurraram sua democracia goela abaixo em todos os países em que conseguiram meter seu bedelho. Com esse pretexto, agrediram países, deflagraram guerras, praticaram genocídios. Coréia, Vietnã, Iraque, Afeganistão não nos deixam mentir.

Falam em mundo global sem fronteiras, mas favorecem o expansionismo de Israel, com constantes promessas de bilhões de dólares e foguetes de última geração a um estado usurpador, que expulsou de suas casas um povo inteiro, obrigando-o a viver no deserto.

Destruíram tradições e culturas. E o que lhes deram em troca? Seu colonialismo cultural, o chiclete, a Coca-cola, o mais desenfreado hedonismo.

Acusavam o fascismo de anular o indivíduo, mecanizando-o e suprimindo sua liberdade. Como se essa política não fosse especialidade exclusiva da Rússia de Stalin, sua grande aliada na Segunda Guerra. Enaltecem o sufrágio universal, que concede até a degenerados, bandidos e criminosos o direito de influir na escolha de um líder de nação. Trouxeram o individualismo e abençoaram a humanidade com a maconha, a cocaína, o crack e a heroína. E, de brinde, os traficantes, as crackolândias e as favelas.

Aqui deve-se fazer uma diferenciação, para alguns sutil, mas de primordial importância: elevando às alturas o Estado, o fascismo italiano não continha a componente espiritual tão marcante e revolucionária como o Nacional-Socialismo. Aqui no Brasil, quem afirma o contrário, chegando até a dizer que este último era materialista, pois dava atenção especial à questão racial, este nada entendeu do movimento alemão. Aparentemente consegue abranger somente aquilo que foi traduzido – às vezes mal traduzido, ignorando as dezenas de milhares de livros editados naquela época e literalmente queimados nas atuais “democracias”. Graças à internet, esse acervo cultural da humanidade vem sendo resgatado – NR.

Diziam que a forma como o fascismo lidava com os jovens era uma preparação para o militarismo. Exercícios físicos, disciplina, liderança, espírito de corpo, acampamentos com diversas atividades e mesmo organizações para crianças onde era ensinado o amor à pátria e aos pais, não agradavam aos plutocratas. Deste modo, os novos senhores do mundo impuseram seu “sistema”. Estimularam a rebelião, inverteram e subverteram valores morais, propagaram a permissividade, proclamaram aos quatro ventos que era proibido proibir. Criaram as chamadas sociedades alternativas, o sexo livre, a promiscuidade e a Aids.

Os guardiões da democracia combateram o “culto à personalidade” nacional-socialista. Para eles era um escândalo os povos admirarem e se espelharem em grandes líderes. Tudo fizeram para demonizar Mussolini, Hitler e seus aliados, com calúnias, anátemas e guerras. Substituíram as legiões fascistas com os Beatles, os Rolling Stones e as Madonas da vida. Todos regados a alucinógenos e LSD. Estes sim, grandes exemplos para o povo…

Com seus meios de comunicação de massa sufocaram e envenenaram corações e mentes. Com suas telenovelas e pornografia, erotizaram as crianças desde a mais tenra idade. Hoje as colocam, trajadas em roupas microscópicas, para exibi-las ao público, desfilando diante de escolas de samba. Isto feito, se dizem indignados com a pedofilia?

Para não mencionar as indecentes “dancinhas na boca da garrafa”, dança típica de uma sociedade em franca degeneração e transmitida em programas de televisão nas tardes do fim de semana – NR.

Criticavam a suposta busca pela perfeição física dos regimes autoritários. Incentivar o esporte e uma vida saudável era suspeito para esses senhores. “Tudo para mostrar a tal superioridade ariana”, é a explicação de sempre. Então criaram os concursos de halterofilismo movidos a anabolizantes e esteróides, e aplaudem as mães que dão Botox de presente a filhas de 18 anos.

Maravilhoso mundo democrático que trouxe o multiculturalismo devastador, a ditadura das minorias e marca a ferro todo orgulho nacional. Enviaram papai Noel para África e a Disneylândia para a Ásia.

Seus cientistas, com suas teorias bizarras, deformaram a própria concepção do espaço-tempo e seus filósofos relativizaram até a verdade. A única coisa real e concreta, dizem eles, é o suposto holocausto judeu.

Puseram em marcha seus asseclas contra a família. Facilitam o divórcio e o aborto. Promovem gigantescas manifestações gays (com dinheiro do contribuinte) e incentivam pais a levarem seus filhos a estes eventos.

Não seria de se admirar se, num futuro não tão remoto, criassem leis obrigando todos a serem homossexuais ou bissexuais. Ou outra nomenclatura mais moderninha. Talvez chegue o dia em que, quem não praticar sodomia seja preso como altamente suspeito. Ou ainda, seja rotulado e perseguido como preconceituoso e até neonazista. Quem sabe, sejam até mesmo enviados para Israel, o bastião da democracia no Oriente Médio, para serem julgados por crimes contra a humanidade.

Democracia. A palavra já é feia de por si, mas quando se entende seu real significado, se torna repugnante e imoral.

A maioria quer brindar! Outros chorar…

Democracia? Não, obrigado. Não sigo modas, não uso drogas!

Viktor Weiß

sábado, 29 de outubro de 2022

ESPARTA


Esparta foi uma das maiores pólis da Grécia antiga, tendo provavelmente surgido no período homérico, chegou a dominar a região do Peloponeso e ter uma ascensão a partir do século VII a.C., se tornando hegemônica na região. Tinham uma sociedade rígida e com poucas possibilidades de conduta moral, tendo sido moldada sobre uma base de um corpo militar, que tomava conta da cidade e participava da vida política.
A origem exata de Esparta, assim como qualquer civilização desse período, ainda é fruto de debate, e não existe uma conclusão exata sobre o tema, mas acredita-se que surgiram por voltas do século X a.C durante o período homérico. Pelo que se tem registros hoje, foram um povo de origem dória e micênica, devido às invasões dórias que ocorreram por volta do ano de 1200 a.C. na Grécia.
Na narrativa mítica dos espartanos, a cidade teria sido fundada por Lacedemon, filho de Zeus e Taigete. O mito grego conta que Lacedemon casou-se com Esparta, filha de Eurotas, um mítico rei que descendia de Lélex, rei do povo originário da Lacônia. Depois que Lacedemon assumiu o trono da Lacônia, ele nomeou a região com o seu nome (a Lacônia também é conhecida como Lacedemônia) e deu o nome de sua esposa para a cidade de Esparta.
Mas essa é somente a explicação mítica dada pelos próprios espartanos, e provavelmente não reflete a realidade, o que se sabe é que a cidade foi estabelecida pelos dórios na lacônia, e com o tempo passou a ter caráter expansionista pela península. Nesse mesmo período, Esparta se tornou também a pólis com maior domínio territorial, após tomar a região vizinha da Messênia, por volta do século VII a.C.
Os espartanos eram divididos entre os esparciatas, que eram famílias compostas apenas por pessoas de origem espartana, sendo a única classe que tinha direitos políticos. Os Periecos que eram quem descendia de povos conquistados, e apesar de ter liberdade, não possuíam direitos políticos. E por fim os hilotas, que eram aqueles sendo conquistados pelos espartanos, não tendo direito algum, além de não ter direito de frequentar terras fora da que estavam, e ser obrigados a servir os aristocratas espartanos.
Devido aos conflitos que os espartanos se envolveram logo no início de sua história, juntamente as expansões de território, tal povo foi moldado por uma ordem social baseada na disciplina e militarismo. O sistema de governo espartano, ao contrário de outras pólis gregas ao redor como Tebas e Atenas, contava com uma pólis aristocrática governada por uma diarquia, ou seja, o poder era dividido entre dois reis, que herdavam o poder e exerciam funções religiosas, políticas, militares e jurídicas. Esses dois reis eram de descendência dos Ágidas e dos Euripôntidas.
Juntamente aos dois reis, tinham também outras três instituições:
Apela: uma espécie de assembléia, que era incumbida de ouvir e repassar propostas para os reis, eram geralmente propostas formuladas pela Gerúsia. Todos os membros deveriam ter mais de 30 anos.
Gerúsia: a gerúsia era uma espécie de senado, com membros de mais de 60 anos que ocupavam o cargo de modo vitalício, esses tinham o papel de formular leis e julgar pessoas.
Conselho de Éforos: essa era a instituição mais respeitada dentro de Esparta, onde cinco esparciatas eram eleitos para ocuparem o cargo por apenas um ano. Nesse um ano, sua função era nada mais nada menos do que monitorar o trabalho dos reis. Para os historiadores, este era o cargo mais importante e a instituição mais temida em Esparta, até mesmo mais do que os reis.
Um fato curioso, era que algumas vezes quando Esparta conquistava outros reinos, como aconteceu na Messênia, ao invés de simplesmente anexar a região, as populações eram subjugadas e transformadas em servos, e não somente aqueles que habitavam a região dominada, mas todos que nascessem em seguida, esses eram os hilotas, e formavam a maior classe social de Esparta. Além da servidão forçada, os hilotas viviam na sombra do perigo, já que era algo comum entre jovens espartanos, uma prática chamada de cripteia, onde quando o jovem virava um adulto, era enviado para vilas de hilotas com uma adega e um pouco de comida, ali ele geralmente dormia durante o dia, e realizada uma espécie de caça aos hilotas de noite.
Os costumes violentos, expansionistas e gananciosos de Esparta, fizeram com que acontecesse algo inevitável, dezenas de conflitos ao longo de sua história, fizeram com que sua linha do tempo fosse cheia de altos e baixos, como a Batalha de Termópilas, que ficou conhecida como a batalha dos 300, onde supostamente um grupo de trezentos espartanos enfrentaram cerca de 80 mil homens (não se sabe a veracidade dessa historia), também participaram das Guerras Médicas contra os persas, e a Guerra do Peloponeso, onde Esparta fez uma investida contra Atenas e saiu vitoriosa.
A Guerra do Peloponeso causou uma grande revolta na Grécia, pois Atenas era a principal Pólis, e não tinha características que ameaçassem outras cidades, e com o fim da guerra em 404 a.C. e a vitória e elevação de Esparta, entre 395 à 387 a.C. os espartanos lutaram contra Tebas, Corinto, Atenas novamente e Argos, no que ficou conhecido como a Guerra de Corinto. Em 371 a.C., a derrota na Batalha de Leuctra, a cidade de Esparta entrou em declínio, além de derrotas em guerra e inúmeras baixas, outras pólis gregas deixaram de comerciar com os espartanos, levando a um rebaixamento social, onde nunca mais foi recuperado o brilho dos tempos de hegemonia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Todos os socialistas querem ser a Dinamarca

 A Dinamarca é, em muitos sentidos, um país invejável: sua renda per capita, ajustada pela paridade do poder de compra, é uma das maiores da Europa (e 30% maior que a espanhola), o país está em pleno emprego, a percepção da população quanto à corrupção é a mais baixa do planeta e seus cidadãos figuram em quase todos os rankings entre os mais felizes do mundo.

Não é à toa que, além da Suécia, a Dinamarca também se tornou o modelo que todos os partidos políticos mais progressistas dizem querer copiar.  Até mesmo nos EUA, o atual candidato à nomeação pelo Partido Democrata, o confesso socialista Bernie Sanders, já exortou seu partido a copiar o modelo dinamarquês.

E qual o grande problema nisso tudo?  É simples: se alguns sedizentes socialistas estão conclamando uma emulação do modelo dinamarquês, então certamente eles desconhecem algumas de suas características, as quais não desagradariam em nada ao mais conservador dos partidos políticos.

A maioria dos progressistas que elogia o sistema dinamarquês opta por se concentrar exclusivamente nas partes deste sistema que lhes parecem atrativas (quanto o estado fornece de serviços) e ignoram os custos necessários para manter essas partes.  No entanto, basta uma rápida análise sobre três importantes aspectos do marco institucional da Dinamarca — seu mercado de trabalho, seu sistema tributário e seu sistema previdenciário — para entender como um lado (o empreendedor) mantém o outro (o parasítico). 

Ato contínuo, seria interessante constatar se os socialistas continuariam apoiando o modelo dinamarquês.

Comecemos pelo mercado de trabalho: na Dinamarca, não apenas não existe salário mínimo imposto pelo governo, como também praticamente não há nenhuma indenização por demissão (nem por demissão sem justa causa).  O máximo que existe é uma indenização de seis meses de salário para quem trabalhou na mesma empresa por mais de 15 anos.  Mais ainda: não há leis trabalhistas que restrinjam horas extras (empregado e patrão acordam voluntariamente as horas de trabalho), o que permite que as empresas dinamarqueses operem 24 horas por dia, 365 dias por ano.

E mais: o empresário não paga absolutamente nada em termos de previdência social do empregado.  Tudo fica por conta do próprio empregado (que paga 8%).  Eventuais negociações coletivas entre sindicatos e empresas não demoram menos do que 30 anos para a maioria dos assuntos relevantes (como estipular um salário-base para uma categoria ou as horas de trabalho semanais).  Com efeito, 25% dos trabalhadores dinamarqueses não estão cobertos por nenhum acordo coletivo, sendo livres para negociar face a face com o empresário.

Em suma: a Dinamarca desfruta pleno emprego graças a um mercado de trabalho altamente liberalizado, em que os custos de contratar são baixos e os custos de demitir são quase nulos.  O mercado de trabalho dinamarquês é o quinto mais desregulamentado do mundo, perdendo apenas para EUA, Hong Kong, Cingapura e Brunei.

Com relação aos impostos, a Dinamarca se caracteriza por uma tremendamente agressiva tributação sobre o consumo.  Há apenas uma alíquota para o imposto sobre o consumo, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), e essa alíquota é de 25%.  O imposto sobre a eletricidade representa quase 60% do preço final do kWh (quase o triplo do da Espanha, por exemplo).  E a lista de impostos especiais é interminável: sobre produtos petrolíferos, sobre o carvão, sobre o gás natural, sobre as emissões de CO2, sobre o dióxido de enxofre e sobre o dióxido de nitrogênio, sobre pratos e talheres de plástico, sobre pilhas e baterias, sobre a água, sobre o desperdício de água, sobre pneus, sobre bolsas de plástico, sobre automóveis, sobre o álcool, sobre o café, sobre o chá, sobre o sorvete, sobre o açúcar, sobre o tabaco, sobre os papeis de cigarro, sobre o jogo, sobre nozes e amêndoas, sobre seguros etc.

Esse modelo de tributação pesada sobre o consumo não é exatamente uma forma de "justiça social" para com os mais pobres.

Mas não pára por aí.  A tributação sobre a renda, por sua vez, também não é muito solidária para com os mais pobres.  Façamos uma comparação entre o Imposto de Renda de Pessoa Física da Dinamarca com o da Espanha: entre 3 mil e 19 mil euros, um dinamarquês paga 37,5% de IRPF, ao passo que um espanhol paga entre 19 e 24%.  Entre 19 mil e 23 mil euros, um dinamarquês paga 43,5% de IRPF, ao passo que um espanhol paga 30%.  E, a partir de 23 mil euros, um dinamarquês paga 59% de IRPF, ao passo que um espanhol paga 52%.

Ou seja, é justamente nas faixas de renda mais baixa que ocorrem as maiores discrepâncias na Dinamarca.

Por outro lado, no que tange ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, a Dinamarca apresenta um dos menores do mundo: a alíquota mais alta é de 22% (sendo que na Espanha é de 28%).  No entanto, há inúmeras deduções que os empresários podem legalmente fazer.  Quando se leva em conta essas deduções, a alíquota real cai para 7,5%, perante 20% na Espanha.  [N. do E.: no Brasil, com IRPJ de 15% mais sobretaxa de 10% sobre o lucro, mais CSLL, mais PIS, e mais COFINS, a alíquota total chega a 34%.]

Por fim, o sistema previdenciário dinamarquês se baseia em uma pequena previdência pública complementada por um sistema previdenciário privado.  A previdência pública chega a um máximo de 17% do salário médio do cidadão (o equivalente a 4 mil euros anuais na Espanha), e o cidadão só tem acesso a ela quando chegar aos 67 anos de idade e se houver contribuído por 40 anos.  [N. do E.: no Brasil, esses valores são, respectivamente, 60 e 35 para os homens e 55 e 30 para as mulheres].

Todo o resto da previdência dinamarquesa advém de fundos de pensão privados (alguns de contribuição obrigatória e outros de contribuição voluntária). 

Somente aquelas pessoas que comprovarem insuficiente pensão privada receberão um complemento da pensão pública, recebendo um montante que, na Espanha, seria o equivalente a 5 mil euros anuais adicionais (de modo que a previdência pública chega a um máximo de 9 mil euros anuais).

Conclusão

Tudo isso relatado acima também é a Dinamarca, mas este é um lado que os socialistas apologistas desse regime preferem ignorar.  Todos eles preferem ressaltar os aspectos mais populares do sistema dinamarquês, ocultando os aspectos que realmente permitem que o lado popular funcione.

E, segundo o site Doing Business, nas economias escandinavas, você demora no máximo 6 dias para abrir um negócio (contra mais de 130 no Brasil); as tarifas de importação estão na casa de 1,3%, na média (no Brasil chegam a 60% se a importação for via internet); o imposto de renda de pessoa jurídica é de 22% (34% no Brasil); o investimento estrangeiro é liberado (no Brasil, é cheio de restrições); os direitos de propriedade são absolutos (no Brasil, grupos terroristas invadem fazendas e a justiça os convida para negociar); e o mercado de trabalho é extremamente desregulamentado. Não apenas pode-se contratar sem burocracias, como também é possível demitir sem qualquer justificativa e sem qualquer custo. Não há uma CLT nos países nórdicos.]

Sem as liberdades empreendedoriais citadas, e sem a pesada tributação que incide também sobre a renda e o consumo dos mais pobres, o sistema dinamarquês seria de impossível sustentação. 

Mas essas são características que os socialistas preferem esconder, pois não condizem com o seu modelo imaginário.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Arrecadar menos é “bom” ou “ruim”?

 As ciências sociais — e, em particular, a economia — já eram habitadas, bem antes de Matusalém, por algumas esquisitices fantasiadas de normalidade, miragens disfarçadas de realidade e alucinações dissimuladas de materialidade.

Quem ainda não escutou, viu ou leu, por exemplo, de jornalistas famosos, especialistas vaidosos, empresários manhosos, políticos ardilosos e economistas “esquerdosos”, frases desse tipo: “Essa medida vai ser ótima, porque vai gerar mais arrecadação para o governo”, ou “Essa iniciativa de desoneração fiscal é péssima, porque vai diminuir a receita pública”, ou “É preciso taxar as grandes fortunas”, ou, ainda, “Nossa carga tributária é altamente regressiva”? Afirmativas assim costumam revestir-se de tamanha certeza que soam como obviedades, truísmos, verdades inatacáveis pelos séculos dos séculos. Entretanto, não é assim que o sapo coaxa.

Assistimos a um desses arroubos adolescentes de paixão arrecadadora no início desta semana, quando o governador do Estado mais rico do Brasil, ao declarar que a partir daquela data passaria a viger a alíquota de 18% para o ICMS de bens e serviços relativos a combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo (o Projeto de Lei 211/21, aprovado pelo Congresso, estabelece que o teto é de 17%), acrescentou que a redução do porcentual, com a consequente queda da arrecadação, representaria um “sacrifício” para o povo do seu Estado.

Ora, como assim? Desde quando pagar menos imposto pode ser um sacrifício para qualquer criatura que tenha residência fixa na coluna do débito? Só podem existir, espreitando nas sombras, duas explicações para uma afirmativa tão bizarra: (1ª) uma certeza implícita de que impostos implicam sempre benefícios para todos, ou (2ª) é uma simples provocação a um adversário político, uma vez que a queda do ICMS foi proposta pelo governo federal. É desnecessário dizer que, se a segunda, politicamente, é compreensível, a primeira carece de qualquer fundamento. Com efeito, se pagar menos impostos significasse um sacrifício para aqueles que são taxados, a população inteira do país correria imediatamente para as agências dos Tesouros municipais, estaduais e federais, para entregar todas as suas posses aos guardadores dos assim chamados cofres públicos e em seguida correr para o abraço e gozar a vida. Para quem é obrigado a pagar, a alíquota ideal de qualquer imposto é zero, porque é da essência da ação humana buscar sempre mais conforto e satisfação.

Entretanto, logicamente, o Estado precisa existir e, uma vez que não pode criar recursos do nada, necessita de dinheiro, e para isso dispõe de quatro fontes de financiamento: a tributação, a emissão de moeda, o endividamento interno e o endividamento externo. É óbvio, para quem sabe que os tributos são essenciais para a existência do Estado, que não faz sentido ser “contra” impostos. O que devemos criticar — até mesmo como mecanismo de autodefesa — são os abusos e as tentativas de exigir deles e de sua contrapartida, os gastos governamentais, mais do que se pode e do que se deve esperar em termos de benefícios.

No entra e sai dos presidentes, desde os anos 1970, a cada quadriênio a carga tributária não faz outro movimento senão o ascendente.

Por que cargas d’água, então, deve ser motivo de festa quando governos nas três esferas arrecadam mais? Por que raios as pessoas devem aplaudir algo que pode não ser usado em seu benefício e que, além disso, pode terminar lhes sendo maléfico? Quem garante que prefeitos não vão utilizar esses recursos adicionais para inaugurar estátuas de parentes defuntos, ou que governadores não vão construir sambódromos, ou que presidentes não vão usá-los para bancar portos em Cuba ou refinarias na Bolívia?

A tributação, sejamos francos, é um desvio compulsório de recursos do setor privado — empresas e cidadãos — para o setor público. É óbvio, então, que, quando o Estado aplica mal esses recursos, a ordem social gerada pela receita tributária é necessariamente injusta e, portanto, os tributos são injustos. Tais considerações, embora pertençam ao campo da filosofia moral, não podem ser deixadas de lado quando o assunto é a economia.

Quando a situação associada a uma dada estrutura tributária é injusta e representa um peso insuportável sobre os ombros dos que são obrigados a sustentá-la, pode-se perfeitamente até aceitar parte daquela afirmativa juvenil que encanta alguns libertários radicais, a de que “imposto é roubo”, modificando-a para “imposto é uma apropriação indevida”. Além disso, é ponto pacífico que a tributação sempre distorce a alocação de recursos da sociedade, tornando-a menos eficiente e interferindo na liberdade de escolha.

Acontece que, embora todas as consequências das intervenções — e, por conseguinte, as da tributação — devam ser levadas em consideração, a análise tributária convencional deixa de considerar que os impostos interferem nos processos de mercado e, portanto, em sua essência — os mecanismos de descoberta. Além disso, ela não costuma dar a devida atenção ao princípio de que existe uma forte correlação temporal entre receitas e gastos públicos: a receita de hoje, fatalmente, é o gasto público de amanhã, ou, como dizia Ronald Reagan, “o imposto gera a sua própria despesa”.

Cidadãos livres X idiotas

Porém, mesmo os economistas liberais — uns mais, outros menos — costumam admitir ações do Estado em atividades como ensino, saúde, segurança, justiça e defesa. Mas como anda a moralidade da carga tributária no Brasil? Não obstante os brasileiros trabalharem cinco meses por ano para honrar as incontáveis obrigações com as três esferas de Fisco, os resultados são péssimos: os índices de desempenho dos nossos estudantes estão no “Z4” da terceira divisão; os da saúde, na UTI ou em enfermarias superlotadas, especialmente por quem não pode arcar com planos privados; os da segurança estão em delegacias, fazendo boletins de ocorrência de assaltos; as decisões da Justiça são uma permanente indeterminação e não raramente inconstitucionais, sem imparcialidade e injustas; e a defesa nacional foi deliberadamente descuidada, até 2018, pelos sucessivos governos de esquerda que se abateram sobre o Brasil. Entretanto, boa parte da arrecadação tributária foi gasta nesses campos, excetuando-se o da defesa.

Impõem-se, então, algumas perguntas tão incômodas quanto importantes: o que os governos vêm fazendo com os nossos impostos, se os professores não ensinam, mas doutrinam; se os hospitais vivem com filas às portas; se os cidadãos têm medo de andar nas ruas, se a Justiça liberta bandidos de todos os tipos e até proíbe a polícia de combatê-los; e se a lei não atende à sua prerrogativa de ser um conjunto de normas de justa conduta respeitado por seu conteúdo moral, impessoal, prospectivo e garantidor de estabilidade jurídica? Para que — criaturas de Deus! — tem servido o Estado, a não ser para extrair dinheiro dos pagadores de tributos? Afinal, somos cidadãos livres que sustentamos o aparato estatal para que ele garanta nossos direitos ou idiotas que pagamos simplesmente para ser extorquidos?

A resposta é bastante óbvia e conduz à urgência de uma reforma tributária profunda. Há décadas que se vem falando nisso, mas pouco ou nada se conseguiu avançar. Até pelo contrário, no entra e sai dos presidentes, desde os anos 1970, a cada quadriênio a carga tributária não faz outro movimento senão o ascendente. Claro, há resistências e elas não são poucas, porém, na verdade, o governo atual é o primeiro que tenta atacar o problema, mas os empecilhos, somados à pandemia, não permitiram mais do que alguns avanços tímidos promovidos pela equipe econômica.

É imperioso que a reforma seja aguda e combinada com uma reestruturação administrativa e com uma forte desregulamentação que lhe deem sustentação ao longo do tempo, para que não seja apenas um simples remendo, um pedaço de tecido novo em uma colcha velha. Para que isso seja possível, no entanto, é preciso que os eleitores coloquem no Congresso deputados e senadores que sejam de fato comprometidos com o futuro, o que confere às eleições do Legislativo a mesma importância do que a do Executivo.

Por que há tantas resistências a uma necessidade reconhecidamente tão urgente? É que há sempre dois grupos de indivíduos na sociedade: os pagadores e os consumidores de impostos, ou seja, os que são taxados e os que se beneficiam da taxação, os que se dedicam em tempo integral ao Estado (políticos, burocratas, etc.) e os grupos ou membros da sociedade que são subsidiados pelo Estado, que o economista norte-americano Murray Rothbard denominava apropriadamente de “consumidores de impostos em tempo parcial”, os famosos “amigos do rei”. É claro que a força política do segundo grupo é muito superior à do primeiro, por estar concentrada em poucas mãos relativamente aos que integram o primeiro grupo, que estão sempre dispersos por sua própria natureza. Então, quando a arrecadação aumenta, os “amigos do rei” sempre saem ganhando em relação aos demais.

Todavia, é preciso reconhecer que, enquanto a reforma tributária profunda não vem, o governo atual é o primeiro, depois de muitos e muitos anos, a ter a convicção e a coragem necessárias para diminuir, mesmo sabedor de que seria preciso ir além, o peso gigantesco dos impostos sobre indivíduos e empresas: são diversas as medidas de destributação adotadas por iniciativa do Ministério da Economia, com vistas principalmente a incentivar uma reindustrialização, que abarcam o IPI, o ICMS e passam pelo imposto de importação de muitos produtos.

É óbvio que são insuficientes quando comparadas à ampla reforma que se faz imprescindível há anos, mas é o que tem sido possível fazer. E é óbvio, também, que têm provocado ira em quem perde arrecadação, o time formado por governadores, prefeitos, seus respectivos secretários de Fazenda e os consumidores de impostos. Mas o fato é que o exemplo tem vindo de cima: a União, mesmo enfrentando o tiroteio da pandemia, da oposição e do consórcio da velha imprensa, conseguiu manter as contas públicas controladas depois do pandemônio de 2020 e com superávit primário, pela primeira vez em muito tempo. Porém, Estados e municípios, infelizmente, recusam-se a cortar despesas. É melhor para prefeitos e governadores culparem o Bozo e tentarem induzir os pagadores de impostos a acreditarem que estão sendo prejudicados por ele.

A aprovação pelo Congresso do teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, seguramente, é para ser festejada, embora, por si só, não seja suficiente para resolver o problema dos preços dos derivados do petróleo, assim como a mudança no cálculo desses preços — defendida por alguns políticos — também não seria.

Embora seja verdade que aumentos na arrecadação sinalizam que “a economia melhorou” (ou “despiorou”, como prefere o consórcio da mídia tradicional), não se pode concluir que serão suficientes para a manutenção do “despioramento”. Portanto, pode não ser motivo de alegria, mas de preocupação. E, por outro lado, também não se pode inferir que quedas na receita tributária vão ser prejudiciais, porque poderão ser mais do que compensadas pela arrecadação acarretada pela ativação da economia decorrente da menor tributação. Nesse caso, pode não ser motivo de preocupação, mas de alegria.

Ubiratan Jorge Iorio