Bunker da Cultura Web Rádio

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Lições de Historia para sabichões


Testemunha alemã que viveu durante o Império, a República de Weimar e o Terceiro Reich, fornece sua visão sobre os fatores que originaram a Segunda Guerra Mundial e quem é o grande responsável por ela.
Contra nosso hábito de não publicar longos textos nas Notícias (ver nota de rodapé – NR), apresentamos a seguir uma carta-aberta de nosso camarada de 94 anos, Friedrich Kurreck, de Offenbach, dirigida a uma funcionária da República alemã, senhora Lucia Schwarz, atuante na administração central da Câmara dos Deputados, em Berlim. Esta testemunha peculiar da história alemã traz uma gama de argumentos, os quais as pessoas esquecem com frequência ou os menciona somente individualmente. Aqui eles são apresentados numa carta dentro de um só contexto, como qualquer militante político alemão deveria saber e como dever-se-ia, por isso mesmo, repeti-los diariamente.
O texto:
Offenbach, 30 de junho de 2008.
Prezada senhora Schwarz,
eu recebi sua carta de 27 de junho de 2008, onde você me comunica que minha carta de 7 de junho de 2008 foi protocolada no Gabinete do Presidente da Câmara dos Deputados e dada como ciente (também por parte de seu chefe, a qual ela foi direcionada?).
Você alega que minhas difusas opiniões e indiscriminadas suposições não oferecem qualquer fundamento para uma argumentação racional, mas mesmo assim não queria deixar tudo sem comentários. Argumentar racionalmente eu só posso, cara senhora Schwarz, somente com alemães que não foram vítimas da reeducação; agora não com aqueles corretos politicamente, que acreditam saber o que seja certo, veneram como dogma sua visão do Direito e excluem outras opiniões dadas como incorretas, para restringir o livre debate e consolidar tabus, onde seus argumentos sejam fracos.
E então você se permite a uma testemunha daquela época, que poderia ser seu bisavô, a ensinar que “não há dúvida alguma sobre a responsabilidade histórica da Alemanha na eclosão da Segunda Guerra e nas suas consequências”.
Ah, você, anjo desorientado, quem cochichou no seu ouvido tais típicas idiotices provenientes somente de pessoas doentes de espírito? Já ouviu algo sobre História Secreta, que esconde a verdadeira causa dos acontecimentos? Ao que parece não!
Por isso eu lhe recomendo urgentemente que se ocupe dela, e não faça papel ridículo na frente de testemunhas daquela época. Somente o conselho de um vovô que vivenciou a República de Weimar e o Terceiro Reich, e agora tem que presenciar como nossa terra alemã está sendo levada ao abismo por políticos do pós-guerra, ignorantes em história, políticos estes que você serve no Gabinete do Presidente da Câmara.
Significa algo para você, senhora Schwarz, a palavra E. Barnes? Ele é um colega do historiador amestrado da ZDF, Guido Knopp, o qual enfia goela abaixo da juventude alemã com seus documentários, de forma análoga a uma oração tibetana, a culpa de seu povo pelo início da guerra em 1939. Este norte-americano já afirmava em 1951:
“Eu não conheço qualquer outro exemplo na história, onde um povo mostre este vício quase insano, em lhe perpetrar o lado escuro da culpa de um crime político que não cometeu, a não ser aqueles crimes que lhes imputem a própria culpa pela Segunda Guerra Mundial”.
Sessenta anos após os acontecimentos, para estar up to date em história alemã, eu recomendo somente ler o livro “A guerra da Inglaterra contra a Alemanha”. O autor é um historiador britânico (!), o escocês Peter H. Nicoll. Poucos livros sobre os “motivos, métodos e consequências da Segunda Guerra Mundial” são tão atemporais, solidamente fundamentados e tão próximos à verdade histórica, como esse seu livro. Embora ele tenha perdido dois filhos aviadores contra a Alemanha, seu senso fanático por justiça reconheceu quem levou a essa guerra desnecessária, e por isso, leva a maior parcela da culpa por esse trágico desenvolvimento com 50.993 milhões de mortos, 35 milhões de feridos e 4,3 milhões de desaparecidos (que podem ser computados aos mortos como consolo):
“Cegos políticos na Inglaterra, que apoiados pelo presidente Roosevelt, deram à Polônia em março de 1939 uma procuração em branco com plenos poderes e rejeitaram todos os esforços de paz do governo do Reich alemão”.
Da mesma forma o britânico Nicoll tratou a fundo os métodos de condução da guerra e o tratamento dado à Alemanha do pós-guerra por parte dos aliados e descreve a grande conta de dívidas dos aliados. Esta ousada obra põe em ordem as relações na forma em que os eventos históricos sejam descritos como realmente aconteceram.
Mais além, você menciona o “extermínio da inteligência polonesa e escravização da população polonesa” por nós, alemães, e indica o efeito de ação e reação para justificar a expulsão dos alemães em decorrência da eclosão da guerra por parte da Alemanha. Isso me prova que a reeducação ordenada pelos aliados, em relação a você, alguém com a benção de ter nascido depois, caiu em solo fértil, e que você não é mais capaz de discernir entre mentira e verdade.
Permita que uma testemunha que cresceu na fronteira teuto-polonesa, na área alemã de Eylau (Prússia Ocidental), do outro lado corredor polonês, diga que a Polônia desde seu renascimento com Estado, em 1918, pelo qual correu sangue alemão, sem contar o juramento via telegrama da fidelidade eterna, frequentemente desrespeitava as fronteiras e, o que é provado historicamente, procurava a guerra contra a Alemanha. Provas da culpa da Polônia na guerra?
O alemão Lutz Mauve, cujo pai possuía uma grande área de floresta nos arredores de Kielce, na Polônia, tornou-se forçosamente e de repente cidadão polonês devido ao Ditado de Versailles, de 1918. Como tal ele tornou-se em 1919 “Fähnrich-Feldweber”, ou seja, aspirante a oficial do Exército polonês. Em junho ou julho de 1939, ele presenciou uma reunião de oficiais poloneses, oficiais da reserva e aspirantes, num local entre Cracóvia e Kattowitz.
Lá discursava o marechal polonês Rydz-Smigly sob o seguinte espírito:
“Polônia quer a guerra contra a Alemanha, e a Alemanha não poderá evitá-la, mesmo que queira”.

Marechal polonês manda pintar quadro meio ano antes da guerra, representando triunfo polonês em Berlim
Se você já menciona a relação entre ação e reação, então deveria saber também que o especialista ucraniano Dr. Stephan Horak, em seu livro “Poland and her national minorities 1918-1939”, descreve o comportamento dos poloneses, cujo extermínio nós realizamos segundo sua percepção a partir de 1939, sobre os alemães entregues a ela pelo Ditado de Versailles, ou seja, entre o período das duas Guerras: ignorando todos os acordos e promessas de boa vontade que se repetiam gerando repetidamente o protesto dos representantes dos grupos alemães na Polônia, esta dá continuidade à sua política de violação até o último dia de sua existência como nação independente. Para o historiador, é clara falta de boa vontade por parte do jovem Estado polonês – talvez as relações entre Polônia e Alemanha tenham caminhado para outra direção caso a Polônia não tivesse desejado utilizar a violência para desfazer um desenvolvimento de mais de 800 anos. Os acontecimentos de 1919 até 1939 parecem apoiar a visão de que a Polônia perdeu uma oportunidade de ouro para provar sua paciência e afiada percepção polonesa.
Ocupados com o extermínio dos grupos nacionais alemães na Polônia, os poloneses esqueceram de considerar que seu vizinho ocidental não podia ser obrigado a esquecer tudo que acontecia por lá.
A 15 de junho de 1932 quando não havia nenhum Hitler em Berlim, cara senhora Schwarz, a Câmara Alta inglesa se ocupava do uso do terror na política polonesa para minorias. Lá foi constatado entre outras, que 45% das crianças alemãs de Thorn e Posen tiveram suas escolas confiscadas e foram enviadas para escolas polonesas, e houve uma redução de 50% no total das escolas alemãs. Lord Cecil, que como delegado do governo britânico, participou desta reunião, caracterizou o uso do terror na política polonesa para minorias como comovente e afirmou concluindo ainda:
“Nós não devemos esquecer que a Polônia tem motivo especial para respeitar este contrato: pois nele, as anexações permitidas foram somente possíveis sob a condição de que a autonomia fosse concedida nesses territórios”.
Permita, senhora Schwarz, que uma testemunha daquela época lhe mostre ainda o seguinte:
O povo polonês em sua totalidade se encontrava desde março de 1939, segundo a garantia britânica, em um ascendente e contínuo clima de guerra. Em inúmeros artigos e cartas de leitores era desejada a guerra, até suplicado no púlpito. Através de ações como a mensagem para um comando de torpedos vivos segundo modelo japonês incompreendido e através de palestras de oficiais poloneses, que louvavam a qualidade do soldado polonês às alturas e descreviam o armamento alemão como inferior (tanques de papelão), foi criado um clima que deixava sonhar com uma rápida marcha sobre Berlim. Conduzidos através destes mirabolantes sonhos, a cavalaria polonesa cavalgou com seus sabres à mão atacando nossos tanques de papelão e receberam uma mancha roxa. Portanto, sua repetida lenda sobre a culpa alemã pela guerra é nula, prezada senhora Schwarz, pois o Professor Dr. M. Freund também constatou:
“Os poloneses foram o único povo infeliz na Europa que exigia o campo de batalha”.
Um jornal belga enviou um de seus jornalistas no verão de 1939 para o país que só almejava a paz,para informar seus leitores sobre a situação local a partir de primeira mão. Aqui o relato de Ward Herrmann:
“Os poloneses perderam toda a idéia da situação. Cada estrangeiro que observa os novos mapas do país, onde uma grande parte da Alemanha até as proximidades de Berlim, indo além para a região da Boêmia, Moravia e Eslováquia e uma enorme parte da Rússia e todo o Báltico, tenham sido já anexados dentro da rica fantasia dos poloneses, deve pensar que a Polônia se tornou um grande manicômio”.

Mapa que “provaria” o direito da Polônia a mais de metade do território da Alemanha
Então não é de se estranhar que até meados de agosto de 1939, 76.535 alemães da Polônia tenham se refugiado no Reich, e isso não porque Hitler os tivesse obrigado.
O que você, senhora Schwarz, ainda tem a aprender sobre a guerra é, que o culpado é somente aquele que força seu oponente a se lançar às armas. E isso, sem dúvida alguma, em 1939, como comprovado por diversos historiadores, foram os poloneses, quer você aceite isso ou não.
Inacreditável que 63 anos após o final da guerra, existam ainda alemães que repitam as lendas dos aliados, se deleitem com elas e as divulguem inescrupulosamente, ao invés de incorporar e publicar aquelas vozes que segundo Goethe, ajudam a tornar vitoriosa a verdade:
“Tem que se repetir sempre a verdade, porque o errado nos é sempre novamente ensinado, não apenas por alguns, mas pela massa. Em jornais e enciclopédias, nas escolas e universidades, por toda parte o erro está a tona, e isto lhe é cômodo e confortável, no sentimento da maioria que está ao seu lado”.
Caso eu não tenha me expressado claramente, senhora Schwarz, para que mesmo você veja a história alemã como ela realmente aconteceu, e no futuro você venha ainda a atuar como costumeira pichadora (Nestbeschmutzerin), então eu lhe peço finalmente para meditar sobre a seguinte citação de Churchill, publicado no final da Primeira Guerra Mundial pelo jornal londrino “The Times”, em maio de 1919, o qual não deixa dúvidas pela sua clareza e verdade, uma citação de um político que consegue mostrar a qualquer um quem foi o verdadeiro culpado (também) pela Segunda Guerra Mundial, a “Segunda Guerra de 30 anos” em solo europeu:
“Caso a Alemanha volte a negociar nos próximos 50 anos, então nós fizemos essa guerra em vão”.
E como nós, apesar do saque da República de Weimar com ajuda do Ditado de Versailles, começamos novamente a participar do comércio mundial durante o Terceiro Reich e nos tornamos um forte concorrente no mercado mundial para a Inglaterra, os salafrários do Themse se viram obrigados a arranjar novamente uma guerra contra a Alemanha. Nesta guerra imposta a nós em 1939 – sim, imposta, e eu participei dela , cara senhora Schwarz, do primeiro dia até o último (final de abril de 1945) e vivenciei conscientemente a República de Weimar e o Terceiro Reich, e onde estou na condição ainda, como uma das últimas testemunhas vivas, de avaliar tudo que deu errado na primeira república e, por outro lado no hostilizado Terceiro Reich, tudo que era melhor do que a atual República Federal da Alemanha, a qual muitos cidadãos denominam República das Bananas. Por isso, ninguém “abençoado por ter nascido depois” pode me acusar de algo. Apesar de toda a difamação, eu estou orgulhoso de minha pátria, que se chama Alemanha, e além disso, de ser alemão.
Por isso eu protesto pela Alemanha, não porque foi vencida, esfacelada e despojada de poder. Eu protesto pela Alemanha, porque foi abandonada, está insegura e atrapalhada, sua alma traída. Eu protesto pela Alemanha, porque esquece sua origem, daquela Alemanha, onde tradição era agradecida e fazia parte de uma herança protegida, onde a palavra era palavra, direito ainda era direito, fidelidade fidelidade, traição traição, e vergonha vergonha. Onde se reconhecia uma ovelha negra, mas havia força e coragem para sobrepô-la. Onde corrupção e oportunismo eram condenados. Onde o dever falava mais alto que o prazer e pobreza ou riqueza não eram medidas de valor. Onde ainda não foi perguntado: produzir é correto?, mas sim onde produzir pesava mais que prestígio e “mais ser, ao invés de parecer” era o lema da elite. Onde valia viver de tal forma, que servisse de exemplo. Onde ser alemão era uma honra para o ocidente e mundo afora. Onde só havia uma Alemanha. Onde lar e pátria não eram vocábulos estranhos, mas sim valores inestimáveis. Onde o caráter pesava mais que ser membro do partido. Onde confiança e sinceridade eram sinônimos infalsificáveis de ser alemão. Onde a célula mater da nação, a família, era sagrada e o bom casamento era exemplo e não motivo de chacota. Onde pedir conselhos aos mais velhos era natural. Eu protesto pela Alemanha, onde poesia e literatura eram a chama da alma, e não a politicalha. Onde não havia vergonha de dizer poesia alemã, pois um ou outro poderiam achar aqui algo restaurador. Eu protesto não por uma nação produto da ficção, sonhada ou que nunca existiu, mas sim por uma que eu vivi, uma nação – ora mais fraca, ora mais forte – no Império, na República de Weimar e também no Terceiro Reich, e que existiu depois. E que agora, pouco a pouco, um ano após o outro, desaparece.
Sendo assim, com saudações amistosas,
Friedrich Kurreck
Notizen aus der Schweiz 77 – 14/11/2008
Dr. Max Wahl – drmaxwahl@bluewin.ch
8401 Winterthur
Suíça
Artigo publicado originalmente a 20/04/2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário