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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

RUSSIA X UCRANIA

 

 

O legado partilhado entre estes dois países remonta a mais de mil anos, quando Kiev, agora capital da Ucrânia, estava no centro do primeiro estado eslavo, o Reino de Kiev, berço da Ucrânia e da Rússia. Em 988 d.C., Vladimir I, o príncipe pagão de Novgorod e grão-príncipe de Kiev, aceitou a fé cristã ortodoxa e foi batizado na cidade de Quersoneso, na Crimeia. Daquele momento em diante, como declarou recentemente o líder russo Vladimir Putin: “Russos e ucranianos são um povo, unos num todo.”

Contudo, nos últimos mil anos, a Ucrânia foi repetidamente fustigada por potências estrangeiras. Guerreiros mongóis vindos de leste conquistaram o Reino de Kiev no século XIII. No século XVI, os exércitos polacos e lituanos invadiram a Ucrânia vindos do ocidente. No século XVII, a guerra entre a Comunidade Polaco-Lituana e o czarismo russo deixou as terras a leste do rio Dnieper sob o jugo imperial russo. A região leste ficou conhecida como a “Margem Esquerda” da Ucrânia; e as terras a oeste do rio Dnieper, ou “Margem Direita”, eram governadas pela Polónia.

Mais de um século depois, em 1793, a margem direita (ocidental) da Ucrânia foi anexada pelo Império Russo. Ao longo dos anos que se seguiram, uma política conhecida por russificação proibiu o uso e o estudo da língua ucraniana, e as pessoas foram pressionadas para se converterem à fé ortodoxa russa.

A Ucrânia sofreu alguns dos seus maiores traumas durante o século XX. Após a revolução comunista de 1917, a Ucrânia foi um dos muitos países a travar uma guerra civil brutal antes de ser completamente absorvida pela União Soviética em 1922.

No início da década de 1930, para forçar os camponeses a juntarem-se às quintas coletivas, o líder soviético Josef Stalin orquestrou um plano que matou de fome milhões de ucranianos, este episodio é conhecido como Holomodore além de matar ucranianos serviu para a URSS alavancar sua balança comercial com a produção ucraniana em os anos de 1932/33. Depois, Stalin “importou” um enorme número de russos e outros cidadãos soviéticos – muitos sem capacidade para falar ucraniano e com poucos laços com a região – para ajudar a repovoar o leste.

A campanha brutal do líder soviético Josef Stalin para coletivizar a agricultura levou à fome generalizada na década de 1930, matando milhões de ucranianos. No rescaldo da fome – que veio a ficar conhecida por Holodomor, que significa “morrer de fome” – foram levados colonos da Rússia para a Ucrânia para repovoar os campos.

Este legado histórico criou divisões duradouras. Como o leste da Ucrânia ficou sob o domínio russo muito antes do oeste da Ucrânia, as pessoas no leste têm laços mais estreitos com a Rússia e têm tido mais propensão para apoiar os líderes russos. A Ucrânia Ocidental, por outro lado, passou séculos sob o controlo inconstante de potências europeias como a Polónia e o Império Austro-Húngaro – uma das razões pelas quais os ucranianos na região oeste tendem a apoiar mais os políticos de tendências ocidentais. A população de leste tende a falar mais russo e a ser mais ortodoxa, enquanto que no oeste as pessoas falam mais ucraniano e são católicas.

Em 1991, com o colapso da União Soviética, a Ucrânia tornou-se uma nação independente. Mas unir o país não foi uma tarefa fácil. Por um lado, “o sentimento de nacionalismo ucraniano não é tão profundo a leste como é a oeste”, diz Steven Pifer, ex-embaixador na Ucrânia. A transição para a democracia e o capitalismo foi dolorosa e caótica, e muitos ucranianos, sobretudo no leste, ansiavam pela relativa estabilidade das épocas anteriores.

Tal conflito se mostra secular e exibe uma falta de unidade da nação com a mistura de várias etnias, sendo este um dos fatores.

Interesses econômicos nas riquezas do território, sua posição estratégica no leste europeu sempre foi de importância de outros países vizinhos.

O que temos é um conflito regional, mas que com a atuação da ONU e o sistema globalizado acaba por envolver inúmeros países em um conflito regional, secular e que é necessário um estudo profundo para entender como começou e qual a melhor a saída para encerrar tal conflito, que dificilmente será pela diplomacia.

 

Prof. Marlon Adami - Historiador