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terça-feira, 31 de outubro de 2023

O significado da vida em um mundo sem trabalho

 

Por: Yuval Noah Harari

A maioria dos empregos que existem hoje pode desaparecer dentro de décadas. À medida que a inteligência artificial supera os seres humanos em tarefas cada vez mais, ela substituirá humanos em mais e mais trabalhos. Muitas novas profissões provavelmente aparecerão: designers do mundo virtual, por exemplo. Mas essas profissões provavelmente exigirão mais criatividade e flexibilidade, e não está claro se os motoristas de táxi ou agentes de seguros desempregados de 40 anos poderão se reinventar como designers do mundo virtual (tente imaginar um mundo virtual criado por um agente de seguros!?). E mesmo que o ex-agente de seguros de alguma forma faça a transição para um designer de mundo virtual, o ritmo do progresso é tal que, dentro de mais uma década, ele pode ter que se reinventar novamente.

O problema crucial não é criar novos empregos. O problema crucial é a criação de novos empregos que os humanos apresentam melhor desempenho do que os algoritmos. Consequentemente, até 2050, uma nova classe de pessoas poderá surgir – a classe desocupada. Pessoas que não estão apenas desempregadas, mas desempregáveis.A mesma tecnologia que torna os seres humanos inúteis também pode tornar viável alimentar e apoiar as massas desempregadas através de algum esquema de renda básica universal. O problema real será, então, manter as massas ocupadas e o conteúdo. As pessoas devem se envolver em atividades propositadas, ou ficam loucas. Então, o que a classe desocupada irá fazer o dia todo?

Uma resposta pode ser jogos de computador. Pessoas economicamente redundantes podem gastar quantidades crescentes de tempo dentro dos mundos da realidade virtual 3D, o que lhes proporcionaria muito mais emoção e engajamento emocional do que o “mundo real” externo. Isso, de fato, é uma solução muito antiga. Por milhares de anos, bilhões de pessoas encontraram significado em jogar jogos de realidade virtual. No passado, chamamos essas “religiões” de jogos de realidade virtual.

O que é uma religião, se não um grande jogo de realidade virtual desempenhado por milhões de pessoas juntas? Religiões como o Islã e o Cristianismo inventam leis imaginárias, como “não comem carne de porco”, “repita as mesmas preces um número determinado de vezes por dia”, “não faça sexo com alguém do seu próprio gênero” e assim por diante. Essas leis existem apenas na imaginação humana. Nenhuma lei natural exige a repetição de fórmulas mágicas, e nenhuma lei natural proíbe a homossexualidade ou a ingestão de porco. Muçulmanos e cristãos atravessam a vida tentando ganhar pontos em seu jogo de realidade virtual favorito. Se você reza todos os dias, você obtém pontos. Se você esqueceu de orar, você perde pontos. Se, no final da sua vida, você ganhar pontos suficientes, depois de morrer, você vai ao próximo nível do jogo (também conhecido como o paraíso).

Como as religiões nos mostram, a realidade virtual não precisa ser encerrada dentro de uma caixa isolada. Em vez disso, ele pode se sobrepor à realidade física. No passado, isso foi feito com a imaginação humana e com livros sagrados, e no século 21 pode ser feito com smartphones.

Algum tempo atrás, fui com o meu sobrinho de seis anos, Matan, para caçar Pokémon. Enquanto caminhávamos pela rua, Matan continuava a olhar para o seu telefone inteligente, o que lhe permitia detectar Pokémon à nossa volta. Eu não vi nenhum Pokémon, porque não carregava um smartphone. Então vimos outras duas crianças na rua que estavam caçando o mesmo Pokémon, e quase começamos a lutar com eles. Parecia-me como a situação era semelhante ao conflito entre judeus e muçulmanos sobre a cidade sagrada de Jerusalém. Quando você olha a realidade objetiva de Jerusalém, tudo que você vê são pedras e edifícios. Não há santidade em qualquer lugar. Mas quando você olha através de smartbooks (como a Bíblia e o Alcorão), você vê lugares sagrados e anjos em todos os lugares.

A ideia de encontrar um significado na vida ao jogar jogos de realidade virtual é, evidentemente, comum não apenas às religiões, mas também às ideologias seculares e estilos de vida. O consumo também é um jogo de realidade virtual. Você ganha pontos adquirindo carros novos, comprando marcas caras e tendo férias no exterior, e se você tiver mais pontos do que todos os outros, dizendo a si próprio que ganhou o jogo.

Você pode contrariar dizendo que as pessoas realmente gostam de seus carros e férias. Isso certamente é verdade. Mas os religiosos realmente gostam de orar e realizar cerimônias, e meu sobrinho realmente gosta de caçar Pokémon. No final, a ação real sempre ocorre dentro do cérebro humano. Não importa se os neurônios são estimulados observando pixels em uma tela de computador, olhando para fora das janelas de um resort do Caribe ou vendo o céu nos olhos da mente? Em todos os casos, o significado que atribuímos ao que vemos é gerado pelas nossas próprias mentes. Não é realmente “lá fora”. Para o melhor de nosso conhecimento científico, a vida humana não tem significado. O significado da vida é sempre uma história de ficção criada por nós humanos.

Em seu ensaio inovador, Deep Play: Notas sobre a Briga de Galos em Bali (1973), o antropólogo Clifford Geertz descreve como na ilha de Bali, as pessoas passaram muito tempo e dinheiro apostando em brigas de galos. As apostas e as lutas envolveram rituais elaborados, e os resultados tiveram um impacto substancial na posição social, econômica e política de jogadores e espectadores.

As brigas de galos eram tão importantes para os balineses que, quando o governo indonésio declarou a prática ilegal, as pessoas ignoraram a lei e se arriscavam a prisão e multas pesadas. Para os balineses, as brigas eram “jogo profundo” – um jogo confeccionado que é investido com tanto significado que se torna realidade. Um antropólogo balines poderia, sem dúvida, ter escrito ensaios semelhantes sobre futebol na Argentina, Brasil ou no judaísmo em Israel.

De fato, uma seção particularmente interessante da sociedade israelense fornece um laboratório exclusivo de como viver uma vida satisfeita em um mundo pós-trabalho. Em Israel, um percentual significativa de homens judeus ultra-ortodoxos nunca trabalhou. Eles passam toda a vida estudando escrituras sagradas e realizando rituais de religião. Eles e suas famílias não morrem de fome, em parte porque as esposas muitas vezes trabalham, e em parte porque o governo lhes fornece generosos subsídios. Embora geralmente vivam na pobreza, o apoio do governo significa que eles nunca faltam para as necessidades básicas da vida.

Isso é uma renda básica universal em ação. Embora sejam pobres e nunca trabalhem, em pesquisa após pesquisa, esses homens judeus ultra-ortodoxos relatam níveis mais elevados de satisfação com a vida do que qualquer outra parte da sociedade israelense. Nos levantamentos globais sobre a satisfação da vida, Israel está quase sempre no topo, graças em parte ao contributo destes pensadores profundos e desempregados.

Você não precisa ir a Israel para ver o mundo do pós-trabalho. Se você tem em casa um filho adolescente que gosta de jogos de computador, você pode realizar sua própria experiência. Fornecer-lhe um subsídio mínimo de Coca-cola e pizza e, em seguida, remover todas as demandas de trabalho e toda a supervisão dos pais. O resultado provável é que ele permanecerá em seu quarto por dias, colado na tela. Ele não vai fazer qualquer lição de casa ou tarefas domésticas, vai ignorar a escola, ignorar as refeições e até mesmo ignorar os chuveiros e dormir. No entanto, é improvável que ele sofra de tédio ou uma sensação de sem propósito. Pelo menos não no curto prazo.

Portanto, as realidades virtuais provavelmente serão fundamentais para fornecer significado à classe desocupada do mundo pós-trabalho. Talvez essas realidades virtuais sejam geradas dentro dos computadores. Talvez sejam gerados fora dos computadores, sob a forma de novas religiões e ideologias. Talvez seja uma combinação dos dois. As possibilidades são infinitas, e ninguém sabe com certeza que tipos de peças profundas nos envolverão em 2050.

Em qualquer caso, o fim do trabalho não significará necessariamente o fim do significado, porque o significado é gerado pela imaginação em vez de pelo trabalho. O trabalho é essencial apenas para o significado de acordo com algumas ideologias e estilos de vida. Os escravos ingleses do século XVIII, os judeus ultra-ortodoxos atuais e as crianças em todas as culturas e eras encontraram muito interesse e significado na vida, mesmo sem trabalhar. As pessoas em 2050 provavelmente poderão jogar jogos mais profundos e construir mundos virtuais mais complexos do que em qualquer momento anterior da história.

E quanto à verdade? E a realidade? Realmente queremos viver em um mundo no qual bilhões de pessoas estão imersas em fantasias, buscando objetivos criativos e obedecendo leis imaginárias? Bem, goste ou não, esse é o mundo em que vivemos há milhares de anos.

Yuval Noah Harari é professor na Universidade Hebraica de Jerusalém e é autor de ‘Sapiens: Uma Breve História da Humanidade’ e ‘Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã’

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A MENTIRA DAS DESIGUALDADES

 “Sem os 10% mais ricos, Brasil seria um país igualitário, diz autor de novo livro sobre desigualdade”

É impressionante a obsessão que os progressistas — que, na verdade, em teoria e prática, são retrógrados consumados — têm com o que chamam de “desigualdades”. Em suas cabeças infectadas pela ideologia e em suas almas contaminadas pela inveja, se há muitos pobres é tão e somente porque existem poucos ricos. Em outras palavras, acreditam que a pobreza de uns deve-se à riqueza de outros e vice-versa, dando a entender que todos os “ricos” são pulhas exploradores e todos os “pobres” são santos em andores. Oi? Mas não é brigando com a riqueza que se diminui a pobreza!

Onde foi posto em prática, o progressismo produziu sociedades semelhantes a uma competição de automobilismo em que todos os carros, por determinação do controlador da prova, são obrigados a cruzar a linha de chegada ao mesmo tempo, só que muito depois dos que mandam na corrida e seus amigos, que abocanham as taças e os louros, principalmente os financeiros. Isso, sim, é profundamente imoral e gritantemente injusto.

É claro que no mundo real a partida dessa suposta corrida não pressupõe que todos os participantes larguem exatamente na mesma linha e que os “ricos” sempre vão partir na frente, assim como os carros e pilotos de melhor desempenho nas provas de Fórmula 1. Mas a teoria do capital humano, formulada há seis décadas e confirmada pela evidência empírica de muitos países, mostrou o que deve ser buscado: instituições e programas que garantam o mínimo possível de disparidades na largada. Feito isso, que prevaleça sempre o mérito. Mas os socialistas, comunistas, progressistas e outros “istas” — todos populistas —, em sua obtusidade e inveja, em nome de combater as “desigualdades”, simplesmente querem acabar com os melhores carros e pilotos para alinhar todos os demais e submetê-los a suas migalhas.

Ainda recorrendo a uma parábola com o esporte, seria como, em partidas de futebol, se proibissem craques de entrar em campo para que os jogos ficassem menos “desiguais” e mais “inclusivos” e se declarasse o empate como o único resultado “socialmente justo”. Ora, isso é de uma burrice gritante ou — o que é mais provável — de uma canalhice retumbante, todavia devidamente recompensada por votos.

O assistencialismo dos pretensos progressistas nos remete a algo terrível, que é o fomento, nas comunidades de baixa renda, da pobreza comportamental, constituída pela relativização moral, a ruptura de valores sólidos e a degradação da conduta. E leva também a uma ciranda viciosa: iludem os pobres, que votam em seus candidatos; estes, uma vez no governo, aumentam o assistencialismo, o que provoca crescimento das necessidades de financiamento do Estado; com isso, aumentam os controles e a carga tributária, a inflação dá as suas horríveis caras, o setor privado encolhe, e a pobreza aumenta, realimentando o ilusionismo, o assistencialismo, e assim por diante.

É evidente que aos populistas da política e da Academia não convém reconhecer que o verdadeiro problema a ser enfrentado não diz respeito às “desigualdades”, mas à pobreza, ou, mais especificamente, à pobreza absoluta ou miséria. E que para enfrentá-lo é preciso um ambiente institucional e legal que proporcione capacitação profissional e respeito à liberdade das pessoas. O Estado assistencialista embute um dilema: os programas de combate à pobreza, além de não reduzirem a pobreza material, agravam a pobreza comportamental, o que significa que, além de lesivos e desagregadores, pioram o problema, o que, aliás, já fora temido pelo próprio Roosevelt, o presidente do New Deal, que se referia aos “efeitos narcóticos” do Estado do Bem-Estar.

A solução, irrefutavelmente, não está no determinismo econômico que sugere que a pobreza de Fulano é irremediável simplesmente porque ele é pobre e que, portanto, vai sempre precisar das esmolas do Estado; nem que ele é pobre porque Beltrano é rico e que, por conseguinte, é preciso tirar de Beltrano para “incluir” Fulano; e nem, muito menos, nos determinismos de origem genética, racial ou de gênero. Se essas teorias dogmáticas fossem válidas, os homens ainda estariam vivendo em grutas ou cavernas, todos seriam iguais na pobreza por decreto, a abominável teoria nazista estaria correta, o comunismo seria um sucesso, e não haveria nenhum negro, índio, mulher e homossexual capaz de subir na vida graças aos próprios esforços.

São devastadoras as políticas que estimulam os pobres ao comportamento autodestrutivo de viverem como animais em cercados, esperando que seu dono (o Estado) lhes provenha alimento, casa, emprego e roupa gratuitamente. Por isso, todos os programas que dão aos pobres “bolsas” disso ou daquilo são inúteis para eliminar as causas da pobreza. Estimulam o ócio e a preguiça e desencorajam os verdadeiros elementos e comportamentos que geram riqueza.

Há dias, o governo comemorou os 20 anos do programa Bolsa Família e isso nos leva a uma pergunta muito simples: o que aconteceria com os seus beneficiados ao longo dessas duas décadas, caso fosse extinto? Voltariam a ser pobres como antes? A resposta é incontestavelmente afirmativa, o que é a prova irrefutável de que o programa não funcionou. A mesma arguição vale para os diversos tipos de cotas, com a mesma resposta. Iniciativas desse tipo não podem ser transformadas em bolsas-votos permanentes, como o progressismo populista fez no Brasil. Têm que ter prazos predeterminados e estar associadas a investimentos em capital humano, como educação, saúde, ensino de profissões e avaliações individuais de desempenho.

É triste constatar que os instrumentos que de fato contribuem para eliminar a miséria e diminuir a pobreza são sistematicamente repudiados, ao passo que são proclamadas insistentemente falsas explicações para o problema, cujo efeito é o de fazer com que não seja solucionado. Essa verdadeira praga é baseada em ideologias que transferem sempre para terceiros — “os outros” — a culpa pelas próprias dificuldades, o que, sem dúvida, estimula vícios como a inveja, a revolta e o ressentimento. A consequência disso é que hoje existe uma geração de pessoas sem saber ler, escrever nem fazer operações aritméticas elementares e que não revelam a menor intenção de aprender como fazê-lo corretamente, assim como de empenhar-se para subir na vida. Para quê, se acreditam que o Estado assistencialista pode resolver os seus problemas e, mais do que isso, que tem a obrigação de fazê-lo? Essas pessoas são conduzidas a vidas desprovidas de significado, já que não são incentivadas a se orgulharem de conseguir pagar a própria casa e comida. Em outras palavras, são deixadas ao deus-dará e sem nenhuma noção de responsabilidade, em um mundo relativista, extremamente carente de juízos de valor e que trata o esforço e o mérito como se fossem pecados.

A primeira providência a ser tomada para combater a pobreza é tratar os pobres como seres humanos, e não como bois, dotá-los de senso de responsabilidade individual e social e mostrar a eles a importância dos valores morais tradicionais — como estudo, honestidade, trabalho, frugalidade e respeito ao próximo — que, infelizmente, vêm sendo progressivamente torpedeados pelos que usam a fome e a precariedade alheias para enriquecimento próprio. Combater verdadeiramente a pobreza é criar um ambiente institucional e legal que proporcione capacitação e trabalho. Lutar contra a pobreza é e será uma exigência permanente de todas as sociedades, uma vez que sempre haverá pobres no mundo. Como também há pobreza nos países desenvolvidos, só que em graus inferiores ao que se observa nos atrasados, concluímos que a vitória contra esse mal, do ponto de vista de uma sociedade como a brasileira, está em reduzir a pobreza relativa existente, ou seja, fazer com que a pobreza absoluta caia mais rapidamente do que nas sociedades desenvolvidas. Não é uma tarefa fácil, mas é possível, desde que abandonemos as práticas populistas comprovadamente equivocadas e tenhamos a coragem e a capacidade para institucionalizar as reformas que nos coloquem no caminho certo e tornem o jogo justo. Se desigualdades há a serem atacadas, são as de oportunidades e jamais as de resultados. Os seres humanos só são iguais na dignidade a que têm direito; no demais, são desiguais. 

O Príncipe – o de Maquiavel!

 Em julgamento recente no Supremo Tribunal Federal sobre os atos do 8 de janeiro, o advogado confundiu a obra O Príncipe, de Maquiavel, com O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Mas o que Nicolau Maquiavel disse em 1532? Segundo ele, os fins justificam os meios?



Primeiramente, é necessário entender o contexto histórico da escrita do livro. Em 1532, a Idade Média dava lugar à Renascença; o autoritarismo, à República; e o feudalismo, ao capitalismo. Maquiavel exerceu importante papel político e foi, inclusive, embaixador de César Bórgia, filho do poderoso papa Alexandre VI. O Príncipe foi escrito em seu exílio após mudanças na política oriundas da morte do Papa Alexandre VI.

Por que um livro escrito há quase 500 anos ainda é lido e citado hoje em dia? Ele é um guia escrito para os príncipes da época e traz lições de liderança que podem ser aplicadas a organizações.

Como primeira lição, ele destaca que o destino é guiado pela Fortuna e pela Virtude. O primeiro depende da sorte; o segundo, de esforços internos. Quando se chega ao poder por sorte, mais difícil é se manter lá, pois muitos caem no comodismo. Talvez, por essa razão, muitas empresas não durem três gerações, pois os herdeiros chegam ao comando não por mérito, e acabam confiando demais na sorte que lhes foi atribuída. A mesma lição serve para políticos que herdam esse capital: veja onde terminou Dilma!

Tal como principados eram classificados em hereditários e novos, assim são as organizações: algumas, de primeira geração, e outras, de terceira. Segundo Maquiavel, ao conquistar um novo principado, é importante que o líder extinga rapidamente a antiga linhagem, sem grandes alterações na cultura e costumes, pois a inimizade desse povoado ou o controle de revoltas podem sair mais caro. Esses conceitos ainda são usados atualmente nas fusões e aquisições, em que a compra de empresas envolve não apenas ativos físicos, mas também capital humano, e a perda desse ativo pode sair caro.

Segundo o autor, há quatro formas de se chegar ao poder: pela virtude, pela fortuna, por golpes via crimes e com o apoio do povo ou das elites. No Brasil, as duas últimas estão na moda, mas não são a pauta aqui. Ao se chegar pela fortuna, o que se assemelharia a ganhar uma herança, sabe-se que é fácil recebê-la, porém, mantê-la é muito mais difícil. A mesma sorte que o colocou na posição pode tirá-lo. Segundo, quem herda o poder muitas vezes nunca ocupou posições de liderança no passado, logo pode ter maior dificuldade com situações novas: ou seja, é muito importante o preparo antes de assumir qualquer posição, conquistando a confiança da equipe antes de implantar novas mudanças.

Na primeira forma, pela virtude, embora não seja simples – assim como fundar uma empresa não é –, a gestão futura tende a ser mais fácil. O prestígio dos liderados é muito importante para manter a liderança. Para o autor, há duas formas de liderar: por medo ou por propósito. Geralmente, a qualidade de entrega da segunda é superior.

O Príncipe traz diversas lições de liderança e gestão atemporais. Independentemente da forma como se chega a uma posição de liderança, seja na política, seja na empresa, é muito importante entender que esta é só uma fase, e todas passam. Além disso, mecanismos que funcionam para o Estado também funcionam para o privado e vice-versa: por exemplo, ter uma constituição de valores, um conselho diretivo, um planejamento sucessório são ferramentas que servem para cidades, Estado, empresas e famílias serem longevas em suas atividades.

O Príncipe, a política  e o empreendedorismo. 

A obra O Príncipe, de Maquiavel, pode ser comparada à política brasileira como um espelho distorcido que reflete tanto a astúcia e a estratégia quanto a falta de ética e a corrupção presentes no cenário político do país. Assim como o príncipe maquiavélico busca manter-se no poder a qualquer custo, muitos líderes políticos brasileiros demonstram uma mentalidade similar, colocando seus interesses pessoais e de seus grupos acima do bem comum. A luta pelo poder, as alianças voláteis e as manobras políticas são características marcantes tanto na obra quanto na política brasileira, demostrando como as nuances do poder podem ser manipuladas em busca de benefícios individuais, muitas vezes em detrimento da sociedade como um todo.

Assim como o príncipe precisa tomar decisões difíceis em momentos cruciais, os líderes empresariais também enfrentam dilemas e desafios constantes, como a competição acirrada, a necessidade de inovação e a busca por resultados financeiros. Da mesma forma, a necessidade de equilibrar interesses próprios com os da empresa e de seus colaboradores reflete a complexidade das relações de poder exploradas por Maquiavel. No mundo empresarial, assim como no jogo político, a sagacidade, a visão estratégica e a capacidade de adaptação são essenciais para alcançar o sucesso e manter-se no topo.

Virtude e Fortuna

O primeiro conceito importante que Maquiavel nos entrega é o de que o destino é guiado pela Fortuna e pela Virtude. Nesta obra, essas palavras têm um sentido um pouco diferente do que estamos acostumados. Fortuna seria tudo aquilo que acontece sobre o que você não tem nenhum controle, os golpes de sorte e de azar, também chamados de “atos de Deus”. Por sua vez, Virtude é aquilo que você planeja e faz ativamente. Um dos principais problemas dos príncipes, segundo o autor, é confiar demais na fortuna e não se preparar para expandir ou manter o seu reinado. É o que chamamos hoje de comodismo.

Se você chega ao poder pelo caminho da virtude, tem uma base forte e sabe o que precisa fazer para continuar lá. Por outro lado, se o seu principado é fruto de um golpe de sorte, seu trono logo será conquistado por aqueles que ativamente querem tomá-lo. Maquiavel afirma ainda que, quanto mais a sorte influenciou a chegada ao poder de um príncipe, mais esforços serão necessários para mantê-lo.

O segredo do caminho da fortuna é saber reter os golpes de sorte e lidar com os golpes de azar. Mais importante ainda é ser proativo o bastante e não deixar as coisas ao gosto do acaso. A primeira lição que um príncipe deve aprender é não depender da sorte.

Os Novos Principados

Maquiavel descreve dois tipos de principados: os hereditários e os novos. Os hereditários costumam ter menos problemas, desde que não desprezem os costumes dos antepassados e saibam0 lidar com os acasos. Um príncipe hereditário não precisa de grandes capacidades estratégicas e se manterá no poder. Só algo extraordinário, como um forte usurpador, pode lhe tirar o trono.

Os maiores problemas estão com os novos principados, aqueles que acabaram de ser conquistados. Muitas vezes, os homens mudam de senhor pensando que podem melhorar de situação, e essa crença os faz pegar em armas contra seu senhor atual. Com medo disso, os novos príncipes sempre ocupam seus territórios conquistados com soldados. Essa não é a melhor decisão, pois compromete os recursos militares. Tampouco impede que a família do antigo príncipe contra-ataque. Além disso, mesmo os melhores soldados precisam de apoio dos habitantes locais.

Nesses casos, Maquiavel sugere duas estratégias: I) extinguir completamente a linhagem do antigo príncipe. É importante ter certeza de que ela desaparecerá; II) complementar e não alterar suas leis, costumes nem impostos, deixando o povo seguir com suas vidas. Em pouco tempo, o território conquistado passa a ser incorporado ao principado.

Lidando com os estrangeiros 

Quando o território ocupado tem idioma, tradições e leis muito diferentes, dificuldades aparecem. Nesse caso, um dos mais eficientes remédios é o próprio príncipe ir habitá-lo. Isso evita que o local seja saqueado por subalternos e que algum forasteiro ocupe o vácuo de poder deixado pelo príncipe anterior. Além disso, a presença do novo príncipe aumenta as razões para amá-lo, se forem bons, e temê-lo, se forem rebeldes.

No novo território, ele deve defender os fracos e enfraquecer os poderosos. Temos aqui um duplo benefício: I) por um lado, o príncipe ganha prestígio com a maior parte da população, que alimenta a crença de que as coisas estão mais favoráveis; por outro, II) isso garante que nenhuma das forças locais tenha poder o suficiente para desafiá-lo. Mudar-se para o novo território permite vigiar de perto as desordens e rebeliões que possam surgir. Evitar a oposição é muito mais fácil quando a pegamos no início do que quando o tempo permite que ela se fortaleça.

Chegando ao poder 

Maquiavel descreve quatro formas de se conquistar um Principado: pela virtude, pela fortuna, por crimes com o apoio do povo ou das elites. Em seguida, ele analisa cada um dos métodos e estratégias. O primeiro é pela virtude de suas próprias armas.

Criar um novo principado não é fácil e exige muita virtude de seu criador. Mas, quando um príncipe é fundador do seu próprio Estado, é quase certo que ele se manterá no poder sem grandes dificuldades. Maquiavel usa o exemplo de Moisés da Bíblia, de Rômulo, fundador de Roma, Círio, pai dos persas, e Teseu, fundador de Atenas. O fato de esses príncipes só terem um estado para controlar faz com que sejam residentes dos mesmos, o que, como já vimos, facilita muito as coisas.

Sobre o uso da Fortuna 

Quem ganha um principado por fortuna só com muito esforço se mantém. É o caso dos muitos líderes gregos que foram feitos príncipes por Dario I. Estes estavam sempre vulneráveis à mesma sorte ou vontade externa que lhes conferiu o poder. Não sabem e não podem fazer nada para manter a sua posição: “Desses dois modos citados de se tornar príncipe, por virtude ou por fortuna, quero apontar dois exemplos de meus dias: Francisco Sforza e César Bórgia. Em primeiro lugar, é necessário extinguir as famílias dos senhores anteriores para evitar que se reergam. Em segundo lugar, é necessário conquistar a população por meio de um bom governo que conceda um pouco de poder aos mais fracos. Em terceiro lugar, deve-se conquistar o máximo de poder para que, quando o Príncipe que lhe concedeu o Estado for deposto ou morrer, você consiga se manter intacto”.

Chegando ao poder por meio de crimes

Em vez de criar um Estado, alguns príncipes chegam ao poder por meio de golpes e ações criminosas dentro de sua própria pátria. Maquiavel usa o exemplo de Agátocles, que ganhou o principado da Sicília matando seus senadores e homens ricos, e de Alexandre VI, que matou e traiu sua própria família. Nesses casos, a violência deve ser rápida e pontual, evitando recorrências. Além disso, é necessário conquistar os súditos com benefícios vindos desta violência. Os crimes devem ser feitos de uma vez para que ofendam menos, enquanto os benefícios, feitos aos poucos, para que sejam mais bem apreciados.

Chegando ao poder pelo prestígio 

Em todas as cidades, existem duas tendências diversas: o povo, que não quer ser mandado nem oprimido pelos poderosos, e estes, que desejam governar e oprimir o povo. Desses dois anseios diversos, um príncipe pode ganhar poder. Maquiavel sugere que, entre esses dois, o príncipe prefere o apoio do povo. Em primeiro lugar, ele entende que os anseios do povo são mais legítimos que o dos poderosos. Esses querem oprimir, enquanto a população só não quer ser oprimida. Mas também há razões práticas: a elite é difícil de manobrar, enquanto o povo está acostumado a obedecer. É ainda mais fácil se proteger da inimizade dos grandes, porque são poucos e concorrem entre si, do que da inimizade do povo, que é em grande número e está por toda a parte. Por fim, as elites estão sempre mudando, ao passo que o povo é sempre o mesmo. Seja quem for que o colocar no poder, um príncipe deve sempre prezar pela amizade do povo. Não apenas isso, mas deve pensar sempre em fazer com que seus cidadãos precisem do Estado e do próprio príncipe. Para ilustrar este tipo de principado, Maquiavel escolheu o exemplo de Nabis, líder dos espartanos, que, com o apoio do povo, suportou ataques da Grécia inteira e do exército romano.

Milícias e Soldados Mercenários 

Maquiavel também trata dos meios ofensivos e defensivos que os principados utilizam. Essas armas podem ser suas próprias, auxiliares ou mercenárias. É um grande perigo para a segurança do principado que ele dependa de forças auxiliares ou mercenárias. Mercenários são, por sua própria natureza, ambiciosos, indisciplinados e infiéis. Assim como foram contratados por você, podem ser contratados por seus inimigos. As tropas auxiliares são igualmente perigosas, pois também servem a interesses diferentes dos seus. No caso de uma vitória, sempre se sai devedor cativo dos principados auxiliares.

Um príncipe prudente deve sempre evitar essas alternativas e lutar com suas próprias forças. É melhor perder com suas próprias armas do que vencer com as dos outros, pois, nesse caso, não é você que está vencendo. Para Maquiavel, a ruína do Império Romano teve início quando ele começou a pedir ajuda dos godos. Entre depender de boas armas e de bons amigos, é melhor escolher as armas. Sempre que se tem boas armas, os amigos aparecem. Sem armas próprias, nenhum principado está seguro.

A Arte da Guerra 

Um príncipe não deve ter nenhum objetivo senão a guerra, sua preparação e disciplina. Essa virtude é o que mantém aqueles que nasceram príncipes e a que torna homens comuns ao principado. Negligenciar essa arte é o primeiro passo para ser conquistado e deposto. Quando um príncipe pensa mais nas delicadezas da corte do que nas armas, logo perde seu estado. Ciro conquistou o império dos medas quando eles se acostumaram com a paz a ponto de se tornarem frouxos demais para a guerra.

O príncipe pode manter seu pensamento guerreiro de duas formas: pela ação ou pela mente. Pela ação, mantém suas tropas organizadas, exercitadas e disciplinadas. Sugere a caça e os exercícios de guerra como uma forma de os soldados se acostumarem à fadiga e ao domínio do terreno. O príncipe deve também estar mentalmente pronto para a guerra, conhecendo as histórias e ações dos grandes homens e examinando as causas de suas vitórias e derrotas.

Um príncipe inteligente nunca deve ficar ocioso em tempos de paz, mas sim procurar sempre estar mais forte contra a adversidade. Dessa forma, quando a sua fortuna virar, ele estará preparado.

Sobre a fama e a Infâmia 

Além das preocupações externas, o príncipe deve estar sempre atento aos temores internos dos súditos. Em geral, a situação interna estará segura se a externa for estabilizada, mas, mesmo nesses casos, deve-se estar atento a conspirações: a única forma de garantir isso é evitando ser odiado ou desprezado, mantendo os súditos satisfeitos.

Quanto mais proeminente for uma pessoa, mais alvo será de julgamentos. Isso coloca o príncipe em uma situação delicada, pois será sempre analisado para a fama ou infâmia aos olhos de todos. O ódio e o desprezo foram a causa da queda de imperadores como Heliogábalo, Macrino e Juliano, entre tantos outros. Para evitar isso, Maquiavel recomenda que o príncipe sempre evite a infâmia e busque as boas qualidades, mas as boas qualidades para um príncipe não são as mesmas que para os demais homens.

Para Maquiavel, uma qualidade virtuosa é aquela que ajuda o príncipe a conquistar ou manter seu estado. Muitas vezes, as boas qualidades do povo são prejudiciais ao príncipe. Por isso, Maquiavel enfatiza várias vezes que não se deve ter medo de cair em algo que seja considerado um defeito se isso for salvar ou fortalecer seu principado. Por exemplo, vale mais a pena ser amado ou temido pelos súditos? O ideal, segundo Maquiavel, é ser as duas coisas. Mas, na falta dessa possibilidade, é melhor ser temido do que amado. Isso porque, nos momentos da adversidade, o medo da punição é mais forte que os laços de afeto.

Lidando com o povo

Outra implicação prática sobre a questão da fama e infâmia em meio ao povo é se o príncipe deve buscar a fama de piedoso ou de cruel. Diz Maquiavel que o príncipe deve ser tão piedoso quanto possível, mas deve ter cuidado para que essa mesma piedade não o leve à ruína. Um príncipe não deve ter medo de ser considerado cruel – se essa crueldade mantiver seus súditos unidos e leais. A morte de um bandido apenas faz mal a ele, mas o seu perdão, diz o autor, faz mal a toda a comunidade. Outro exemplo: entre ter fama de miserável ou gastador, o príncipe deve escolher o primeiro. É melhor ter fama de parcimonioso do que ter que roubar dos súditos para manter luxos, e, o que é pior ainda,  não ter recursos para a guerra quando precisar se defender.

Entretanto, mais importante do que cultivar essas qualidades é cultivar a fama de possuí-las. Um príncipe deve aparentar ser sempre piedoso, fiel, humano, íntegro, religioso. Deve, se possível, sê-lo realmente, mas estar preparado para não ser nada disso quando for necessário para manter o seu poder. Muitas vezes, para proteger seu Estado, ele terá que agir contra a fé, a caridade, a humanidade e a religião.

O príncipe deve ainda estimular as virtudes entre o povo, dando oportunidade aos homens virtuosos e honrando os melhores. Os cidadãos devem ser incentivados a exercer pacificamente suas atividades e devem ser premiados aqueles que engrandecem a cidade. Sempre que aparecer alguém que realiza algo extraordinário, para o bem ou para o mal, deve-se buscar meios de premiá-lo ou puni-lo de forma que seja bastante comentada. Em algum momento do ano, sugere Maquiavel, deve-se distrair o povo com festas e espetáculos.

Lidando com a corte 

Na corte, é necessário combater os bajuladores. Não há outro meio de se proteger da adulação do que fazer com que as pessoas entendam que não te ofendem dizendo a verdade. Por outro lado, quando todos falam a verdade, logo começam a faltar com a reverência. Para superar este dilema, Maquiavel sugere que o príncipe escolha uns poucos homens sábios e que apenas a eles seja dada a liberdade de falar a verdade, e somente daquilo que se pergunte. Deve-se consultar esses conselheiros em todos os assuntos e ouvir suas opiniões com frequência, e então decidir por si mesmo o que fazer. Uma vez que a decisão seja tomada, é melhor ser obstinado quanto a ela, a não ser que o cenário mude drasticamente. Quem procede de outra forma abre espaço a bajuladores e à mudança frequente de opinião frente à imensa variedade de pareceres possíveis em cada situação.

O príncipe deve demonstrar aborrecimento quando notar que algum desses conselheiros, por alguma razão, não lhe diz a verdade. Deve ainda deixar claro que conselhos são bem aceitos apenas quando ele solicitar, e não quando eles desejarem dar. Por outro lado, ele deve solicitar essas opiniões com frequência, ser grande perguntador e paciente ouvinte das coisas perguntadas. A todos os demais, deve tolher o desejo de dar conselhos que não sejam solicitados.

Na escolha desses conselheiros e de outros possíveis ministros e secretários, Maquiavel sugere os critérios duplos da capacidade e da fidelidade. Após estar certo das boas capacidades práticas e intelectuais dos ministros, o autor sugere um método simples para se reconhecer um bom ou um mal subalterno. Basta ver se ele pensa mais em si mesmo do que nos interesses do príncipe. Se for assim, jamais será um bom ministro, pois nele não se pode confiar. O príncipe deve escolher entre os homens aquele que pensa primeiro nos interesses do seu príncipe. Em compensação, para ser um bom ministro, deve pensar nele, honrando-o e fazendo-o rico, afim de que não ambicione nada maior, nem possa se imaginar sem sua proteção.

Como não perder a coroa 

Nos capítulos finais de sua obra, Maquiavel se dedica ao estudo das razões que levam os príncipes a serem derrubados do poder. As principais razões são a negligência das próprias armas, a inimizade do povo e a inabilidade de se proteger das elites. O autor diz que esses defeitos são muito comuns em príncipes que passam anos no poder e se acostumam com ele. Quando sua incapacidade militar ou política cobra seu preço, eles erroneamente acusam a própria falta de sorte. O grande defeito dos homens, diz Maquiavel, é, na bonança, não se preocupar com a tempestade.

A chave para não perder seu estado é saber adaptar-se às mudanças. O cenário político e militar muda a todo momento e acreditar que o destino e a sorte lhe sorrirão sempre é um grave engano. Ainda que a fortuna varie, a lição final de Maquiavel é que a fortuna deve ser dominada ou mesmo contrariada até que se faça vencer pela audácia de um príncipe obstinado.

Notas finais 

  • Não confie no acaso: sua estratégia e esforços devem ser a base de seu poder.
  • Esteja sempre preparado para a guerra. Não deixe os períodos de tranquilidade o amolecerem.
  • Fortaleça sempre seu principado para não depender da força de aliados e mercenários.
  • O aliado mais poderoso que um príncipe pode ter é seu próprio povo, mas é necessário estar atento aos movimentos das elites.
  • Entre ser amado ou temido, escolha os dois, mas, se tiver que escolher só um, o melhor é ser temido.
  • Proclame abertamente a importância de ser bom, justo, honesto, piedoso, mas não deixe que as virtudes sejam um obstáculo.
  • Evite bajuladores criando um conselho de poucos homens sábios que sejam honestos com você quando solicitado
  • Para manter sua coroa, um príncipe deve saber adaptar-se às constantes mudanças no cenário político e militar.

Dica: para um exemplo moderno da aplicação dos princípios maquiavélicos, assista à série House of Cards, que retrata os bastidores dos jogos de poder da Casa Branca