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terça-feira, 26 de março de 2024

Ensino tupiniquim

 Parece haver um certo consenso de que uma educação, efetivamente de qualidade – não necessariamente em quantidade -, é uma condição necessária, embora não suficiente, para que haja um aumento da produtividade nacional, reverberando para as esferas econômica e social. Não é novidade, em especial, para os curiosos no tema educacional, que o Brasil tem ocupado as últimas e incômodas posições nos rankings de comparativos internacionais relacionados à educação.



O meu prognóstico é de que essa tenebrosa situação não tem nenhuma perspectiva de mudança – pelo menos, para melhor. As instituições nacionais foram tomadas pela ideologia coletivista, que, de forma embusteira, pleiteia o monopólio da “preocupação popular”. Discurso nobre, resultados devastadores.

Independentemente da visão institucional holística, não há qualquer fiapo de dúvidas de que as “elites educacionais” nacionais pertencem à casta coletivista, autodenominada “progressista”. A grande maioria dos professores doutrinadores nos ensinos médio e universitário é dotada de uma mente esquerdista, já que  foram doutrinados por marxistas de carteirinha.

O desequilíbrio é gritante. A ditadura do pensamento esquerdizante, único, é ostensiva e ilimitada. A ironia é a de que os mais jovens, guerreiros sociais, não percebem que são escravos da grande mãe Estado, e que, portanto, todos são vítimas da perda de liberdades. Surreal é a aceitação deste fato irrefutável. Tristemente, eles desconhecem como foi hercúlea a luta pela genuína liberdade.

Neste contexto educacional quixotesco, reinam frivolidades, pautas ideológicas, algumas risíveis, e encenações de melodramas anti-opressão e de “justiça social”. Factualmente, alunos são estimulados a se isolarem nas suas cavernas individualistas, ressentidas e radicalmente opostas à vida como ela é.

Quanto às prioridades relacionadas à formação de profissionais preparados em suas respectivas áreas do conhecimento, ou seja, matemática, ciências, português, história e outras disciplinas relacionadas aos desafios do novo mercado do trabalho, conforme comprovam os comparativos internacionais, a situação é, para ser econômico, sofrível.

Não há como não rir – para não chorar – da linguagem neutra e do tal de “todes”. Essa desgraça que ofende a linguística, a ciência e, fundamentalmente, a língua portuguesa, é uma das prioridades do ensino brasileiro. Ideologia disfarçada de ensino; tragédia anunciada.

De fato, penso que a ideologização do ensino tende a se agravar. A diversidade e a inclusão se engrandeceram de forma assustadora, valendo mais a fisionomia do indivíduo do que o caráter, as habilidades e as competências individuais. Os mais jovens tomam as frivolidades progressistas como um fato dado, não se opondo em razão do reconhecimento e dos privilégios nos grupos de pertencimento e/ou se omitindo a fim de não serem descriminados. Nesse ambiente, reinam livres, leves e soltas as políticas “anti-opressão e de identidade.

O legítimo conhecimento nas amplas e diversas áreas foi vergonhosamente cambiado pelo ativismo político “progressista”. A politização é tão imoral e descarada que a liderança progressista no ensino defende e estimula nos estudantes um comportamento antissemita, racista, apoiando o extermínio do Estado de Israel e, por consequência, do povo opressor, os judeus, em defesa do grupo terrorista Hamas. Escárnio. Evidente, defesa das minorias, “pero no mucho”. Porém, está correto: a principal crise verde e amarela é moral!

A deputada Luciana Genro, apologista do Hamas e dublê de economista soviete, afirmou que o capitalismo é o sistema que mais gera pobreza. Vejam, são essas retórica e narrativa progressistas que vão de encontro à ciência, ao conhecimento e à razão.

Qualquer sujeito honesto, com um mínimo de conhecimento, sabe que foram as liberdades individuais e econômicas que tiraram milhões e milhões de pessoas da linha da miséria e da pobreza. Fatos são fatos.

Pois inexistem adjetivos para qualificar a fala da deputada (que representantes, hein?) e sua autora. Questiono-me: será possível formar profissionais íntegros e competentes nas respectivas áreas do conhecimento sendo influenciados – ou melhor, manipulados – por essas inverdades econômicas e comprovadas asneiras? Seguramente, não.

O movimento no atual ensino tupiniquim só poderá acontecer para trás. O retrocesso, em termos de valores, científico e do conhecimento, é estarrecedor. Onde chegamos! A (des)educação é saudada por muitos sectários ideológicos. Triste. As habilidades cognitivas foram amplamente trocadas pelos vieses ideológicos – de confirmação às crenças absurdas. As capacidades socioemocionais, formadoras do caráter, foram substituídas pelas sensibilidades. A turma “progressista”, que agride ferozmente, sente-se ofendida por quaisquer tipos de suscetibilidades. A hipocrisia impera.

Não há ensino de qualidade, tampouco haverá qualquer possibilidade de aumento da produtividade nacional.
O ensino brasileiro, essencial para o desenvolvimento e crescimento econômico, transmutou-se no farol da decadência e do atraso.

Alex Pipkin


Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS


Marx, o conflito de classes e a falácia ideológica


Nosso cenário cultural atual está repleto da linguagem do conflito de classes, da ideologia, do viés (consciente ou inconsciente) e da politização de tudo. Embora haja muitos contribuintes para isso, podemos em grande parte agradecer (ou culpar) Karl Marx e sua teoria da consciência de classe e do conflito de classes. Embora não necessariamente sigam Marx em sua economia, esses conceitos capturaram a imaginação de muitos, especialmente no mundo ocidental moderno.



A afirmação é bastante simples: as pessoas são inerentemente tendenciosas em favor de sua própria "classe", consciente ou inconscientemente; portanto, o que quer que eles aleguem ser "verdadeiro" ou "certo" é simplesmente uma alegação especial em seu próprio favor. Em outras palavras, as pessoas não estão em busca da verdade objetiva, nem isso é possível; ao contrário, são apologistas e propagandistas dos interesses de sua classe (por exemplo, economia, raça, gênero etc.). Além disso, qualquer tentativa de negar isso é afirmá-lo, porque exibe evidências da profundidade da falsa consciência.

Aqueles que não acreditam nessa epistemologia de ponto de vista ideológico têm se frustrado ou se intimidado com essa linha de argumentação e se perguntam como avaliá-la ou proceder. É uma “sinuca de bico”? Seria desanimador até mesmo se engajar? Será que os marxistas têm razão do porquê estamos "presos" e não podemos nos comunicar mais?

Em resposta a essas coisas, podemos nos envolver em um contra-argumento simples – o viés ideológico ou a visão de conflito de classes é autodestrutivo.

Viés ideológico ou visões de conflito de classe inevitavelmente envolvem a afirmação de que todas as pessoas (incluindo marxistas) são meros servos de seus vieses ideológicos e, portanto, não se pode dizer que possuem verdade objetiva. Se esse for o caso, significa que os defensores da teoria do conflito de classes e do viés ideológico são eles mesmos apenas líderes especiais e apologistas de outra classe ou ideologia. Eles alegam que não possuem a verdade, mas que são escravos de uma ideologia e propagandistas dessa ideologia. Se essa é a afirmação, eles estão convidando você a não acreditar neles.

Se, como é mais comum, os defensores da teoria do conflito de classes afirmam que sua análise está correta, eles estão efetivamente fazendo a afirmação de que eles (e seu grupo) não são escravos do viés e possuem a verdade objetiva. Cada vez que eles reivindicam a verdade objetiva, no entanto, eles minam sua própria posição. Além disso, se o que eles estão dizendo é verdade, eles estão se engajando em uma tentativa infrutífera de convencer as pessoas que eles dizem que não podem ser convencidas.

Essas simples inconsistências foram notadas por economistas austríacos, mas vale a pena repetir. Por exemplo, Ludwig von Mises escreveu em Teoria e História:

Assim, a doutrina da ideologia tornou-se o núcleo da epistemologia marxiana. Não se furtaram a nenhum absurdo. Eles interpretaram todos os sistemas filosóficos, teorias físicas e biológicas, toda literatura, música e arte do ponto de vista "ideológico". Mas, é claro, eles não eram consistentes o suficiente para atribuir a suas próprias doutrinas um caráter meramente ideológico. Os princípios marxistas, eles implicaram, não são ideologias. São um prenúncio do conhecimento da futura sociedade sem classes que, livre das amarras dos conflitos de classe, estará em condições de conceber o conhecimento puro, não contaminado por máculas ideológicas.

Mises percebeu e explorou a falácia de que os marxistas baseavam sua epistemologia na afirmação de que todos os outros estavam servilmente comprometidos com a ideologia e os interesses de classe, mas que eles não estavam. Lembro-me de ter percebido isso pela primeira vez em uma aula da faculdade em que professor e alunos falavam sobre viés ideológico e conflito de classe, impossibilidade de objetividade e verdade, mas não viam ironia na ideia de que eles acreditavam estar fora desse contexto para avaliá-lo. Murray Rothbard avaliou isso como a falha fatal no argumento de Marx:

Para Marx, o pensamento de cada indivíduo, seus valores e teorias, são todos determinados, não por seu interesse pessoal, mas pelo interesse da classe a que supostamente pertence. Esta é a primeira falha fatal no argumento; por que no mundo cada indivíduo deveria valorizar sua classe mais alto do que a si mesmo? Em segundo lugar, segundo Marx, esse interesse de classe determina seus pensamentos e pontos de vista, e deve fazê-lo, porque cada pessoa só é capaz de "ideologia" ou falsa consciência no interesse de sua classe. Ele não é capaz de uma busca desinteressada e objetiva da verdade, nem de buscar o seu próprio interesse ou o de toda a humanidade. Mas, como von Mises apontou, a doutrina de Marx pretende ser ciência pura, não ideológica, e ainda assim escrita expressamente para promover o interesse de classe do proletariado.

A contradição de Marx é que ele tentou apresentar um socialismo "científico" que pudesse ser objetivamente provado, mas criou um tratado ideológico para promover uma classe particular. O problema de Marx é que ele não pode escapar da armadilha de classe ideológica ou que sua teoria da epistemologia ideológica é falsa. Por fim, David Gordon resume sucintamente a crítica de Mises a Marx pelos próprios padrões de Marx:

Se todo pensamento sobre questões sociais e econômicas é determinado pela posição de classe, o que dizer do próprio sistema marxista? Se, como Marx orgulhosamente proclamou, ele pretendia fornecer uma ciência para a classe trabalhadora, por que qualquer de suas opiniões deveria ser aceita como verdadeira? Mises observa, com razão, que a visão de Marx é autorrefutante: se todo pensamento social é ideológico, então essa proposição é em si ideológica e os fundamentos para acreditar nela foram minados. Em suas Theories of Surplus Value, Marx não consegue conter seu escárnio com a "apologética" de vários economistas burgueses. Ele não se deu conta de que, em suas constantes piadas com o viés de classe de seus colegas economistas, ele estava apenas cavando a sepultura de sua própria obra gigante de propaganda em nome do proletariado.

Ideias ruins muitas vezes não são apenas falsas, mas também autodestrutivas. Longe de nos intimidarmos com a linguagem predominante do viés ideológico e do conflito de classes, devemos reconhecer que esses argumentos contêm sua própria destruição. Como costumo dizer aos meus alunos: "Foi muito bom de Marx não apenas nos contar suas ideias, mas também nos dizer por que suas ideias estão erradas. Isso exigiu muito trabalho extra, e ele não precisava fazer isso. Devemos agradecer".

Joshua Mawhorter

É professor de Governo/Economia e História dos EUA desde 2016. É formado em Ciência Política pela California State University

A afirmação é bastante simples: as pessoas são inerentemente tendenciosas em favor de sua própria "classe", consciente ou inconscientemente; portanto, o que quer que eles aleguem ser "verdadeiro" ou "certo" é simplesmente uma alegação especial em seu próprio favor. Em outras palavras, as pessoas não estão em busca da verdade objetiva, nem isso é possível; ao contrário, são apologistas e propagandistas dos interesses de sua classe (por exemplo, economia, raça, gênero etc.). Além disso, qualquer tentativa de negar isso é afirmá-lo, porque exibe evidências da profundidade da falsa consciência.

Aqueles que não acreditam nessa epistemologia de ponto de vista ideológico têm se frustrado ou se intimidado com essa linha de argumentação e se perguntam como avaliá-la ou proceder. É uma “sinuca de bico”? Seria desanimador até mesmo se engajar? Será que os marxistas têm razão do porquê estamos "presos" e não podemos nos comunicar mais?

Em resposta a essas coisas, podemos nos envolver em um contra-argumento simples – o viés ideológico ou a visão de conflito de classes é autodestrutivo.

Viés ideológico ou visões de conflito de classe inevitavelmente envolvem a afirmação de que todas as pessoas (incluindo marxistas) são meros servos de seus vieses ideológicos e, portanto, não se pode dizer que possuem verdade objetiva. Se esse for o caso, significa que os defensores da teoria do conflito de classes e do viés ideológico são eles mesmos apenas líderes especiais e apologistas de outra classe ou ideologia. Eles alegam que não possuem a verdade, mas que são escravos de uma ideologia e propagandistas dessa ideologia. Se essa é a afirmação, eles estão convidando você a não acreditar neles.

Se, como é mais comum, os defensores da teoria do conflito de classes afirmam que sua análise está correta, eles estão efetivamente fazendo a afirmação de que eles (e seu grupo) não são escravos do viés e possuem a verdade objetiva. Cada vez que eles reivindicam a verdade objetiva, no entanto, eles minam sua própria posição. Além disso, se o que eles estão dizendo é verdade, eles estão se engajando em uma tentativa infrutífera de convencer as pessoas que eles dizem que não podem ser convencidas.

Essas simples inconsistências foram notadas por economistas austríacos, mas vale a pena repetir. Por exemplo, Ludwig von Mises escreveu em Teoria e História:

Assim, a doutrina da ideologia tornou-se o núcleo da epistemologia marxiana. Não se furtaram a nenhum absurdo. Eles interpretaram todos os sistemas filosóficos, teorias físicas e biológicas, toda literatura, música e arte do ponto de vista "ideológico". Mas, é claro, eles não eram consistentes o suficiente para atribuir a suas próprias doutrinas um caráter meramente ideológico. Os princípios marxistas, eles implicaram, não são ideologias. São um prenúncio do conhecimento da futura sociedade sem classes que, livre das amarras dos conflitos de classe, estará em condições de conceber o conhecimento puro, não contaminado por máculas ideológicas.

Mises percebeu e explorou a falácia de que os marxistas baseavam sua epistemologia na afirmação de que todos os outros estavam servilmente comprometidos com a ideologia e os interesses de classe, mas que eles não estavam. Lembro-me de ter percebido isso pela primeira vez em uma aula da faculdade em que professor e alunos falavam sobre viés ideológico e conflito de classe, impossibilidade de objetividade e verdade, mas não viam ironia na ideia de que eles acreditavam estar fora desse contexto para avaliá-lo. Murray Rothbard avaliou isso como a falha fatal no argumento de Marx:

Para Marx, o pensamento de cada indivíduo, seus valores e teorias, são todos determinados, não por seu interesse pessoal, mas pelo interesse da classe a que supostamente pertence. Esta é a primeira falha fatal no argumento; por que no mundo cada indivíduo deveria valorizar sua classe mais alto do que a si mesmo? Em segundo lugar, segundo Marx, esse interesse de classe determina seus pensamentos e pontos de vista, e deve fazê-lo, porque cada pessoa só é capaz de "ideologia" ou falsa consciência no interesse de sua classe. Ele não é capaz de uma busca desinteressada e objetiva da verdade, nem de buscar o seu próprio interesse ou o de toda a humanidade. Mas, como von Mises apontou, a doutrina de Marx pretende ser ciência pura, não ideológica, e ainda assim escrita expressamente para promover o interesse de classe do proletariado.

A contradição de Marx é que ele tentou apresentar um socialismo "científico" que pudesse ser objetivamente provado, mas criou um tratado ideológico para promover uma classe particular. O problema de Marx é que ele não pode escapar da armadilha de classe ideológica ou que sua teoria da epistemologia ideológica é falsa. Por fim, David Gordon resume sucintamente a crítica de Mises a Marx pelos próprios padrões de Marx:

Se todo pensamento sobre questões sociais e econômicas é determinado pela posição de classe, o que dizer do próprio sistema marxista? Se, como Marx orgulhosamente proclamou, ele pretendia fornecer uma ciência para a classe trabalhadora, por que qualquer de suas opiniões deveria ser aceita como verdadeira? Mises observa, com razão, que a visão de Marx é autorrefutante: se todo pensamento social é ideológico, então essa proposição é em si ideológica e os fundamentos para acreditar nela foram minados. Em suas Theories of Surplus Value, Marx não consegue conter seu escárnio com a "apologética" de vários economistas burgueses. Ele não se deu conta de que, em suas constantes piadas com o viés de classe de seus colegas economistas, ele estava apenas cavando a sepultura de sua própria obra gigante de propaganda em nome do proletariado.

Ideias ruins muitas vezes não são apenas falsas, mas também autodestrutivas. Longe de nos intimidarmos com a linguagem predominante do viés ideológico e do conflito de classes, devemos reconhecer que esses argumentos contêm sua própria destruição. Como costumo dizer aos meus alunos: "Foi muito bom de Marx não apenas nos contar suas ideias, mas também nos dizer por que suas ideias estão erradas. Isso exigiu muito trabalho extra, e ele não precisava fazer isso. Devemos agradecer".

Joshua Mawhorter

É professor de Governo/Economia e História dos EUA desde 2016. É formado em Ciência Política pela California State University

sexta-feira, 22 de março de 2024

ELEIÇÕES E O MECANISMO

A agenda por trás do catastrofismo das mudanças climáticas

 Os democratas no Capitólio estão pressionando o governo Biden a declarar emergência climática, expressando suas previsões apocalípticas de que, sem ação imediata para conter e, finalmente, acabar com nossa dependência de combustíveis fósseis, "o planeta" e, por implicação, todos os seres vivos que o habitam, morrerão. "Se realmente não começarmos a reduzir as emissões, este planeta não terá chance", disse o deputado Alan Lowenthal, democrata da Califórnia. "Temos apenas alguns anos e pronto. O planeta está morrendo". Essa avaliação terrível e o aviso apocalíptico ecoam o livro e documentário de Al Gore de 2006, An Inconvenient Truth, e suas declarações subsequentes de que a inação climática causaria o derretimento completo do gelo do Polo Norte até 2013.

Mesmo que previsões ridículas como a de Gore tenham sido apresentadas e tenham se provado falsas, parece que, graças à ascensão do "capitalismo de stakeholders " e do Índice Ambiental, Social e de Governança (ESG), o apogeu do catastrofismo das mudanças climáticas finalmente chegou. Torna-se necessário, portanto, abordá-lo diretamente. Isso não significa, necessariamente, rejulgar a ciência das mudanças climáticas, já que outros fizeram bem em submeter a narrativa a críticas e desmascaramentos. Os críticos levantaram as seguintes questões com o catastrofismo das mudanças climáticas:

  • As "crises" anteriormente propagadas de resfriamento global, chuva ácida e esgotamento da camada de ozônio, que se mostraram infundadas;
  • A completa rejeição dos benefícios do uso de combustíveis fósseis;
  • O fracasso em reconhecer que as tecnologias movidas a combustíveis fósseis mitigam significativamente os efeitos das emergências climáticas;
  • O fato de que as mortes por eventos climáticos extremos diminuíram durante a chamada emergência climática;
  • O fato de que as tecnologias de energia solar e eólica, após mais de cinquenta anos de desenvolvimento, estão longe de ser capazes de substituir os combustíveis fósseis;
  • O uso dissimulado do período mais frio do Holoceno como ponto de partida para medir o aumento das temperaturas;
  • A manipulação das leituras de temperatura da superfície para combater as leituras de satélite, que não mostram aquecimento recente significativo;
  • A síntese exagerada de estudos científicos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o exagero adicional na divulgação de resultados sintetizados ao público por "especialistas" designados e pela mídia;
  • O IPCC escondendo seus dados brutos e metodologia, seu bloqueio de investigações externas que tentam replicar seus resultados e seu bloqueio de cientistas céticos em relação às mudanças climáticas de publicar suas descobertas em revistas revisadas por pares ("Climategate");
  • A alteração dos relatórios do IPCC – depois que os cientistas escreveram e aprovaram os textos finais – para remover o ceticismo em relação às alegações de que as atividades humanas estão tendo um grande impacto no clima e no aquecimento global;
  • O período de quinze anos (1998-2013) sem aquecimento significativo, apesar de um aumento de 7% nos níveis de CO2 atmosférico;
  • A taxa de aquecimento global desacelerou desde 1951, apesar de um aumento de 26% nos níveis de CO2;
  • O fato de que as reconstruções de temperatura do passado mostram temperaturas tão altas quanto as temperaturas recentes em algumas regiões (a Anomalia Climática Medieval);
  • As estimativas recentes do IPCC sobre a resposta climática transitória (TCR, ou a estimativa climática para o restante do século XXI) estão dentro da faixa de variação climática natural dos últimos seis milhões de anos;
  • Pesquisas não mostram aumentos nas secas ou na atividade de ciclones tropicais nos últimos quarenta anos;
  • A extensão do gelo do Mar Antártico aumentou entre 1979 e 2012, contrariando os modelos de circulação global (GCMs);
  • A modelagem climática falhou em prever com precisão as tendências climáticas;
  • A forte probabilidade de que o aquecimento não seja necessariamente negativo, mas pode, de fato, ser positivo;
  • A conhecida ecologização do planeta devido ao aumento dos níveis de CO2 e aos benefícios daí decorrentes, incluindo para a agricultura e o esfriamento;
  • O fato de que não há uma temperatura global ideal ou "natural" conhecida, mesmo que as temperaturas globais pudessem ser medidas com precisão, o que é duvidoso.

Este é apenas o esqueleto de um conjunto de razões para concluir que o catastrofismo das alterações climáticas é exagerado e hiperbólico, se não baseado em pura fraude. Como S. Fred Singer, David R. Legates e Anthony R. Lupo observaram:

Ao contrário de alguns relatos da história do debate científico, não há um "consenso" gradualmente emergindo sobre o papel humano nas mudanças climáticas. Em vez disso, a política rapidamente ultrapassou a ciência, pois os defensores do meio ambiente e outros grupos de interesse reconheceram a utilidade da questão das mudanças climáticas no avanço de suas próprias agendas.

Por que, então, o establishment está tão empenhado em impulsionar o catastrofismo climático? E quais são essas agendas?

É claro que o catastrofismo climático não é principalmente sobre o clima. Se assim fosse, como observou Rupert Darwall em Green Tyranny, a Alemanha, que enfrenta o aumento das emissões de CO2 desde a implementação da Energiewende (transição energética), não teria apressado o fechamento de suas usinas nucleares, a única fonte confiável de eletricidade com emissão zero além das hidrelétricas, que os ambientalistas também abjuram. O mesmo vale para Califórnia e Nova York.

Filosoficamente, como Alex Epstein deixou claro em Fossil Future, o catastrofismo climático é alimentado por uma "estrutura anti-impacto", que prejudica a humanidade ao tentar eliminar completamente o impacto humano no meio ambiente. É anti-humano na base. Coloca o bem-estar do "meio ambiente" acima do florescimento humano, ao mesmo tempo em que nega que os seres humanos façam parte do meio ambiente.

O resultado necessário do catastrofismo das alterações climáticas é a redução do crescimento econômico. Isso é irônico porque as elites globais no Fórum Econômico Mundial (WEF) regularmente sugerem que um de seus objetivos é alcançar "justiça" para as pessoas em países subdesenvolvidos. Até o momento, essa "justiça" envolveu transferências de riqueza dos países desenvolvidos para o mundo em desenvolvimento que equivalem a subornos para conter o desenvolvimento.

O catastrofismo climático se resume a renunciar e eliminar energia barata e confiável e enriquecer alarmistas climáticos como Al Gore – tudo no interesse de promover uma agenda política globalista. Mais importante, o catastrofismo das mudanças climáticas tem a ver com a alardeada "solidariedade", "inclusão" e "cooperação internacional" – os meios que o WEF, as Nações Unidas, corporações favorecidas e seus representantes no governo consideram necessários para mitigar a suposta crise. Essas palavras-código representam um regime totalitário sob o qual um coletivismo recém-renovado revogará os direitos individuais e restringirá enormemente a liberdade humana. Como se vê, os meios para mitigar as mudanças climáticas são os fins buscados pelos catastrofistas climáticos.


Michael Rectenwald

 

quarta-feira, 20 de março de 2024

Desarmamento e genocídios

 No dia 24 de abril de 1915, começou o primeiro genocídio do século XX: o governo turco dizimou mais de um milhão de armênios desarmados. 

A palavra-chave da frase é justamente esta última: "desarmados".

Os turcos escaparam de uma condenação mundial porque utilizaram a desculpa de tudo ter sido uma 'medida de guerra'. Findada a Primeira Guerra Mundial, eles não sofrerem nenhuma represália por este ato de genocídio. É como se o governo turco não houvesse conduzido absolutamente nenhuma medida de homicídio em massa contra um povo pacífico.

Outros governos perceberam que o ardil funcionara e rapidamente tomaram nota do fato. Era um precedente internacional conveniente demais para ser ignorado.

Setenta e nove anos após o início daquele genocídio, o famoso Hotel Ruanda abriu as portas.

Os Hutus também se safaram. Ironicamente, pelo menos uma década antes do massacre em Ruanda -- gostaria de me lembrar da data exata --, a revista americana Harper's publicou um artigo em que profetizava com acurácia este genocídio, e por uma razão muito simples: os Hutus tinham metralhadoras; os Tutsis, não.  

O artigo foi escrito em um formato de parábola, sem se preocupar em fazer previsões especificamente políticas. Lembro-me vivamente de, ao ler aquele artigo, ter imediatamente pensado: "Se eu fosse um Tutsi, emigraria o mais rápido possível".

O fato é que, em todo o século XX, não foi um bom negócio ser um civil.  As chances sempre estavam contra você.

Péssimas notícias para os civis

Tornou-se um lugar comum dizer que o século XX, mais do que qualquer outro século na história conhecida da humanidade, foi o século da desumanidade do homem para com o homem. Embora esta frase seja memorável, ela é um tanto enganosa.  

Para ser mais acurada, o certo seria modificá-la para "o século da desumanidade dos governos para com civis desarmados". No caso do genocídio, no entanto, tal prática não pode ser facilmente descartada como sendo um dano colateral imposto a um inimigo de guerra. Trata-se de extermínio deliberado.

O século XX começou oficialmente do dia 1º de janeiro de 1901. Naquela época, uma grande guerra já estava em andamento; portanto, vamos começar por ela. Mais especificamente, era a guerra iniciada pelos EUA contra as Filipinas, cujos cidadãos haviam sido acometidos da ingênua noção de que a libertação da Espanha não implicava uma nova colonização pelos EUA. 

Os presidentes americanos William McKinley e Theodore Roosevelt enviaram 126.000 tropas para as Filipinas para ensinar àquele povo uma lição sobre a moderna geopolítica. Os EUA haviam comprado as Filipinas da Espanha por US$20 milhões em dezembro de 1898. O fato de que os filipinos haviam declarado independência seis meses antes dessa compra era irrelevante. Um negócio é um negócio. Aqueles que estavam sendo comprados não podiam dizer nada a respeito, muito menos protestar.

Naquela época, era uma prática comum fazer a contagem de corpos dos combatentes inimigos. A estimativa oficial foi de 16.000 mortos. Algumas estimativas não-oficiais falam em aproximadamente 20.000. Para os civis, tanto naquela época quanto hoje, não há estimativas oficiais. O número mais baixo fala em 250.000 mortos. A estimativa mais alta é de um milhão.

E então veio a Primeira Guerra Mundial e as comportas foram abertas -- ou melhor, os banhos de sangue foram institucionalizados.

Turquia, 1915

genocídio armênio de 1915 foi precedido por uma limpeza étnica parcial, a qual durou dois anos, 1895--97. Aproximadamente 200.000 armênios foram executados.

Os armênios eram facilmente identificáveis. Alguns séculos antes, os invasores turcos otomanos os haviam forçado a acrescentar o "ian/yan" aos seus sobrenomes. Como os armênios estavam dispersos por todo o império, eles não possuíam o mesmo tipo de concentração geográfica que outros cristãos possuíam na Grécia e nos Bálcãs. Eles nunca organizaram uma força armada para oferecer resistência. E foi isso o que os levou à destruição. Eles não tinham como lutar e resistir.

Os armênios eram invejados porque eram ricos e mais cultos do que a sociedade dominante. Eles eram os empreendedores do Império Otomano. O mesmo ocorreu na Rússia. O mesmo ressentimento existia na Rússia, embora não com a intensidade do ressentimento que existia na Turquia.

As estimativas não-turcas falam em algo entre 800.000 e 1,5 milhão de armênios mortos. Embora a maioria destes homicídios tenha ocorrido com o uso de baixa tecnologia, os métodos eram extremamente eficazes. O exército capturava centenas ou milhares de civis, levava-os até áreas desertas e inóspitas, e os deixava lá até que literalmente morressem de fome.

O nome Arnold Toynbee é bem conhecido. Já na década de 1950 ele era um dos mais eminentes historiadores do planeta. Seu estudo, compilado em 12 volumes (1934--61), sobre 26 civilizações não possui precedentes em sua amplitude. Sua obra O Tratamento dos Armênios no Império Otomano foi sua primeira grande publicação.

Por que algumas organizações armênias não dão ampla divulgação e notoriedade a este documento é algo que me escapa completamente. O livro está em domínio público. A seção a seguir, que está na Parte VI, "As Deportações de 1915: Procedimento", é iluminadora. Leia-a com atenção. Trata-se do aspecto crucial de todo o genocídio. O governo confiscou as armas dos cidadãos.

Um decreto foi expedido ordenando que todos os armênios fossem desarmados. Os armênios que serviam no exército foram retirados das fileiras combatentes, reagrupados em batalhões especiais de trabalho, e colocados para construir fortificações e estradas. O desarmamento da população civil ficou a cargo das autoridades locais.  

Um reino de terror foi instaurado em todos os centros administrativos. As autoridades exigiram a produção de uma quantidade estipulada de armas. Aqueles que não conseguissem cumprir as metas eram torturados, frequentemente com requintes satânicos; aqueles que, em vez de produzir, adquirissem armas para repassá-las ao governo -- comprando de seus vizinhos muçulmanos ou adquirindo por qualquer outro meio --, eram aprisionados por conspiração contra o governo.

Poucos desses eram jovens, pois a maioria dos jovens havia sido recrutada para servir o estado. A maioria era de homens mais velhos, homens de posse e líderes da comunidade armênia, e tornou-se claro que a inquisição das armas estava sendo utilizada como um disfarce para privar a comunidade de seus líderes naturais.

Medidas similares haviam precedido os massacres de 1895--96, e um mau presságio se espalhou por todo o povo armênio. "Em uma certa noite de inverno", escreveu uma testemunha estrangeira desses eventos, "o governo enviou soldados para invadir as casas de absolutamente todos os armênios, agredindo as famílias e exigindo que todas as armas fossem entregues. Essa ação foi como um dobre de finados para vários corações".

Desarmamento

Lênin desarmou os russos. Stalin cometeu genocídio contra os kulaks ucranianos durante a década de 1930. Pelos menos seis milhões de pessoas foram mortas.

Como mostrou a organização Jews for the Preservation of Firearms Ownership (Judeus pela Preservação da Posse de Armas de Fogo), o modelo do Decreto do Controle de Armas de 1968 nos EUA -- até mesmo as palavras e o fraseado -- foi copiado da legislação de 1938 de Hitler, a qual, por sua vez, era uma revisão da lei de 1928 aprovada pela República de Weimar. A lei nazista de 1938 proibia os judeus de fazer negócios envolvendo armas de fogo. Em 10 de novembro de 1938 – o partido nazista (SS) FISCALIZARAM milhares de judeus, sinagogas e empresas judaicas em toda a Alemanha – novos regulamentos sob a Lei de Armas proibiam ESPECIFICAMENTE os judeus de possuir quaisquer armas, até mesmo porretes ou facas. 

A lei nazista limitava a parcela judaica da Alemanha, porem os EUA, após a guerra atraves de seus politicos sociais democratas implementaram esse modelo de lei de controle para todos os cidadãos americanos, mostrando que o intuito desarmamentista da politica da esquerda é muito diferente e com outros objetivos da aplicada na Alemanha de Hitler.

Quando as tropas de Mao Tsé-Tung invadiam um vilarejo, elas capturavam os ricos. Em seguida, elas ofereciam a devolução das vítimas em troca de dinheiro. As vítimas eram libertadas quando o pagamento fosse efetuado. Mais tarde, o governo voltava a sequestrar essas mesmas pessoas, só que desta vez exigindo armas como resgate. Ato contínuo, assim que as armas eram entregues, as vítimas eram libertadas. 

Essa mudança de postura -- exigir armas em vez de dinheiro -- fez com que a negociação parecesse razoável para as famílias das próximas vítimas. Porém, tão logo o governo se apossou de todas as armas de uma comunidade, os aprisionamentos e as execuções em massa começaram.

A ideia de que o indivíduo tem o direito à autodefesa era tão comum e difundida no século XVIII que ela foi escrita na Constituição americana: a Segunda Emenda.  Carroll Quigley, eminente historiador e teórico da evolução das civilizações, era também um especialista na história do uso de armas pela população. Ele escreveu um livro de 1.000 páginas sobre o uso de armas como meio de defesa durante a Idade Média. Em sua obra Tragedy and Hope (1966), ele argumenta que a Revolução Americana foi bem sucedida porque os americanos possuíam armas de poder de fogo comparável àquelas em posse das tropas britânicas. Foi exatamente por isso, disse ele, que houve toda uma série de revoltas contra governos despóticos em todo o século XVIII. 

Tão logo as armas em posse do governo se tornaram superiores, os movimentos e manifestações em prol da redução do tamanho do estado deixaram de ter o mesmo êxito que haviam tido nos séculos anteriores.

Há uma razão por que os governos são tão empenhados em desarmar seus cidadãos: eles querem manter seu monopólio da violência a todo custo. A ideia de haver cidadãos armados é apavorante para a maioria dos políticos. Afinal, para que serve um monopólio se ele não pode ser exercido? Cidadãos armados impõem um limite natural à tirania do estado. 

Conclusão

Genocídios acontecem.

Mas não há genocídio quando os alvos estão armados.

Gary North