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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Afinal, para que povo?

 O indivíduo não é nada caso não seja parte de um grupo. O grupo não é nada caso não seja um elo de um grupo ainda maior. E assim por diante até chegarmos à nação, soma síntese de todos os grupos. Neste cume, o indivíduo encontra tudo novamente que ele dispensara no pé da pirâmide. No cume, multiplicado por oitenta milhões, ele encontra novamente a liberdade que sacrificara. Você acredita que se perde algo nessa troca?



Por que negas o óbvio?

A biologia humana apresenta os povos dentro da seguinte seqüência: indivíduo, família, tribo/clã, povo, raça, tipo. Povos são imprescindíveis para a continuação da evolução, e abaixo segue uma de suas possíveis definições:

“Povos são ajuntamentos genéticos e, por isso, comunidades de descendências hereditárias para características corporais e não-corporais [687] com diferenças gerais variando de um povo para outro.” [688]

Desde então vale para concessão de cidadania, em sintonia com a biologia humana, o direito jus sanguinis (direito de sangue), que mais e mais vem perdendo a força. O conceito criado na revolução Francesa, jus soli (direito de solo), desemboca em liberalismo e marxismo com seu dogma artificial “todas as pessoas são iguais”, e leva à destruição dos povos. Em oposição a este dogma, naturalmente as pessoas não são todas iguais e muito menos os povos – mesmo aqueles povos que estejam bem próximos cultural e biologicamente, apresentam diferenças entre si. Este detalhe é relatado através do seguinte exemplo entre os povos francês e alemão.

Alemães e franceses

O professor para comunicação intercultural da Universidade Técnica de Compiègne, Jaques Pateau, abordou no escopo de um trabalho para uma associação industrial, as diferenças espirituais e culturais entre franceses e alemães diante do pano de fundo de um gerenciamento intercultural. Objetivo do estudo era revelar as profundas diferenças culturais entre franceses e alemães que balizam o comportamento destes indivíduos. Diante da plena consciência das diferenças, estas não devem ser mais consideradas como obstáculos, mas sim encaradas como recursos.

Notem que o acadêmico pretende desnudar as diversas características e traçar um padrão intrínseco a um determinado povo. Mesmo que este padrão não se aplique a todos seus integrantes, ele reflete aquelas características que mais representam uma ideia coletiva sobre um determinado povo – NR.

Em inúmeros exemplos práticos, Pateau desnuda o antagonismo entre alemães e franceses. Consenso alemão versus distância hierárquica, coletividade versus individualismo, masculinidade versus feminismo, explícito versus implícito. Aquilo que é considerado do lado alemão como exatidão e bom preparo, para os franceses é falta de flexibilidade e estes consideram que improvisar é melhor; um quer ser preciso, o outro quer aparecer. Estas diferenças básicas são descritas por Pateau na concreta influência da dinâmica histórica que forjou as respectivas culturas. Os fatores decisivos – sistema político, estrutura familiar, herança religiosa – mostra que cada cultura foi formada a partir de um particular desenvolvimento histórico e pode ser entendida como sólido produto temporário de comportamentos dominantes. Na Alemanha, assim como na França, as situações salientaram costumes que se transformaram em um todo coerente, em um sistema cultural. Esta coerência teria permitido àquela sociedade desenvolver suas particularidades e, através de “parafraseamento”, se modificar por si só. [690] Quão estável é o “produto do modo de comportamento dominante”, e se um é seguido ou não do outro ou ao contrário, não faz diferença nesta análise. Decisivo é que floresceram dois povos vizinhos com profundas diferenças em sua natureza, e aqui foi necessária uma determinada coerência de sociedades separadas. Mais além, é decisivo que as diferentes características de dois povos que se interagem possam representar uma relação de cooperação mútua, onde tanto as próprias particularidades, assim como as do outro, possam ser compreendidas. Para isso tem que se reconhecer as diferenças intrínsecas entre os povos e se distanciar do dogma “todas as pessoas são iguais!”, pois nada é mais diferente do que as pessoas, e cada pessoa se vê no centro de seu próprio horizonte. Mas somente as conscientes diferenças e contradições frente ao outro possibilitam relativizar a si próprio, se avaliar e com isso continuar a se desenvolver.

Os povos formam barreiras naturais consolidadas, que são determinadas através de inúmeras e variadas diferenças. Há décadas são salientados quase que exclusivamente os pontos comuns, mesmo sendo estes tão ínfimos ou completamente distintos em sua representatividade, todos são apresentados na primeira fila com grande destaque. Porém, as diferenças são inúmeras, obscuras e complicadas. Ater-se unilateralmente junto aos ínfimos pontos comuns, nunca será possível entendê-las, ao contrário, tudo leva ao progressivo distanciamento que apenas pode ser compensado com mais busca pelas similaridades. Pontes só podem ser construídas quando se conhece ambas as margens. Para se reconhecer seu próprio tipo, sua cultura, deve ser possível poder se diferenciar dos outros. E, finalmente, para desenvolver a si próprio, deve-se mensurar para cima e para baixo, deve-se poder discriminar.

O consenso atual divulgado pela grande mídia e classe política defende com unhas e dentes todo tipo de cego “combate à discriminação”. Ignorando as diferenças naturais entre os seres humanos, este tipo de comportamento parte do pressuposto artificial – fruto das construções sociais de cunho liberal-marxista – e apenas cria uma enorme pressão em torno de temas não resolvidos, pelo menos não de forma satisfatória para todos os envolvidos – NR.

A fim de caracterização das diferentes mentalidades entre franceses e alemães, rascunhamos como exemplo didático as específicas áreas de significância social de franceses e alemães em relação aos conceitos de liberdade, individualismo e coletividade. O exemplo histórico apresentado aqui foi extraído do livro “A colheita 1940”, do autor Jaques Benoist-Méchin. Com pano de fundo o término da campanha da França em 1940, Benoist-Méchin expõe um diálogo com o jovem tenente alemão Stein, junto ao qual ele organizou os preparativos para a colheita. O tenente Stein perguntou ao autor:

Bem, seus camaradas estão satisfeitos agora?

E este respondeu. para seu espanto:

De forma alguma. Eles estão muito abatidos.

Abatidos? Mas, por quê?

Ah, isso é uma longa estória.

Você deve reconhecer que isso é desencorajador! Eu tinha pensado que a formação dos grupos para a colheita na lavoura seria recebida com festa. Vocês não vêem que estão recebendo algo para fazer, que irão servir ao seu país, e isso não é ser livre?

Justamente aqui está o mal-entendido. Eles esperaram dia após dia pela completa libertação, e agora exige-se deles que levem a colheita para outro lugar do que junto aos seus, para pessoas que eles mal conhecem, e sob comandos que ainda possuem meio caráter militar.

Mas que coisa esquisita! Vocês receberão infinitamente melhores cuidados do que aqui. Vocês serão cuidados e hospedados pelos moradores. Vocês podem se locomover por toda a região de suas comunidades e devem se apresentar apenas duas vezes por semana. O que vocês querem mais? Isso não é liberdade?

À sua vista, talvez. Mas certamente não na visão deles.

Perdoe-me se lhe digo isso,

respondeu o tenente num tom animado,

Mas eu acho tudo isso ridículo. É uma completa idiotice como vocês falam dessa liberdade com “L” maiúsculo de boca cheia. Vocês sabem ao menos, o que isso significa? Isso é uma coisa imaginária, uma ilusão. Vocês nunca estariam em condições de ao menos me dar uma boa definição.

Mas é claro. Liberdade é o direito de poder escolher por si próprio.

Escolher o quê?

Tudo – mesmo sua infelicidade. Se você retirar toda a falsa roupagem em torno do termo, se você for até o âmago da questão, então eu acredito que ela significa isso.

Mas o que você está me dizendo é a definição de Anarquia!

Por que não? Todas as virtudes tornam-se erros quando levadas ao extremo de suas possibilidades.

Sob tal premissa, como você vai querem dirigir ou organizar alguma coisa?

Eu admito que isso não é algo confortável.

Qualquer trabalho comunitário tornar-se-á impossível, caso cada um queira fazer seu trabalho como bem entender, ser seu próprio líder que o liderará e, finalmente, ainda escolher o horário quando terá vontade de trabalhar.

Eu sei muito bem que você tem razão. Infelizmente, esta ideia está bem arraigada entre os franceses. Naturalmente não na sua forma extrema, que defini antes, mas sob formas bem próximas. Tudo isso torna as coisas bastante complicadas para nós.

Vocês nunca irão conquistar alguma coisa se não romperem de vez com tal postura.

É impressionante, mas conseguimos conquistar algo.

Como?

À medida que convocamos outras forças, que estão ainda mais arraigadas.

Quais?

O orgulho e o entusiasmo.

Que gente estranha vocês são!

Todo povo tem sua força motriz secreta. Nós temos apenas de conhecê-la.

Mas sob esta fonte de força, vocês não têm lugar algum para o sentimento de coletividade. Entre nós, isso é o pilar fundamental de todo nosso sistema político. Toda nossa educação é orientada para se desenvolver, todas as instalações se orientam em torno disto. O indivíduo não é nada caso não seja parte de um grupo. O grupo não é nada caso não seja um elo de um grupo ainda maior. E assim por diante até chegarmos à nação, soma e síntese de todos os grupos. Neste cume, o indivíduo encontra tudo novamente que ele dispensara no pé da pirâmide. No cume, multiplicado por oitenta milhões, ele encontra novamente a liberdade que sacrificara. Você acredita que se perde algo nessa troca?

Trocou-se a liberdade individual pela liberdade coletiva. E isso é um mistério para nós, franceses. Pois, à nossa vista, são conceitos opostos. Mas não estamos aqui para solucionar enigmas. Eu sei muito bem que este sentimento de solidariedade, ao qual você se refere, deve ser mais desenvolvido entre a gente. Mas o que você quer fazer? Há muito tempo nada foi feito aqui neste sentido. Ainda mais: se esforçou muito para reforçar a tendência oposta, pois tudo aquilo que o indivíduo dispensa não é encontrado de forma alguma no cume da pirâmide, mas sim é desperdiçado e jogado fora continuamente. Por isso a palavra solidariedade nos desperta uma certa desconfiança.

Mas não fica claro para vocês, que vocês são solidários naquilo que devem fazer? Que vocês, através dos mesmos requisitos, das mesmas necessidades, estão presos uns aos outros? O sentimento de solidariedade social, à qual eu me refiro, é apenas o reconhecimento consciente de uma realidade inevitável. Caso se alcance uma clara ideia dela, a gente se liberta de sua tirania. Espere, eu quero lhe dar a correta definição de liberdade. Ela não é, como você disse, o direito da livre escolha. Ela se define muito mais como querer espontaneamente o que deve ser. Não existe liberdade absoluta, como você aparenta acreditar. Ela é limitada por todos os lados e existe no limitado espaço que o destino lhe permite. [691]

Apenas através deste exemplo deixa-se derivar que não pode existir um sistema político, que seja igualmente adequado a todos os povos. Resulta-se disso a obrigatória exigência que cada povo necessita para si um sistema político específico, reconhecido em sua própria constituição, para poder ser livre. Complementando, pode-se fazer agora a pergunta: como pode funcionar uma sociedade multiétnica, se o trabalho conjunto entre dois povos vizinhos já parece ser tão problemático?

Birthelm, Michael – Komm Heim! – Handbuch zur Brefeiung, 2008

[687] Lorenz, Prof. Konrad: “Em sua grande parte, as normas de comportamento sociais das pessoas são hereditárias”

[688] Koellreutter, Prof. Otto: “No sentido popular, o povo é abrangido em primeira linha como uma unidade biológica, como um agrupamento natural, onde sangue e solo são elementos construtivos. Esta característica popular forma o fundamento para a formação do povo como comunidade política com vontade em almejar algo.”

[689] Pateau, Jacques: Die seltsame Alchemie in der Zusammenarbeit von Deutschen und Franzosen – Aus der Praxis des interkulturellen Managements, Campus Verlag, Frankfurt/M. 1999

[690] Ibdem, pág. 14

[691] Benoist-Méchin, Jaques – Ernte 1940 – inimizade hereditária e amizade entre os povos. Política alemã na França ocupada, Arndt Verlag, Kiel 1983, citado em Stimme des Gewissens (LSI) nr. 1/2006, pág. 2 et seq


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