Bunker da Cultura Web Rádio

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

A ascensão da “história pela teoria”

 A história é mais do que uma simples lista de fatos. Ela também envolve uma narrativa, uma história que fornece a estrutura organizacional ou a ideia central que une os fatos selecionados. Nenhum relato histórico pode abranger todos os fatos conhecidos - cada relato escolhe aqueles mais relevantes para o argumento que está sendo apresentado. O objetivo é explicar por que determinados eventos ocorreram e quais foram os fatores causais que levaram a esses acontecimentos.

John V. Denson, em A Century of War, explica por que estudamos história: “Se conseguirmos analisar a história observando os eventos passados para identificar quais ideias estavam sendo seguidas, poderemos ver como essas ideias funcionaram na prática, aprender com a experiência dos outros e evitar cometer os mesmos erros.”

Robert Higgs, em seu livro Competition and Coercion, começa destacando a importância de tornar explícita a estrutura organizacional que orienta a análise:

“Na história negra, assim como em qualquer outra, os fatos não falam por si mesmos. Eles precisam ser selecionados, classificados e interpretados, e, para isso, o pesquisador deve utilizar um modelo. É amplamente reconhecido que qualquer análise causal exige o uso de um modelo, seja de forma explícita ou implícita. Além disso, a preferência por modelos explícitos em vez de implícitos é um princípio há muito adotado por economistas e cada vez mais valorizado por historiadores.”

Tornar o modelo de um autor explícito é fundamental para a honestidade intelectual. A liberdade acadêmica implica a análise da história a partir da perspectiva teórica que o escritor considerar mais valiosa. Como explica Denson: “É quase impossível escrever história sem que o julgamento ou viés do escritor se manifeste na forma de uma interpretação. Portanto, a história está sempre em evolução e sempre sujeita à revisão com base em evidências melhores e mais confiáveis.” Os problemas começam a surgir quando a posição teórica do autor é ocultada ou - como ocorre na maioria das vezes - quando o autor simplesmente permanece em silêncio quanto à sua posição ideológica. Ao manter sua estrutura teórica oculta ou não declarada, o escritor consegue promover a "história pela teoria" ao leitor desavisado - ou seja, a teoria apresentada sob a aparência de fatos históricos objetivos.

A história pela teoria envolve apresentar teorias como se fossem meros fatos históricos. Uma compilação de fatos puros pode, sem dúvida, desempenhar um papel importante, mesmo sem interpretação. Esse é o método adotado, por exemplo, ao compilar documentos históricos sem comentários. De maneira similar, Paul C. Graham reuniu narrativas de escravos com suas próprias palavras em seu livro When the Yankees Come, que apresenta as opiniões dos escravizados sem submetê-las a qualquer estrutura teórica específica. As pessoas que viveram a "marcha ao mar" do General Sherman podem se expressar, com suas próprias palavras, sem que o autor tente interpretar seu significado. Seu objetivo explicitamente declarado é evitar a história pela teoria, buscando “ver o que as pessoas que estavam lá têm a dizer sobre isso.” O fato histórico apresentado, nesse contexto, é o simples fato de que as pessoas da época tinham as opiniões declaradas.

Diferente da apresentação de fatos históricos puros, a maioria dos livros de história inclui mais do que apenas os fatos. O escritor também oferece suas opiniões e desenvolve seu próprio argumento ou análise, fazendo julgamentos de valor sobre a importância e as implicações dos fatos discutidos. Se o escritor for honesto, será razoavelmente claro o que são os fatos e o que é apenas uma declaração de opinião, análise ou avaliação. No entanto, distinguir entre uma opinião ou julgamento de valor e um "fato" nem sempre é fácil, como mostram os debates legais sobre esse ponto:

“Na tentativa de solucionar problemas em diversas áreas, os advogados sempre fazem uso de uma distinção entre declarações de “fato”, por um lado, e aquelas de “opinião”, por outro. Essa distinção é tão versátil que tem sido usada para resolver problemas levantados em áreas tão diversas do direito como provas e difamação.”

Por exemplo, afirmar que “rosas são belas” é uma opinião, mesmo que esteja formulada da mesma maneira que seria usada para afirmar um fato puro. Alguém que concorde com essa opinião pode expressar o mesmo sentimento dizendo “todos concordam que as rosas são belas”, ou “é verdade que as rosas são belas”, ou até mesmo “é definitivamente um fato que as rosas são belas”. Independentemente de como a afirmação seja formulada, o fato de as rosas serem belas ou não continua sendo apenas uma opinião, embora o fato de que muitas (talvez a maioria das) pessoas concordem com essa opinião possa ser declarado como tal: é um fato que muitas pessoas consideram as rosas belas, embora uma pesquisa no Google com “eu odeio rosas” revele que as pessoas, na verdade, não concordam todas com isso. A beleza está nos olhos de quem vê.

A dificuldade em distinguir entre opinião e fato tem implicações importantes, não apenas para a compreensão da história e da política, mas também para entender as reportagens contemporâneas. Em 2018, o Pew Research Center realizou uma pesquisa sobre a capacidade das pessoas de distinguir entre fato e opinião:

“E assim, estudamos um passo básico nesse processo: diferenciar declarações factuais - aquelas que podem ser comprovadas ou refutadas com evidências objetivas - de declarações de opinião, que são expressões de crenças ou valores.”

O estudo também incluiu declarações que são uma mistura de fato e opinião:

“As declarações ambíguas estão em um espaço nebuloso entre as declarações factuais e as de opinião. As declarações ambíguas que incluímos no estudo possuem elementos tanto factuais quanto de opinião: são factuais no sentido de que são, pelo menos em parte, baseadas em evidências objetivas, mas também podem ser expressões de valores ou crenças, ou utilizar uma linguagem vaga que torna difícil prová-las ou refutá-las de forma definitiva.”

 

A história da era da reconstrução: fatos históricos ou teoria marxista?

O principal desafio ao ler a história hoje é distinguir entre teoria - geralmente, hoje, alguma forma de teoria neomarxista - e fato histórico. A afirmação “o negro foi a figura central e a mais eficaz na Reconstrução,” encontrada na Introdução dos Editores do livro Reconstruction, de Eric Foner, não é uma afirmação de fato, mas uma teoria ou um argumento. Como os próprios editores afirmam, trata-se de uma tese. Como observa David Gordon, ao ler relatos históricos, a distinção entre teoria e fato “é uma questão difícil que gerou muita discussão na literatura filosófica.” Gordon sugere a seguinte distinção:

“Um fato é algo que é ‘de nível fundamental’. Alguém que afirma que havia muitos negros no Sul durante a Reconstrução, por exemplo, não está fazendo uma afirmação baseada em outras afirmações. Se, em contraste, perguntassem a Foner: ‘Qual é a sua base para afirmar que o negro foi a figura central na Reconstrução?’, ele citaria elementos para sustentar sua afirmação.”

Portanto, uma afirmação que declare quem foi “a figura central” ou “a mais eficaz” na Reconstrução não pode ser provada ou refutada objetivamente, pois envolve julgamentos de valor sobre os fatores que diferentes pessoas consideram mais importantes em relação à guerra. A evidência objetiva prova ou refuta os eventos específicos que ocorreram, mas não prova ou refuta qual desses eventos foi “o mais eficaz.” Isso depende de julgamentos de valor. A discordância sobre quem foi “a figura central” na Reconstrução reflete nossa avaliação subjetiva do que consideramos os resultados mais importantes da guerra.

Thomas Fleming, em seu livro A Disease in the Public Mind, está, portanto, justificado ao destacar algumas das narrativas e “distorções da realidade” que influenciaram os principais personagens dessa guerra a tomar as decisões que tomaram - ele oferece uma “história movida pelos personagens” que traz importantes esclarecimentos sobre a época. Alguém também poderia - de acordo com os fatos históricos - apresentar um argumento alternativo de que os puritanos da Nova Inglaterra foram “as figuras centrais e as mais eficazes na Reconstrução.” Haveria muita evidência para apoiar essa teoria também, e se alguém escolhesse qualquer outro aspecto que fosse central para a guerra, uma quantidade considerável de evidências poderia ser reunida em apoio a isso. Assim, alguns historiadores argumentaram que a principal questão da guerra era a construção do império e a centralização do poder federal, enquanto outros defenderam que a principal questão era a disputa econômica e financeira entre o Norte e o Sul.

A teoria de Foner como história é desenvolvida dentro de uma preferência subjetiva pela revolução. Ele descreve a “mudança na consciência” que surgiu de “nosso entendimento sobre as relações raciais, a política e a mudança econômica durante a Reconstrução.” Julgamentos de valor implícitos influenciam sua linguagem. Por exemplo, ele explica que o Sul afirmou ter “genuinamente aceitado a realidade da derrota militar” - a palavra “genuinamente,” como usada aqui, é muito reveladora, pois neste contexto implica que há motivos para duvidar se o Sul realmente “aceitou” a derrota.

A derrota militar é um fato histórico, mas o debate sobre se essa derrota foi "genuinamente aceita" é um julgamento de valor. Como observa William Dunning em seu livro Reconstruction, political and economic, 1865-1877, um dos argumentos políticos dos vitoriosos republicanos radicais após a guerra era de que o Sul não havia “genuinamente aceitado” a derrota e que, por isso, estavam tentando reintroduzir a escravidão, por meio de outras formas, ao se recusar a permitir que negros votassem em uma época em que os brancos do Sul estavam privados de seus direitos eleitorais. Como Dunning explica, essa foi uma das questões mais politicamente contestadas da época.

Portanto, embora as teorias de Foner sobre a Era da Reconstrução possam ser consideradas persuasivas por aqueles que compartilham sua visão sobre essa “mudança na consciência” na América, isso não transforma nenhuma de suas teorias em afirmações de fato histórico. A mudança na consciência à qual ele se refere, uma que transforma as relações raciais, não é um fato histórico, mas uma interpretação controversa da história. Por isso, David Gordon observou que:

“O que Foner está fazendo é disfarçar um julgamento controverso como uma afirmação não controversa. O que ele quer dizer não é simplesmente: ‘A posição dos negros na sociedade do Sul foi uma questão importante durante a Reconstrução.’ Isso é relativamente óbvio. O que ele realmente quer dizer é: ‘O objetivo da Reconstrução era ajudar os negros do Sul.’ Mas a evidência, na verdade, mostra que o objetivo da Reconstrução era degradar os brancos do Sul.”

 Wanjiru Njoya

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Dresden e Auschwitz

 

“Quando eu era criança, nós chamávamos certas bombinhas verdes do Réveillon de peidinhos de judeus. Ninguém ligava. Quando a escola era barulhenta, o professor alertava: Aqui está parecendo uma escola judaica! Nós nada sabíamos sobre Auschwitz, mas ao contrário, muito sobre Dresden.”

Spät kommt Ihr – Doch Ihr kommt! [Schiller]

Quando eu era criança, nós chamávamos nos anos (19)50 certas bombinhas verdes do Réveillon de “peidinhos de judeus”. Ninguém ligava. Quando a escola era barulhenta, o professor alertava: “Aqui está parecendo uma escola judaica!”. Nós nada sabíamos sobre Auschwitz, mas ao contrário, muito sobre Dresden: “pelo menos 200.000 alemães” teriam sido queimados em consequência do “bárbaro ataque terrorista anglo-americano”, na noite de 13 para 14 de fevereiro de 1945, segundo relatava minha mãe. Entrementes, os historiadores esclarecem que na horrível noite dos bombardeios e nos ataques diuturnos subsequentes, pelo menos 18.000 e no máximo 25.000 pessoas morreram.

É claro que Götz Aly, como historiador palaciano, endossa a versão da propaganda de guerra aliada, minimizando o verdadeiro Holocausto cometido pelos aliados. A cifra de 25 mil vítimas refere-se apenas àquelas que puderam ser identificadas! Para saber mais sobre o genocídio de Dresden, leia o artigo Dresden – Um Holocausto real – NR.


Vítimas alemãs da insanidade dos “mocinhos ocidentais”

Na manhã de 13 de fevereiro foi dada a ordem de deportação para os últimos 70 judeus de Dresden. Desde que eles tenham sobrevivido à noite seguinte, a tempestade de fogo trouxe-lhes “a salvação, pois pude escapar da Gestapo dentro daquele caos generalizado”. Assim descreveu um dos que se salvaram, Victor Klemperer. Adolf Eichmann lamentou isso. Ele viu o Natal de 44, em Berlim, e escreveu em suas memórias, em 1961: “Voos rasantes trucidam alemães”, por causa dos “bombardeios anglo-americanos, em Berlim cheira-se carne queimada e cadáveres em decomposição”. A consequência foi “não pensar mais em um trabalho público ordenado”. O muito obrigado por tudo isso vai ao brigadeiro britânico Sir Arthur Harris. Ele ordenou a guerra aérea contra a Alemanha. Uma rosa sobre seu túmulo.

Sempre procuramos sensatez e equilíbrio em nossos comentários, mas nesse caso não podemos nos conter: que ordinário e safado filho da p… – NR.

Em Dresden atuavam ainda os homens de Eichmann e Himmler. Nos dias após o 13 de fevereiro, tropas de resgate recolheram 6.850 cadáveres no mercado velho, Altmarkt, no centro da cidade. Foram construídas grelhas com trilhos de trem, pedaços de madeira foram colocados em baixo, embebidos com gasolina, acesos e tudo reduzido a cinzas. Tal incineração pública de mortos não aconteceu nem em Hamburgo, Kassel, Magdeburgo ou outra cidade acometida seriamente pela guerra aérea.

Sobreviventes fizeram as fogueiras de Dresden – entre eles os meninos da Juventude Hitlerista – orientados tecnicamente pelos membros do batalhão Streibel da SS. Nos anos anteriores, os homens desta unidade ajudaram a organizar o assassinato dos judeus europeus e queimaram as vítimas sempre a céu aberto, quando os crematórios estavam com defeito ou sobrecarregados. Finalmente, eles abriram centenas de covas coletivas e queimaram os cadáveres dos prisioneiros dos comandos, para apagar os rastros dos crimes alemães diante da derrota. Com o avanço do Exército Vermelho, os homens do batalhão Streibel foram caçados até a Alemanha. Nos escombros de Dresden, eles redescobriram o cheiro de Auschwitz.

Vejamos, eles assassinaram milhares e milhares de pessoas, enterraram-nas em covas coletivas e depois, durante o caos da retirada do exército, diante do total colapso das frentes orientais, um pequeno batalhão conseguiu a proeza de voltar ao local de todas as covas coletivas, desterrar os cadáveres e ainda queimá-los. Quem acredita nesses relatos tem que fechar os olhos diante das descobertas revisionistas, além de necessitar de uma boa dose de boa-fé – NR.

Os assassinos vieram de todas as camadas da sociedade alemã. Como eles se depararam com tão pouca resistência internamente, foi necessário bloqueá-los por fora, os alemães tinham que ser libertados deles mesmo. Muitas vítimas daquela noite de bombas morreram inocentemente, muitas em perdição nacional-socialista. Após 65 anos, vale a homenagem a todos os mortos: rosas sobre as covas coletivas de Dresden e das fogueiras da cidade velha.

Perdição nacional-socialista que contava com a adesão de praticamente toda população. Uma “perdição” que precisou ser libertada por forças degeneradas e assassinas, como o próprio autor deste texto já informara outrora numa coletiva à imprensa – NR.

“Toda cidade no sudeste da Alemanha poderia contar histórias de estupros cometidos pelos soldados negros” que “não eram diferentes dos russos.” [Götz Aly]

Mas não só de desinformação vive este historiador nascido na Alemanha e de descendência turca. Ele ainda é capaz de proferir frases que coadunam com a realidade dos fatos, por exemplo, quando fala sobre a relação de Mahatma Gandhi e o Nacional-Socialismo – NR.

“Gandhi foi um dos maiores amigos da Alemanha nazista.” [Götz Aly]

Götz Aly, historiador.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Hitler sobre o Comunismo

 Se o bolchevismo se contentasse em pregar sua doutrina num único país, as outras nações poderiam ficar indiferentes; mas seu princípio supremo é o internacionalismo; sua profissão de fé é de fazer triunfar em todo o mundo este ponto de vista, isto é, convulsionar a atual ordem do mundo.



Discurso do Führer a 14 de setembro de 1936

Nürnberg

“Não posso transigir com uma concepção de mundo [o bolchevismo] que, em toda parte onde alcança o poder, trata logo de libertar, não os trabalhadores, mas a escória da humanidade, o elemento anti-social concentrado nas prisões – e soltar estas bestas selvagens no mundo impotente e aterrado que os rodeia…”

“O bolchevismo converte campos florescentes em sinistros montões de ruínas; o nacional-socialismo transforma um regime de miséria e destruição num Estado sadio, de próspera vida econômica…”

“A Rússia havia preparado uma revolução mundial em que os trabalhadores alemães serviriam de carne de canhão para o mando do imperialismo bolchevista. Nós, os nacional-socialistas, não pretendemos empregar nossos recursos militares para impor a outros povos, pela força, o que eles não queiram aceitar. O nosso exército não jurou propagar o nacional-socialismo entre as outras nações pelo ferro e pelo fogo, mas sim defender de agressões estrangeiras, com o seu próprio sangue, a ideia nacional-socialista, e por conseguinte o Reich alemão, sua segurança e sua liberdade…”

“O povo alemão, como soldado, é um dos melhores do mundo: ter-se-ia tornado uma verdadeira “Brigada da Morte” para os propósitos sanguinolentos destes disseminadores internacionais de lutas. A revolução nacional-socialista afastou o perigo, tanto do nosso próprio povo como dos demais…”

“São estas apenas algumas razões do antagonismo que nos separa do comunismo. Afirmo-o: esse antagonismo não pode ser eliminado. Na verdade há aqui dois mundos que mais e mais se distanciam um do outro e jamais poderão se unir. Quando num jornal inglês certo parlamentar se queixa de que pretendemos dividir a Europa em duas partes, então, infelizmente, somos obrigados a informar a esse Robinson Crusoé que vive em sua feliz Ilha Britânica que – embora triste – esta divisão já é um fato consumado… Quando alguém recusa ver uma coisa isso não significa que ela não exista. Anos a fio ridicularizaram-me na Alemanha como profeta; por vários anos consideraram minhas admoestações e profecias como ilusões de um mentecapto…”

“O bolchevismo atacou os fundamentos de toda a nossa ordem humana, tanto no Estado como na sociedade, as bases do nosso conceito de civilização, da nossa fé e da nossa moral; tudo isto está em jogo.

“Se o bolchevismo se contentasse em pregar sua doutrina num único país, as outras nações poderiam ficar indiferentes; mas seu princípio supremo é o internacionalismo; sua profissão de fé é de fazer triunfar em todo o mundo este ponto de vista, isto é, convulsionar a atual ordem do mundo. Se um autor de manchetes britânico se recusa a reconhecê-lo, porta-se mais ou menos como se no décimo quinto século um humanista de Viena não tivesse admitido a intenção do Islamismo de estender sua influência à Europa e tivesse objetado que isso seria rasgar o mundo em pedaços, dividi-lo em oriental e ocidental. Por infelicidade não posso furtar-me à impressão de que a maioria dos que duvidam do perigo mundial bolchevista venham eles próprios do oriente. Os políticos ingleses ainda não conhecem o bolchevismo em sua pátria; nós já o conhecemos. Uma vez que combati a ideia judaico-soviética dentro da Alemanha, uma vez que dominei e expulsei este perigo, julgo possuir melhor compreensão de sua essência do que aqueles que só lidam com ela no terreno literário…”


O Capitalismo e o Comunismo: faces da mesma moeda,
a serviço dos “burgueses apátridas”

“Consegui meus êxitos simplesmente porque, em primeiro lugar, me esforcei por ver as coisas tais quais elas são e não como desejaríamos que fossem; segundo, porque, formada a minha opinião, nunca permiti fraquezas que me convencessem do contrário ou me levassem a abandoná-la; terceiro, porque, em todas as circunstâncias, sempre cedi à necessidade, quando como tal a tinha reconhecido. Hoje que o destino me permitiu tamanhos sucessos não serei desleal a esses meus princípios fundamentais…”

“Não me é necessário fortalecer com triunfos militares a reputação do movimento nacional-socialista, nem tampouco o exército alemão. Quem, como nós, empreendeu tão ingentes tarefas econômicas e culturais e está determinado a levá-las avante, pode encontrar a mais alta glória apenas na paz… Mas o bolchevismo que, segundo soubemos faz apenas alguns meses, pretendia aparelhar seu exército de tal maneira que pudesse com violência, se necessário, abrir as portas da revolução entre outros povos – saiba esse bolchevismo que, às portas da Alemanha, encontrará o novo exército alemão… Tenho a convicção de que, como nacional-socialista, sou aos olhos dos burgueses democratas nada mais que um homem selvagem. Embora selvagem, julgo-me melhor europeu e, em qualquer hipótese, mais sensato do que eles. É com grave ansiedade que pressinto na Europa a possibilidade de um desenvolvimento como o seguinte: as democracias talvez continuem a desintegrar os Estados europeus, tornando-os internamente mais inseguros na avaliação dos perigos que os ameaçam e, acima de tudo, mutilando todo o poder de resistência decidida. A democracia é o canal por onde o bolchevismo conduz o veneno para os países desunidos, deixando-o agir tempo suficiente para que as infecções produzam o definhamento da razão e do poder de resistência. Julgo então possível a formação – para evitar algo ainda pior – de coalizões de governo, mascaradas em Frentes Populares ou coisas que o valha, cujo empenho é destruir nesses povos, e talvez o consigam, as últimas forças remanescentes quer em organização quer em projeto, capazes de oferecer resistência ao bolchevismo.”

“A brutal carnificina em massa dos combatentes nacional-socialistas, as viúvas dos oficiais nacional-socialistas queimadas após se derramar petróleo sobre elas, o morticínio de crianças e bebês de pais nacional-socialistas, conforme sucede na Espanha, devem servir de admoestação às forças de outros países que tenham pontos de vista afins com os do nacional-socialismo; o bolchevismo que intimidar essas forças de maneira que em situação idêntica não ofereça resistência. Se estes métodos alcançam êxito, se aos modernos girondinos sucedem os jacobinos, se à Frente Popular de Kerensky der lugar aos bolchevistas, então a Europa mergulhará num mar de sangue e lágrimas…”

Fonte: Revision 5

As “revoluções” comunistas por todo o Século XX, mostraram ao mundo uma face de brutalidade jamais vista. Que o digam a população exterminada no Camboja, os fuzilados em Cuba, os milhões de mortos nos Gulags soviéticos, os massacres no Leste Europeu… Ou então, os curiosos fenômenos de uma Coréia do Norte “dinástica”, o Comuno-capitalismo chinês ou o financiamento das “revoluções” comunistas – pasmem – pelo próprio banqueirismo internacional!





segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

A Alemanha é soberana?

 

Para o povo alemão

Questões que não são debatidas, não são resolvidas. Pelo menos não de forma satisfatória para todas as partes envolvidas. Atualização: Ministro alemão Schäuble confirma aquilo que todos nós sabemos: “… nós na Alemanha nunca mais fomos completamente soberanos em momento algum desde o 8 de maio de 1945!”.

Pela lei internacional, um país é soberano se tem o poder de tomar decisões internas e externas sem a interferência de outro país e sem sofrer pressões políticas de qualquer grupo interno ou externo.

A questão que coloco ao governo alemão e à Chanceler Angela Merkel é: É a República Federal Alemã hoje um estado completamente soberano segundo a sua própria lei e a lei internacional? Sim ou não?

Se a resposta é não, então explique, por favor, quais são as restrições internas ou externas impostas aos alemães. Se a resposta é sim, então explique a razão por que as questões que apresento em seguida não afetam a soberania alemã.


Os futuros chanceleres alemães se obrigam a acatar as ordens dos vencedores

1. A Alemanha não possui um Tratado de Paz com os países com os quais se esteve envolvido na Segunda Guerra Mundial. Foram 64 países, incluindo as quatro principais potências vencedoras: Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido (RU), União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e França.

2. A cláusula que considera a Alemanha e o Japão como inimigos continua em vigor na Carta das Nações Unidas e pode ser acionada em qualquer momento, se necessário, pela força militar.

3. O governo atual afirma aos cidadãos e à comunidade internacional que as suas fronteiras atuais constituem a totalidade do território alemão. A decisão do Tribunal Constitucional alemão de 1973 afirma o contrário. O Judiciário refere claramente que o Reich Alemão ainda existe de jure dentro das fronteiras de 1937. Se olharmos para uma carta geográfica de 1937 e a compararmos com a atual, vemos claramente que há territórios alemães no Leste Europeu, que são hoje parte da Polônia e da Rússia. Estes territórios, de acordo com as decisões dos tratados das potências aliadas vitoriosas sobre a Alemanha nas conferências Teerã, Yalta e Postdam apenas deveriam permanecer sob administração polaca ou russa até que um tratado de paz fosse assinado com a Alemanha. Isto não aconteceu. Como é isto possível, que o governo alemão após a Segunda Guerra Mundial tenha entregue de jure estes territórios à Rússia e à Polônia, que os administram de facto? Faz algum sentido?

4. Após a reunificação da Alemanha Ocidental com a Alemanha Oriental foi dito aos cidadãos alemães e à comunidade internacional que, conforme o Acordo dos 2 mais as 4 potências vitoriosas, que estas abdicavam dos direitos e das responsabilidades sobre as quatro zonas de ocupação no território alemão e respectivos sectores na Grande Berlim. Isto não foi feito!

As quatro potências terminaram as atividades em território alemão, porém não abdicaram dos seus direitos.

O documento oficialmente publicado do acordo dos 2+4 é muito claro a este respeito. O facto, porém, é que a maior parte dos direitos de ocupação dos aliados – EUA, RU e a França – sobre a Alemanha foram transferidos ou incorporados no assim chamado Estatuto das Tropas da NATO. Foi assim declarado forçosamente que os direitos dos Aliados da Guerra e do pós-Guerra sobre a derrotada Alemanha se mantinham e não foram abolidos.

5. Os quatro pontos anteriores culminam com o dossier Kanzlerakte da Chancelaria. O governo da Alemanha Ocidental sob o Chanceler Konrad Adenauer, perante os altos comissários de três potências das forças ocupantes, o EUA, o RU e a França, estabeleceram um tratado secreto datado de 21 de Maio de 1949, que foi assinado em 23 de Maio de 1949 pelo Chanceler Konrad Adenauer, o Presidente do Parlamento Alemão, Adolf Schönfeller e o vice-Presidente do Parlamento Alemão, Herman Schäfer. O ponto principal deste acordo secreto é o chamado Veto Aliado, que surge como consequência da cláusula que atribui o estatuto de inimigo à Alemanha e ao Japão pela Carta das Nações Unidas. Lá está dito:

a. Que a imprensa alemã será controlada pelas potências ocupantes até 2099.

b. Que as reservas de ouro da Alemanha são confiscadas como compensação.

c. Que o assim designado Veto Aliado respeitante à derrotada Alemanha inclui qualquer decisão interna ou externa do Governo Alemão, tornando-se efetivo mediante o consenso dos três altos comissários militares ocidentais.

6. O Major General Gerd Helmut Komossa, chefe do serviço de espionagem militar – Militarischer Abschirm Dienst (MAD) – desde 1977 até 1980, confirma este acordo top secret entre o governo alemão sob o Chanceler Adenauer e os aliados ocidentais no seu livro: Die Deutsche Karte – a Carta Alemã, Graz, 2007, ISBN: 978-3-902475-34-3, a páginas 21. Segundo o Major General Komossa, cada novo Chanceler Alemão fica obrigado a assinar o acordo secreto, o chamado Kanzlerakte, antes de tomar posse como Chanceler perante o Parlamento Alemão.

Permitam-me ainda os leitores recordar que as antigas zonas de ocupação pelas potências ocidentais estão hoje sob ocupação de forças militares dos EUA, RU, França, Canadá, Bélgica e Holanda. Esta persistência da ocupação da Alemanha pelos países mencionados é justificada e legalizada no quadro do Estatuto das Tropas da NATO que integra quase todos os direitos de ocupação das potências vencedoras sobre a Alemanha. As instalações militares dos aliados na Alemanha, como certamente no resto da Europa Ocidental e no Japão, são extra-territoriais, como as embaixadas estrangeiras. As leis e regulamentos locais não se aplicam dentro destas circunscrições militares.

Por favor, Senhora Chanceler da República Federal Alemã, Dr Angela Merkel, foi ou não obrigada a assinar o dossier do Chanceler – Kanzlerakte e/ou qualquer outro documento cedendo a qualquer potência estrangeira limitações sobre a liberdade do seu povo ou a soberania da República Federal da Alemanha?

A ironia é que uma única potência vitoriosa, a Rússia (ex-URSS), abandonou permanentemente a zona de ocupação na Alemanha e o sector ocupacional na Grande Berlim!

Infelizmente, a soberana República Federal Alemã não pode dar às restantes forças ocupantes ocidentais as respectivas guias de marcha. Isto iria contra os direitos dos aliados estabelecidos pelos acordos feitos entre três deles – Churchill, Roosevelt e Stalin – nas conferências de Teerã, Yalta e Postdam.

Em resumo: eu quereria estar de acordo com o ex-embaixador dos EUA na Alemanha, Kornblum, que informou enfaticamente as autoridades alemãs: “Vocês não são soberanos!” Esta declaração nunca foi repudiada ou questionada por qualquer governante alemão.

Assim, Senhora Chanceler, explique por favor! Eu pergunto: “O estado alemão soberano existe?”

NB:

1. Nem todos os documentos do Acordo dos 2+4 entre os dois antigos estados alemães e os quatro aliados foram tornados públicos, e alguns estão classificados como secretos por muitos mais anos.

2. Relativamente ao livro do Major General Gerd-Helmut Kossoma, publicado no ano passado, pergunto-me a mim próprio porque razão não terá havido um protesto ou pelo menos uma questão sobre o Kanzlerakte na imprensa alemã? Será que os alemães vivem num permanente estado de negação da sua própria história?

David Brockschmid

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Auschwitz: os fatos e a lenda

 No início de 1940 Auschwitz era apenas uma pequena cidade de 13.000 habitantes na Alta Silésia Alemã. Porém, no mês de maio desse mesmo ano começou-se a edificar, nas suas cercanias, um “campo de trânsito” para 10.000 prisioneiros poloneses.



Nos anos seguintes, com o agravamento da guerra, Auschwitz se converteu no centro de um conjunto de quase quarenta campos e subcampos e a capital de um extenso complexo agrícola e industrial (minas, petroquímica, fábricas de armas,…) onde trabalhavam inúmeros detidos -principalmente poloneses e judeus -ao lado de trabalhadores civis.

Auschwitz foi, ao mesmo tempo e sucessivamente, um campo de prisioneiros de guerra, um vasto campo de trânsito, um campo-hospital, um campo de concentração e um campo de trabalhos forçados e de trabalho livre. Não foi jamais um campo de extermínio (expressão inventada pelos Aliados). Apesar das drásticas medidas de higiene, da abundância de edifícios e barracões hospitalares, dotados muitas vezes dos últimos avanços da ciência médica alemã, o tifo -uma enfermidade endêmica entre a população judia polonesa e entre os prisioneiros de guerra russos -ocasionou, juntamente com as febres tifóides e outras, epidemias, autênticas devastações nos campos e na cidade de Auschwitz, assim como entre os próprios médicos alemães e a população civil. Donde que, durante toda a existência do campo, estas epidemias, aliadas, segundo alguns, às terríveis condições de trabalho naquelas zonas pantanosas, à fome, ao calor e ao frio, causaram a morte de provavelmente 150 mil detidos, desde 20 de maio de 1940 até 18 de janeiro de 1945.

Os Rumores sobre Auschwitz

Como tem sido normal em tempos de guerra e de propaganda bélica, a partir destes dramáticos fatos se engendraram múltiplos rumores. Até o final da guerra e sobretudo nos meios judaicos fora da Polônia, propagou-se que os alemães praticavam o assassinato sistemático de detidos em Auschwitz, seguindo ordens de Berlim. Segundo estes rumores, os nazistas haviam instalado “fábricas da morte”, especificamente para eliminar os judeus; dissecavam vivos os detentos (vivisecção); queimavam-nos vivos (em fossas, ou nos altos fornos ou nos crematórios); ou ainda, antes de os queimarem, gaseavam os judeus em matadouros químicos chamados de “câmaras de gás”. Em todos estes rumores descobrem-se determinados mitos da Primeira Guerra Mundial.

O embaraço dos libertadores soviéticos

Os soviéticos ocuparam Auschwitz em 27 de janeiro de 1945. O que encontraram era tão contrário ao difundido pela propaganda, que se pode afirmar que ficaram boquiabertos. Por sua organização e por suas instalações sanitárias -tremendamente modernas aos olhos dos soviéticos -aquele campo era exatamente o contrário de um “campo de extermínio”. Por isso, durante vários dias o jornal oficial comunista soviético, Pravda, guardou silêncio sobre o assunto e por algum tempo os russos não convidaram nenhuma comissão Aliada para constatar, in loco, a verdadeira situação em Auschwitz. Finalmente, em 1º de fevereiro, o Pravda rompeu seu silêncio. Porém unicamente para apresentar, através da boca de um prisioneiro -e somente um -as seguintes palavras:

“Os hitleristas assassinavam por meio de gás as crianças, os doentes e os homens e mulheres inaptos para o trabalho; incineravam os cadáveres em fornos especiais. No campo havia doze destes fornos.”

O Pravda ainda acrescentava que o número de mortos se contava “aos milhares” e não aos milhões. No dia seguinte, o principal repórter oficial do jornal, o judeu Boris Palevoï, assegurava que a principal forma utilizada pelos alemães para exterminar suas vítimas era… a eletricidade.

“(Utilizavam) corrente elétrica onde centenas de pessoas eram mortas simultaneamente por uma descarga; os cadáveres caíam sobre uma correia transportadora, movida por uma polia, e avançavam assim para um alto forno”.

A propaganda soviética estava desconcertada e em seus filmes somente se permitiam mostrar pessoas mortas e moribundas que os alemães, na retirada, haviam deixado no local. Mas haviam deixado também, como o demonstram os noticiosos da época, numerosas crianças vivas, assim como adultos que gozavam de plena saúde. Porém, em seguida, a propaganda judaica veio em socorro dos soviéticos.

A propaganda judaica em fins de 1945

Durante o verão de 1944, dois judeus evadidos de Auschwitz no mês de abril, se refugiaram na Eslováquia. Ali, com a ajuda de seus correligionários, começaram a preparar uma história sobre os campos de Auschwitz, Birkenau (campo anexo a Auschwitz) e Majdanek, na qual descreviam aqueles campos como “campos de extermínio”. O mais famoso destes judeus era Walter Rosenberg, mais conhecido pelo nome de Rudolf Vrba, que ainda vive no Canadá. Seu relato, altamente fantasioso, foi divulgado pelos meios judaicos da Hungria, Suíça e, finalmente, chegou aos Estados Unidos, onde tomou a forma de um relato datilografado publicado pelo War Refugee Board, em novembro de 1944, com o selo da Presidência dos Estados Unidos. O War Refugee Board era um organismo criado por Henry Morgenthau Jr. (1891 – 1967), o Secretário do Tesouro Americano, que se tornara célebre pelo “Plano Morgenthau”, o qual, se houvesse sido aplicado por Roosevelt e Truman, teria culminado com o aniquilamento físico de mihões de alemães depois da guerra.

Este informe serviu de matriz para a “verdade” oficial a respeito de Auschwitz. Nele os soviéticos se inspiraram para redigir o documento URSS-008 de 6 de maio de 1945. Tanto este como o outro informe russo sobre o massacre de Katyn foram considerados documentos “de valor autêntico” e, portanto, indiscutíveis ao Processo de Nuremberg. Segundo o citado informe russo, os alemães haviam assassinado em Auschwitz mais de 4.000.000 de pessoas, a maioria das quais teriam sido gaseadas com um inseticida chamado Zyklon-B. Esta “verdade” oficial caiu por terra em 1990, com a retirada das placas do monumento em Auschwitz que ostentam aquele número de “gaseados”.

A confissão de Rudolf Höss

Em 15 de abril de 1945, um dos três comandantes que dirigiam Auschwitz, Rudolf Höss (não confundir com Rudolf Hess), “confessou” sob juramento ante seus juízes e ante os jornalistas de todo o mundo, que à época em que dirigia o campo, ou seja, de 20 de maio de 1940 a 1º de dezembro de 1943, no mínimo 2.500.000 detidos em Auschwitz haviam sido executados com gás e que, pelo menos, outros 500.000 teriam sucumbido por fome e enfermidades, o que elevava a cifra para 3.000.000 de mortos somente neste período. Em nenhum momento Höss foi interrogado pela acusação, ou pela defesa, quanto á “materialidade” dos fatos extraordinários que revelava. Posteriormente foi entregue aos poloneses. Sob a vigilância de seus carcereiros comunistas, redigiu, a lápis, uma confissão final. Feito isso, foi enforcado em Auschwitz em 16 de abril de 1947. Curiosamente, tivemos que esperar até1958 para ter acesso -parcial -à essa confissão, conhecida pelo grande público com o título de Commandant á Auschwitz.

Impossibilidades físico-químicas

A descrição, extremamente vaga e rápida, da operação de gaseamento dos detentos, tal como relata Höss em sua confissão escrita, era materialmente impossível de realizar por razões físicas e químicas: não se pode confundir um processo de gaseamento, com o objetivo de matar, com um gaseamento suicida ou acidental. O objetivo de uma execução por gaseamento (como existe até hoje -e unicamente -nos Estados Unidos) é matar sem ser morto!

O Zyklon-B é um inseticida à base de ácido cianídrico, utilizado desde 1922 até os dias atuais. É um gás altamente perigoso. Ele tem por característica aderir às superfícies. É muito difícil de eliminar dos ambientes e é explosivo. Os americanos usam o gás cianídrico para execuções em, certos estados, para seus condenados á morte. Uma câmara de gás para execuções é uma obra necessariamente muito sofisticada e o procedimento é demorado e perigoso. Pois bem, em sua confissão, Höss afirmava que a equipe encarregada da retirada dos 2.000 corpos de gaseados das câmaras de gás entravam nas mesmas a partir do momento em que era posto em funcionamento um ventilador, iniciando esta hercúlea tarefa ao mesmo tempo em que comiam e fumavam, ou seja, sem máscaras contra gases. Impossível. Ninguém poderia ter entrado assim, num oceano de gás cianídrico para manipular milhares de cadáveres cheios de cianureto, os quais não poderiam ser tocados pois estariam impregnados de violento veneno, que mata por contato. Inclusive com máscaras de gás, dotadas de filtros especiais para o gás cianídrico, a tarefa seria impossível, pois este tipo de filtro não resiste a uma respiração acelerada devida a um esforço físico, mesmo de baixa intensidade.

A resposta de 34 historiadores

No jornal Le Monde de 29 de dezembro de 1978 e de 16 de janeiro de 1979, expus brevemente as razões porque, conhecendo os lugares e o pretenso procedimento seguido, estimava que os gaseamentos de Auschwitz eram tecnicamente impossíveis. Em 21 de fevereiro de 1979, sempre no Le Monde, apareceu uma declaração de 34 historiadores, que concluía assim: “Não temos que perguntar como foi tecnicamente possível a matança em massa. Foi tecnicamente possível porque foi levada a cabo”. A meu juízo, os exterminacionistas, como eu os chamo, assinaram sua capitulação final. Pela perspectiva científica e histórica, o mito das câmaras de gás nazistas acabava de receber um golpe mortal. A partir desta data, nenhuma obra exterminacionista acrescentou outras luzes sobre este ponto e, ainda menos, a obra de Jean Claude Pressac, fraudulentamente intitulada “Auschwitz: Technique and Operation of the Gas Chambers” (Auschwitz: Técnica e Operação das Câmaras de Gás). Logo, acabou o tempo em que os historiadores se atreviam a nos dizer que eram autêntica as câmaras de gás apresentadas aos turistas como “em estado original”, e “em estado de reconstrução” ou “em ruínas” (as ruínas também podem falar). As pretensas câmaras de gás de Auschwitz não eram mais do que câmaras frias para a conservação dos cadáveres que esperavam a cremação, tal como o provam os planos que descobri em 1976.

Mostrem-me ou desenhem…

Em março de 1992 lancei em Estocolmo um desafio internacional: “mostrem-me ou desenhem-me uma câmara de gás nazista!” Informei que não me interessava nem num edifício, onde supostamente, teria existido uma câmara de gás, nem num pedaço de muro, nem numa porta, nem em cabelos, nem em sapatos. O que pedia era uma representação completa da arma do crime, de sua técnica e de seu funcionamento. Completei que, se a essas alturas se pretendia dizer que os alemães haviam destruído esta arma, ao menos que a desenhassem para mim. Ou seja, me negava a acreditar numa “realidade material” desprovida de representação material.

O Holocaust Memorial Museum

Em 30 de agosto de 1994 visitei o Holocaust Memorial Museum de Washington. Não encontrei ali representação física alguma da mágica câmara de gás. Então, perante quatro testemunhas, pedi, em seu escritório, que o Reserch Director do museu, Michael Berenbaum, me explicasse aquela anomalia. Após violenta explosão de ira, terminou por me responder que “se havia tomado a decisão de não proporcionar nenhuma representação física das câmaras de gás nazistas”! Nem sequer tentou procurar invocar a existência em seu museu de uma maquete artística do crematório II de Birkenau. Sabia que esta maquete, que de fato não se reproduzia em seu livro-guia do museu não era mais do que uma mera criação artística sem nenhuma relação com a realidade.

O desmoronamento exterminacionista

Tive a oportunidade de recordar a M. Berenbaum alguns acontecimentos desastrosos para a causa exterminacionista.

Em 1968, em sua tese de doutorado, a historiadora judia Olga Wormser-Migot reconheceu que havia um “problema com as câmaras de gás”, afirmando que em Auschwitz I “não havia Câmara de gás” (Essa “câmara de gás” visitada por milhões de turistas!)

Em 1983, um britânico -ainda que defensor da lenda exterminacionista -revelou como Rudolf Höss, antes de testemunhar ante o Tribunal de Nuremberg, havia sido torturado por membros judeus da segurança militar britânica, terminando por confessar sua culpa após receber pontapés, bofetadas, chicotaços, exposição ao frio e privação do sono.

Em 1985, durante o primeiro processo contra Ernest Zündel no Canadá, a testemunha número um, Rudolf Vrba, e o historiador número um da tese exterminacionista, Raul Hilberg, encontraram-se sob o contra-interrogatório conduzido pelo advogado Douglas Christie, a quem eu assessorava.

Em 1988, o historiador judeu-americano, Arno Mayer, que assegurava acreditar no genocídio e nas câmaras, escrevia: “As fontes para o estudo das câmaras de gás são, às vezes, escassas e pouco confiáveis… Além do que, desde 1942, em Auschwitz, seguramente morreram mais judeus, do que provavelmente em qualquer outra parte, pelas chamadas “causas naturais” do que pelas “não naturais”.

Em 1992, o professor Yehuda Bauer, da Universidade Hebraica de Jerusalém, qualificava de “silly” (estúpida) a tese segundo a qual a decisão de exterminar os judeus havia sido tomada em 30 de janeiro de 1942 em Berlim-Wannsee.

Em 1993, Jean Claude Pressac, que em 1989 havia calculado o número dos mortos em Auschwitz entre 1.500.000 e 2.000.000, rebaixou o mesmo para 775.000 e, em 1994, chegou à cifra de 630.000 à 710.000.

Neste mesmo ano, o professor Cristopher Browing, colaborador da Encyclopaedia of the Holocaust, declarava: “Höss foi sempre uma testemunha muito fraca e confusa” e teve a correção de acrescentar: “por essa razão os revisionistas sempre o citam, no sentido de desacreditar a memória de Auschwitz, como um todo”.

Até inícios de 1990, qualquer pessoa podia constatar em Auschwitz que, nas 19 placas de metal do monumento de Birkenau, estava escrito, em 19 línguas diferentes, que 4.000.000 de pessoas haviam sido mortas naquele campo: pois bem, aquelas placas foram retiradas em abril de 1990 pelas autoridades do museu de Auschwitz, as quais, até hoje, continuam a não saber quais as novas cifras que serão colocadas no lugar das anteriores, perante as quais se inclinaram todos os poderosos deste mundo, incluindo o Papa João Paulo II.

Em apoio às suas teses, os revisionistas dispõe de três peritagens diferentes (Fred Leuchter, G. Rudolf, W. Lüftl) e inclusive, do início de uma perícia polonesa, enquanto os exterminacionistas não se atrevem a iniciar a perícia da arma do crime.

Todos os sobreviventes judeus de Auschwitz e -especialmente -as “crianças de Auschwitz”, ou seja, os que nasceram no campo ou passaram lá parte de sua infância, são provas vivas de que Auschwitz nunca foi um campo de extermínio.

Não só existiu nenhuma ordem, nem um plano, nem traços de instruções ou orçamento para esta vasta operação de extermínio sistemático dos judeus; não só não existe nenhum informe de autópsia que estabeleça a morte de algum detento por gás venenoso, nem uma perícia da tal arma do crime, assim como, inclusive, não existe uma só “testemunha” das câmaras de gás”, apesar do esforço dos autores de best-sellers que trabalham para que acreditemos nisso. Na obra “La Nuit” (A Noite), testemunho autobiográfico publicado em 1958, Elie Wiesel não menciona uma vez as câmaras de gás de Auschwitz; afirma que os judeus eram exterminados em grandes fornos! Em janeiro de 1945 os alemães deram -a ele e a seu pai -a escolha entre ficar e acolher os soviéticos no campo ou escapar em direção á Alemanha. Após profunda reflexão, pai e filho decidiram fugir com seus “exterminadores” alemães, ao invés de esperarem seus libertadores soviéticos. Isto se encontra, com todas as letras, em La Nuit, basta ler esta obra com atenção.

A mentira de Auschwitz

Em 1980 eu declarei: “Atenção! Nenhuma das 60 palavras da frase que vou pronunciar me foi ditada por uma opinião política. O pretenso genocídio dos judeus e as pretensas câmaras de gás hitlerianas formam uma única e mesma mentira histórica, que tem permitido uma gigantesca chantagem político-financeira, cujos principais beneficiários são o estado de Israel e o sionismo e cujas principais vítimas são o povo alemão -mas não seus dirigentes -e a totalidade do povo palestino”.

Hoje, não vejo uma única palavra que deva retirar daquela declaração, apesar das agressões físicas, apesar dos processos, apesar das multas que tenho sofrido desde 1978 e apesar das prisões, do exílio ou das perseguições de tantos revisionistas. O Revisionismo histórico é a grande aventura intelectual deste final de século. Só sinto uma coisa: não ter o espaço suficiente -dado às limitações deste artigo -para render homenagem à centena de autores revisionistas que, a partir do francês Paul Rassinier, passando pelo americano Arthur Butz, o alemão Wilhelm Stäglich, o italiano Carlo Mattogno e o espanhol Enrique Aynat, acumularam tantas investigações extraordinariamente meritórias a respeito da realidade histórica da Segunda Guerra Mundial.

Última palavra: os revisionistas não são negacionistas nem estão animados por sombrias intenções. Procuram dizer o que se passou, e não, o que não se passou. São positivos. O que anunciam é uma boa nova. Continuam propondo um debate público, a luz do dia, com taquígrafos, ainda que, até agora, se lhes têm respondido com o insulto, com a violência, a força injusta da lei ou, também, com vagas considerações políticas, morais ou filosóficas. A lenda de Auschwitz deve dar lugar, entre os historiadores, à verdade dos fatos.

Robert Faurisson

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

A surpreendente organização das sociedades piratas

 



O livro de Peter Leeson, The Invisible Hook: The Hidden Economics of Pirates, explora mais uma fascinante história de como a governança é possível em meio à anarquia. Leeson distingue entre a “mão invisível” (a “ordem oculta” presente na anarquia metafórica do mercado) e o “gancho invisível” (a “ordem oculta” na anarquia literal das sociedades de piratas). O principal argumento é que o próprio interesse individual dos piratas do início do século XVIII os levou a descobrir maneiras criativas de alcançar a cooperação, apesar de sua incapacidade de contar com instituições governamentais formais para resolver seus conflitos ou fornecer regras ou proteção (uma vez que os piratas eram, quase por definição, fora da lei). Curiosamente, descobrimos que as instituições informais de governança das sociedades de piratas, em muitos aspectos, poderiam ser consideradas progressistas.

Não há dúvidas de que os piratas eram pessoas más. De fato, eles roubavam para sobreviver, às vezes recorriam a assassinato, tortura, posse de escravos e aliciamento de pessoas – voluntárias ou não – em uma prática análoga ao que é a conscrição para o serviço militar. Mas, como Leeson aponta, “[através da] necessidade do interesse próprio, delinquentes desordeiros, desagradáveis e violentos conseguiram manter sociedades surpreendentemente ordenadas, cooperativas e pacíficas a bordo de seus navios”.

 

Sistema de governança

Os piratas viviam de acordo com um rígido código de regras chamado “artigos de acordo” (ou “código de piratas”), que governava seu comportamento e servia como uma constituição para suas sociedades flutuantes. Esse “código de piratas” serviria ao bem público para resolver o problema de falta de colaboração no trabalho que os piratas enfrentavam, já que estaria no melhor interesse de cada indivíduo trabalhar menos que o necessário, mesmo que fingindo esforço.

Os piratas também fizeram provisões previdenciárias em suas constituições. Pagamentos de diversos valores eram feitos aos piratas em decorrência de ferimentos ou membros perdidos em batalha.

A governança dessas sociedades flutuantes de bandidos do mar também tinha uma regra estrita – com os capitães sendo “legalmente” iguais aos membros da tripulação. As tripulações mantinham o “direito irrestrito de destituir qualquer capitão por qualquer razão”. Como uma forma de controle contra a predação dos capitães, estes só adquiriam poder durante batalhas; em tempos de paz, o contramestre era encarregado de resolver disputas, aplicar a disciplina e coisas do tipo.

Leeson contrasta esse relativo igualitarismo com os navios mercantes, nos quais a predação dos capitães era um problema maior devido a uma estrutura de incentivos bem diferente.

As escalas salariais nas sociedades piratas também eram relativamente achatadas. Capitães e contramestres, por exemplo, poderiam ganhar uma vez e meia ou duas vezes mais por cada parte que um membro comum da tripulação recebia, enquanto nos navios mercantes, o salário de um capitão e de um contramestre era de quatro a cinco vezes o de suas tripulações.

O sistema de governança pirata era o que hoje chamamos de democracia constitucional, “[antecipando] a democracia constitucional na França, Espanha, Estados Unidos e, possivelmente, até mesmo na Inglaterra.”

Seria compreensível concluir erroneamente que um famoso capitão pirata de antigamente, como Barba Negra, tenha projetado um sistema assim. Mas essa suposição estaria errada. Como Leeson afirma:

“...na medida em que [o ‘código pirata’] existia como um corpo de regras para toda a profissão, [ele] surgiu de interações piratas e compartilhamento de informações, não de um rei pirata que projetou e impôs um código comum a todos os bandidos do mar atuais e futuros.”

 

Tolerância relativa

Outro fator de visão avançada da vida pirata foi o tratamento relativo que os negros recebiam nos navios piratas, em comparação com os navios mercantes e navais da época. Os negros muitas vezes recebiam direitos iguais aos dos membros brancos da tripulação e eram mais numerosos do que seus equivalentes nos navios mercantes e navais. (Entre os navios mercantes, os negros eram predominantemente escravos).

Para entender o contexto histórico, vale lembrar que a análise de Leeson sobre a era de ouro da pirataria se concentra nas três primeiras décadas do século XVIII. Para fins de perspectiva, a escravidão permaneceu legal na Inglaterra até 1772 e nas colônias britânicas até 1833.

Alguns piratas de fato possuíam escravos negros. Portanto, esses “bandidos do mar” estavam longe de ser seres humanos particularmente iluminados. Muito pelo contrário. Eles também tinham seus preconceitos. Mas, na medida em que demonstraram um pouco de tolerância, o fizeram porque “se importavam mais com ouro e prata do que com preto e branco”.

Para reforçar o ponto de que a tolerância dos piratas estava mais ligada a considerações de custo-benefício do que à bondade de seus corações, considere que 1719 marcou o ano em que a guerra do Governo Britânico contra a pirataria começou com força total. A probabilidade de um pirata ser julgado e condenado aumentou significativamente a partir de então. Assim, sabendo que um escravo poderia testemunhar contra os piratas em um tribunal – argumenta Leeson –, os piratas tornaram-se mais inclinados a convidar os negros a se juntarem a eles como piratas livres após 1719. Aqueles que recebiam esse convite “tinham direito de voto igual na democracia pirata e provavelmente fariam jus a uma fração igual do saque.”

Em relação a outra área de tolerância social, Leeson cita o historiador B.R. Burg, que argumenta que os piratas eram “uma comunidade de homossexuais”. Claro, havia piratas casados (com mulheres) e aqueles que procuravam prostitutas. De fato, as mulheres geralmente não eram permitidas a bordo dos navios piratas para evitar distrações sexuais que pudessem interferir no sucesso da pirataria.

Embora Leeson escreva que acha que Burg pode estar exagerando a extensão da homossexualidade entre as tripulações piratas, é razoável concluir que “a homossexualidade não estava confinada aos que viviam em terra firme”, e especialmente se as tripulações piratas tivessem, de fato, uma representação relativamente alta nessa área, poderíamos encontrar mais tolerância social também.

“No entanto, ideias esclarecidas sobre igualdade ou os direitos universais do homem não produziram a tolerância pirata. Em vez disso, considerações simples de custo-benefício impulsionadas pela estrutura de compensação do emprego criminoso dos piratas foram responsáveis por essa tolerância.”

 

Redução de danos

Leeson argumenta que os piratas usavam suas bandeiras (incluindo a notória Jolly Roger) para sinalizar sua disposição de matar e torturar tripulações de navios-alvo que resistissem com armas ou que escondessem tesouros ou os jogassem ao mar para evitar que fossem saqueados pelos piratas. Essas bandeiras eram altamente eficazes, já que as tripulações dos navios-alvo muitas vezes não ofereciam resistência e permitiam que o saque ocorresse com facilidade. A Jolly Roger e suas variantes serviam como uma ameaça credível devido à reputação que os piratas haviam construído por, de fato, cometerem formas sádicas de tortura às tripulações e capitães que oferecessem resistência, escondessem tesouros ou os jogassem ao mar.

No entanto, o principal objetivo dos piratas era lucrar através do roubo – não “explodir suas presas em pedaços... [ou brutalizar] seus cativos”. Ironia do destino, “os motivos ignóbeis dos piratas – ganância egoísta – suavizaram os danos sofridos pelas vítimas dos piratas.”

 

Evasão da conscrição

Pode-se imaginar que um grupo de homens que roubava para viver não tivesse escrúpulos em recrutar à força seus membros. Mas, como Leeson observa, a conscrição era a exceção, não a regra.

A pirataria era “consideravelmente mais fácil, menos abusiva e oferecia possibilidades de ganho de renda substancialmente maiores” do que a vida na Marinha Real. Como tal, os piratas tinham pouca dificuldade em recrutar novos membros, e as tripulações de navios alvos frequentemente se voluntariavam para se juntar a seus captores piratas.

Leeson observa que, como os recrutas forçados não recebiam parte do saque e os homens livres sim, pode-se pensar que os piratas, como prática padrão, dariam preferência à conscrição do que ao recrutamento de novos membros. Mas, como se constatou, a conscrição era problemática para a autogovernança dos piratas.

Todos os piratas, fossem eles conscritos ou não, tinham que jurar seguir seus artigos de acordo. O acordo unânime e voluntário dos artigos era o motor que permitia a cooperação entre ladrões. Como tal, piratas conscritos eram mais custosos de aceitar como membros. Na verdade, “a conscrição poderia minar o próprio propósito dos artigos.”

Curiosamente, Leeson nota, quando o governo britânico capturava piratas em flagrante e os julgava em tribunal, se o (suposto) pirata conseguisse convencer o tribunal de que sua participação era involuntária, ele tinha uma chance de ser libertado. Assim, muitos “piratas conscritos” estavam, como o Capitão Johnson colocou, “dispostos a serem coagidos.”

Como vemos mais uma vez, os incentivos importam.

 

Considerações finais

Em conclusão, mesmo em uma sociedade “sem lei” e movida pelo lucro de piratas, descobrimos uma forma peculiar de autogovernança, surgindo espontaneamente. Leeson argumenta que apenas com a economia podemos entender uma sociedade assim, com muitas aparentes contradições.

Sem a economia, escreve Leeson, os piratas são “pacifistas sádicos; homossexuais mulherengos; socialistas sedentos por tesouros; e loucos que enganavam as autoridades. Eles são foras-da-lei furtivos que anunciaram sua presença com bandeiras de caveiras e ossos. São libertários que conscreveram quase todos os seus membros, democratas com capitães ditatoriais e anarquistas sem lei que viviam por um código estrito de regras. São terroristas torturadores que comandam a adoração de homens honestos.”


Emile Phaneuf III