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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Marcus Garvey - Ativista político jamaicano, pan-africanista

 Marcus Mosiah Garvey (Saint Ann's BayJamaica17 de agosto de 1887 – Londres10 de junho de 1940) foi um ativista político, editor, jornalista, empresário e comunicador jamaicano. É também cultuado como um profeta pelos devotos da religião afrojamaicana Rastafári, na qual é considerado como “O Moisés Negro”, responsável pela convocação dos afrodescendentes pelo mundo para o retorno à África e para a afirmação de uma identidade africana anticolonial. Foi fundador e primeiro presidente da Associação Universal para o Progresso Negro e Liga das Comunidades Africanas (UNIA, no acrônimo em inglês), movimento que ficou popularmente conhecimento "De Volta para a África". Através da UNIA, Garvey foi eleito "presidente provisório da África". Ideologicamente vinculado ao nacionalismo negro e ao pan-africanismo, suas ideias dariam origem ao chamado "garveyismo", consciência política que se tornou uma das principais características da fé Rastafári.


Nascido em uma família afrojamaicana relativamente próspera, Garvey trabalhou como aprendiz em uma gráfica durante sua adolescência. Envolveu-se com o movimento sindical enquanto trabalhava em Kingston e, posteriormente, viveu por um curto período na Costa Rica, no Panamá e na Inglaterra. Retornou à Jamaica e fundou a UNIA em 1914. Em 1916, mudou-se para os Estados Unidos e estabeleceu uma filial da UNIA no bairro do Harlem, em Nova Iorque. Enfatizando a união entre os negros e o tema da diáspora africana, defendeu o fim do colonialismo europeu na África e a unificação política do continente. Garvey idealizou uma África unificada e governada por ele mesmo, através de um regime de partido único que criaria leis para garantir a pureza racial dos negros. Embora nunca tenha visitado o continente africano, ele foi um dos principais idealizadores do movimento de "retorno para a África", incentivando fortemente os afro-americanos a emigrarem para lá. As ideias garveistas se popularizaram bastante e a UNIA agregou uma enorme quantidade de filiados. Entretanto, seu apoio ao separatismo negro — e sua colaboração com grupos racistas e supremacistas brancos, nomeadamente a Ku Klux Klan (KKK), de quem se aproximou a fim de promover interesses comuns no âmbito da segregação racial — isolaram Garvey de outros proeminentes ativistas dos direitos civis dos afro-americanos, que defendiam os ideais de integração e de igualdade racial, tais como W. E. B. Du Bois.

Acreditando que os afro-americanos precisam garantir sua independência financeira em uma sociedade dominada por brancos, Garvey fundou várias empresas nos Estados Unidos, incluindo a Negro Factories Corporation e o jornal Negro World. Em 1919, ele se tornou presidente da Black Star Line, uma companhia de navegação que intencionava estabelecer uma rota de passageiros entre a América do Norte e a África, visando facilitar a emigração de afro-americanos para a Libéria. Em 1929, Garvey foi condenado pelo crime de fraude postal, após uma operação de venda de ações da Black Star Line, e passou quase dois anos preso em uma penitenciária de Atlanta. Alguns ativistas afirmaram que sua prisão foi politicamente motivada, ao passo que o próprio Garvey responsabilizou os judeus, que alegadamente o discriminariam por suas ligações com a Ku Klux Klan. Deportado para a Jamaica em 1927, Garvey se estabeleceu em Kingston com sua esposa, Amy Jacques, e deu continuidade ao seu ativismo político, criando o Partido Político do Povo e servindo como vereador por um breve período. Com a UNIA mergulhada em dificuldades financeiras cada vez maiores, Garvey se mudou para Londres em 1935, mas sua postura anticomunista o isolaria dos ativistas negros da capital inglesa. Garvey morreu em Londres em 1940, mas seu corpo foi transladado para a Jamaica em 1964, para ser sepultado no Parque dos Heróis Nacionais, em Kingston

Garvey foi uma figura bastante controversa. Ele foi elogiado por encorajar o sentimento de orgulho e de autoestima entre os africanos e os afrodescendentes, em contextos frequentemente marcados por pobreza generalizada, discriminação racial e colonialismo. Entretanto, muitos expoentes do movimento negro o consideravam um demagogo pretensioso e criticavam fortemente sua colaboração com supremacistas brancos, sua retórica violenta e seu preconceito contra pessoas mestiças e judeus. Ele é considerado um herói nacional na Jamaica, onde suas ideias exerceram forte influência em movimentos como o Rastafári, a Nação do Islã e o movimento Black Power.

ZUMBI DOS PALMARES - DIA DA CONSCIENCIA NEGRA ROMANTIZADA

Zumbi dos Palmares é conhecido por muitos como um símbolo de resistência a escravidão sofrida pelo povo africano. A historiografia mostra que ele foi um líder militar que se tornou o último líder do maior quilombo da história do Brasil, o Quilombo de Palmares.



Porém, existem pesquisadores brasileiros que afirmam que Zumbi não pode ser um símbolo anti-escravidão, já que ele escravizava outros negros e cometeu outros crimes contra a humanidade, conforme mostram documentos históricos.

Diante dessa controvérsia de narrativas, é possível perguntar: quem realmente foi Zumbi dos Palmares?

Conheça a biografia e as principais controvérsias que envolvem Zumbi dos Palmares.

  • Para conhecer o início da história do Brasil em detalhes e com fontes confiáveis, a Brasil Paralelo está concedendo gratuitamente e-book didático da História do BrasilConheça os principais heróis e feitos mais marcantes da história nacional.

Os registros históricos só permitem conhecer uma pequena parte da vida de Zumbi, afirma Leandro Narloch no livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Os registros históricos coletados indicam que Zumbi era um jovem negro que nasceu livre no Quilombo de Palmares.

Segundo Edison Carneiro, no livro O Quilombo de Palmares, Zumbi era sobrinho do rei dos quilombolas, Ganga Zumba.

No final da sua adolescência, Zumbi assumiu uma tropa militar de Palmares, tornando-se líder de um dos núcleos habitacionais do quilombo. Ele se destacou em dezenas de vitórias dos quilombolas contra as expedições militares portuguesas.

O acordo que fez Zumbi se tornar rei

Após mais de 60 expedições militares dos portugueses contra o Quilombo de Palmares, Ganga Zumba cansou de perder vidas nas batalhas, convocando Portugal para fazer um acordo de paz.

Os portugueses aceitaram o convite e ofereceram uma proposta: os quilombolas poderiam formar uma sociedade livre, mas precisariam mudar de localização e reconhecer as autoridades portuguesas, afirma Alfredo Brandão em Os Negros na História de Alagoas.

Ganga aceitou a proposta integralmente, mas muitos de seus companheiros se revoltaram com a decisão. Zumbi foi um deles. Uma disputa interna tomou conta do Quilombo dos Palmares, até que Ganga foi assassinado por envenenamento e as autoridades favoráveis ao acordo foram presas, narrou Edison Carneiro.

Diante da instabilidade interna e da necessidade de um líder forte para defender a posição contrária ao acordo, Zumbi ascendeu ao poder.

Mesmo depondo o líder que era favorável ao acordo, coroa portuguesa continuou tentando elaborar uma solução pacífica. Em 1685, Dom Pedro II de Portugal mandou uma carta para os quilombolas. Um dos trechos dizia:

"Eu, El-Rei, faço saber a vós Capitão Zumbi dos Palmares que hei por bem perdoar-vos de todos os excessos que haveis praticado, e que assim o faço por entender que vossa rebeldia teve razão nas maldades praticadas por alguns maus senhores em desobediência às minhas reais ordens. 

Convido-vos a assistir em qualquer estância que vos convier, com vossa mulher e vossos filhos, e todos os vossos capitães, livres de qualquer cativeiro ou sujeição, como meus leais e fiéis súditos, sob minha real proteção", carta ainda disponível na Biblioteca da Ajuda, de Portugal.

Zumbi nunca aceitou um acordo, continuando a luta contra as autoridades locais e sendo um verdadeiro rei em Palmares.

A realeza de Palmares

O chefe do Quilombo dos Palmares era um verdadeiro rei. Em seu livro, Edison Carneiro reuniu documentos e outras fontes históricos que mostram que o Quilombo dos Palmares funcionava como um reino africano.

Ganga Zumba e posteriormente Zumbi eram tratados como "majestade" pelos demais. Existia uma hierarquia que dava diversos poderes ao rei. Zumbi tinha a palavra final sobre as questões sociais que envolviam todo o Quilombo, como guerras e questões administrativas maiores.

Aqueles que se apresentavam diante de Zumbi deviam colocar os joelhos no chão e bater as palmas das mãos em sinal de vassalagem ao rei.

Diante de tanto poder, como Zumbi guiava o Quilombo dos Palmares? A resposta pode surpreender a muitos.

Zumbi tinha escravos e impunha leis severas no quilombo

Ao assumir o poder máximo, Zumbi dos Palmares continuou e fortaleceu as leis mais rígidas do quilombo. Algumas das ações documentadas mais controversas de Zumbi e seu quilombo são:

  • acentuar os assaltos nas fazendas ao redor do quilombo e roubar escravos negros para servirem a sociedade de Palmares. Segundo Edison Carneiro:
"Os escravos que, por sua própria indústria e valor, conseguiam chegar aos Palmares, eram considerados livres, mas os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas continuavam escravos. Entretanto, tinham uma oportunidade de alcançar a alforria: bastava-lhes levar, para os mocambos dos Palmares, algum negro cativo".

Segundo o historiador Flávio Gomes, no livro Palmares:

"Consta mesmo que os palmaristas cobravam tributos - em mantimentos, dinheiro e armas - dos moradores das vilas e povoados. Quem não colaborasse poderia ver suas propriedades saqueadas, seus canaviais e plantações incendiados e seus escravos sequestrados”.
  • sequestrar de mulheres brancas para obrigá-las a se casarem com quilombolas, afirma o jurista Marcelo Andrade;
  • punir com a morte e espancamentos os crimes cometidos dentro do quilombo. Segundo Edison Carneiro:
"Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela "severa justiça" do quilombo. Os holandeses diziam (segundo relato do capitão João Blaer, de 1645) que 'entre êles reinava o temor, principalmente nos negros de Angola ... '"
  • proibir atividades de feitiçaria no quilombo.

Segundo Marcelo Andrade, jurista, historiador e professor:

"Muitos negros vizinhos do Quilombo dos Palmares os odiavam, já que eles também eram assaltados e tiveram parentes escravizados pelos quilombolas".

 Diversos negros lutaram contra o Quilombo dos Palmares, um deles foi Henrique Dias, homem negro e oficial superior do exército português. Uma de suas campanhas militares teve como alvo o quilombo de Zumbi.

Henrique Dias foi considerado herói pela coroa portuguesa após sua atuação na Insurreição Pernambucana, recebendo os títulos de fidalgo e membro da Ordem de Cristo.

Diversos negros lutaram contra o Quilombo dos Palmares, um deles foi Henrique Dias, homem negro e oficial superior do exército português. Uma de suas campanhas militares teve como alvo o quilombo de Zumbi.

Henrique Dias foi considerado herói pela coroa portuguesa após sua atuação na Insurreição Pernambucana, recebendo os títulos de fidalgo e membro da Ordem de Cristo.

A derrota e morte de Zumbi

Após 20 anos de domínio de Zumbi sobre Palmares, o quilombo sucumbiu no dia 6 de fevereiro de 1694, após quase 100 anos de existência. O ataque fatal foi liderado pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, narra Edison Carneiro em seu livro.

O bandeirante Domingos Jorge Velho era um experiente explorador de florestas e matas fechadas, especialmente por suas origens indígenas. 

Domingos era mameluco, ou seja, descendente de indígenas e de europeus. Sua língua principal era o tupi-guarani, falando português com dificuldade, aponta o jurista Marcelo Andrade.

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Sua experiência foi essencial para o sucesso da invasão. A expedição do bandeirante destruiu o Quilombo, mas Zumbi conseguiu fugir com alguns companheiros. Dois anos depois, Zumbi foi traído, tendo sua localização entregue por um de seus companheiros.

Quando a expedição do capitão André Furtado de Mendonça chegou em seu esconderijo, Zumbi e seus homens lutaram até o fim. Apenas 1 quilombola sobreviveu, sendo aprisionado. Zumbi foi assassinado.

A cabeça do último chefe dos Palmares foi decapitada e enviada para o governador. O rosto de Zumbi foi pendurado em um poste público de Recife para mostrar que o chefe do quilombo não era imortal, escreveu Edison Carneiro.

Desinformações e romantização de Zumbi dos Palmares

No site Toda Matéria, Juliana Bezerra faz duas afirmações sobre Zumbi que são comumente difundidas, mas carecem de provas históricas:

"Zumbi era sobrinho do líder Ganga Zumba, o qual, por sua vez, era filho da princesa Aqualtune dos Jagas (ou imbangalas), um povo de tradições militares com ótimos guerreiros".

Existem poucos registros históricos sobre as origens de Ganga Zumba, Zumbi dos Palmares.

Sobre a ascendência de Ganga Zumba e Zumbi com Aqualtune, não existe nenhuma comprovação sobre o parentesco deles com a suposta princesa angolana. Os indícios apenas comprovam o parentesco de Ganga com Zumbi.

Zumbi criado por um Padre - fake news?

Outra desinformação histórica no artigo é:

"Zumbi foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e entregue aos cuidados do Padre Antônio Melo, em Porto Calvo, quando ainda tinha cerca de seis anos. Foi então batizado com o nome “Francisco” e recebeu uma educação esmerada. 

Aprendeu português e latim, além do catecismo para ser batizado na fé católica. Aos 10 anos de idade, já era fluente em português e latim. Aos 15, fugiu e voltou para o Quilombo de Palmares".

Não existe nenhuma comprovação dessas informações. Essa lenda surgiu em um livro de Décio Freitas e foi difundida sem nenhuma apuração. No livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, Leandro Narloch narra:

"A imaginação sobre Zumbi foi mais criativa na obra do jornalista gaúcho Décio Freitas, amigo de Leonel Brizola e do ex-presidente João Goulart. 

No livro Palmares: A Guerra dos Escravos, Décio afirma ter encontrado cartas mostrando que o herói cresceu num convento de Alagoas, onde recebeu o nome de Francisco e aprendeu a falar latim e português. 

Aos 15 anos, atendendo ao chamado do seu povo, teria partido para o quilombo. As cartas sobre a infância de Zumbi teriam sido enviadas pelo padre Antônio Melo, da vila alagoana de Porto Calvo, para um padre de Portugal, onde Décio as teria encontrado. 

Ele nunca mostrou as mensagens para os historiadores que insistiram em ver o material. A mesma suspeita recai sobre outro livro seu, O Maior Crime da Terra. O historiador Cláudio Pereira Elmir procurou por cinco anos algum vestígio dos registros policiais que Décio cita. Não encontrou nenhum. 

'Tenho razões para acreditar que ele inventou as fontes e que pode ter feito o mesmo em outras obras', disse-me Cláudio no fim de 2008. O nome de Francisco, pura cascata de Décio Freitas, consta até hoje no Livro dos Heróis da Pátria da Presidência da República".

Zumbi era um herói marxista?

No livro Três Vezes Zumbi, os historiadores Jean Marcel Carvalho França e Ricardo Alexandre Ferreira mostraram que a figura de Zumbi foi interpretada de 3 maneiras diferentes ao longo da história do Brasil:

1 - como líder de negros fugidos que cometiam crimes e lutava contra a autoridade legítima do Brasil;

2 - o chefe de um foco de barbárie que foi bravamente combatido pelos bandeirantes paulistas;

3 - um herói da luta de classes: um guerreiro que não aceitou a opressão das classes dominantes e protegeu diversas minorias.

Ainda hoje, a 3ª posição ainda é tida como verdadeira em muitas escolas e universidades. O artigo do site Toda Matéria diz:

"[Zumbi] lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão colonial no Brasil. Apesar disso, este líder também ficou conhecido pela severidade despótica com que conduzia Palmares, onde, inclusive, havia um tipo mais brando de escravidão.

De todas as maneiras, não admitia a dominação dos brancos sobre os negros e, portanto, tornou-se o maior símbolo pela liberdade dos negros da história brasileira".

Em 2003, a lei federal 10.639 instituiu o Dia da Consciência Negra no calendário escolar, tornando obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas. 

Em 2011, a presidente Dilma Rousseff oficializou o 20 de novembro como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Um dos objetivos da medida da presidente foi exaltar Zumbi dos Palmares como símbolo da luta pelos direitos dos negros no Brasil, já que dia 20 de novembro é o dia da morte de Zumbi.

Diante da medida de Dilma, ainda em vigor, pesquisadores brasileiros criticaram a iniciativa, afirmando que não se pode homenagear um homem que escravizava outros negros e cometia outros crimes.

De acordo com o professor Marcelo Andrade:

"É uma falácia delirante afirmar que o Quilombo dos Palmares era socialista ou democrático. Os africanos tinham mentalidade escravista, como era comum na época. Não tem como afirmar que eles eram anti-escravistas".

Segundo o professor Marcelo e a bibliografia já apresentada, Zumbi:

  • fazia e comprava escravos, assim como os portugueses e as tribos da África;
  • praticava assaltos e violência nas fazendas da região;
  • era um líder monárquico, tomando decisões autocratas, conforme o hábito de muitas tribos africanas;
  • tinha várias esposas que não tinham espaço político no quilombo;
  • possivelmente sequestrava mulheres da região de fora do quilombo e as obrigava a casar com os quilombolas;
  • punia  com rigor os quilombolas que tentavam deixar seus domínios, praticando pena de morte e de espancamento.

As desinformações sobre a história do Brasil não se limitam à figura de Zumbi dos Palmares. 

Em 2005, 30% da verba de livros escolares do Ministério da Educação foi destinada para comprar a obra “A Nova História Crítica”, de Mario Furley. Na obra, ele afirma que a história do Brasil foi feita por capitalistas egoístas, que prejudicaram o país.

Em trechos que abordam a história do Brasil, o livro afirma:

“Diziam que a princesa Isabel era feia como a peste e estúpida como uma leguminosa. Quem acredita que a escravidão negra acabou por causa da bondade de uma princesa branquinha, não vai achar também que a situação dos oprimidos de hoje só vai melhorar quando aparecer algum principezinho salvador?” 

Em outro trecho, diz:

“Ninguém sério acreditava num Terceiro Reinado. A estupidez da princesa Isabel, e a péssima fama de seu esposo, o Conde d’Eu (corrupto, assassino da Guerra do Paraguai, picareta mesmo) contribuíam para isso”.

O livro também elogia a Revolução Comunista Chinesa, evento que deixou ao menos 30 a 50 milhões de mortos, dizendo:

“Foi uma experiência socialista muito original. As novas propostas eram discutidas animadamente. Grandes cartazes murais, os dazibaos, abriam espaço para o povo manifestar seus pensamentos e suas críticas. 

Velhos administradores foram substituídos por rapazes cheios de idéias novas. Em todos os cantos, se falava da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velhas culturas, velhas idéias, velhos costumes". 
  • Leitura recomendada: não existem provas da existência do autor desse livro escolar, embora “ele” tenha ganhado milhões de reais do governo. Entenda o caso.

Aproximadamente trinta milhões de estudantes receberam o livro. Esses alunos das escolas públicas brasileiras aprenderam que a história de seu país é ruim, que seus antepassados eram maus. 

A Filosofia de Hegel

 A filosofia de Hegel é um dos pilares do pensamento moderno, destacando-se pela profundidade e pelo impacto nas áreas da metafísica, ética, política e história. A sua obra central, "A Fenomenologia do Espírito", oferece uma visão abrangente sobre o desenvolvimento da consciência humana e a realidade como um processo dinâmico e evolutivo. Vamos explorar os principais conceitos de forma clara e acessível.

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1. O Absoluto e a Dialética

Para Hegel, a realidade é um todo unificado chamado de Absoluto. Este não é algo estático, mas sim um processo em constante transformação.

O método para compreender essa dinâmica é a dialética, que se desdobra em três etapas:

Tese: uma ideia inicial.

Antítese: uma ideia contrária que desafia a tese.

Síntese: a reconciliação das duas, criando uma nova ideia.

Este processo ocorre em todas as dimensões da vida: no pensamento, na natureza, na história e na sociedade. Para Hegel, tudo está em movimento, num ciclo contínuo de contradições e resoluções.

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2. A Fenomenologia do Espírito

Na sua obra-prima, Hegel descreve o percurso da consciência. Este começa com percepções simples do mundo exterior, evolui para a autoconsciência (o reconhecimento de si mesmo) e culmina na razão absoluta, onde o indivíduo percebe que faz parte de uma totalidade maior.

A verdadeira liberdade surge quando o espírito humano reconhece que a realidade não é algo separado ou distante, mas sim interligada à sua própria existência. Este é um processo de crescimento espiritual e racional.

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3. A História como um Processo Racional

Hegel via a história como uma manifestação do Espírito Universal (ou Geist), um processo guiado por uma lógica interna. Para ele, a história não é acidental, mas sim um progresso contínuo rumo à liberdade.

Cada civilização contribui para este desenvolvimento, superando contradições e avançando para um estado mais elevado de consciência e organização social. O ponto culminante deste progresso, segundo Hegel, é o Estado racional, onde a liberdade individual e o bem comum encontram harmonia.

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4. O Estado e a Ética

Hegel defendia que o Estado é a realização concreta da liberdade. Para ele, a liberdade verdadeira não é agir sem limites, mas viver de acordo com a razão, em harmonia com as leis e instituições que garantem o bem comum.

A ética, nesse sentido, não é apenas individual, mas também coletiva. As instituições do Estado, como a família, a economia e a política, são essenciais para que os indivíduos expressem e realizem a sua liberdade.

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5. Arte, Religião e Filosofia

Para Hegel, a humanidade tenta compreender o Absoluto por meio de três formas principais:

Arte: expressa ideias de forma sensível e concreta.

Religião: apresenta essas ideias como símbolos e crenças.

Filosofia: eleva-se ao nível mais elevado, ao usar a razão para compreender o Absoluto de forma clara e sistemática.

Estas três áreas são manifestações do mesmo impulso humano: compreender a totalidade da existência.

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6. O Idealismo Absoluto

Hegel é um dos principais representantes do idealismo alemão, que afirma que a realidade e o pensamento estão profundamente interligados.

Para Hegel, a estrutura do mundo reflete a estrutura da mente humana. Compreender o universo implica compreender o pensamento humano, pois ambos fazem parte do mesmo todo dinâmico.

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7. Legado de Hegel

A filosofia de Hegel, embora complexa, teve um impacto profundo em várias áreas, como a política, a religião e as ciências sociais.

A sua visão de que a história tem uma lógica interna e de que a liberdade é o objetivo final da evolução humana continua a ser debatida, estudada e reinterpretada até hoje.

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Conclusão

Hegel viu a realidade como um todo dinâmico, em constante evolução, onde a razão e a liberdade se desenvolvem ao longo do tempo. Para ele, a união entre o indivíduo e o universal é o objetivo final da história e da consciência humana.

IDIOTA

 A palavra “idiota” tem uma origem interessante que remonta à Grécia Antiga, onde seu significado era bem diferente do que conhecemos hoje. Vamos explorar a história e a transformação desse termo ao longo dos séculos.

Origem na Grécia Antiga

Na Grécia Antiga, o termo “idiotés” (ἰδιώτης) era usado para descrever um cidadão que se mantinha à parte da vida pública, alguém que não participava dos assuntos políticos ou sociais da cidade. Esse cidadão era visto como alguém que se preocupava apenas com seus próprios interesses privados, não contribuindo para a sociedade. Assim, o termo “idiota” originalmente se referia a uma pessoa comum ou privada, em oposição a alguém que era “público” ou ativo nos negócios públicos.

Em essência, a palavra “idiota” não tinha uma conotação necessariamente negativa. Era simplesmente uma designação para alguém que não desempenhava um papel na administração ou na política, algo que era visto como importante na democracia ateniense. No entanto, o significado começou a mudar porque, na cultura grega, ser um cidadão ativo na vida política era considerado um dever e um sinal de virtude; portanto, “idiotés” começou a adquirir uma conotação de ignorância ou falta de sofisticação no que se referia aos assuntos da cidade.

Evolução na Idade Média

Quando o termo foi adotado pelo latim medieval como “idiota”, ele começou a adquirir um significado mais negativo. No latim, o termo evoluiu para se referir a uma pessoa ignorante, sem conhecimento técnico ou erudito. Durante a Idade Média, o termo era usado para descrever aqueles que não tinham treinamento formal em áreas como teologia, filosofia ou outras ciências que eram então ensinadas nas universidades emergentes da Europa.

Significado Moderno

Na transição para o francês e outras línguas europeias modernas, “idiota” passou a ser usado para designar uma pessoa de pouca inteligência, tola ou desprovida de senso comum. Em português, “idiota” mantém essa conotação negativa, referindo-se a alguém com falta de discernimento ou que comete ações estúpidas.

A Lenda e o Uso Moderno

Apesar de “idiota” ter uma origem neutra na Grécia Antiga, a transformação do seu significado ao longo dos séculos reflete mudanças culturais e sociais. A palavra passou de um termo para descrever alguém afastado da vida pública para um insulto usado para menosprezar a inteligência ou o julgamento de uma pessoa.

Hoje em dia, o uso da palavra “idiota” é comum em muitas línguas e culturas, geralmente como uma forma de insulto leve, embora continue carregando um tom depreciativo.

Essa mudança ilustra como o significado das palavras pode evoluir dramaticamente ao longo do tempo, dependendo do contexto social e histórico em que são usadas. A jornada da palavra “idiota” de uma descrição neutra de um cidadão privado para um insulto sobre a capacidade intelectual é um exemplo claro do poder da linguagem e da cultura na construção do significado.