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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

COMO A SUÉCIA AINDA SE BENEFICIA DO SEU PASSADO DE LIVRE MERCADO

Apesar da (ou por causa da) quase inexistência de um estado assistencialista, ou de qualquer grande controle estatal sobre os setores da economia, em 1950 a Suécia já era a quarta nação mais rica do mundo.
O extraordinário crescimento da Suécia durante o período 1850-1950 rivalizou até mesmo com o dos EUA -- e o fato de a Suécia não ter participado de nenhuma das duas grandes guerras, o que deixou sua infraestrutura intacta e não destruiu sua economia, sem dúvida ajudou bastante.
Com efeito, a formação de capital e a criação de riqueza se mostraram tão abundantes na Suécia durante a depressão global de 1930, que até mesmo os social-democratas do governo da época praticaram uma forma de “negligência salutar” para garantir que a prosperidade continuaria.
Como em qualquer outro país, o impressionante estoque de capital da Suécia foi construído por empreendedores operando em um sistema de livre mercado.
Nas décadas seguintes a este impressionante crescimento econômico, aconteceu aquilo que parece inevitável: grandes empresários em busca de proteção do governo contra a concorrência se aliaram a políticos ambiciosos e a líderes sindicais para forçar o governo a adotar políticas socialistas.
As décadas de 1970 e 1980 viram um estado assistencialista crescendo descontroladamente, ampliando enormemente suas áreas de intervenção.
Vários novos benefícios governamentais foram criados; leis trabalhistas extremamente rígidas foram introduzidas; setores estagnados da economia passaram a receber amplos subsídios do governo; as alíquotas de impostos sofreram aumentos drásticos, sendo que algumas alíquotas marginais chegaram a ultrapassar os 100%.
Com o tempo, os gastos do governo mais do que duplicaram, e os impostos sobre determinados setores da economia foram dobrados e até mesmo triplicados.
Como consequência, não houve absolutamente nenhum emprego criado no setor privado de 1950 a 2005.
Sim, você leu corretamente: não houve nenhum aumento líquido no número de empregos no setor privado na Suécia durante um período de 55 anos. Em outras palavras, em um período que começou cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a economia sueca ficou completamente estagnada.
O socialismo nórdico congelou no tempo um povo que outrora era empreendedor e próspero. Com algumas poucas exceções, as grandes empresas suecas têm muito poucos incentivos para inovar (e elas não inovaram), e várias empresas sobrevivem hoje exclusivamente graças a contratos de fornecimento para o governo.
A Suécia conseguiu viver confortavelmente por décadas apesar de suas políticas “socialistas” somente porque um grande estoque de capital e riqueza já havia sido criado nas décadas anteriores por seus laboriosos empreendedores.
Primeiro a Suécia enriqueceu e acumulou muito capital (e tal tarefa foi auxiliada por uma continuamente austera política monetária, que fez com que a Suécia jamais conhecesse um período prolongado de alta inflação de preços). Depois, só depois de ter enriquecido, é que o país começou a implantar seu sistema de bem-estar social no final da década de 1960.
Para que uma economia que faz uso maciço de políticas assistencialistas continue crescendo, sua produtividade tem de ser muito alta. E para a produtividade ser alta, seu capital acumulado já tem de ser muito alto. Apenas um alto grau de capital acumulado pode permitir uma alta produtividade. Ou seja, o país tem de já ser muito rico.
Apenas um país que já enriqueceu e já acumulou o capital necessário (e já alcançou a produtividade suficiente) pode se dar ao luxo de adotar abrangentes políticas assistencialistas por um longo período de tempo. Assistencialismo é algo que só pode funcionar -- e, ainda assim, por tempo determinado -- em sociedades que já enriqueceram e já alcançaram altos níveis de produtividade. Não dá para redistribuir aquilo que não foi criado.
(É por isso que adotar um modelo sueco no Sudão não daria muito certo.)

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