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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Inverso do contrário. COMO SOFRI NO GOVERNO MILITAR!

 

Eu sou gaúcho. Até os 6 anos de idade "me mudaram" para S. Bernardo do Campo/SP, em 1969, e lá fiquei até os meus 17 anos de idade. Voltei para Caxias do Sul/RS e aqui morei até os 22. Mudei-me para Bagé, depois Encantado, depois Caxias do Sul e vieram outras mudanças para Sta Catarina, retornando para Caxias, depois Nova Petrópolis e finalmente Brasília.




Acho que o pior período da minha vida foi o governo militar. Ô ditadura cruel! Em S. Bernardo do Campo, berço do sindicalismo nacional, estudei em escolas públicas, no tempo que no currículo existiam as matérias de humanas ministradas de forma a se aprender, assimilar o conhecimento de filosofia, sociologia, OSPB/Moral e Civica, geografia, historia, sem esquerdismos e professores militantes. O ensino nas escolas públicas era terrivelmente ótimo. Puxa... Que M. hein?

Em S. Bernardo do Campo, na adolescência,  eu era oprimido pela minha liberdade de frequentar as discotecas da época, como Associação, Emerald, Hill, Tutti Frutti, onde me torturavam com músicas maravilhosas. O pior de tudo era voltar para casa à noite sem ser assaltado.

 No litoral, em Santos, Itanhaém, onde infelizmente não havia arrastões e nem pivetes roubando a gente. Que saco! Como é que a gente aguentava essa monotonia de viver em paz?

E quando eu precisava de um hospital público? Eu tinha! Como pode isso? Cometiam o sacrilégio de atenderem bem! É um absurdo isso de ter médico!

Gente, vocês não sabem como era difícil viver com educação de qualidade, segurança e saúde! E isso porque éramos terceiro mundo!

Os pilantras dos militares acabaram com a minha graça de viajar  de SP para o RS, com tantas obras de duplicação da BR 116. Fizeram a desgraça de exterminar o romantismo das noites de luar no interior, porque eletrificaram tudo. E por fim, cometeram o crime de asfaltar estradas, porque eu gostava de passar horas sacolejando em estradas de terra.

 Nem na minha adolescência e nem depois os militares tiveram a dignidade de me dar um único tapa sequer. Também... Eu não era bobo e não dava motivos pra isso.. Só queria saber de estudar, ir para a discoteca. Como eu era alienado! Um tapinha em um militar ou PM e hoje eu seria um herói para certos grupos.

 Mas e aí? Aí veio o maravilhoso governo civil e consertou tudo o que estava errado. Nossas estradas ficaram esplendidamente esburacadas, nossos hospitais públicos passaram a serem referências em não atendimento e nossas escolas públicas ficaram maravilhosamente péssimas, onde você entra alfabetizado e sai formado em analfabetismo. Hoje nós temos mais emoção e podemos viver a magnífica experiência de um assalto a qualquer hora do dia, e até, se formos sorteados, podemos ser vítimas de arrastões nas praias. Tudo lindo!

Prof. Marlon Adami

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