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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Revolução e os erros teóricos

 O que Karl Marx e Adam Smith, tidos como pensadores opostos, têm em comum? 

Smith cometeu um erro extremamente básico e Marx criou toda sua teoria em cima deste erro — um erro que possui monumentais consequências e que mudou o mundo para sempre.

Em seu famoso tratado sobre a riqueza das nações, Adam Smith afirmou que, em condições primitivas ou em cidades pequenas, aqueles indivíduos que vão ao mercado para vender seus produtos (sejam eles produtos agrícolas, parte do seu rebanho ou mesmo produtos manufaturados) ganham, nesse processo de venda, um salário. 

Isto é, a renda auferida por esses indivíduos autônomos que vendem bens no mercado é o seu salário.

Tanto Marx quanto Adam Smith (que veio antes de Marx) presumiram erroneamente que, "no estado rude e primitivo da sociedade" (para utilizar as palavras de Smith), todas as rendas obtidas eram salários. 

Salário? Grave erro. Aquilo que é obtido por alguém que sai da autossuficiência agrícola para vender seus produtos no mercado não é um salário, mas, sim, um lucro. Ou um prejuízo

Para Smith e Marx, porém, não havia lucro neste modelo. O lucro, segundo eles, só passou a existir com o surgimento do capitalismo.  

Mais ainda: segundo eles, o lucro ocorre à custa dos salários. Outro erro. E grave. Foi daí que surgiu toda a teoria da exploração e da mais-valia.

Lucros (ou prejuízos), portanto, são a forma original de receita; são obtidos apenas por empreendedores. Já o salário é uma forma de pagamento que surge apenas quando um capitalista entra em cena. 

O erro compartilhado por Smith e Marx gerou a ideia de que, para obter lucros — a famosa "mais-valia" exploradora —, os capitalistas tinham de manter para si parte do salário de cada empregado. Mas a realidade é outra: a riqueza é criada por aquele indivíduo que sabe como transmitir suas visões, arriscar recursos e reconhecer oportunidades — tudo isso ao mesmo tempo em que ele cria uma renda regular para terceiros durante esse processo.

O surgimento do capitalismo, portanto, não foi o responsável nem pela dedução dos salários e nem pelo surgimento do lucro. Ele foi o responsável pela criação dos salários.  

O lucro do capitalista não ocorre à custa dos salários dos empregados. Ao contrário: os salários dos empregados são deduzidos do lucro do capitalista. 

Primeiro surgiu o lucro; só depois é que surgiu o salário. É o salário que é deduzido do lucro dos capitalistas, e não o lucro que é deduzido do salário dos trabalhadores.

No que concerne à relação entre capitalistas e assalariados, a verdade é exatamente o inverso daquilo que é alegado pela teoria da exploração. 

Os capitalistas não deduzem seus lucros dos salários dos trabalhadores; os capitalistas são os responsáveis pelo surgimento dos salários. Sendo um custo de produção, os salários são deduzidos das receitas, as quais, na ausência de capitalistas, representariam o lucro total.

Antes dos capitalistas, todos tinham de assumir por completo todo o risco de uma dada atividade. Já hoje, podemos delegar os riscos para aqueles que são mais ambiciosos e mais capacitados para atividades empreendedoras, já sabendo que, no final do mês, receberemos nossos contracheques.  

Tal arranjo é infinitamente mais produtivo e eficaz. Em última instância, é ele quem elimina a pobreza.

O que nos leva à pergunta derradeira: quem de fato "explora" quem? Os empreendedores e capitalistas exploram os trabalhadores, ou os trabalhadores basicamente vivem da inteligência, produtividade e prudência dos empreendedores e capitalistas?

Essa estória de que revoluções liberais precisam do apoio popular é lorota. O povo é autoritário.

A primeira revolta a favor da liberdade foi promovida por nobres ingleses contra o Rei. Foi a revolta que instituiu a Carta Magna.

A segunda revolta a favor da liberdade também ocorreu na Inglaterra: foi a Revolução Gloriosa liderada pelo todo poderoso governador holandês William de Orange que invadiu a ilha britânica, destitui o rei, tomou-lhe o lugar casando com a herdeira do trono e propôs ao parlamento o Bill of Rights.

A terceira revolta a favor da liberdade ocorreu nos Estados Unidos da América e se deu após uma conspiração de aristocratas que convidaram um general para liderá-la.

As duas revoluções populares dignas de serem mencionadas foram a Francesa e a Socialista. Ambas acabaram em caos, terror e décadas de opressão, não apenas onde foram iniciadas, mas em países que adotaram seus princípios liberticidas por imposição.

No Brasil, as revoluções de 1889, 1930 e 1964, por serem positivistas, tiveram o mesmo destino das revoluções que ocorreram na Europa Continental, porque quiseram falar em nome do povo, mas o povo sempre foi tratado como mero argumento para que canalhas assumissem e mantivessem o poder.

A revolução de 1988, onde os social-democratas venceram os positivistas no cansaço, vai ter o mesmo fim. Colapso, caos, terror e recomeço. Pena que no Brasil todo recomeço repete o que foi feito anteriormente, seja por falta de memória, por ignorância ou por incapacidade cognitiva de aprender com a história.

O que podemos concluir também é que a diferença entre os países que dão certo e os que dão errado é a qualidade intelectual e moral das suas elites.

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