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domingo, 30 de junho de 2024

Imponderabilidade das Forças Metafísicas

 

As forças físicas podem ser medidas com exatidão. E sua trajetória e duração pode-se predizer, porém as forças metafísicas são imponderáveis. Poderia se afirmar que estas são forças de um plano superior que ocasionalmente se materializam no nosso.

As forças físicas do hitlerismo eram insignificantes em relação às forças que se lhe opunhavam dentro e fora da Alemanha. Primeiro se creu que Hitler não chegaria ao poder, e logo que ascendeu a chancelaria – baixo a presidência de von Hinderburg – se teve a certeza de que sua queda era iminente e que seria um triunfo comunista.

Foi um milagre de equilíbrio, de tato, de audácia precisa, de franqueza, que atraía a uns e desconcertava ao inimigo, o que foi apoiando a situação de Hitler como chanceler. Detrás de suas forças físicas, relativamente reduzidas, borbulhavam forças metafisicas que iam superando obstáculos e atraindo vontades.

Hitler foi diretamente às bases visíveis do adversário ou inclusive aos redutos mais ocultos.

Cortou de um golpe o capitalismo especulativo, o que explora e engana, ou seja, o supercapitalismo, porém sem danificar o autêntico capitalismo, o que presta um bem social como fator de produção e progresso. A propriedade privada podia se desenvolver com canais morais.

Como consequência do anterior, aumentaram os centros de trabalho e os investimentos. A massa de seis milhões de desempregados começou a diminuir rapidamente e o nível de vida do trabalhador começou a subir. Em cinco anos a produção duplicou.

A economia do Estado se canalizou a reforçar a produção da iniciativa privada, não a suplantá-la mediante a absorção dos meios de produção. Desta forma, se praticava um socialismo autêntico, tendente a melhorar a sociedade, não o enganoso socialismo marxista, que ao absorver a iniciativa privada, não melhora ao povo, senão que unicamente aumenta seu próprio poder político.

No campo trabalhista, Hitler liquidou a danosa luta de classes entre trabalhadores e patrões. Em vez dessa dualidade, estabeleceu a convergência de classes ao bem comum do todo. Dissolveu aos grupos líderes (em sua maioria com vínculos internacionais comunistas) e suprimindo o capital especulativo fez possível que o trabalhador laborasse identificado com seu patrão, mediante salários justos e tratamento decoroso. Síndicos trabalhistas da Frente de Trabalho fixavam os salários de acordo com as possibilidades de cada empresa. Ao patrão, era exigido responsabilidade sobre o bem-estar de seus empregados e trabalhadores. Para evitar a inflação (alta desenfreada de preços) cuidava-se que o aumento de salários fosse proporcional ao aumento da produção.

Sobre a agricultura, se proclamou que “a ruína do camponês alemão seria a ruína do povo alemão”. As fazendas até 125 hectares foram declaradas propriedades hereditárias que não podiam ser objeto de hipoteca nem leiloadas por dívidas. Mediante o estímulo aos preços agrícolas, aumentou-se a produção para que a Alemanha se abstecesse de provisões, coisa que se logrou em 83%.

A respeito da ameaça comunista, Hitler a tratou como tal. O marxismo não era uma ciência econômica nem uma ciência social, como fingia para se camuflar, senão uma conspiração internacional. Portanto, proibido o Partido Comunista alemão e toda propaganda marxista. Dizia que uma sociedade sã combatia aos criminosos sem discutir com eles.

No campo religioso, Hitler precisou que sua doutrina era um sistema político que nada tinha que objetar com as crenças religiosas e concluiu uma concordata com o Vaticano. Anos depois o Papa Pio XI condenou vários pontos do nazismo em sua encíclica Mit brennender Sorge. Concretamente dizia que os valores de “raça, ou o povo, ou o Estado, ou a forma de governo ou quaisquer outros valores básicos da configuração social humana” não deveriam se converter “na norma máxima de todos os valores” porque isto “inverte e distorce a ordem das coisas tal como foi criado e mandado por Deus” (N.T.: Vale destacar, que apesar dessas críticas pontuais, a Igreja Católica jamais condenou ao Nacional-Socialismo como um todo, enquanto que o mesmo papa Pio XI em sua carta encíclica Divinis Redemptoris classifica ao comunismo como “intrinsecamente perverso” e que com ele “não se pode admitir em campo nenhum a colaboração”).

Para com a imprensa, o rádio, o teatro e a literatura em geral, Hitler estabeleceu uma censura publicamente anunciada. Em vez da hipócrita “liberdade” que em muitos países era realmente censura vergonhosa, secreta, estabeleceu uma censura visível, pública. Suprimiu-se, por exemplo, a nascente campanha antinatalidade de diários e revistas, pois Hitler dizia que uma guerra matava “um fragmento do presente”, mas que o controle de natalidade na Europa “mata mais gente que todos os que caíram nos campos de batalha, desde os tempos da Revolução Francesa até nossos dias”.

Também se proibiu a pornografia impressa, teatral ou cinematográfica, as publicações homossexuais, as distorções da arte, etc. Em uma cerimônia pública foram queimados folhetos, revistas e livros como os de Sigmund Freud, criador da psicanálise pan-sexualista. “A cerimônia de hoje – disse Goebbels, a 10 de maio de 1933 – é um ato simbólico. Ela demonstrará ao mundo que o fundamento da República de novembro de 1918 já está destruído para sempre. Deste monte de cinzas surgirá a Fênix de um novo espírito”.

No ramo da política internacional, Hitler acabou fulminantemente com o Tratado de Rapallo, do qual a URSS vinha se beneficiando. Em troca disso, buscou e obteve uma aproximação com a Polônia. O chefe polaco Pisuldski se inclinava a formar uma aliança germano-polaca frente à URSS. No sul, Hitler se reuniu com Mussolini e pôs as bases para um tratado germano-italiano oposto ao comunismo internacional. (Este tratado se denominaria depois Eixo Berlim-Roma e se ampliaria com a inclusão do Japão).

A respeito da revolução que Röhm (NT: Ernst Röhm, chefe das SA) ansiava para dar uma inclinação socialista-esquerdista ao nacional-socialismo, Hitler celebrou uma reunião com chefes da SA e da SS e advertiu: “Asfixiarei todo intento de perturbar a ordem existente tão implacavelmente como esmagarei a chamada segunda revolução, que somente conduziria ao caos”… Sobre as pretensões de estabelecer controle oficial sobre as empresas privadas, despojando aos donos, e de confiscar as grandes lojas comerciais, especificou: “A história não nos julgará se destituímos e encarceramos ao maior número de economistas, mas se logramos ou não proporcionar trabalho… As ideias do programa não nos obriga a destruir tudo e a atuar como loucos, senão a considerar nossos pensamentos prudente e cuidadosamente”.

O outro propósito de Röhm, de converter a SA em uma milícia nacional sob seu comando, em vez do exército sujeito a normas tradicionais de honra, justiça e cavalheirismo, foi desautorizado por Hitler, que precisou que o exército seria a força armada da nação e que a SA (forças de assalto) a esse deveria se submeter.

Hitler sabia que no alto mando do exército havia vários generais que ansiavam derrubá-lo. Uma de suas primeiras atividades como chanceler foi reunir a 400 altos chefes militares e falar a eles de sua doutrina. Em parte, persuadiu a muitos com seus argumentos e os fez seus partidários, ainda que nada logrou com aqueles que secretamente eram células de infiltração. Por outra parte, aproveitou a seu favor o cuidado que os oficiais tinham a respeito da enorme força da SA que Röhm estava armando. De um modo ou de outro, Hitler logrou um certo apoio do exército, apesar dos chefes deste, que somente esperavam um momento propício para derrubá-lo.

Como Röhm persistia em seus planos, em 30 de junho de 1934 foi detido e executado, junto com 71 dos chefes fanaticamente aderidos à ele. Por certo que causou grande surpresa que entre os conjurados com Röhm se encontrava o Dr. Erich Klausener, presidente da Ação Católica de Berlim, que se suicidou ao ver-se descoberto. Röhm era inimigo de toda religião e queria suprimir o culto.

O general Schleicher, ex-ministro da Defesa e ex-chanceler, antigo protetor do Tratado de Rapallo, se mostrava muito confiante e dizia indiscretamente que Hitler não viveria muito. Havia entrado em tratos com Röhm para derrubar a Hitler. O general von Bredow também se encontrava comprometido neste plano. Dias depois da morte de Röhm, Schleicher e Bredow foram liquidados pela Gestapo. Se disse que apresentaram resistência quando iam ser presos. O exército não protestou porque Schleicher era visto com suma desconfiança devido os seus planos de criar na Alemanha uma milícia ao estilo dos soviets.

O general Hammerstein, chefe do exército, muito próximo a Schleicher, chamado de o “general vermelho” e recalcitrante adversário de Hitler, foi substituído do mando, aparentemente por haver chego à idade limite.

O ancião presidente Hindenburg deu seu apoio moral a todo o anterior e felicitou a Hitler.

Desta forma, em pouco menos de um ano e meio desde que subiu à chancelaria, Hitler evitava perigos mortais para seu regime e consolidava sua posição.

Ao mesmo tempo, os comunistas viam que o que haviam julgado impossível estava fazendo-se possível e que não chegava o caos que pouco antes consideravam iminente. Cada dia era mais difícil desencadear o que eles mesmos chamavam de o dilúvio comunista.

O fracasso vermelho repercutiu nos grossos muros do Kremlin.

Tradução livre e adaptação por Viktor Weiß

Fonte: Infiltración Mundial, Salvador Borrego. Capítulo: Imponderabilidad de las Fuerzas Metafísicas

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Entrando no “Admirável Mundo Novo”

 

Em “Amusing Ourselves to Death”, o autor Neil Postman disse que, no mundo moderno, as pessoas eram mais oprimidas pelo seu vício em diversão, como refletido em “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley (dir.), e não pelo Estado, como retratado. em “1984” de George Orwell (esq.). (Arquivo Hulton/Imagens Getty)


Aldous Huxley, autor do famoso romance distópico Admirável Mundo Novo, acreditava que o prazer era um verdadeiro veneno que fermentava silenciosamente no ventre da civilização moderna.

De acordo com o escritor e filósofo inglês, o prazer hoje em dia é comparável a um assassino furtivo e silencioso—parecendo inocente o suficiente, mas mortal como uma dose de estricnina no seu chá.

O Sr. Huxley disse que a visão do mundo moderno sobre o prazer era um “show de horrores”—uma procissão de distrações cada vez mais idiotas.

O prazer do lazer antes era encontrado em atividades que exigiam esforço intelectual. No século XVII, o entretenimento para a realeza era ouvir sermões pesados e debates sobre teologia.

E os elizabetanos, com seus sapatos de bico fino, não hesitavam em começar a cantar; suas vidas eram um musical contínuo em construção.

No entanto, hoje em dia, colossais corporações nos alimentam de diversão. Vivemos em um mundo onde o cidadão comum não precisa levantar um dedo, exceto para a árdua tarefa de colocar pipoca na boca.

Milhares de cinemas regurgitam o mesmo conteúdo, transformando rascunhos de quarta categoria em sucessos mundiais. Só é necessário sentar-se, olhos vidrados, cérebro desligado e absorver a papinha insossa da cultura pop.

Em uma pesquisa com um grupo representativo de 1.000 americanos, a TripIt descobriu que o dobro de participantes planeja fazer viagens culturais em 2024 em comparação com 2023.

E a música?

Esqueça dedilhar um alaúde ou cantar uma balada.

Huxley disse que, em sua época, a população poderia simplesmente apertar um botão no gramofone ou sintonizar no “contralto frutado” que vinha das ondas de rádio da Marconi House.

Tudo era servido em uma bandeja de prata, sem esforço pessoal, sem faísca—apenas um consumo passivo de cultura pré-embalada e pré-mastigada.

Huxley acreditava que estávamos envenenando nossas mentes, um prazer de cada vez, sem nem mesmo o prazer de preparar nosso próprio veneno.

Ele disse que, se as massas desejassem literatura, tinham a imprensa—sua principal tarefa sendo muito parecida com a do cinema: ocupar a mente com o mínimo esforço possível.

Podia-se passar décadas lendo os jornais diários, absorvendo trivialidades mundanas, sem nunca engajar um único neurônio ou despender mais esforço do que o necessário para seguir as palavras com meio olho.

Dançar, também, continua sendo um passatempo universal, mas, seja em Penrith ou Paris, todos estão dançando ao som das mesmas batidas insípidas. É como se as danças do mundo tivessem sido lavadas, esfregadas e higienizadas de qualquer sabor mais forte do que mingau ralo.

Segundo Huxley, esse menu uniforme de prazeres sem cérebro e entretenimento pré-cozido representa uma ameaça mais perigosa à nossa cultura do que qualquer horda invasora do outro lado do Canal da Mancha.

A maior parte de nossas horas de vigília já é desperdiçada em trabalho mecânico que, para alguns, não exigiria a inteligência de um aconchegante chá.

Depois, na hora de parar, passamos a atividades de lazer igualmente desprovidas de substância.

Acumule essas atividades insípidas contra trabalhos entorpecentes e você terá um dia perfeito que é tão revigorante quanto um tapa com um peixe molhado.

Nossa civilização, fervendo nessa monotonia caseira, pode muito bem tropeçar em um declínio senil.

Nossos músculos mentais podem ficar tão flácidos quanto uma assinatura de academia não utilizada, fazendo-nos ficar tão terrivelmente entediados com as distrações repetitivas que apenas os choques mais brutos serão capazes de nos despertar de nosso estupor.

As democracias futuras correm o risco de colapsar sob o peso de um tédio monstruoso, talvez recorrendo a espetáculos tão sangrentos quanto aqueles que empolgavam os antigos romanos—esses imperadores do tédio que torciam por shows mais sangrentos e loucos, como elefantes equilibrando-se em cordas bambas e feras exóticas enfrentando o açougueiro.

Poderíamos pegar uma página do livro de Huxley, cujos hobbies pareciam um currículo da Universidade de Tudo: história grega, antropologia polinésia, traduções de textos budistas do sânscrito e do chinês e tratados científicos aos montes.

Sem mencionar romances, poemas, ensaios, relatos de viagens, diatribes políticas e conversas com todos, desde estrelas de cinema até lunáticos e magnatas circulando em Rolls-Royces.

Um verdadeiro banquete comparado à papinha rala servida por nossos modernos fornecedores de “prazer”.

Em nítido contraste, a televisão moderna, como apontam os estudos de EEG (eletroencefalograma), transforma suas ondas cerebrais do tipo beta, ativo, para o tipo alfa, sonolento.

É como trocar um foxtrote animado por um rastejar preguiçoso de bicho-preguiça, onde pensar criticamente se torna tão raro quanto um político honesto.

Essa passividade entorpecente da nossa querida caixa é um show sombrio de como apenas sentar e olhar pode levar a uma mente tão engajada quanto um ratinho adormecido.


Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

A Ideologia do Regime Sionista

 


Para entender o que está acontecendo em Israel é fundamental compreender a base religiosa da ideologia sionista e as prescrições de genocídio que a psicopatologia israelense encontra em textos bíblicos.

 

“Então Herodes, ao ver-se enganado pelos Magos, ficou extremamente irado e mandou matar todos os meninos que estavam em Belém e em todos os seus arredores, de dois anos para baixo”. (Mateus 2, 16)

“Lá, junto aos rios da Babilônia, – nos assentamos e choramos – ao lembrar-nos de Sião. / Nos salgueiros daquela terra penduramos nossas harpas”[1]. Esse início de um dos Salmos mais conhecidos (Super flumina Babylonis) foi transposto por Temistocle Solera para o famoso coro do Nabucco de Verdi; um século depois foi retomado por Salvatore Quasimodo para representar a condição dos poetas italianos que, oprimidos pelo “pé estrangeiro” (obviamente o alemão), haviam cessado de cantar: “Nos galhos dos salgueiros, por voto, / também nossas harpas estavam penduradas”[2].

A fama adquirida pelo início do salmo bíblico obscureceu, porém, o verso final, no qual o salmista exorta ao extermínio dos bebês babilônicos: “Feliz quem pegar os teus pequeninos e os esmagar contra a rocha!”[3].

O tema do infanticídio em massa, ampliado com um obsceno apelo ao esquartejamento das mulheres grávidas, também é encontrado no livro de Oséias, onde os destinados ao extermínio são os filhos dos samaritanos: “Samaria será aniquilada, porque se rebelou contra o seu Deus. Eles perecerão à espada, seus filhos serão despedaçados e suas mulheres grávidas serão dilaceradas”[4].

Não se pode dizer que as prescrições contidas no texto bíblico foram desobedecidas. Em 9 de abril de 1948, um mês antes do nascimento do “Estado de Israel”, Menachem Begin, autor do atentado que causou noventa mortes no King David Hotel em Jerusalém e futuro primeiro-ministro do regime sionista (1977-1983), além de Prêmio Nobel da Paz (1978), enviou os terroristas do Irgun para exterminar os habitantes da vila palestina de Deir Yassin[5], entre os quais, além de velhos, mulheres e crianças, havia trinta recém-nascidos. Quem o recorda não é um propagandista “antissemita”, mas o historiador israelense Ilan Pappe, que acrescenta, entre outras coisas: “Atiraram (…) em um grupo de crianças alinhadas contra um muro, que os judeus crivaram de balas ‘apenas por diversão’ antes de irem embora”[6]. Em muitas outras vilas palestinas ocorreram massacres semelhantes, como o de Ayn Zaytun descrito pelo jornalista judeu Hans Lebrecht: “A vila havia sido completamente destruída e entre as ruínas havia muitos cadáveres. Em particular, encontramos muitos corpos de mulheres, crianças e recém-nascidos perto da mesquita. Convenci o exército a queimar os cadáveres”[7].

Na Palestina ocupada pelos sionistas, os infanticídios em massa certamente não terminaram em Deir Yassin. Nos seis meses entre outubro de 2023 e março de 2024, “quase 26.000 crianças – equivalendo a pouco mais de 2% da população infantil de Gaza – foram mortas ou feridas”[8] na Palestina pelo exército dos ocupantes sionistas, o mesmo que “a única democracia do Oriente Médio” orgulhosamente vangloria como “o exército mais moral do mundo”. No mesmo período, “pelo menos 1.000 crianças tiveram uma ou ambas as pernas amputadas e cerca de 30 dos 36 hospitais foram bombardeados, restando apenas 10 parcialmente funcionais. Quase 90% dos edifícios escolares foram destruídos e cerca de 260 professores foram mortos”[9]. “Morreram mais crianças em seis meses em Gaza do que em todos os conflitos do mundo nos últimos quatro anos”, declarou o comissário-geral da Agência das Nações Unidas para o Socorro e a Ocupação dos Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA)[10].

Que esses crimes não devem ser imputados apenas à classe governante atual do regime sionista de ocupação, mas são conformes à ética militar do “exército mais moral do mundo” e às doutrinas que ele segue, é confirmado por um estudioso judeu autor de vários escritos sobre o judaísmo: Israel Shahak (1933-2001), nascido na Polônia, internado no campo de concentração de Bergen-Belsen e emigrado em 1945 para a Palestina, onde ensinou na Universidade Hebraica de Jerusalém. Israel Shahak relata que “numerosos comentaristas rabínicos do passado chegaram à conclusão lógica de que em tempo de guerra todos os gentios pertencentes a uma população inimiga podem, ou devem, ser mortos”[11] e nos informa que desde 1973 essa doutrina é ensinada nos círculos militares israelenses. Em um folheto publicado pelo “exército mais moral do mundo”, do qual Shahak revelou alguns trechos significativos traduzindo-os para o inglês[12], o grande rabino coronel A. Avidan afirma textualmente: “Quando, no curso de uma guerra ou em uma incursão armada, nossas forças encontram à sua frente civis dos quais não se pode ter certeza de que não nos farão mal, esses civis, de acordo com a Halakhah [o conjunto de normas jurídicas da doutrina tradicional judaica, nota do editor], podem e devem ser mortos (…) Em nenhum caso se deve confiar em um árabe, mesmo que ele tenha aparência de pessoa civil (…) Em guerra, quando nossas tropas realizam o assalto final, a Halakhah permite e ordena matar também os civis bons, ou seja, os civis que se apresentam como tais”[13]. A atualidade dessa doutrina é demonstrada pela correspondência trocada entre um recruta do exército israelense e seu rabino, relatada por Shahak. O soldado Moshe pergunta ao rabino Shimon Weiser: “Devemos tratar os árabes como os amalequitas? Quer dizer, é lícito matá-los deliberadamente até que sua memória seja apagada debaixo do céu[14], ou devemos agir como em uma guerra justa, na qual apenas os soldados são mortos?”[15] O piedoso rabino responde a Moshe citando o célebre imperativo talmúdico de Rabbi Shim‘on ben Yochay: “O melhor dos gentios, mate-o (Tob shebe-goyim harog); ao melhor dos serpentes, esmague o cérebro”[16]. Portanto, argumentando com base em uma passagem das Tôsâphôth (uma coletânea de interpretações do Talmud), conclui que em tempo de guerra a matança de civis é uma mitzvah, ou seja, uma prescrição religiosa.

“Tratar os árabes como os amalequitas?” pergunta a jovem recruta, participante do ódio inextinguível nutrido pelos judeus contra o antigo povo de Amaleque, arquétipo do inimigo que deve ser eliminado da face da terra. De fato, o mandamento de Javé transmitido por Samuel a Saul ainda é válido[17]: “Agora vai e ataca Amaleque e Ierim e tudo o que lhes pertence; não deverás deixar que sobrevivam, mas deverás destruir completamente ele e tudo o que lhe pertence; não deverás poupá-lo, mas deverás matar homens e mulheres, crianças e bebês, bois e ovelhas, camelos e jumentos”[18]. Mas, como “Saul e seu povo pouparam Agague [rei de Amaleque] e a melhor parte das ovelhas, dos bois, dos alimentos, dos vinhedos e de todas as coisas boas e não quiseram destruí-los completamente, mas destruíram completamente apenas o que não tinha valor e era desprezado”[19], Samuel completou a obra matando pessoalmente o rei de Amaleque. Até a tradição judaica posterior narrou este episódio seguindo os termos bíblicos. Flávio Josefo, por exemplo, escreve que Saul “prosseguiu com o extermínio de mulheres e crianças, considerando que não estava cometendo nada de cruel ou desumano: em primeiro lugar, porque agia assim contra inimigos e, em segundo lugar, porque obedecia a um comando de Deus, que seria perigoso desobedecer (…) Deus odiava tanto a nação dos amalequitas que lhe ordenou que não poupasse nem os bebês, por quem é natural sentir maior piedade”[20].

Além disso, a conquista da “terra prometida” foi marcada por uma série de massacres e matanças que não pouparam nem mulheres, nem crianças. Como Seon, rei de Esbom, havia se recusado a permitir que os israelitas passassem por seu território, eles destruíram todos os centros habitados, massacrando todos os habitantes: “Naquele tempo, apoderamo-nos de todas as suas cidades [do reino de Seon] e destruímos completamente todas as cidades, incluindo mulheres e crianças: não deixamos ninguém com vida”[21]. No reino de Basã, destruíram sessenta cidades: “Condenamo-los à destruição, como fizemos com Seon, rei de Esbom, e condenamos à destruição todas as cidades, incluindo mulheres e crianças”[22]. Quando os israelitas entraram em Jericó, “Josué condenou à destruição tudo o que havia na cidade: homens e mulheres, jovens e velhos, bezerros e animais de carga, todos foram mortos ao fio da espada”[23]. Em Ai, os israelitas também massacraram todos os habitantes, sem distinção de sexo e idade: “Naquele dia, os mortos foram doze mil, todos os habitantes de Ai (…) depois Josué incendiou a cidade”[24]. Na parte sul de Canaã, os israelitas “tomaram Maquedá no mesmo dia e a passaram ao fio da espada, destruindo todos os seres vivos: não deixaram que ninguém se salvasse ou escapasse”[25]. Depois foi a vez de Lebna: “a passaram ao fio da espada com todos os seres vivos dentro dela: não deixaram que ninguém se salvasse ou escapasse”[26]. Então “o Senhor entregou também Laquis nas mãos de Israel, que a tomou no segundo dia, a passou ao fio da espada e a destruiu”[27]. Em seguida, Josué tomou Eglom e “a passou ao fio da espada; dentro dela passaram ao fio da espada todos os seres vivos”[28]. Então foi a vez de Hebrom: “a passou ao fio da espada e não deixou sobreviver nenhum ser vivo daqueles que ali se encontravam”[29]. O massacre seguinte ocorreu em Debir: “a passaram ao fio da espada, a destruíram com todos os seres vivos que lá estavam e não deixaram ninguém com vida”[30]. Quando os israelitas se voltaram contra a parte norte de Canaã e tomaram a cidade de Hazor, “não foi deixado nela um só ser vivo”[31]. Finalmente, toda a terra de Canaã foi conquistada e saqueada, e seus recursos foram divididos entre as várias tribos israelitas.

Abordando o tema das origens bíblicas da estratégia seguida pelos sionistas para ocupar a Palestina e identificando seu modelo arquetípico no relato épico do Livro de Josué, Youssef Hindi observou que “a história da conquista foi mitologizada pelos rabinos e escribas que redigiram e falsificaram a Bíblia, transmitindo-nos não tanto a realidade histórica, mas a sua concepção de Deus e suas relações com os goim, os não judeus”[32]. A acusação sobre a falsificação das Escrituras feita pelos judeus, claramente formulada no texto corânico[33], é conhecida e familiar ao autor muçulmano, que a relança citando como caso exemplar justamente o Livro de Josué e apresentando a prova de sua manipulação. “Quando a conquista de Josué chega ao fim, – ele escreve – diz-se que, posteriormente, Moisés atribuiu cada parte às tribos dos filhos de Israel e que ele permaneceu na outra margem do Jordão (Josué 13, 29-33)”[34]. Mas Moisés, objeta Youssef Hindi, “já havia morrido no deserto antes que Josué e Israel entrassem na terra prometida e depois que Deus lhe havia anunciado que ele não veria a terra prometida e ficaria na outra margem do Jordão”[35].

No entanto, o que importa não é a verdade ou a credibilidade histórica do relato bíblico, mas sim seu valor como história exemplar, no sentido em que são exemplares os mitos, os quais, “pelo simples fato de enunciarem o que aconteceu illo tempore, são uma história exemplar do grupo humano que os conservou e do cosmo desse grupo”[36]. Assim como os mitos, também o relato bíblico, contido em um texto que o judaísmo considera revelado por Deus e nunca mais revogado, pode ou deve ser repetido, encontrando “seu significado e valor na própria repetição”[37]. Uma manifestação eloquente dessa concepção é dada pelo discurso proferido em 9 de março de 2017, diante de um Vladimir Putin desconcertado, pelo primeiro-ministro israelense Netanyahu, que, para sustentar suas “razões” contra a República Islâmica do Irã, evocou o massacre de 75.000 persas cometido pelos judeus no século V a.C. [38] e desde então revivido anualmente na festa de Purim.

Portanto, tenham realmente ocorrido ou sejam fruto da fantasia de agiógrafos afetados por um sadismo particular, as ações infanticidas e genocidas descritas com mórbido deleite nos trechos bíblicos acima citados inspiraram os sionistas, que, considerando-as santas, exemplares e normativas, as tomaram como modelo para seus crimes.

Notas

[1] “Έπὶ τῶν ποταμῶν Βαβυλῶνος – ἐϰεῖ ἐϰαθίσαμεν ϰαὶ ἐϰλαύσαμεν – ἐν τῷ μνησθῆναι ἡμᾶς τῆς Σιων. / ἐπὶ ταῖς ἰτέαις ἐν μέσῳ αὐτῆς ἐϰρεμάσαμεν τὰ ὄργανα ἡμῶν” (Sl 136, 1-2; Trad. Septuaginta).
[2] Salvatore Quasimodo, Con il piede straniero sopra il cuore, Quaderni di costume, Milão 1946.
[3] “μαϰάριος ὃς ϰρατήσει ϰαὶ ἐδαφιεῖ τὰ νήπιά σου πρὸς τὴν πέτραν” (Ps. 136, 9; Trad. Septuaginta).
[4] “ἀφανισθήσεται Σαμάρεια, ὅτι ἀντέστη πρὸς τὸν θεὸν αὐτῆς- ἐν ῥομφαίᾳ πεσοῦνται αὐτοί, ϰαὶ τὰ ὑποτίτθια αὐτῶν ἐδαφισθήσονται, αἱ γαστρὶ ἔχουσαι αὐτῶν διαρραγήσονται” (Os, 14, 1; Trad. Septuaginta).
[5] Em seu livro The Revolt: History of the Irgun, Begin escreveu que “o Estado de Israel não teria nascido sem a vitória de Deir Yassin” (p. 200).
[6] Ilan Pappe, The Ethnic Cleansing of Palestine (A limpeza étnica da Palestina), Fazi Editore, Roma 2008, p. 117.
[7] Hans Lebrecht, The Palestinians. History and Present, Zoo Ha-Derech, Tel Aviv, 1987, p. 177.
[8] Em seis meses de guerra, 26.000 crianças foram mortas ou feridas em Gaza, ansa.it, 4 de abril de 2024.
[9] Ibid.
[10] tg24.sky.it/mondo/2024/04/28/
[11] Israël Shahak, Histoire juive – Religion juive. Le poids de trois millénaires, La vieille taupe, Paris 1996, pp. 157-158.
[12] I. Shahak, Jewish History, Jewish Religion. The weight of three thousand years, Pluto Press Limited, Londres 1994.
[13] A. Avidan, Tohar hannesheq le’or hahalakhah (‘The Purity of Arms in the Light of the Halakhah’), Centre Region Command, 1973, citado em I. Shahak, op. cit. Shahak, op. cit. p. 158.
[14] “Apagarás a memória de Amaleque debaixo dos céus” (Deuteronômio, 25:19).
[15] Rabino Shim’on Weiser, The Purity of Arms (A pureza das armas). Uma troca de cartas, em “Niv Hammidrashiyyah Yearbook”, 1974, p. 29. O anuário é publicado em hebraico, inglês e francês, mas as cartas citadas aqui apareceram apenas em hebraico. A tradução citada aqui vem de I. Shahak, op. cit., pp. 158-164.
[16] “O melhor dos gentios, mate-o; a melhor das cobras, esmague seus miolos” (Abhodah Zarah, 26b, Tôsâphôth). “Simon ben Yohaj é, por excelência, o mestre antigentio. Em uma coleção de três de seus ditos que começam com a palavra-chave tôbh (=bom) (Yer. Kid. 66c; Massek. Soferim XV, 10; Mek. Beshallah 27a; Tan., Wayera ed. Buber, 20) encontra-se a expressão frequentemente citada pelos antissemitas ‘Tob shebe-goyyim harog’ (= ‘O melhor dos gentios merece ser morto’)” (The Jewish Encyclopedia, Nova York 1901-1906, vol. V, p. 617).
[17] Das 613 mitzvot que o israelita piedoso é chamado a observar, três se referem a Amaleque.
[18] “Agora, pois, oras, ferirás a Amaleque e a Jerim e a todos os seus e não te ocuparás dele e o destruirás e a todos os seus e não serás poupado dele. não serás poupado dele ϰηη e de um homem ϰη e de um homem ϰη e de uma mulher ϰη e de um bebê a um bebê de peito ϰη e de um bezerro a uma ovelha ϰη e de uma maçã a um cordeiro ϰη” (I Samuel, 15, 3; trad. Septuaginta).
[19] “E todo o povo se preocupou com Saul, e todo o povo se preocupou com Agague vivo, e com o bem dos rebanhos, e com as ovelhas, e com as ovelhas, e com a carne, e com a carne dos rebanhos. vinhas, e todas as coisas boas, e que não fossem destruídas; e toda obra que é envergonhada, e toda obra que é exaltada, destruída” (I Samuel; trad. Septuaginta).
[20] “Ele foi para a matança de mulheres e bebês, nenhum ser humano, nem um crime mais cruel da natureza, primeiro entregando-os aos guerreiros, depois por ordem de Deus, que trouxe o perigo não convincente. (…) pois Deus inspirou assim a nação dos amalequitas, não como de crianças, mas de crianças, não como de crianças, mas de filhos de crianças, que caíram da graça para a misericórdia” (Flavio Giuseppe, Antichità giudaiche, VI, 7, 136-138).
[21] “E tiramos todas as cidades de suas cidades na terra dos eunucos, e cortamos cada cidade seis a seis, e suas mulheres e seus filhos, e não fizemos uma aliança” (Deuteronômio 2, 34; trad. Septuaginta).
[22] “Nós os destruímos, como destruímos a Siom, rei dos heteus, e destruímos todas as cidades, tanto as mulheres como as crianças” (Deuteronômio 3:6; trad. Septuaginta).
[23] “E Jesus a curou, e a todos os que havia na cidade, desde o homem até a mulher, desde o jovem até o bezerro e a mulher menor de idade, ao fio da espada” (Josué 6:21; trad. Septuaginta).
[24] “E os que caíram naquele dia nasceram de homem para mulher doze mil, todos os que eram da mesma idade (…) e Jesus incendiou a cidade” (Josué 8, 25-28; trad. Septuaginta).
[25] “E naquele dia tomaram Maϰida ϰ e a mataram ao fio da espada ϰ e destruíram tudo o que nela ardia, ϰ e ninguém ficou nela, ninguém se salvou ϰ e ninguém foi destruído” (Josué 10, 28; trad. Sptuaginta).
[26] “Eles a mataram ao fio da espada, e tudo o que havia nela foi morto, e nada restou nela que não tenha sido destruído, nem nada que tenha sido salvo ou perecido” (Josué 10, 30; trad. Septuaginta).
[27] “O Senhor entregou Laquis nas mãos de Israel, e eles a tomaram no segundo dia, e a mataram ao fio da espada, e a destruíram” (Josué 10, 32; trad. Septuaginta).
[28] “ἐφόνευσεν αὐτὴν ἐν στόματι ξίφους, 🏰αὶ πᾶν ἐμπνέον ἐν αὐτῇ ἐφόνευσαν” (Josué 10, 35- μετάφραση Septuaginta).
[29] “ἐπάταξεν αὐτὴν ἐν στόματι ξίφους ϰαὶ πᾶν ἐμπνέον, ὅσα ἦν ἐν αὐτῇ, οὐϰ ἦν διασεσῳσμένος” (Josué 10, 37- μετάφραση Septuaginta).
[30] “ἐπάταξαν αὐτὴν ἐν στόματι ξίφους ϰαὶ ἐξωλέθρευσαν αὐτὴν ϰαὶ πᾶν ἐμπνέον ἐν αὐτῇ ϰαὶ οὐ 🏰ατέλιπον αὐτῇ οὐδένα διασεσῳσμένον” (Josué 10, 39- μετάφρ. Septuaginta.
[31] “οὐ 🏰ατελείφθη ἐν αὐτῇ ἐμπνέον” (Ιησούς του Ναυή 11:11, μετάφραση των Εβδομήκοντα).
[32] Youssef Hindi, Biblical Origins of the Israeli Strategy of Conquest, “Ευρασία”, 1/2024, σ. 39.
[33] “Αλίμονο σ’ αυτούς που γράφουν το βιβλίο με τα χέρια τους (yaktubūna al-Kitāba bi aydīhim) και μετά λένε: ‘Αυτό είναι από τον Θεό’ και το ανταλλάσσουν με μια άθλια τιμή! Αλίμονο σ’ αυτούς για όσα έγραψαν τα χέρια τους και για όσα κέρδισαν” (Κοράνι ΙΙ, 79).
[34] Y. Χίντι, ό.π., σ. 40, αρ. 1.
[35] Ibid.
[36] Mircea Eliade, Trattato di storia delle religioni, Boringhieri, Τορίνο 1972, σ. 447.
[37] M. Eliade, ό.π., σ. 1.
[38] “Έτσι οι Εβραίοι χτύπησαν όλους τους εχθρούς τους με το σπαθί: ήταν μια αληθινή σφαγή, μια αληθινή εξόντωση: έκαναν με τους εχθρούς τους ό,τι ήθελαν” (Εσθήρ, 9, 5).

quinta-feira, 27 de junho de 2024

A verdadeira cultura por um fio

 É mesmo surpreendente – e funesto – como as pessoas foram se acostumando com o desastre, a escuridão, a mentira e a liquidação da cultura ocidental. É, de fato, espantoso como elas se anestesiaram frente aos acontecimentos negativos na vida econômica e social.

Eu diria que elas renunciaram à lógica e à realidade objetiva. Doutrinação, enganação, cansaço, e/ou falta de alternativas podem ser elementos explicativos.

Certo que os apologistas da ideologia do fracasso estão por todas as partes e em grande número. A dissonância cognitiva não os deixa realizar que são meras peças de manobra no grande tabuleiro dos interesses de uma (des)elite que só pensa naquilo: mais poder.
Parece não adiantar argumentar validamente sobre a “verdade verdadeira”; conversa-se com surdos.

Nesse jogo sujo, ineptos e iludidos rezam diariamente pelo Estado grande, o “salvador” de suas pobres vidas – o propagador do câncer incurável do intervencionismo corrupto.

A construção é lenta e penosa, a destruição é rápida como um piscar de olhos. Como líderes psicopatas e perversos conseguiram converter jovens mimados e revoltados em guerreiros da destruição dos valores civilizacionais virtuosos? Como lograram cancelar a cultura “de verdade”, embasada nos valores judaico-cristãos, em prol do imediatismo de viver segundo seus desejos e sentimentos, desconectados dos valores civilizacionais basilares e sustentados nas areias movediças das crenças, das falácias e da vitimização?

Sob o “véu da ignorância”, disfarçados de nobreza, diversidade e inclusão, assumiram o protagonismo dos valores virtuosos a ser cultuados. Quem diverge transforma-se num herege, negacionista.

Não há mais fronteiras lógicas para o crescimento do engodo e da vitimização. Parecem não existir instrumentos para desarmar a névoa da ilusão e das paixões sectárias.

Os donos do mundo e das retóricas e falácias são agentes estatais, políticos e outros políticos vestindo togas negras, disfarçados de juízes. Esses só se preocupam, narrativamente, com o povo, concedendo privilégios e mais (des)direitos absurdos, que, a despeito de proclamarem o bem-estar geral, hipotecam o futuro da nação tupiniquim.

As migalhas regaladas no presente são o veneno para um futuro alvissareiro. As pessoas parecem ter terceirizado o ato de pensar para outros de suas tribos, evidente, que não pensam. Assumiu o volante transloucado a escassez de racionalidade. Sumiu a capacidade de pensar logicamente a fim de se fugir das contradições. É a lógica que permite que se identifiquem falácias e o que nos faz tomar decisões embasadas em evidências. Sem ela, mandam os preconceitos cognitivos.

Evidências estão nos fatos da realidade, não em suposições, achismos e/ou crenças. Programas de mais direitos, menos deveres, tornaram-se incontestáveis. Retrocessos populistas estão sempre à mesa, tais como política industrial, estatais para compadres, políticas identitárias descabidas, enfim, tudo para o voto e/ou ganhar um quinhão.

Nada das evidências vencedoras. Nada de desregulamentação econômica, corte de impostos, redução da máquina estatal e a não intromissão do Estado em nossas vidas.
Não me contento com esse “admirável mundo novo”. É seguro que é necessário preservar a verdade e aquilo que deu e dá certo.

Evidente que necessitamos estar abertos para aprender e rever, a partir de novas informações e fatos, não em embustes, falácias e crenças despropositadas. A boa notícia é que a verdade, timidamente, aparece aqui e ali – do lado.

Contudo, a má notícia é que, depois de viver muito tempo no escuro das cavernas progressistas, uns já eram dotados da cegueira, outros podem ficar cegos pela luz da verdade. Veremos.


 Alex Pipkin