Bunker da Cultura Web Rádio

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O maior vilão da Covid recebe seu perdão

 Se você se lembra, o governo Biden teve um início notavelmente desastroso em 2021, INCLUSIVE influenciando outros países, exemplo do Brasil.



Quase imediatamente, o então presidente e seus aliados se empenharam em impor uma série de políticas questionáveis, restrições e censura ao público americano. Um exemplo claro disso foi a vacina contra a Covid-19, que inicialmente era voltada para idosos e grupos de risco, mas passou a ser incentivada até mesmo para bebês de seis meses.

Biden chegou a acusar os estados que suspenderam a obrigatoriedade do uso de máscaras de terem um pensamento "neandertal", apenas para depois ver esses estados apresentarem resultados melhores do que aqueles que mantiveram as restrições.

É claro que eles também trabalharam incansavelmente - e, infelizmente, com muito sucesso - para censurar opiniões contrárias nas redes sociais, pressionando agressivamente plataformas como Facebook e Twitter. Depois veio a tentativa de impor os passaportes de vacina.

Felizmente, essa medida foi barrada, mas Biden tentou obrigar empresas privadas a demitirem funcionários não vacinados. Além disso, ele manteve a proibição de entrada de viajantes não vacinados no país por anos, mesmo depois de ficar claro que isso não impediria a propagação do vírus.

Com políticas inconstitucionais sendo impostas aos americanos tão pouco tempo após a posse de um governo tão desastroso como o de Biden, parecia difícil imaginar que as coisas poderiam piorar. Mas pioraram.

 

O extremismo da pandemia de Biden nos deu um último presente

Obviamente, dado o extremismo e a negação da realidade de seu governo em relação à Covid, faz sentido que Biden, enquanto estivesse no cargo, fizesse de tudo para evitar qualquer tipo de prestação de contas ou consequências para algumas das figuras mais influentes da pandemia.

Entre elas, a principal foi o agora ex-diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci.

A quantidade de erros, mentiras descaradas e desinformação intencional promovida por Fauci durante a pandemia foi – e ainda é – de cair o queixo:

  • Disse que a hipótese do vazamento de laboratório era apenas uma teoria da conspiração;
  • Teve grande influência no fechamento das escolas;
  • Ajudou a instaurar os lockdowns;
  • Declarou no programa 60 Minutes que as máscaras não funcionavam, explicando cientificamente por que elas não impediriam a infecção, para então mudar de posição em poucas semanas sem qualquer explicação;
  • Desconsiderou a imunidade natural após a infecção por Covid, apesar de ter explicado anteriormente que a imunidade natural contra a gripe era forte o suficiente para dispensar a vacina;
  • Criticou governadores como Ron DeSantis por reabrirem seus estados antes do que ele considerava adequado, mas ignorou quando esses estados não tiveram os surtos massivos que ele previa;
  • Afirmou que os estados que seguissem suas recomendações sobre máscaras e outras medidas se sairiam melhor do que aqueles que não seguissem – algo que foi rapidamente provado falso;
  • Se recusou a admitir que estava errado sobre qualquer uma dessas políticas;
  • Mentiu sobre a eficácia das vacinas, alegando que eram 100% eficazes e previu que bastaria vacinar 50% dos adultos para impedir novos surtos;
  • Permaneceu em silêncio enquanto os passaportes de vacina foram implementados em meados de 2021, mesmo quando já se sabia que as vacinas não impediam a transmissão do vírus;
  • Apoiou as políticas extremas de vacinação de Joe Biden e a campanha de medo sobre um “inverno de doença grave e morte” para os não vacinados em 2021-2022, que claramente era divisiva, agressiva e imprecisa;
  • E, à medida que essas políticas foram sendo desmentidas uma a uma, simplesmente negou qualquer envolvimento na criação delas.

 Essa é apenas uma pequena lista resumida, que nem sequer inclui outras declarações e ações indefensáveis de Fauci durante a pandemia.

E ele vai sair impune de tudo isso.

Alguns políticos, especialmente o senador Rand Paul, têm pressionado para que Fauci seja responsabilizado por algumas de suas mentiras, principalmente no que diz respeito aos depoimentos que deu ao Congresso sobre o que sabia a respeito das pesquisas de ganho de função no laboratório de Wuhan e sua possível ligação com o surgimento do vírus em 2019.

Com uma nova administração e maiorias republicanas em ambas as casas do Congresso, parecia que finalmente haveria uma oportunidade para Fauci enfrentar as consequências que merece. Mas então, no último momento, os assessores de Joe Biden intervieram para proteger o Dr. "Eu Sou a Ciência" Fauci, um de seus aliados políticos mais influentes.

Em mais um abuso sem precedentes do poder político, Biden anunciou que estava concedendo um perdão presidencial a Anthony Fauci, juntamente com vários outros agentes da esquerda, em uma ação que retroage até 2014.

"A emissão desses perdões não deve ser interpretada como um reconhecimento de que qualquer indivíduo cometeu alguma irregularidade, nem sua aceitação deve ser vista como uma admissão de culpa por qualquer crime", disse Biden em seu comunicado. "Nosso país tem uma dívida de gratidão com esses servidores públicos por seu incansável compromisso com a nação."

E, claro, Fauci aceitou o perdão, garantindo que ficaria permanentemente protegido de qualquer tentativa de responsabilizá-lo por suas ações.

"Deixe-me ser absolutamente claro: não cometi nenhum crime e não há qualquer base para qualquer alegação ou ameaça de investigação criminal contra mim. No entanto, o simples fato de essas ameaças infundadas serem levantadas, e o risco de que possam ser levadas adiante, causa um sofrimento imensurável e intolerável para mim e minha família. Por essas razões, reconheço e aprecio a decisão do presidente Biden em meu favor", declarou Fauci.

Fauci disse ao seu amigo Jim Acosta, da CNN, que se sentia aliviado por escapar de qualquer responsabilização.

"É uma sensação boa, e estou grato ao presidente por isso", disse Fauci, segundo a conta de Acosta no X.

"Não fiz nada de errado. Certamente nada criminoso. Nenhuma base para isso", afirmou Fauci.

Acosta continuou, dizendo que Fauci estava preocupado com o fato de que legisladores republicanos tentariam responsabilizá-lo por possivelmente ter mentido ao Congresso.

"Fauci disse que estava cada vez mais preocupado com as ameaças direcionadas à sua família e citou as audiências no Congresso no ano passado, quando legisladores republicanos o acusaram de cometer crimes durante sua liderança na resposta americana à pandemia. Fauci acrescentou que a Casa Branca de Biden expressou preocupação com o ‘sofrimento imensurável’ que essas ameaças estavam causando à sua família."

Depois de tudo isso, depois de todos os discursos sobre “democracia”, “normas institucionais” e “ninguém está acima da lei”, Biden subverteu o processo democrático, destruiu as normas de responsabilidade e perdão presidencial e garantiu que aqueles que compartilham e defendem sua ideologia permaneçam intocáveis pela lei.

Fauci afirmar que não fez nada de errado é o auge do absurdo. Claro que fez. A lista de seus erros é, literalmente, interminável. Ele quase certamente enganou o povo americano e o Congresso sobre o que sabia a respeito do vazamento de laboratório e quando soube disso. Sua defesa e ativismo político foram responsáveis por prejudicar milhões de pessoas por meio de restrições, fechamento de escolas, lockdowns e passaportes de vacina.

Ele nunca pediu desculpas por nada disso. Pelo contrário, ridicularizou aqueles preocupados com seus direitos e liberdades.

Embora as chances de Fauci enfrentar consequências severas por suas ações fossem pequenas, pelo menos uma audiência no Congresso, comandada pela oposição, poderia ter revelado algumas verdades ou até declarações incriminatórias. Agora, é provável que nem isso aconteça, porque Joe Biden decidiu que ser membro do Partido Democrata significa estar imune a qualquer crítica ou responsabilização.

Se Fauci não fosse um aliado da esquerda política, a mídia estaria em fúria diante dessa injustiça. Mas, como sempre, quando envolve um democrata, a história é (D)iferente.

Juridicamente, talvez haja pouco a ser feito a nível federal. Mas todos, absolutamente TODOS, sabem que Fauci estava errado, que mentiu, distorceu e encobriu informações, e que é perfeitamente possível que ele tenha ajudado, ainda que indiretamente, a financiar a criação e liberação do coronavírus. Todos sabemos.

 

Alexandre de Moraes: O Juiz que se Tornou Rei e Silenciou a Oposição no Brasil


Há um velho ditado de que o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente. No caso de Alexandre de Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, esse axioma nunca foi tão apropriado. O que começou como uma nomeação judicial sob circunstâncias questionáveis transformou-se em uma consolidação de autoridade incontrolada, transformando Moraes em algo mais do que um juiz — um governante de fato, sem prestar contas a qualquer eleitorado, sem supervisão significativa e sem restrições pelos princípios que definem a governança democrática. Sua capacidade de ditar o discurso político, censurar vozes da oposição e punir dissidências levou muitos a argumentar que ele não é mais um juiz interpretando a ley, mas um rei emitindo decretos. O processo judicial movido contra ele pelo Rumble e pela Trump Media & Technology Group (TMTG) apresenta um retrato devastador de um jurista que ultrapassou seu mandato constitucional, tornando-se a figura mais poderosa e incontrolável do Brasil.
A ascensão de Moraes ao poder começou com uma nomeação suspeita. Em 2017, o Brasil estava no meio da explosiva investigação de corrupção Operação Lava Jato, que implicava algumas das figuras políticas e empresariais mais poderosas do país. O juiz Teori Zavascki, que supervisionava o caso, morreu subitamente em um acidente de avião, uma morte que muitos acharam conveniente demais, dado o contexto político. Com Zavascki fora, o então presidente Michel Temer — ele mesmo alvo de investigações por corrupção — rapidamente nomeou Moraes, seu ex-ministro da Justiça, para o STF, garantindo que alguém leal ao establishment político, e não um jurista imparcial, teria um papel decisivo na direção do tribunal.
Moraes nunca havia atuado como juiz antes de ser elevado ao STF. Sua nomeação foi política, não judicial. Seus laços com a administração Temer e com a elite política brasileira levantaram preocupações imediatas de que ele foi instalado não para defender o Estado de Direito, mas para proteger os poderosos. O processo do Rumble argumenta que Moraes foi escolhido exatamente por essa razão: para agir como guardião do establishment, assegurando que o STF servisse como escudo contra futuras investigações de corrupção, em vez de um executor imparcial da justiça.
Uma vez no tribunal, Moraes não perdeu tempo em afirmar sua autoridade de maneiras que ultrapassaram o controle judicial tradicional. Ele liderou a Inquérito nº 4781, conhecido como “Inquérito das Fake News”, sob o pretexto de combater desinformação. Mas, na realidade, o inquérito funcionou como um mecanismo para silenciar críticos, alvejar adversários políticos e consolidar o controle judicial sobre o discurso público. Um de seus primeiros atos foi a censura de um artigo de notícias expondo a suposta corrupção do juiz José Antonio Dias Toffoli, aliado próximo de Moraes. Sob ameaça de multas enormes, Moraes forçou a remoção do artigo, demonstrando que estava disposto a usar seu poder judicial não para defender a democracia, mas para proteger seus próprios aliados de escrutínio.
Esse padrão de autoritarismo judicial só escalou. O processo contra Moraes descreve como ele supervisionou pessoalmente a censura e a criminalização de figuras da oposição, particularmente aquelas alinhadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Usando ordens seladas — comandos judiciais secretos que evitam o escrutínio público — Moraes alvejou pelo menos 150 indivíduos, incluindo políticos, jornalistas e comentaristas nas redes sociais, acusando-os de espalhar desinformação ou discurso antidemocrático. A ironia, é claro, é que, em seu suposto esforço para proteger a democracia, ele a despojou de um de seus pilares fundamentais: a liberdade de expressão.
Mas o alcance de Moraes não se limita às fronteiras do Brasil. O processo do Rumble detalha sua campanha de censura extraterritorial, na qual ele emitiu ordens compelindo empresas baseadas nos EUA, como Rumble e Truth Social, a silenciar vozes críticas ao governo brasileiro. Suas demandas exigiram que essas plataformas removam contas que estão totalmente em conformidade com a lei americana e com as proteções da Primeira Emenda. Moraes também tentou forçar essas empresas a designarem representantes legais no Brasil, uma medida que as colocaria sob sua jurisdição e permitiria que ele impusesse multas ou outras medidas punitivas por descumprimento.
O processo também destaca seu confronto extraordinário com Elon Musk e o X (antigo Twitter). Musk denunciou publicamente as tentativas de Moraes de forçar o Twitter a remover conteúdo político brasileiro, chamando isso de violação flagrante da liberdade de expressão. Em resposta, Moraes ameaçou as empresas de Musk, incluindo a Starlink, com penas pesadas, demonstrando sua disposição de punir quem resiste a suas demandas autocráticas. Com isso, Moraes revelou a extensão total de sua autoridade incontrolada: seu poder se estende não apenas sobre o Brasil, mas também ao domínio digital, além das fronteiras de seu país, e até mesmo ao sistema legal americano.
Talvez o exemplo mais grave dos esforços de Moraes para esmagar a dissidência seja seu alvejamento de um dissidente político baseado nos EUA — referido no processo como “Dissidente Político A”. Esse comentarista conservador brasileiro fugiu para os Estados Unidos após Moraes emitir um mandado de prisão por suposto “discurso antidemocrático”. Quando o Brasil pediu sua extradição, os EUA rejeitaram categoricamente, citando o fato de que o discurso do dissidente era protegido pela lei americana. Mas Moraes não se intimidou: em vez de respeitar as normas internacionais, ele buscou sufocar a capacidade do dissidente de se comunicar, coagindo plataformas de mídia social dos EUA a bani-lo.
Esse não é o comportamento de um juiz. É o comportamento de um tirano que vê o judiciário como seu instrumento pessoal de poder. Moraes exerce maior autoridade do que qualquer funcionário eleito no Brasil — mais do que o presidente, mais do que o Congresso. Ele não presta contas aos eleitores. Ele não respeita o devido processo legal. Ele emite ordens secretas que evitam supervisão. Ele pune quem desafia seu reinado, até mesmo além das fronteiras de sua própria nação.
O processo movido pelo Rumble e pela TMTG não é apenas um caso sobre um juiz fora de controle ultrapassando seus limites; é um alerta. Se tribunais estrangeiros podem ditar o discurso de empresas americanas, anulando proteções constitucionais, então a tirania judicial deixa de ser uma preocupação doméstica — torna-se uma crise global. Se Moraes for permitido silenciar vozes à vontade, deter críticos sem devido processo e coagir empresas privadas a fazerem cumprir seus decretos, então o Brasil deixa de funcionar como uma democracia em qualquer sentido significativo.
Um juiz deve interpretar e defender a ley, não reescrevê-la em segredo. Mas Alexandre de Moraes se posicionou acima da ley, prestando contas apenas a si mesmo. Ele se coroou rei, e enquanto ele reinar, a democracia no Brasil existe apenas no nome.
usuário , com o ID 1893384807503319363. Aqui está a tradução do texto do post para o português, com base no conteúdo fornecido no <TARGET_POST_TO_ANALYZE>:

sábado, 22 de fevereiro de 2025

O Green New Deal continua sua guerra contra a carne

 Com o recém-revelado “Green New Deal”, os tambores de guerra contra a carne bovina ficaram ainda mais altos. Assim como seu antecessor do século XX, o Green New Deal é um pacote legislativo economicamente analfabeto. Robert Murphy escreveu dois artigos fantásticos desmascarando muitas das políticas errôneas incluídas no Green New Deal, como gastos e regulamentações excessivos.

Entretanto, este artigo se concentrará nos aspectos de engenharia social do Green New Deal. Especificamente, sua visão anti carne.

 


A culpa é da carne pelo aquecimento global

Na página de perguntas frequentes sobre o Green New Deal, havia uma seção destacando as diferenças entre alcançar energia “100% limpa e renovável” e energia “100% renovável”. Na visão dos defensores do Green New Deal, as emissões de “vacas peidorreiras” são o que está dificultando a conquista de uma fonte de energia puramente limpa e renovável.

Esta afirmação foi ridicularizada em toda a Internet. No entanto, a ideia de um programa do governo que obrigaria pecuaristas e agricultores a abaterem animais de fazenda em nome do cumprimento de uma agenda política não é tão descabida. Na verdade, nem é inédito.

No New Deal original introduzido na década de 1930, o governo federal tomou medidas extraordinárias para combater a Grande Depressão. Uma delas foi a Lei de Ajuste Agrícola de 1933, que levou o governo federal a realizar “reduções emergenciais de gado”. Os New Dealers argumentaram que havia um excesso de suínos que era responsável por manter os preços do gado baixos. Em seu zelo para “salvar” o país, o governo começou a comprar e abater gado em massa. Tom Woods detalha como o AAA [Agriculture Adjustment Act ou Lei do Ajuste Agrícola do New Deal] levou ao abate de “cerca de seis milhões de porcos”, tudo em nome da tentativa de manter os preços altos em um período de crise.

Voltando para o presente, agora precisamos falar sobre a redução das emissões de metano provenientes do gado. Como isso será feito? O Green New Deal trouxe poucos detalhes específicos, mas, dada a visão ideológica de seus defensores, é seguro dizer que consistirá em medidas impostas de cima para baixo pelo governo. Quem sabe, o abate obrigatório de animais pode até voltar à discussão.

Independentemente dos detalhes exatos do Green New Deal, ele é, de fato, um sucessor espiritual do New Deal original.

 

A ciência é a resposta para questões políticas?

Os debates sobre o aquecimento global são acalorados e muitas vezes geram respostas mais baseadas em política do que em ciência objetiva. Este texto não apresentará argumentos científicos contra o Green New Deal, mas existem estudos que indicam que a crença fanática de seus defensores contra o consumo de carne pode não se sustentar quando analisada com mais rigor.

O argumento de que o gado contribui significativamente para o aquecimento global não é um consenso absoluto. Na verdade, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) estima que as emissões diretas de gases de efeito estufa provenientes do gado e de seus dejetos representam apenas 2% do total de emissões dos Estados Unidos.

A relação entre a pecuária e o aquecimento global também foi questionada por pesquisadores da universidade Virginia Tech e do USDA-ARS [Serviço de Pesquisa Agrícola, agência do Departamento de Agricultura americano]. Eles concluíram que eliminar a criação de animais da agricultura reduziria as emissões de gases de efeito estufa dos EUA em apenas 2,6% e, globalmente, em 3,6%.

Usar a carne bovina como bode expiatório para o aumento das emissões não é novidade.

Em 2006, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) publicou um estudo chamado Livestock’s Long Shadow, argumentando que a produção de carne era responsável por 18% das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, essa conclusão foi imediatamente contestada por Frank Mitloehner, da Universidade da Califórnia em Davis. Mitloehner rejeitou os resultados do estudo e afirmou que a análise utilizada pela FAO era uma comparação equivocada, uma espécie de “analogia entre maçãs e laranjas” que distorcia a questão. Como consequência, muitas pessoas passaram a acreditar erroneamente que a produção de carne gerava mais emissões de gases de efeito estufa do que o setor de transportes.

Em resumo, a ciência ainda não chegou a um consenso sobre o impacto da produção de carne nas emissões de gases de efeito estufa.

A ciência não deve ser a base da formulação de políticas. Para que não nos esqueçamos, o cientificismo, “a confiança excessiva ou a aplicação excessiva do método científico”, tomou conta do pensamento econômico do século XX. O progressismo e suas vertentes socialistas são fortemente baseados em abordagens supostamente “científicas” do planejamento econômico racional. Ludwig von Mises foi rápido em apontar, no livro Caos Planejado: Intervencionismo, socialismo, fascismo e nazismo, que a ciência tem seus limites:

“A ciência é competente para estabelecer o que existe. Ela nunca pode ditar o que deve ser.”

Por esse motivo, as justificativas cientificistas para a intervenção governamental também caem por terra.

A mesma lógica se aplica aos argumentos baseados na saúde com relação ao consumo de carne. O fato de a carne ser saudável ou não saudável não vem ao caso. A verdadeira questão em pauta é se o Estado deve ditar ou regulamentar o consumo de carne.

 

Precisamos fazer mais perguntas

Ao discutir políticas de longo escopo que podem afetar a vida de milhões de pessoas, devemos sempre fazer perguntas.

Está na hora de começarmos a invocar a “Regra de Deist”. Esse conceito é baseado em um tweet que o ex-presidente do Mises Institute, Jeff Deist, publicou em resposta a um artigo que condenava a ideologia. A mesma linha de questionamento pode ser aplicada a qualquer questão política:

  • Quem decide?
  • Quais são os incentivos para a cooperação?
  • O que as pessoas derrotadas politicamente podem fazer?

Essas indagações geralmente se perdem na classe política, que está cega pelo desejo de sempre "fazer algo". Esse impulso é perigoso porque não leva em conta a série de consequências não intencionais que inevitavelmente acompanham a intervenção governamental. De debates sobre a regulamentação do consumo de carne à construção de estado nações, devemos sempre fazer essas perguntas.

 

José Niño

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

A ascensão da “história pela teoria”

 A história é mais do que uma simples lista de fatos. Ela também envolve uma narrativa, uma história que fornece a estrutura organizacional ou a ideia central que une os fatos selecionados. Nenhum relato histórico pode abranger todos os fatos conhecidos - cada relato escolhe aqueles mais relevantes para o argumento que está sendo apresentado. O objetivo é explicar por que determinados eventos ocorreram e quais foram os fatores causais que levaram a esses acontecimentos.

John V. Denson, em A Century of War, explica por que estudamos história: “Se conseguirmos analisar a história observando os eventos passados para identificar quais ideias estavam sendo seguidas, poderemos ver como essas ideias funcionaram na prática, aprender com a experiência dos outros e evitar cometer os mesmos erros.”

Robert Higgs, em seu livro Competition and Coercion, começa destacando a importância de tornar explícita a estrutura organizacional que orienta a análise:

“Na história negra, assim como em qualquer outra, os fatos não falam por si mesmos. Eles precisam ser selecionados, classificados e interpretados, e, para isso, o pesquisador deve utilizar um modelo. É amplamente reconhecido que qualquer análise causal exige o uso de um modelo, seja de forma explícita ou implícita. Além disso, a preferência por modelos explícitos em vez de implícitos é um princípio há muito adotado por economistas e cada vez mais valorizado por historiadores.”

Tornar o modelo de um autor explícito é fundamental para a honestidade intelectual. A liberdade acadêmica implica a análise da história a partir da perspectiva teórica que o escritor considerar mais valiosa. Como explica Denson: “É quase impossível escrever história sem que o julgamento ou viés do escritor se manifeste na forma de uma interpretação. Portanto, a história está sempre em evolução e sempre sujeita à revisão com base em evidências melhores e mais confiáveis.” Os problemas começam a surgir quando a posição teórica do autor é ocultada ou - como ocorre na maioria das vezes - quando o autor simplesmente permanece em silêncio quanto à sua posição ideológica. Ao manter sua estrutura teórica oculta ou não declarada, o escritor consegue promover a "história pela teoria" ao leitor desavisado - ou seja, a teoria apresentada sob a aparência de fatos históricos objetivos.

A história pela teoria envolve apresentar teorias como se fossem meros fatos históricos. Uma compilação de fatos puros pode, sem dúvida, desempenhar um papel importante, mesmo sem interpretação. Esse é o método adotado, por exemplo, ao compilar documentos históricos sem comentários. De maneira similar, Paul C. Graham reuniu narrativas de escravos com suas próprias palavras em seu livro When the Yankees Come, que apresenta as opiniões dos escravizados sem submetê-las a qualquer estrutura teórica específica. As pessoas que viveram a "marcha ao mar" do General Sherman podem se expressar, com suas próprias palavras, sem que o autor tente interpretar seu significado. Seu objetivo explicitamente declarado é evitar a história pela teoria, buscando “ver o que as pessoas que estavam lá têm a dizer sobre isso.” O fato histórico apresentado, nesse contexto, é o simples fato de que as pessoas da época tinham as opiniões declaradas.

Diferente da apresentação de fatos históricos puros, a maioria dos livros de história inclui mais do que apenas os fatos. O escritor também oferece suas opiniões e desenvolve seu próprio argumento ou análise, fazendo julgamentos de valor sobre a importância e as implicações dos fatos discutidos. Se o escritor for honesto, será razoavelmente claro o que são os fatos e o que é apenas uma declaração de opinião, análise ou avaliação. No entanto, distinguir entre uma opinião ou julgamento de valor e um "fato" nem sempre é fácil, como mostram os debates legais sobre esse ponto:

“Na tentativa de solucionar problemas em diversas áreas, os advogados sempre fazem uso de uma distinção entre declarações de “fato”, por um lado, e aquelas de “opinião”, por outro. Essa distinção é tão versátil que tem sido usada para resolver problemas levantados em áreas tão diversas do direito como provas e difamação.”

Por exemplo, afirmar que “rosas são belas” é uma opinião, mesmo que esteja formulada da mesma maneira que seria usada para afirmar um fato puro. Alguém que concorde com essa opinião pode expressar o mesmo sentimento dizendo “todos concordam que as rosas são belas”, ou “é verdade que as rosas são belas”, ou até mesmo “é definitivamente um fato que as rosas são belas”. Independentemente de como a afirmação seja formulada, o fato de as rosas serem belas ou não continua sendo apenas uma opinião, embora o fato de que muitas (talvez a maioria das) pessoas concordem com essa opinião possa ser declarado como tal: é um fato que muitas pessoas consideram as rosas belas, embora uma pesquisa no Google com “eu odeio rosas” revele que as pessoas, na verdade, não concordam todas com isso. A beleza está nos olhos de quem vê.

A dificuldade em distinguir entre opinião e fato tem implicações importantes, não apenas para a compreensão da história e da política, mas também para entender as reportagens contemporâneas. Em 2018, o Pew Research Center realizou uma pesquisa sobre a capacidade das pessoas de distinguir entre fato e opinião:

“E assim, estudamos um passo básico nesse processo: diferenciar declarações factuais - aquelas que podem ser comprovadas ou refutadas com evidências objetivas - de declarações de opinião, que são expressões de crenças ou valores.”

O estudo também incluiu declarações que são uma mistura de fato e opinião:

“As declarações ambíguas estão em um espaço nebuloso entre as declarações factuais e as de opinião. As declarações ambíguas que incluímos no estudo possuem elementos tanto factuais quanto de opinião: são factuais no sentido de que são, pelo menos em parte, baseadas em evidências objetivas, mas também podem ser expressões de valores ou crenças, ou utilizar uma linguagem vaga que torna difícil prová-las ou refutá-las de forma definitiva.”

 

A história da era da reconstrução: fatos históricos ou teoria marxista?

O principal desafio ao ler a história hoje é distinguir entre teoria - geralmente, hoje, alguma forma de teoria neomarxista - e fato histórico. A afirmação “o negro foi a figura central e a mais eficaz na Reconstrução,” encontrada na Introdução dos Editores do livro Reconstruction, de Eric Foner, não é uma afirmação de fato, mas uma teoria ou um argumento. Como os próprios editores afirmam, trata-se de uma tese. Como observa David Gordon, ao ler relatos históricos, a distinção entre teoria e fato “é uma questão difícil que gerou muita discussão na literatura filosófica.” Gordon sugere a seguinte distinção:

“Um fato é algo que é ‘de nível fundamental’. Alguém que afirma que havia muitos negros no Sul durante a Reconstrução, por exemplo, não está fazendo uma afirmação baseada em outras afirmações. Se, em contraste, perguntassem a Foner: ‘Qual é a sua base para afirmar que o negro foi a figura central na Reconstrução?’, ele citaria elementos para sustentar sua afirmação.”

Portanto, uma afirmação que declare quem foi “a figura central” ou “a mais eficaz” na Reconstrução não pode ser provada ou refutada objetivamente, pois envolve julgamentos de valor sobre os fatores que diferentes pessoas consideram mais importantes em relação à guerra. A evidência objetiva prova ou refuta os eventos específicos que ocorreram, mas não prova ou refuta qual desses eventos foi “o mais eficaz.” Isso depende de julgamentos de valor. A discordância sobre quem foi “a figura central” na Reconstrução reflete nossa avaliação subjetiva do que consideramos os resultados mais importantes da guerra.

Thomas Fleming, em seu livro A Disease in the Public Mind, está, portanto, justificado ao destacar algumas das narrativas e “distorções da realidade” que influenciaram os principais personagens dessa guerra a tomar as decisões que tomaram - ele oferece uma “história movida pelos personagens” que traz importantes esclarecimentos sobre a época. Alguém também poderia - de acordo com os fatos históricos - apresentar um argumento alternativo de que os puritanos da Nova Inglaterra foram “as figuras centrais e as mais eficazes na Reconstrução.” Haveria muita evidência para apoiar essa teoria também, e se alguém escolhesse qualquer outro aspecto que fosse central para a guerra, uma quantidade considerável de evidências poderia ser reunida em apoio a isso. Assim, alguns historiadores argumentaram que a principal questão da guerra era a construção do império e a centralização do poder federal, enquanto outros defenderam que a principal questão era a disputa econômica e financeira entre o Norte e o Sul.

A teoria de Foner como história é desenvolvida dentro de uma preferência subjetiva pela revolução. Ele descreve a “mudança na consciência” que surgiu de “nosso entendimento sobre as relações raciais, a política e a mudança econômica durante a Reconstrução.” Julgamentos de valor implícitos influenciam sua linguagem. Por exemplo, ele explica que o Sul afirmou ter “genuinamente aceitado a realidade da derrota militar” - a palavra “genuinamente,” como usada aqui, é muito reveladora, pois neste contexto implica que há motivos para duvidar se o Sul realmente “aceitou” a derrota.

A derrota militar é um fato histórico, mas o debate sobre se essa derrota foi "genuinamente aceita" é um julgamento de valor. Como observa William Dunning em seu livro Reconstruction, political and economic, 1865-1877, um dos argumentos políticos dos vitoriosos republicanos radicais após a guerra era de que o Sul não havia “genuinamente aceitado” a derrota e que, por isso, estavam tentando reintroduzir a escravidão, por meio de outras formas, ao se recusar a permitir que negros votassem em uma época em que os brancos do Sul estavam privados de seus direitos eleitorais. Como Dunning explica, essa foi uma das questões mais politicamente contestadas da época.

Portanto, embora as teorias de Foner sobre a Era da Reconstrução possam ser consideradas persuasivas por aqueles que compartilham sua visão sobre essa “mudança na consciência” na América, isso não transforma nenhuma de suas teorias em afirmações de fato histórico. A mudança na consciência à qual ele se refere, uma que transforma as relações raciais, não é um fato histórico, mas uma interpretação controversa da história. Por isso, David Gordon observou que:

“O que Foner está fazendo é disfarçar um julgamento controverso como uma afirmação não controversa. O que ele quer dizer não é simplesmente: ‘A posição dos negros na sociedade do Sul foi uma questão importante durante a Reconstrução.’ Isso é relativamente óbvio. O que ele realmente quer dizer é: ‘O objetivo da Reconstrução era ajudar os negros do Sul.’ Mas a evidência, na verdade, mostra que o objetivo da Reconstrução era degradar os brancos do Sul.”

 Wanjiru Njoya