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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Orkuteiro neonazista defende o "direito ao racismo"

 





Chegou até mim o print acima de um orkuteiro neonazista defendendo o "direito ao racismo" [sic]. Segundo ele, "ser racista é um direito que passa pela liberdade de consciência e expressão". Vamos então aos erros primários de seu comentário, primeiramente definindo o conceito católico de racismo.

Conforme já consignado neste blog, "o conceito de 'racismo' para o catolicismo limita-se ao ódio interracial e, nesta linha de análise, o racismo não pode ser aceitável." O conceito laico e politicamente correto de "racismo", que inclusive é juridicamente imposto aos cidadãos, envolve a prática de atitudes preconceituosas a outras raças, o que é uma imensa bobagem.

Trata-se de uma imensa bobagem porque, em primeiro lugar, o preconceito é uma atitude natural. Se preconceito racial fosse realmente ser punido, iria faltar espaço nas prisões, e muitas pessoas de boa fé teriam que ser encarceradas.
Um exemplo que foi ilustrado neste blog é Pio XII, que preconceituou tropas com "pessoas de cor" como exercício de sua prudência, no intuito de proteger as mulheres de crimes sexuais perpetrados desproporcionalmente por estas pessoas. Um outro exemplo bastante banal é a torcida do Flamengo. Não há estatísticas afirmando que a maioria dos negros cariocas são flamenguistas, mas este é um preconceito bastante arraigado, pois extraído da experiência e observação. Desta forma, não há nada de arbitrário em si em "preconceitos raciais".

Outrossim, atitudes discriminatórias raciais não são em si arbitrárias. Uma pessoa que não nutre atração física por pessoas de outra raça não deve ser presa. Naturalmente, a pessoa que prefere pessoas de sua raça ou mais próxima a sua não deve ser presa, pois tais preferências são inerentes a sua
personalidade, configurando-se aqui num direito humano. Naturalmente, tais preferências são um exercício de disciminação (separação), pois determinado grupo de pessoas é preterido na escolha. Logicamente, existem discriminações injustas e arbitrárias neste tocante, como é o caso das cotas raciais. Entretanto, como se viu, nem toda discriminação racial é arbitrária.

Raças existem e são desiguais entre si. Há diferenças de intelecto, de resistência física, de longevidade, de imunidade, de níveis de hormônios, enfim, há uma miríade enorme de diferenças, de modo que o pensamento segundo o qual "raça" é uma construção cultural é o exercício da mais patente e maldosa desinformação por parte do pensamento esquerdista.

Neonazistas como o energúmeno da imagem têm opiniões desequilibradas sobre raça. Erram em tributar adoração à raça como uma espécie de "ídolo" e, assim, não sabem lidar com as supra-mencionadas diferenças, que são inatas, e por isso cultivam ódio e desprezo para com o semelhante como se certas raças pertencessem a espécies não-humanas. As diferenças entre seres humanos e grupamentos de seres humanos, longe de serem oportunidades para se cultivar ódio e desprezo, foram plantadas por Deus para que haja solidariedade entre os homens, pois todos os homens, sejam eles brancos ou negros, têm um tronco em comum, que é Adão.

Para os neonazistas, no entanto, brancos e negros não têm a mesma origem, pois eles acreditam nas errôneas concepções do poligenismo e da teoria evolucionista. Essas são as diferenças essenciais entre o pensamento católico e o neonazista acerca deste assunto. Para o neonazista, as diferenças entre estes agrupamentos são oportunidade para cultivar sentimentos de ódio e desprezo para com o semelhante. Para o católico, as diferenças servem justamente para o oposto: para a caridade e solidariedade entre os homens. Desta forma, o mais inteligente ajuda o menos inteligente, o mais forte ajuda o mais fraco, o mais resistente ajuda o menos resistente etc, de modo que as raças devem se ajudar mutuamente. Os benefícios da desigualdade entre os seres humanos foram expostos pelo Papa Leão XIII em sua Encíclica Humanum Genis
:

"35. Olhando para a origem e natureza comum, para o fim último atribuído a cada um, para os direitos e deveres que cada um tem, não há dúvida de que os homens são todos iguais entre si. Mas como é impossível capacidade igual em todos, e porque um difere do outro pelas forças da alma e do corpo e é tanta a variedade dos costumes, das inclinações e das qualidades pessoais, é coisa absurda querer confundir e unificar isso tudo, e introduzir nas ordens da vida civil igualdade rigorosa e absoluta. Assim como a perfeita constituição do corpo humano resulta da união e composição dos vários membros que, diversos pela forma e uso, mas conjugados entre si e estabelecidos cada um em seu lugar, formam um organismo belo, forte, útil e necessário à vida; assim também no Estado é quase infinita a variedade dos indivíduos que o compõem. Se forem feitos arbitrariamente pares entre si, e todos agirem de acordo com sua vontade, derivará uma cidadania monstruosamente disforme; ao passo que distintos, mas em harmonia de graus, de ofícios, de tendências artísticas, juntos e harmoniosamente cooperarão para o bem comum, e apresentarão a imagem de uma cidadania bem constituída e conforme à natureza."

Assim, certas raças se beneficiam da interação com outras raças para seu progresso intelectual, técnico e espiritual. Do mesmo modo, se as raças não pudessem ser misturadas, Deus não as plantaria numa mesma espécie. A miscigenação é uma escolha individual e pertence ao foro privado. Não deve ser uma escolha do Estado e tampouco é contrária aos planos de Deus. Por isso não devem haver políticas nem favoráveis nem desfavoráveis à miscigenação, pois raça não deve ser um assunto primordial do Estado. Um Estado racial é um Estado idólatra, pois seu princípio é a raça e não a caridade entre seres humanos. Como ressaltado por Pio XI, em sua Encíclica Mit Brennender Sorge (“Com Ardente Preocupação”):

Todo aquele que tome a raça, o povo ou o Estado, ou uma forma determinada de Estado, os representantes do poder estatal ou outros elementos fundamentais da sociedade humana ... e os divinize com culto idolátrico, perverte e falsifica a ordem criada e imposta por Deus.”

Assim, conforme demonstrado, o racismo, consubstanciado no ódio e desprezo a outra raça, não é, pois, um "direito", mas um mal moral; um pecado, que priva o indivíduo do mais sagrado direito que é o direito ao Reino de Deus.

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