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terça-feira, 4 de outubro de 2022

A guerra que teve muitos pais

 Partindo-se do silenciar das armas em 1918 e do Tratado de Versailles, o autor mostra que somente o Reich alemão respeitou as condições estipuladas naquela época para o desarmamento recíproco, enquanto os vencedores não estavam inclinados de forma alguma a seguir estes parágrafos. Ao contrário, motivados por desconfianças mútuas e também convencidos que a nova estrutura da Europa não poderia prevalecer a médio prazo, eles levaram a cabo seu rearmamento, mesmo quando o Reich alemão tinha trazido totalmente seu desarmamento na segunda metade dos anos 20 ao nível combinado, e com isso não representava qualquer perigo imediato. Esta situação instável, porém não ameaçadora, durou quase ainda uma década, avançando pela Era Hitler. Todavia, a produção armamentista andava a todo o vapor nos EUA daquela época e se fabricava até bombardeiros quadrimotores, que com certeza não eram para proteger o país do ataque de bandoleiros mexicanos.

Nota da Redação:

– A 12 de novembro de 1930, o companheiro Leon Blum (líder socialista francês – NR) explicava na Câmara Francesa:

“Nós desejamos a nação armada!”

Na Alemanha, os companheiros demonstravam contra o rearmamento sob a palavra de ordem:

“Quebrem as armas!”

– A 13 de novembro de 1930, o Ministro-Presidente francês Tardieu pronunciava na Câmara:

“No que concerne à questão do desarmamento, existe na Liga das Nações uma diferença de opiniões entre França e Alemanha. A França se mantém no Tratado de Paz que obriga a Alemanha a se desarmar, enquanto o desarmamento dos aliados é somente uma possibilidade…”

O quarto dos 14 pontos de Wilson dizia:

“Troca de garantias razoáveis para que o armamento dos povos seja reduzido ao nível mais baixo compatível com a segurança interna.”

Fonte: Alfred Ingemar Berndt, Gebt mir Vier Jahre Zeit, Editora Central do NSDAP, 1938

Diante do rearmamento de praticamente todos os países vizinhos da Alemanha – política totalmente contrária ao suposto desejo de paz mundial após a Primeira Guerra – o governo Nacional-Socialista proclamou somente a 16 de março de 1935 o rearmamento das Forças de Defesa, a Wehrmacht, quando todas as soluções políticas tinham se esgotado. É claro que o leitor não encontra tal versão dos fatos, pois os derrotados têm sua voz abafada pela propaganda de guerra que continua até os dias de hoje. Em livros atuais sobre a Segunda Guerra Mundial como, por exemplo, “Europa em Guerra” do autor britânico Norman Davies, as estatísticas sobre capacidade e produção militar sempre englobam o período imediatamente anterior ao início do conflito em setembro de 1939, o que distorce a realidade até 1935 – NR.

Percebe-se a intenção de países como França, Polônia ou Tchecoslováquia, os quais, como mostra o autor, estavam decididos nos anos 20 e 30 a se armarem. Estes países – se estavam certos ou não, não deve ser discutido aqui – cresceram ou até mesmo surgiram às custas do Reich alemão e deviam temer uma nova e forte Alemanha. O leitor deve se perguntar agora o motivo pelo qual o governo inglês também prescreveu tal política.

Naturalmente existe a explicação tradicional, onde a Grã-Bretanha, por princípio, ajudava a potência mais fraca do continente contra a mais forte, porém, os motivos são mais profundos; encontra-se uma indicação sobre isso em outro lugar. O autor britânico Martin Allen publicou em seu livro “A Missão Secreta de Rudolf Hess” [1] um documento que pode ajudar esclarecer a questão. Trata-se de uma nota do habitual conselheiro do Ministério do Exterior, Sir Robert Vansittart, do início de setembro de 1940 a seu Ministro do Exterior, Lord Halifax. Nesta nota lê-se a surpreendente frase:

“The enemy is the German Reich and not merely Nazism and [certain people]… would let us in for a sixth war even if we survive the fifth”.

“O inimigo é o Reich alemão e não somente o nazismo. Aqueles (…) nos levariam a uma sexta guerra mesmo se sobrevivêssemos a uma quinta”.

Num primeiro olhar esta frase não é totalmente clara, pois excetuado a Primeira Guerra nunca houve uma guerra entre o Reich alemão e a Grã-Bretanha. Quando se coloca esta frase junto a outras linhas da nota de Vansittart, pode-se reconhecer “…o Reich alemão e a idéia do Reich tem sido a praga do mundo por 75 anos…”. Lê-se ainda o panfleto de Vansittart “Black Record – Germans Past and Present”, então a coisa torna-se clara: Em Londres, tratava-se da eliminação da Alemanha como superpotência na Europa e isso ainda não tinha sido atingido na Primeira Guerra Mundial. A mera existência da Alemanha como país, com sua própria orientação política, já significava um perigo verdadeiro para o governo de Londres e deveria ser combatida.

Diante deste pano de fundo, o comportamento de Londres entre os anos 1918 e 1939 apresenta-se totalmente racional. Com Schultze-Rhonhof, reconhece-se que os governos tratavam de impelir o Reich alemão para uma situação política onde ele deveria fazer uso das armas, e mais uma vez, e agora de uma vez por todas, ser derrotado e desarmado. Vansittart também disse isto nas poucas linhas de sua nota: “…the German Reich … has got to go under, and not only under, but right under”. Quando veio então a crise de Danzig no verão de 1939, a qual Schultze-Rhonhof detalha muito bem e Hitler teria cometido um erro na política externa com a ocupação do resto da Tchecoslováquia, o objetivo britânico poderia também ser assimilado pelo mundo, ganhando os necessários aliados e tornando-se ativo. A figura de Hitler não era importante e o Nacional-Socialismo uma coisa secundária. A única surpresa foi o inesperado e total colapso da Polônia em setembro de 1939.

Esta política britânica foi dirigida fundamentalmente com o objetivo de assegurar a posse do Império diante da suposta ambição alemã de domínio mundial. Como de costume numa guerra, após 1945, o mundo era outro completamente diferente do que aquele que os participantes imaginavam no seu início. A Alemanha estava sim destruída, arrasada e dividida, o arqui-inimigo Prússia foi simplesmente eliminado, mas o Império estava do mesmo modo perdido e a leste, a União soviética se erguia ameaçadoramente, sendo que toda Europa tinha que se refugiar sob a guarda dos EUA. A França tentou salvar o que se podia salvar de suas conquistas, mas dentro de uma dúzia de anos aqui também se esvaeceu o sonho de um império mundial do Vietnã até a Argélia. Londres possui hoje peso político somente devido à sua inclinação para Washington e desta forma a Grã-Bretanha poderia terminar como o 51º Estado dos EUA – mesmo de outra forma – como Shaw imaginou certa vez em seu “Kaiser da América”.

Roosevelt tinha objetivos de guerra bem específicos e praticamente desconhecidos do grande público – NR

Polônia e Tchecoslováquia, por causa dos quais entrou-se numa guerra em 1939, não tinham mais qualquer poder após o conflito e foram deixados à União Soviética, juntamente com os países do Báltico. Esta última foi a única potência na Europa que contabilizou uma vitória política, eles ganharam com a Prússia Oriental uma importante base para submarinos no Ostsee, empurraram suas fronteiras ao custo da Alemanha e Polônia em várias centenas de quilômetros para o leste, e ameaçaram até os EUA a partir de Cuba.

Do atual ponto de vista, pode-se caracterizar a política dos aliados nos anos anteriores a 1939 apenas como infantil e o resultado como um desastre. Construiu-se um espantalho em relação ao Reich alemão que distorceu a situação real daquele mundo. Como eles acreditavam somente em sua própria propaganda, os aliados se sentiam no direito de destruir a substância da Europa central e deixar por lá um deserto cultural e espiritual, que ainda representará por muito tempo um ponto fraco do Ocidente, e a qual talvez nunca mais possa ser restaurada. Gerd Schultze-Rhonhof, este antigo oficial, preencheu aqui uma importante lacuna em nossa historiografia.

Fonte: polkaweb.eu

[1] Martin Allen, A missão secreta de Rudolf Hess, Ed. Record 2007, pág. 109

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