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quinta-feira, 14 de março de 2024

Os sete erros fundamentais de Karl Marx sobre a economia

 A triste aceitação dos pensamentos de Marx nunca pára, o que faz da sua refutação um imperativo. Uma lista completa dos erros do marxismo seria longa. Aqui, abordaremos apenas alguns deles: o papel do capitalista e da desigualdade em uma economia de mercado, a função do lucro, do prejuízo e do empresário, a teoria da exploração e o prognóstico de Marx sobre o colapso capitalista.

 

Primeiro erro: O papel do capitalista

Karl Marx (1818-1883) ignora o papel desempenhado pelo capitalista na economia de mercado. Ele identifica o capitalista como alguém que, como foi o caso do colaborador de Marx, Friedrich Engels (1820-1895), possui uma fortuna e recebe dividendos e pagamentos de juros sem uma realização própria. Biógrafos do líder do movimento operário comunista afirmam que Marx nunca viu uma fábrica por dentro. Friedrich Engels, o patrocinador financeiro do projeto marxista de conquista do mundo, era herdeiro de uma fortuna que seu pai havia acumulado, e que o filho gastaria não apenas como apoiador de Karl Marx e do movimento socialista, mas também como playboy. Friedrich Engels não era nem capitalista nem empresário, mas herdeiro de uma fortuna e um parasita, como Marx. Engels manteve Karl Marx financeiramente assegurado, particularmente no período após o autor socialista ter desperdiçado a herança de seu pai e, em seguida, de sua esposa.

Marx e seus sucessores ignoram que os capitalistas pré-financiam e preservam a estrutura de capital da economia. A formação de capital exige, antes de tudo, a abstenção de utilizar o potencial de consumo no presente. Os capitalistas são aqueles que financiam os processos de produção em toda sua longitude temporal até que a mercadoria chegue ao consumidor como o produto finalizado e pronto para uso.

Para entender o papel dos capitalistas na economia de mercado, é preciso considerar que cada produto passa por um longo processo de produção até chegar aos consumidores. Este processo de produção estende-se desde o planeamento, passando pelas diferentes fases de processamento, até as mercadorias chegarem aos armazéns e às salas de exposição e vendas, incluindo a comercialização das mercadorias. A receita vem apenas com a venda do produto.

Até o momento em que o capitalista recebe pela venda, muito tempo já decorreu, enquanto todo o processo esteve sujeito a riscos e incertezas. Os capitalistas recebem sua recompensa por causa da espera e de suportar riscos e incertezas, enquanto os assalariados recebem sua remuneração regularmente, muito antes de o produto chegar ao consumidor final.

 

Segundo erro: Desigualdade

Sob a concorrência de mercado, apenas os empreendedores de sucesso, aqueles que dominam os desafios de satisfazer os desejos dos clientes, permanecerão no negócio. Os empreendedores falidos desaparecem do mercado junto com seus projetos e suas empresas. Os socialistas veem somente aqueles que acumularam alguma fortuna. Lamentam a desigualdade e ignoram o fato de que o processo capitalista é um processo de eliminação que erradica os perdedores do jogo. Numa economia de mercado competitiva, a expressão "empresário de sucesso" representa um pleonasmo, porque os empresários que não têm sucesso são forçados a sair e têm de abrir espaço para os empresários que melhor servem os seus clientes.

Marx entendeu mal a essência da desigualdade em uma economia de mercado e colocou a propriedade capitalista na mesma categoria que a riqueza detinha sob o feudalismo. Marx não reconheceu que o processo de mercado cria desigualdade porque os projetos fracassados desaparecem. A desigualdade no capitalismo é resultado de um processo de eliminação. A competição de mercado funciona como um processo contínuo de correção de erros. As empresas falidas tendem a desaparecer. As falências tornam o capitalismo produtivo e são um sinal de que os mercados funcionam. Na realidade da economia de mercado, a construção marxista de uma "classe capitalista" não existe, porque cada membro deve lutar por seu status todos os dias e, sob o capitalismo livre, tanto as portas de entrada quanto as de saída estão escancaradas.

 

Terceiro erro: Lucros e perdas

Karl Marx acusou a economia de mercado da anarquia da produção, mas é, de fato, o sistema econômico socialista que sofre com o caos. A escassez requer comportamento econômico. Os preços indicam a disponibilidade relativa de um bem. Os lucros e prejuízos, que surgem da diferença entre vendas e custos, informam o empresário sobre a rentabilidade da empresa. Se o lucro e a perda desaparecem sob o socialismo, o indicador de quão bem a produção serve aos consumidores também desaparece. Sem esses sinais, a produção ocorre por acaso e pode custar mais do que os bens valem para o usuário final.

A economia socialista absorve mais recursos materiais e humanos do que a produção gera em utilidade. A lamentada "exploração" do trabalho humano, que os socialistas acusam existir no capitalismo, é a realidade sistemática sob o socialismo. Nos esforços soviéticos para industrializar a Rússia, essa economia de soma negativa do socialismo custou um preço colossal em vidas humanas e trabalho. Na segunda década do novo milênio, essa exploração das massas ainda continua em Cuba, Coreia do Norte e Venezuela.

 

Quarto erro: Planejamento econômico

Os planejadores socialistas podem fornecer esquemas para produzir bens de consumo com base em pesquisas das condições entre a população. Por exemplo, os burocratas na agência central socialista tentam determinar quantos pares de sapatos a população precisa. No entanto, os planejadores não podem atingir esses objetivos porque não têm conhecimento confiável e detalhado sobre o que os consumidores querem. Tampouco têm as diretrizes sobre os custos que a produção dos sapatos absorveria em relação a satisfazer os desejos urgentes dos consumidores, como roupas, moradia e alimentos.

Numa economia de mercado, a solução para este problema não está nas mãos de uma autoridade central de planejamento. Ao contrário, todos os participantes no mercado cooperam no processo de avaliação e delegam a produção dos bens em diferentes unidades empresariais, de acordo com as capacidades específicas dessas empresas individuais que a concorrência de mercado revela. Cada consumidor individual expressa sua valorização subjetiva no ato da compra. Os preços e as quantidades vendidas são sinais e incentivos. Em uma economia de mercado capitalista, os proprietários dos meios de produção são envolvidos em cada etapa do processo produtivo para resolver o problema da valorização. No final, a valorização dos consumidores determina o valor do capital empregado no processo produtivo.

 

Quinto erro: Empreendedorismo

No socialismo, acredita-se que os técnicos possam continuar a trabalhar sem empreendedorismo, na ausência dos capitalistas e dos gestores capitalistas. Os socialistas querem tornar supérfluos os empresários e colocar o aparelho de produção nas mãos dos trabalhadores e dos seus dirigentes. Os socialistas acreditam que podem alcançar um melhor desempenho econômico através da socialização das empresas. Os anticapitalistas chegam a essa falsa ideia porque não entendem a função do empresário nem a do capitalista.

Ao contrário do administrador, o empreendedor representa a força criativa do negócio. A tarefa do empreendedor — que pode ou não ser o dono de uma empresa — é realizar ideias de negócio. O empreendedor é quem procura a melhor forma de satisfazer os desejos dos clientes, a melhor forma de produzir com os equipamentos de produção e a melhor forma de organizar a fábrica. Um empreendedor é alguém que realiza essas ideias.

Diferente do empreendedor, a função do capitalista é manter a estrutura de capital. Os capitalistas financiam o processo de produção. Eles recebem sua remuneração apenas com a venda do bem final, enquanto os trabalhadores recebem seus salários já durante o período do processo de produção. Quando os capitalistas e os empresários desaparecem, e os socialistas tomam o poder, a estrutura de capital desintegra-se porque não resta ninguém com interesse pessoal em financiar e gerir essa estrutura tendo em mente o consumidor final.

 

Sexto erro: Exploração

De acordo com a doutrina marxista, a característica do capitalismo é que o uso do dinheiro serve para produzir bens para ganhar mais dinheiro. Marx colocou essa ideia em sua fórmula de D-M-D', que significa que o dinheiro (D) serve para produzir mercadorias (M) para ganhar mais dinheiro (D').

No modelo marxista, os lucros empresariais resultam da exploração dos trabalhadores porque os capitalistas ganham a mais-valia que os trabalhadores criam. A mais-valia depende da chamada “composição orgânica do capital”, que inclui o “capital constante” das máquinas e da propriedade e o “capital variável”, que representa a força de trabalho no processo produtivo.

Segundo Marx, a competição capitalista obriga as empresas a aumentar o capital constante. Isso reduz a participação relativa do capital variável, e a rentabilidade da firma capitalista cai desde a extração da mais-valia, pois a taxa de exploração depende do tamanho relativo do trabalho em relação ao capital constante.

O ponto central do modelo marxista é a tese de que o lucro empresarial resulta da exploração da força de trabalho e que, na medida em que a concentração do capital reduz a extração da mais-valia, os lucros encolherão e o capitalismo entrará em colapso.

Para Marx, a solução é o socialismo como um sistema sob o qual os trabalhadores retêm a parte do trabalho que o capitalista extrai como mais-valia do proletariado trabalhador.

O problema central do modelo marxista é o pressuposto de que o valor de um produto é igual ao esforço de trabalho necessário para sua produção. Marx tomou esse erro dos economistas clássicos, que não haviam notado suas implicações paradoxais e o choque da teoria do valor-trabalho com a realidade.

 

Sétimo erro: Colapso do capitalismo

De acordo com a doutrina marxista, o capitalismo sofre de crises que se tornam mais severas e destrutivas ao longo do tempo e, finalmente, trazem seu colapso completo. A competição capitalista leva a um exército de desempregados, ao empobrecimento da classe trabalhadora e a uma crescente concentração de capital. De acordo com essa teoria, a massa dos proletários crescerá, enquanto o número dos capitalistas diminuirá.

A teoria marxista conclui que, na medida em que o volume da força de trabalho ativa cai no processo de produção, os lucros diminuem e, assim, o capitalismo provoca sua própria queda.

No entanto, durante os 150 anos decorridos desde que 'O Capital' (1867) apareceu na imprensa, ocorreu o desenvolvimento oposto: em vez do empobrecimento em massa, uma nova classe média emergiu, e a pobreza extrema diminuiu em todo o mundo à medida que mais países se voltaram para o capitalismo. Hoje, há mais empresas no mundo do que nunca. Nessas empresas, os lucros servem para expandir a produção, introduzir o progresso técnico e elevar a produtividade e, com isso, os salários.

 

Conclusão

Sem Lênin e a Revolução Russa de 1917, Karl Marx manteria apenas um pequeno lugar na história das ideias. A fama de Marx não resulta da qualidade de sua obra, mas sim do papel que suas ideias desempenharam como guia para os revolucionários que empurraram a Rússia para o abismo da destruição. Como economista político, Marx errou em todos os principais temas que apresentou em sua obra e a prática de seus seguidores traz a prova desta tese.


Antony Mueller:

Doutor pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, Alemanha e, desde 2008, professor de economia na Universidade Federal de Sergipe.

 

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