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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

MULTIKULTUR


Durante muito tempo foi posto sobre nós o manto branco do ódio, que nos transforma subitamente e sem chances de real argumentação, em assombrações de um passado obscuro e destrutivo, que na presente modernidade não possui espaço algum, pois vivemos no mundo da diversidade – mas de uma falsa “diversidade” – que nos toma como seus maiores opositores e inimigos.
Sempre somos representados como fomentadores do ódio, aqueles que pregam a desarmonia, que se consideram superiores aos outros em todo e qualquer aspecto. Estas idéias estão demasiado fixas neste mundo, assim como em nosso coletivo, de modo que até mesmo alguns dos que se vêem como camaradas as aceitam e incorporam-nas em suas vidas, e que, por causa disso, quase sempre acabam sujando o nome de nossa causa – uma causa do bem, da honra e liberdade. Sei que seria muita presunção tentar mudar o mundo com apenas um artigo, e este não é o meu objetivo; longe disto, pretendo mostrar que não somos “odiadores” daquelas pessoas diferentes de nós, mas, pelo contrário, somos os maiores amantes da diversidade.
Acreditamos que todos os povos devam ter sua terra, na qual possam dar-se à prática de suas mais enraizadas tradições; na qual possam criar seus filhos e netos em um ambientesaudável, onde exista uma real harmonia entre seus habitantes – algo que acontece somente quando as pessoas sentem-se fazer parte de algo em comum, um mesmo povo, uma mesma identidade. Não somos “odiadores”; odiadores são aqueles que fazem com que povos sem desavenças sejam obrigados a conviver juntos, tendo de renunciar a seus mais antigos ritos e tradições em nome de um “bem comum”, que, na verdade, é benéfico apenas àquele que os está prejudicando. Este pouco se importa com as pessoas; pensa apenas no capital que os seres podem gerar-lhe, fazendo com que povos que se respeitavam de forma mútua, convivendo de forma pacífica, cada um em sua respectiva terra, voltem-se uns contra os outros em forma de uma guerra civil não-declarada.
Isto não prejudica diretamente o outro, mas cria um mal-estar nacional, fazendo com que as pessoas revejam a máquina governamental, que deveria estar trabalhando para um bem comum, utilizando-se para fazer reformas de “maquiagem” em favor de um grupo específico.
Ao invés desses povos colocarem-se à luta por um bem comum, acabam afrontando em favores e vantagens ínfimas entre si, por mais que estejam em um mesmo território, e que, por este motivo, deveriam lutar por um mesmo bem coletivo. Os verdadeiros odiadores são aqueles que lucram com o conflito entre os povos previamente amigos, mas que são jogados à arena uns contra os outros.
E nesta arena, nenhum povo sai como vencedor; leões famintos aparecem e devoram-nos, fazendo com que restem apenas os esqueletos empilhados daquilo que um dia foram vidas. O odiador lucra não apenas com a economia e a política, mas também com essa guerra não-declarada que assola as ruas; quando existem dois ideais conflitantes em um mesmo local, as pessoas deixam de perceber o que está acontecendo fora dessa esfera minúscula, gastando toda sua energia na luta por um “microcosmo”. Enquanto isso, o verdadeiro “odiador” toma todo o sistema financeiro e a mídia, e, assim, exerce seu controle sobre o ideário de uma nação. A propaganda, assim, continuará mostrando que a vinda de povos completamente diferentes, para fixar-se em determinada localidade, é positivo não só para esses que imigram, mas também para os nativos de sua nova terra.
Propõem que, com esta vinda, o elemento estrangeiro traz experiências novas. Com este argumento, até mesmo tentará insinuar, de forma subliminar, que a cultura predominante deverá ser subjugada, pois ela é vista como retrógrada, já em nada acrescenta ao país; em outras palavras, ela passa a ser vista como uma forma de resistência à usurpação que acontece ao seu redor.
Os povos que antes deste feito estavam isolados, de repente se vêem de fuzil em mãos, discursando e atacando uns aos outros, de modo enérgico, em pequenas demonstrações de revolta; o odiador, contudo, não permite que isso desestabilize o local por completo; isto o faria perder o controle das massas, as quais servem ao seu propósito somente quando obedece ao que por ele é ditado, sobre o quê e como se deve odiar ou amar. Ele, do alto, observa e desfruta de toda a desordem que ocorre, sendo, em sua vista, esta confusão proveitosa – já que ela “amacia” ao povo, impedindo-o de raciocinar. O povo é incapaz de perceber o quão ruim sua situação está, mesmo quando ela for gradativamente e lentamente piorando. A desordem o distrai daquilo que este odiador faz. Este dá suporte a um ou outro lado, sendo que, na verdade, financia a ambos. Algumas pessoas “comuns” percebem essa situação, mas são silenciadas pelo sistema, sendo-lhes necessariamente colocados rótulos degenerativos – e se o rótulo de algum produto não diz algo positivo sobre seu conteúdo, torna-se improvável que alguém, em sã consciência, o consuma.
Enquanto isso, ele, o odiador, vende armas ideológicas, realiza programas para ambos os lados, tornando-se seu senhor feudal.
Nesta guerra, ele é o único que não perde, pois não se envolve no conflito; apenas movimenta os peões, pois a guerra não é sua. Ele apenas provocou-a para aproveitar-se da situação de desordem que ela resulta e, enquanto isso, estará fechado em sua comunidade homogênea, criando seus filhos assim como os seus ancestrais o faziam, há mais de 4 mil anos atrás.
Nós não acreditamos no ódio; o ódio pelo diferente apenas por aquilo que o diferencia de nós é pura ignorância. A força de nosso ideal está no amor por nosso semelhante, e ao contrário do que se propaga sobre nós, no respeito pelo diferente.
Esta é a nossa causa – a causa do bem e da verdade. E talvez justamente por isso é que somos odiados e perseguidos pelo mundo afora; somos, pois, a brava centelha que sobrevive, procurando voltar crescer, para tornar-se uma chama, que por uma vez mais iluminará o mundo inteiro, mesmo que tentem apagar-nos. Odiados somos, pois representamos o bem em um mundo em que a bondade não existe – ela, há tempos, foi substituída pelo lucro e pelos interesses. Queremos o bem de todas as raças, e, por este motivo, desejamos nossa separação das outras; todos os povos têm o direito de criar raízes em suas terras, nas quais seus filhos possam sentir-se em casa, pois neste solo, seus ancestrais um dia semearam o futuro que hoje eles estão colhendo.
Sempre que ouvirmos algum relato de alguma tribo ou vilarejo da América Central que está retomando alguns de seus antigos costumes indígenas, deveríamos ficar felizes por este lugar, pois esta é uma vitória do bem sobre o mal do multiculturalismo. Qual seria a finalidade de um mundo multicultural, da maneira como esta expressão comumente é dita? Isso representaria o fim de todas as belas e diferentes culturas e raças que existem neste planeta, a favor de uma anti-idéia de que predomine um só povo e uma só cultura. Um mundo multicultural, como nos tem sido proposto, representa a destruição de todas as raças e culturas existentes neste planeta – uma incoerência para quem deseja um mundo verdadeiramente multicultural, como nós verdadeiramente apregoamos!
Quem, então, luta contra a destruição das mais diversas culturas milenares que possuímos neste pequeno ponto azul em nossa galáxia, que até hoje parece ser o único lugar com vida conhecida em toda a imensidão do universo são aqueles que são chamados de odiadores? Nós definitivamente não somos odiadores da diversidade. Somos, pelo contrário, os maiores e mais verdadeiros amantes dela.

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