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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Nicolau Romanov, o último czar russo



O monge ortodoxo Rasputin, considerado a eminência parda na Rússia pela influência que detinha junto aos imperadores russos Nicolau e Alexandra.
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Nicolau Romanov, o último czar russo, que assumiu o poder em 1894 com a morte do pai, Czar Alexandre III. A expressão CZAR deriva dos Césares romanos. Não fora preparado para governar, sendo fraco e sem autoridade, apesar de deter o poder autocrático e total no seu país. Nicolau, nascido em 1868, tinha 26 anos.
Numa espécie de premonição, ele afirmou ao tomar o poder: O que me acontecerá? O que acontecerá à Rússia? Não me sinto preparado para ser um Czar. Isso não impediu que governasse o grande país do leste europeu até 1917, quando abdicou em favor de um governo provisório. No ano seguinte foi executado com sua família pelos bolcheviques de Lênin, que instalaram o comunismo na Rússia. A respeito de Nicolau dizia Guilherrme II, da Alemanha, seu contemporâneo: ...só pensa em morar numa casa de campo e cultivar nabos!...
Por razões de Estado, Nicolau casou-se com a princesa alemã Alix de Hesse-Dormstadt. Ela não morria de amores por seu novo país e não era muito popular. Casaram-se em Novembro de 1894 e ela abraçou a fé ortodoxa, adotando o nome de Alexandra Fyodorovna.
O casal teve cinco filhos: as princesas Olga, Maria, Anastácia, Tatiana e o herdeiro do trono (czareviche) Alexei, o caçula, nascido em 1904.
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O czareviche (pequeno czar) ao nascer trouxe consigo a hemofilia, herdada das casas reais europeias, que mais tarde soube-se provir da rainha Vitória, da Inglaterra, de quem os imperadores russos eram primos. Alexei crescia frágil e doente, o que preocupava demais seus pais. Nas crises do filho eles apelavam para Deus, e daí adveio a influência que um monge chamado Rasputin passou a exercer sobre eles. Numa ocasião em que os médicos se preparavam para atender o rapaz, chegou Rasputin e os impediu, dizendo que o salvaria com suas orações. O enfermo melhorou consideravelmente e isso foi o toque de influência que faltava sobre o casal real, principalmente a mãe, de quem chegou-se a comentar que teria um caso com o monge.
A nobreza russa odiava Rasputin e isso decretou a sua morte. O príncipe Félix Yussupov foi o mentor, usando sua bela mulher como isca, já que o monge era dado a conquistas amorosas. Deram-lhe uma dose cavalar de cianureto numa bebida, mas o monge, extremamente forte, resistiu. Yussupov, então, descarregou o revolver no peito dele, mas não foi o suficiente e o monge ainda se movia. Amarraram-no então e o jogaram num buraco de gelo que cobria o rio Neva. O corpo somente foi achado por obra de um sapato do monge que caíra e ficara sobre a neve.
Na autópsia descobriu-se que ele não morrera em função do veneno nem dos tiros. Morrera por afogamento. Apesar dos apelos da imperatriz, Nicolau somente baniu Yussupov para o exílio de uma confortável casa de campo e nada fez contra os outros conspiradores.
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Nesse meio tempo crescia Vladimir Ilitch Ulianov (Lênin), nascido em Simbirsk, cidade da Rússia Meridional, em 1870. Formou-se advogado bem cedo, e passou a frequentar as rodas de opositores à monarquia. E tinha todos os motivos para isso. Seu irmão mais velho Alexandre fora preso e morto por enforcamento em 1887, depois de participar de um atentado mal sucedido contra Alexandre III, pai de Nicolau. Na ilustração acima Alexandre está à esquerda, em pé, a mão esquerda apoiada no braço do pai Ilya. Lênin, menino, está sentado à direita.
Lênin passou a frequentar reuniões clandestinas que tinham como objetivo a queda da monarquia russa. Era discípulo de Marx, cujas ideias grassavam por toda a Europa. O barbudo alemão vaticinou que uma revolução comunista seria iniciada na Inglaterra, por ter este país um operariado mais consciente e ativo por seus direitos e a nação ser a mais industrializada. Errou redondamente, pois a utopia comunista foi acontecer na Rússia, um país atrasado e eminentemente agrícola.
Na Rússia existia a Duma, um parlamento sem muito poder e ao qual Nicolau não dava importância. Foi seu erro, pois seus parentes europeus iam soltando os anéis para não perder os dedos. Nicolau acreditava no poder total que detinha em razão da vontade de Deus.
Em 22 de janeiro de 1905, em São Petersburgo, para onde Nicolau se deslocara com a família, centenas de homens, mulheres e crianças, à frente o padre Georgi Gapon, protestavam pacificamente pedindo oito horas de trabalho diário, um rublo diário como salário-mínimo, além de maior representação da população na Duma. São recebidos a tiros pela polícia czarista, que promove um massacre que ficou conhecido como Domingo Sangrento.
Este episódio iria modificar completamente as relações de poder. Nicolau estava ameaçado.
Greves e levantes passam a ser comuns. Nicolau vê-se obrigado a abdicar e no país instala-se um governo provisório, chefiado por Alexandre Kerenski, nomeado primeiro ministro, e representantes da Duma, o parlamento, além de chefes militares. Este governo não dura um ano, pois os bolcheviques de Lênin tomam o poder em 07 de Novembro de 1917. Nicolau e a família são mandados em degredo para a Sibéria.
A família Romanov. Na fila da frente, da esquerda para a direita: Olga, o czar Nicolau, Anastácia, Alexei eTatiana. No fundo Maria e Alexandra, a czarina.
Em Abril de 1918 os Romanov são transferidos para Ekaterinburg, nos Urais, pequena cidade controlada pelo soviete regional (poder do povo). Em julho do mesmo ano seus carcereiros recebem do diretório central em Moscou, chefiado por Lênin, a ordem para executá-los. E isso acontece em 18 do mesmo mês. O czar, a mulher e os cinco filhos, mais alguns criados, são mortos a tiros, sendo o serviço terminado com o uso de baionetas, para acabar de vez com os agonizantes. Conta-se que Anastácia fora ferida de leve, sendo morta a golpes de baioneta. O exército branco, de partidários da realeza, ainda lutava contra os bolcheviques vermelhos de Lênin. E parecia se aproximar dos Urais para libertar a família. Este motivo, além do ódio pessoal de Lênin em razão da morte do irmão, foram determinantes para o extermínio de toda a família real. Enterraram-nos às pressas sob uma ponte, exceto os corpos de Alexei e Maria, sepultados numa floresta próxima.
Em 21 de janeiro de 1924 Lênin morre em Gorki, de hemorragia cerebral. Tinha 53 anos.
A morte de Lênin abriu caminho para Stalin, cujo nome verdadeiro era Josef Vissarionovitch Dzhugashvili, (à direita da foto) tomar o poder total. Governou a Rússia, anexando mais quatorze países para formar a União Soviética, detendo influência total nas nações do leste europeu, que formariam a chamada Cortina de Ferro. Exportou para o mundo os "ideais comunistas", sendo o poder vermelho tentado em quase todos os países do globo, incluído o Brasil de Prestes, Lamarca, Marighela, José Dirceu, Lulla e Dilma Rousseff.
Stalin morreu no poder em 1953, sendo seus crimes denunciados pelo seu sucessor Nikita Kruschev. A Rússia somente se livraria do comunismo (hoje vê-se que parcialmente) com a era Gorbachev, no início da década de 1990.
Stalin pode ser considerado o segundo maior genocida do século Vinte, atrás somente do ditador timoneiro da China, Mao-Tse-Tung. O terceiro genocida denominou-se Adolf Hitler, todos eles de um século onde se chacinou mais gente do que em toda a história anterior da civilização.
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Os ossos da família real já tinham sido exumados, exceto os de Maria e Alexei, os últimos a serem achados por arqueólogos russos. A Igreja ortodoxa daquele país, na década de noventa, canonizou o Czar Nicolau e toda a sua família. Descendentes da realeza hoje, à frente a grã-duquesa Maria Romanova, atual chefe da Casa Imperial Russa, pedem à Justiça que o crime seja considerado "político" e não homicídio premeditado, como definiu a Procuradoria Russa, evitando assim reparações contra o Estado. Bem ao contrário do que está acontecendo em certo país ao sul do Equador, onde presos políticos reais e supostos estão ficando milionários.

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