Pra começo de conversa, muitos não gostam de estudar. Foram péssimos estudantes, a maioria com várias repetições de ano. Mas são de família de classe média, onde sempre sofreram pressão pra “ser alguém na vida”. Como são preguiçosos, sem disciplina, e folgados, precisam arrumar um jeitinho pra se dar bem, e se fazerem passar por coisas que não são. Fingir que é culto, “engajado”, e “crítico” rende pontos. Assim prestam vestibular sem concorrência, de preferência em um curso de Geografia, Ciências Sociais e História, e começam sua carreira de charlatanismo. Ali na universidade encontram todas as ferramentas: professores barbudinhos, livros de esquerda, palestras com “doutores” no assunto, e até o assédio de políticos “guerreiros” do PT e do PC do B. É claro que não estudam nada. Vivem o tempo todo no DCE, deitados no chão, passeando no campus com aquelas mochilas velhas, calças cargo, sandálias de couro, e cabelos ensebados. Alguns começam a se infiltrar nos sindicatos e nas reuniões dos sem-terra. Já começam a se achar revolucionários, e reserva intelectual das massas proletárias exploradas, e da causa revolucionárias. Assim, se passam por intelectuais, cultos, moderninhos, e diferentes. Sentem-se mais seguros para atacar as mulheres, achando que elas são doidas por esse tipo de gente. Começa a ver os amigos que estão trabalhando ou cursando engenharia, direito e administração como pobres coitados que não tiveram a chance da “iluminação”. Como não trabalham e vivem apenas da mesada, estão sempre lisos. Aí começa a brotar o ódio de quem se veste um pouco melhor ou tem um carrinho popular. São os chamados “porcos capitalistas”, ou “burgueses reacionários”. Começam uma fase mais aloprada da vida quando passam a ouvir Chico Buarque e músicas andinas. Nessa fase já começam a pensar em se tornar terroristas, lutar ao lado dos norte-coreanos, etc. Não usam mais desodorante, e a cada 5 minutos aparece nas suas mentes a imagem de um MacDonald’s totalmente destruído. Mas é claro que o que querem não é a revolução, isso é apenas uma desculpa. Como são incompetentes para quase tudo, até mesmo para bater um prego na parede, e sentem vergonha de fazer trabalhos mais simples, e são arrogantes o suficiente para não começar por baixo, querem saltar etapas. Querem no fundo a coisa que todo esquerdista mais deseja, mesmo que de forma sublimada: um emprego público! Mas aí surge um outro problema: é a coisa mais difícil passar em um concurso. É preciso estudar (argh!). Assim, sonham com a “revolução” proletária, com a tomada do poder por uma elite da esquerda, nas quais eles estão incluídos, obviamente, afinal são da mesma tribo. Assim, ocupará, por indicação, um cargo comissionado em alguma repartição qualquer, onde ganhará um bom salário para poder aplicar seus vastos e necessários conhecimentos adquiridos durante anos na luta pela derrubada do sistema capitalista imundo. Nessa fase cortará o cabelo, usará terno, passará a apreciar bons vinhos e restaurantes, e dependendo do cargo, terá até motorista particular. E enfiará a mão sem dó no dinheiro dos cofres do estado. Claro que pela nobre causa socialista e para o bem dos trabalhadores.
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