As oficinas de aprendizes surgiram pela primeira vez
no fim da Idade Média. Eram uma oportunidade para que os jovens da época,
normalmente entre 10 e 15 anos de idade, adquirissem habilidades manuais e
conhecimentos práticos trabalhando diretamente sob o comando de um mestre artesão.
Esses adolescentes aprendizes chegavam à maturidade
imersos em autênticas experiências de trabalho, rodeados por mentores adultos. Isso
rapidamente os preparava e capacitava para assumir responsabilidades profissionais,
fazendo com que se tornassem adultos mais precocemente.
Em pouco tempo, deixavam de ser adolescentes e se
tornavam adultos com responsabilidades e deveres.
O termo "adolescência" advém do latim "adolescere",
um termo surgido no século XV cujo significado era 'crescer' ou 'tornar-se maduro'.
Mas foi apenas em 1904 que G. Stanley Hall, o primeiro presidente da Associação
Americana de Psicologia, cunhou o termo "adolescência" para identificar uma
fase distinta e separada do desenvolvimento humano.
A expansão da escola obrigatória, em conjunto com
uma variedade de leis que proíbem o trabalho infantil, acabou por
artificialmente ampliar a duração da infância e da adolescência, levando ao
surgimento do estereótipo do "típico adolescente" imaturo, sem a necessidade de
assumir deveres e responsabilidades, o qual persiste até hoje.
Adolescentes
são mais capazes do que permitimos
A adolescência se tornou um conceito social. A
maioria das pesquisas sobre a adolescência — frequentemente abordadas em
termos patológicos — começou na década de 1940. Desde então, intensificou-se a
ideia de que a adolescência é uma fase intermediária entre a infância e a vida
adulta, durante a qual o jovem está liberado de assumir deveres e responsabilidades
profissionais, tendo apenas a obrigação de estudar (em escolas cujos currículos
são determinados pelo governo) e uma maior liberdade para se comportar de
maneira errática.
Compulsoriamente removidos das experiências práticas
da vida real, e confinados a um ambiente restritivo e artificial imposto pelo sistema
escolar massificado, não é de se surpreender que os adolescentes de hoje
demonstrem apatia, angústia, ansiedade e raiva. E, acima de tudo, um grande
despreparo técnico e profissional.
Porém, historicamente, não é assim que os
adolescentes sempre se comportaram. Tampouco é assim que eles se comportam hoje
em algumas partes do mundo.
Como escreveu
o psicólogo Dr. Robert Epstein, autor do livro The
Case Against Adolescence:
A confusão social e emocional vivenciada por vários jovens do mundo ocidental é um fenômeno inteiramente criado pela cultura moderna. Nós criamos este fenômeno ao infantilizarmos nossos jovens isolando-os dos adultos e do mundo adulto.O atual sistema escolar compulsório e massificado, bem como as restrições ao trabalho infantil — uma criação da era da Revolução Industrial —, não mais são apropriados para o mundo moderno. As clássicas fábricas exploradoras não mais existem e hoje temos a capacidade de fornecer educação de qualidade em nível individual, sem a necessidade de um currículo compulsório ditado pelo estado.Adolescentes são jovens adultos inerentemente capazes. Para desfazer o estrago que fizemos, seria necessário estabelecer sistemas baseados na competência que dêem a estes jovens as oportunidades e os incentivos para se juntarem ao mundo adulto o mais rapidamente possível.
O impacto do sistema escolar compulsório e
massificado sobre os adolescentes pode ser ainda mais severo. Forçadamente isolados
do autêntico mundo adulto (com o qual, inevitavelmente, terão de interagir no
futuro), superprotegidos e cada vez mais despreparados para as responsabilidades
da vida, vários adolescentes acabam por se rebelar e adotar comportamentos
autodestrutivos, que vão desde a raiva e a angústia até o vício em substâncias e
o suicídio.
Como acrescentou o doutor Epstein:
Devido aos imperativos evolucionários estabelecidos há milhares de anos, o principal desejo de um adolescente continua sendo o de se tornar produtivo e independente. Todos nós, como indivíduos, inevitavelmente aspiramos a isso. Mas se, após a puberdade, continuarmos agindo como se os jovens ainda fossem crianças indefesas, estaremos dificultando enormemente a concretização deste desejo. E isso lhes causará grandes agonias.
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