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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

O sistema escolar moderno prolonga a adolescência e atrasa as responsabilidades da vida adulta

As oficinas de aprendizes surgiram pela primeira vez no fim da Idade Média. Eram uma oportunidade para que os jovens da época, normalmente entre 10 e 15 anos de idade, adquirissem habilidades manuais e conhecimentos práticos trabalhando diretamente sob o comando de um mestre artesão.

Esses adolescentes aprendizes chegavam à maturidade imersos em autênticas experiências de trabalho, rodeados por mentores adultos. Isso rapidamente os preparava e capacitava para assumir responsabilidades profissionais, fazendo com que se tornassem adultos mais precocemente.

Em pouco tempo, deixavam de ser adolescentes e se tornavam adultos com responsabilidades e deveres.

O termo "adolescência" advém do latim "adolescere", um termo surgido no século XV cujo significado era 'crescer' ou 'tornar-se maduro'. Mas foi apenas em 1904 que G. Stanley Hall, o primeiro presidente da Associação Americana de Psicologia, cunhou o termo "adolescência" para identificar uma fase distinta e separada do desenvolvimento humano.

A expansão da escola obrigatória, em conjunto com uma variedade de leis que proíbem o trabalho infantil, acabou por artificialmente ampliar a duração da infância e da adolescência, levando ao surgimento do estereótipo do "típico adolescente" imaturo, sem a necessidade de assumir deveres e responsabilidades, o qual persiste até hoje.

Adolescentes são mais capazes do que permitimos

A adolescência se tornou um conceito social. A maioria das pesquisas sobre a adolescência — frequentemente abordadas em termos patológicos — começou na década de 1940. Desde então, intensificou-se a ideia de que a adolescência é uma fase intermediária entre a infância e a vida adulta, durante a qual o jovem está liberado de assumir deveres e responsabilidades profissionais, tendo apenas a obrigação de estudar (em escolas cujos currículos são determinados pelo governo) e uma maior liberdade para se comportar de maneira errática.

Compulsoriamente removidos das experiências práticas da vida real, e confinados a um ambiente restritivo e artificial imposto pelo sistema escolar massificado, não é de se surpreender que os adolescentes de hoje demonstrem apatia, angústia, ansiedade e raiva. E, acima de tudo, um grande despreparo técnico e profissional.

Porém, historicamente, não é assim que os adolescentes sempre se comportaram. Tampouco é assim que eles se comportam hoje em algumas partes do mundo.

Como escreveu o psicólogo Dr. Robert Epstein, autor do livro The Case Against Adolescence:

A confusão social e emocional vivenciada por vários jovens do mundo ocidental é um fenômeno inteiramente criado pela cultura moderna. Nós criamos este fenômeno ao infantilizarmos nossos jovens isolando-os dos adultos e do mundo adulto.
O atual sistema escolar compulsório e massificado, bem como as restrições ao trabalho infantil — uma criação da era da Revolução Industrial —, não mais são apropriados para o mundo moderno. As clássicas fábricas exploradoras não mais existem e hoje temos a capacidade de fornecer educação de qualidade em nível individual, sem a necessidade de um currículo compulsório ditado pelo estado.
Adolescentes são jovens adultos inerentemente capazes. Para desfazer o estrago que fizemos, seria necessário estabelecer sistemas baseados na competência que dêem a estes jovens as oportunidades e os incentivos para se juntarem ao mundo adulto o mais rapidamente possível.

O impacto do sistema escolar compulsório e massificado sobre os adolescentes pode ser ainda mais severo. Forçadamente isolados do autêntico mundo adulto (com o qual, inevitavelmente, terão de interagir no futuro), superprotegidos e cada vez mais despreparados para as responsabilidades da vida, vários adolescentes acabam por se rebelar e adotar comportamentos autodestrutivos, que vão desde a raiva e a angústia até o vício em substâncias e o suicídio.

Como acrescentou o doutor Epstein:

Devido aos imperativos evolucionários estabelecidos há milhares de anos, o principal desejo de um adolescente continua sendo o de se tornar produtivo e independente. Todos nós, como indivíduos, inevitavelmente aspiramos a isso. Mas se, após a puberdade, continuarmos agindo como se os jovens ainda fossem crianças indefesas, estaremos dificultando enormemente a concretização deste desejo. E isso lhes causará grandes agonias.


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