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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Aforismos Para Uma Apologética Nacionalista

Para além de uma análise de conjuntura, os aforismos que se sucedem expressam um anseio hiperativo e prescritivo por uma apologética nacionalista que atue no sentido de efetivar na concretude da ação humana e, por conseguinte, no âmbito político, os valores nacionais então restritos ao ostracismo. Tratam-se de aferições pragmáticas relativas a atuação do indivíduo identificado com uma política de terceira posição no cotidiano, para além do ativismo eleitoreiro – sem desconsiderar, porém, a indispensável instrumentalização das estruturas de poder contingentes para a efetivação do ideário nacionalista. 
Em contraposição ao fetichismo burguês da antelação intransigente pelo debate aristotélico como exercício político, há que se desenvolver, à luz da dialética erística, uma unidade parcial do discurso nacionalista que, apartada de idealismos, paire acima do debate frontal e direto de ideias. Segundo o sociólogo Flávio Gordon, todo regime político é antecedido de um longo empreendimento cultural de modelagem do consciente coletivo – isto é: da imposição orgânica de uma narrativa totalizante por parte das elites culturais às massas, consagrando seu ideário previamente nas mentes dos populares para, somente então, partir para a ação concreta. Não tentemos nós, portanto, suprimir etapas de um processo tão essencial na atuação pública de qualquer movimento emergente.
Tanto mais importante que apresentar agendas declaradas e minuciosamente descritas, é incutir no senso comum e nas máximas retóricas nacionais, valores e lugares comuns mediante os quais possa-se promover a doutrinária nacionalista daqueles que, em seu âmago, já a nutrem sem saber. Portanto, antes de tudo, é mister compreender o movimento nacionalista, na diversidade de suas vertentes, enquanto um projeto orgânico de proporções nacionais.  
Faço, então, uso do ensejo para pedir a boa fé do leitor, que não tome os pragmatismos contidos no texto por “maquiavelismos”. Primar pela composição de um movimento de âmbito nacional cujos integrantes sejam, em sua totalidade, intelectualizados e plenamente conscientes dos seus argumentos e proposições, implica restringir o nacionalismo a uma parcela muito restrita da população brasileira, infelizmente.

1. Quanto a Primazia Pela Forma em Detrimento da Matéria

– Antes de qualquer atuação pública em defesa de qualquer pauta, é mister compreender e aceitar o caráter profundamente personalista do contexto sócio-político brasileiro. Da perspectiva do espectador, tanto mais vale a forma pela qual o interlocutor expõe sua agenda que suas ideias propriamente expressas – estas cumprem uma finalidade meramente decorativa no fluxo do debate público. 
O carisma e a poética são os valores fundamentais da política nacional, a qual vale-se, sobretudo, de um sentimento de familiaridade ou profunda admiração do brasileiro médio para com os agentes públicos. Estes, conquistam aprovação mediante um exercício muito consciente e minuciosamente calculado de aproximação informal do povo.
Na defesa de qualquer agenda, há que se atuar como um verdadeiro apóstolo: é necessário acreditar no que se defende e fazer uso da ideia, viver a ideologia a que visa-se propagar. Apresentar, sobretudo, um ideal abstrato passivo de ser expresso em slogans e frases feitas, de tal forma que se perpetre no senso comum como uma máxima.
A despeito da importância de se ter claros os objetivos de curto e médio prazo – objetivos tangíveis e concretos – o caráter abstrato do fim último do movimento é um fator inegociável, uma vez que pode-se sempre pôr-se a lutar em prol de valores intangíveis sem jamais se argumentar que os mesmos “falharam” ou foram “ineficazes”. Por exemplo: não se pode dizer que a economia marxista falhou, uma vez que a mesma, por sua impraticabilidade, nunca foi nem jamais será posta em prática. 
– As abstrações e reflexões filosóficas, bem como o debate relativo a políticas práticas, são indispensáveis para a composição de uma dogmática coesa e um projeto claro e alinhado, contudo, o exercício filosófico restringe-se, naturalmente, a uma porcentagem populacional muito seleta de indivíduos politizados. No trato para com o público, é necessário usar daquela típica linguagem que toca o chamado “coração das massas”: urge que se use de uma clareza na explanação e na argumentação, embasada, se possível, em teses que gozem de fé pública, passivas de serem explicadas mediante exemplificações em consonância com o cotidiano no cidadão médio.
Não é necessário, em instância alguma do trato com os populares, um esbanjo de conhecimentos e dados estatísticos, mais vale o reforço de ideias por eles já aceitas – “se a reforma da previdência fosse boa, os políticos também entrariam”, agrega mais que citações econômicas que fazem o brasileiro médio dormir. Ademais: se possível for o convencimento e a propagação das pautas nacionalistas com um único argumento, contente-se com este sem arriscar um segundo.

2. Quanto a Aplicação de Rótulos

– Uma constante invariável da problemática linguística nacional é a impugnação de ideias e indivíduos mediante a imposição taxativa de rótulos – “isso é autoritarismo!”, “isso é comunismo!”, “aquele autor é direitista!”, “esse candidato é homofóbico!”, são máximas suficientes para pôr em descrédito conjunturas filosóficas inteiras. O interlocutor, por vezes valendo-se do valor semântico que determinadas palavras carregam, usa-as a fim de desqualificar a oposição, tangenciando o debate formal.
Da mesma forma, faz-se necessário o uso de eufemismos e o desuso de palavras contaminadas de conotação pejorativa pela opinião hegemônica: ao tratar de revisionismo histórico, não é de bom tom começar por abordar tópicos relativos ao tribunal de Nuremberg, mas à Guerra do Paraguai, ao Regime Militar, ao colonialismo, etc; termos como “controle social” podem ser substituídos por “medidas institucionais que assegurem a vigência da ordem social”; a exaltação saudosista de movimentos nacionalistas como o integralismo, o getulismo ou o fascismo – tão contaminados por nossa historiografia enviesada – pode ser tangenciada em prol da defesa de “um nacionalismo que tome parte na causa do povo” ou “um nacionalismo popular”. Mesmo o termo “revisionismo histórico”, poderia ser substituído, em ausentar-se do sentido originário, por “resgate histórico”.
Nesse contexto de guerra de narrativas e metalinguagem, deve-se empreender um esforço concreto para transpor o linguajar para além daquele estabelecido pela oposição – não se adeque jamais aos vocábulos dos seus oponente, não adira às regras do inimigo! Mas, pelo contrário, imponha, pela constância no uso, os seus próprios termos, de forma que não mais se possa pensar fora destes.
Descarte a palavra “gênero”, a qual, em questão de menos de uma década, usurpou o uso correto de “sexo”, em prol da narrativa promovida pelos autoproclamados movimentos “sociais”. Assim, ponha também em desuso o termo “movimentos sociais”, expondo o que de fato estes são, “agentes do caos social”; não os permita rogarem a si a alcunha de defensores de “minorias”, em verdade, digamos, eles defendem “elites minoritárias” – em síntese, é esta a base da imposição vocabular.

3. Quanto ao Debate Direto e Indireto

– Aceitemos: a finalidade de um debate restringe-se tão somente no engajamento dos seus pares, jamais no convencimento da oposição – esta, normalmente não está disposta a sujeita-se a verdades inconvenientes. Logo, um debate sem platéia não é mais que uma disputa inócua de egos. Mais sóbrio seria, no curso de qualquer diálogo, esquivar-se do conflito e apostar em uma aproximação, se possível, em uma reiteração de igualdade de fins, restringindo as discordâncias apenas aos meios – “No fundo, ambos queremos uma melhoria nas condições de vida do trabalhador, embora eu prefira um fortalecimento dos sindicatos em detrimento da supressão do capital privado.”
Há que se ter em mente, também, os ideias do indivíduo a que se dirige. Tratando-se de um sujeito mais pendido à esquerda, ao abordar a questão sionista, por exemplo, seria mais prudente discorrer primeiramente acerca dos aviltes do Estado de israel às suas nações vizinhas; ao falar com alguém identificado com a pauta direitista, convém primar pela reiteração dos globalistas como George Soros e os Rockshield, que são também agentes do sionismo.
Desiluda-se quanto a atuação pública: não se trata jamais de quem é mais capacitado, mas de quem é mais carismático, sobretudo sob o julgo do jogo democrático, em que a quantidade sobrepõe-se qualidade. A moralidade das ideias que defendemos é infinitamente mais pertinente que seu modelo de propagação – universalmente utilizado e aceito, porém jamais transposto em palavras. Em verdade os inimigos da pátria não deixarão de atuar em defesa de seus interesses escusos mediante a refutação de suas idéias, mas pela aplicação concreta de ativismos reais. Não contente-se, portanto, em refutá-los, há que se expurgá-los de suas ocupações mediante a denúncia pública de seus crimes.

4. Quanto aos Aliados e Inimigos

– Um dado incontestável é que não podemos refugiar-nos na unanimidade dos seletos grupos que já tomam parte de nossas ideias, é necessário expandir, e, para tal, a polêmica e o conflito convém. Isaac Newton chamaria de “subir nos ombros de gigantes” esta técnica de adquirir reconhecimento a partir da imagem pública de terceiros. À luz da propaganda eleitoral, buscar a divergência e o contraponto contra aquelas ideias e indivíduos em vigência é essencial – aproveitemos do posto de oposição que ocupamos, façamos barulho.
Por finalidades de coesão de discurso, é indispensável alavancar com clareza e buscar uma unidade nacionalista na determinação dos aliados, dos inimigos e daqueles com os quais podemos conciliar ou não. A composição de uma concepção totalizante demanda certa simplicidade dicotômica cujo intendimento seja inteligível por parte da maioria desprovida de educação formal. Não se trata, porém, de dissimulação ou enganação, mas da democratização do debate.
Uma vez determinado o discurso, faz-se necessário o uso de reducionismos categóricos na elucidação do cidadão comum quanto às análises de conjuntura, sem jamais, porém, ser leviano: “o sistema”, “o espírito capitalista”, “isso tudo que está ai”, são alvos pouco palpáveis que mascaram as reais problemáticas nacionais e seus agentes. É preciso nomear, se possível, individualmente, aquele a que está se combatendo, expô-lo como de fato é e como atua. Uma única ressalva: jamais apresente ao público mais de um inimigo por vez, isso terminará por confundir a massa.
Vale sempre retomar que o contorno de conflitos os quais em nada agregarão ao movimento há que sempre ser levado em conta, em determinadas circunstâncias, a melhor forma de eliminar um inimigo é fazendo-o deixar de sê-lo. Para com os aliados, a interação deve sempre terminar por reduzir as divergências e ressaltar as semelhanças de forma a assegurar a unidade.

5. Breve Sumário Quanto ao Convencimento das Massas

– Não aceite jamais, no curso de uma apologética pública, ser colocado em uma posição defensiva: não se justifique, nem tampouco preste esclarecimento diante de xingamentos ou rótulos vazios, apenas responda na mesma intensidade e ferocidade. Responder imputações caluniosas e ofensas vazias é o mesmo que conceder status de valor ao xingamento. Se lhe for imputado o rótulo de “racista”, não o tolere respondendo-o com a passividade de um culpado, mas responda valendo-se de imputações verídicas. 
– Abra mão de chavões derrotistas: qualquer explanação cujo princípio seja “eu sou nacionalista, mas (insira aqui alguma obviedade)” sintetiza, em última instância, a crença de que ser nacionalista configura uma posição inerentemente negativa a qual não pode ser defendida senão precedida de desculpas e esclarecimentos. Não aceite uma condição derrotista, deixe a humildade para aqueles desprovidos das demais virtudes – saiba estar certo. 
– Use o xingamento sempre ao seu favor: não xingue no intuito de convencer o espectador, mas use do xingamento como intensificador da revolta que leva à ação. Parta para a ofensa deliberada somente quando seus leitores/ouvintes já estiverem previamente convencidos da sordidez do grupo ao indivíduo a que dirigem as ofensas.
– Não seja inocente: jamais apele para a boa fé ou caridade daquele que deseja convencer ou “partidarizar”. Pelo contrário, denuncie o charlatanismo alheio; seja combativo antes de ser caridoso; promova antes a revolta que a conciliação, sem deixar, contudo de ser propositivo.
Fontes e Embasamentos:
[1] A página Leitor Realista, relativa a investimentos e aprimoramento pessoal, forneceu consultoria na redição deste artigo, vale conferir seus textos!
[2] “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel
[3] “Arte de Ter Razão”, de Arthur Schopenhauer
[4] “Mein Kampf”, de Adolf Hitler
[5] “A Elite do Atraso”, de Jessé Sousa
[6] “A Corrupção da Inteligência”, de Flávio Gordon
[7] “As 48 Leis do Poder”, de Robert Greene

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