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segunda-feira, 7 de março de 2022

A história predecessora à invasão russa na Ucrânia é abafada pela atual histeria


A comissária da União Europeia (EU), Ursula von der Leyen, anunciou que a EU irá proibir as agências de notícias russas Sputnik e Russia Today. Somente assim o governo russo “não poderá mais disseminar suas mentiras, e justificar a guerra de Putin na Europa com suas venenosas desinformações”, alegou von der Leyen.

Com isso a EU instaurou oficialmente o Ministério Orwelliano. Através do banimento da memória, a história é reescrita. Qualquer um que não repita a verdade transmitida pela Voz da América, a agência oficial do governo norte-americano, será hostilizado. O portal dos EUA acusa a Rússia de ter iniciado um “ataque aterrorizante e totalmente deliberado contra a Ucrânia”.

Por eu mesmo ter me hostilizado, eu reportei aqui (…) sobre a história dos últimos 30 anos, que foi apagada da memória coletiva. Após a dissolução do Pacto de Varsóvia e da União Soviética, o governo dos EUA desencadeou, através da segunda Guerra do Golfo, o primeiro conflito armado após o final da Guerra Fria. Eles anunciaram ao mundo naquele momento, que “não existe substituto para a liderança dos Estados Unidos, que permanece como a única potência com atuação e influência mundial”.

Três anos depois, em 1994, a OTAN executou a primeira e direta operação de guerra na Bósnia sob liderança americana. Em 1999 eles atacaram a Iugoslávia: 78 dias voaram 1.100 aviões, principalmente a partir de bases italianas, 38.000 ataques e dispararam 23.000 bombas e mísseis. Os ataques destruíram pontes e instalações industriais na Sérvia, com inúmeras baixas principalmente da população civil.

Enquanto a guerra destruía a Iugoslávia, a OTAN iniciou sua expansão em direção ao leste, apesar da promessa feita à Rússia, de que “não iriam se expandir a leste nem um centímetro”. A expansão aumentou em vinte anos o número de países membros da OTAN de 16 para 30.

Vieram para a aliança muitos países do antigo Pacto de Varsóvia, da então União Soviética e da antiga Iugoslávia. Além disso a OTAN se preparava para receber oficialmente na aliança a Ucrânia, Geórgia e a Bósnia-Herzegovina.

O governo dos EUA e a OTAN entram e saem das guerras e atacaram e invadiram o Afeganistão em 2001 e o Iraque em 2003. Em 2011 eles destruíram a Líbia (…) Somente no Iraque morreram nas duas guerras e pelo embargo, cerca de dois milhões de pessoas diretamente, dentre elas meio milhão de crianças. Em fevereiro de 2014, a OTAN (…) executou um golpe de estado na Ucrânia através de um formação de neonazistas, especialmente treinados e armados, contra um presidente eleito legitimamente.

A estratégia do golpe de estado: atacar a população russa da Ucrânia. Com isso conseguir-se-ia uma reação da Rússia e uma profunda cisão na Europa. Depois que a população pró-Rússia da Criméia decidiu pela aproximação à Rússia, a guerra escalou. Kiev bombardeou com fósforo a população russa do Donbass.

A EU apoiou o governo de Kiev. 21 dos 27 países membros pertencem à OTAN sob comando norte-americano. Nos últimos oito anos, as forças da EUA-OTAN e seus arsenais nucleares na Europa se aproximaram cada vez mais em direção à Rússia, ignorando os alertas de Moscou.

Para aliviar esta situação, o governo de Putin encaminhou aos EUA, a 15 de dezembro de 2021, um esboço de um acordo. Os EUA não apenas recusaram esta iniciativa, mas também começaram ao mesmo tempo a formar no Donbass uma força de ataque ucraniana sob o comando da EUA-OTAN, como preparação para uma grande ofensiva contra a Rússia.

Devemos observar as atitudes de Moscou diante desta perspectiva. O governo russo quer contrapor a escalação agressiva da OTAN com o ataque militar à Ucrânia. Se agora acontece uma demonstração contra a guerra, apenas estaríamos aumentando a campanha da OTAN, que tenta pintar a Rússia como um inimigo perigoso. É uma campanha que divide a Europa em prol de planos imperialistas e nos leva à catástrofe.

Manlio Dinucci

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