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quinta-feira, 29 de abril de 2021

Qual a origem dos sobrenomes italianos?

 Pesquisador e professor de linguística, Ciro Mioranza dedicou grande parte de seu trabalho a estudar seus antepassados vindos da Itália. Bisneto de italianos, o autor natural do Travessão Alfredo Chaves, em Flores da Cunha, utilizou uma característica bem específica para investigar a história da imigração e entender suas origens: os sobrenomes italianos – e, claro, seus significados.

Esse é o mote do livro “Filius Quondam”, lançado originalmente em 1996. A expressão latina que dá nome à obra significa “filho do outrora”, “filho do que já se foi”, “filho do finado”. No tempo medieval, a expressão era muito utilizada para se referir a alguém cujo pai já havia morrido, o que era comum devido à baixa expectativa de vida: “Paulus filius quondam”, por exemplo, seria algo como “Paulo filho do falecido” – quando o pai ainda estava vivo, se usava o nome dele em lugar da expressão “quondam”. 
Na obra, são explicadas origens muitas vezes jocosas ou que vêm de características físicas e profissões, como as dos sobrenomes Ferrari (ferreiro), Soldati (soldado), Rossini (ruivinho) e Malatesta (cabeça malvada). Também traz verbetes analisando alguns nomes separadamente e uma lista com os 8.103 municípios italianos.
O livro não é um dicionário de nomes, mas uma análise que bebe da linguística, antropologia, sociologia, geografia, história e psicologia. Ele explica como os sobrenomes italianos foram construídos ao longo do tempo, influenciados pelo latim, as invasões bárbaras, o contato com outros povos e a Idade Média. 
Em 1997, sim, viria a obra “Dicionário de Sobrenomes Italianos”, com mais de 25 mil itens, reunidos ao longo de 12 anos por Ciro, que chegou a ler listas telefônicas de três capitais brasileiras à procura deles. Entre os mais famosos, estão Di Caprio (Criador de Cabras) e Fittipaldi (Filho do Guerreiro); os mais curiosos têm Mozzaquatro (Estrangula Quatro) e Sbroiavacca (Estraçalha Vaca).
Foi entre os séculos IX e XV que os atuais sobrenomes foram criados e, através do trabalho de Ciro, é possível quantificá-los: cerca de 37% deles vieram de nomes próprios (como Marco Polo) e outros 37% de locais (como Da Vinci), além de profissões (15%) e apelidos (11%). Seja qual for a origem, o autor ajuda a mostrar que a cultura italiana segue viva e, como seus sobrenomes, será passada de geração em geração.

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