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quinta-feira, 13 de junho de 2019

10 informações que você deve saber sobre a Imigração Alemã no Brasil

No dia 25 de julho a comunidade teuto-brasileira celebra a passagem dos 195 Anos de Imigração Alemã no Brasil. A data marca a chegada dos primeiros 39 colonos alemães a São Leopoldo, em 25 de julho de 1824.

Por Rodrigo Trespach

Abaixo, 5 informações que você precisa saber sobre esse fato histórico e 5 personagens que fizeram a história acontecer.

5 informações importantes a respeito da Imigração Alemã no Brasil

1- A definição de “alemão” – A Alemanha só se tornou a Alemanha em 1871, quando Bismarck conseguiu reunir sob a mesma coroa os muitos países de língua comum – com exceção da Áustria. Antes disso, não existia uma nação alemã ou um Estado alemão, coeso e homogêneo. A Alemanha do início do século 19 era composta por vários Estados, dos mais diferentes tamanhos. Eles compunham a Confederação Alemã, criada após o Congresso de Viena (1815). Além da Áustria e da Prússia, haviam 33 Estados e quatro cidades-livres, em sua maioria com dialeto próprio, leis e características culturais muito diferentes. Entre os pioneiros de 1824, em São Leopoldo, havia hamburgueses, bávaros e hessianos.

Assim, a referência a “alemães” aqui está associada ao conceito linguístico-cultural. Nos últimos anos alguns historiadores passaram a usar termos como “germânicos”, “germanidade” ou “presença teuta”, para se referir à imigração que envolveu os muitos países de língua alemã antes da formação do Império Alemão (1871), ou seja, o que se pode chamar de Alemanha moderna;

Alemanha 1820

2- Houve presença de alemães (germânicos) no Brasil antes de 1824 – Os primeiros alemães a pisar o solo brasileiro estavam junto com a esquadra de Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500. Eram artilheiros de uma unidade militar portuguesa que acompanhava a esquadra. São textos em alemão, inclusive, os primeiros a usar o termo “Brasil” para as terras em que Cabral havia desembarcado. Tentativas isoladas de implantação de colônias alemãs foram realizadas na Bahia, entre 1816 e 1818.

Todas, no entanto, sem alcançar o sucesso esperado. Somente depois do casamento de D. Pedro com a arquiduquesa austríaca Leopoldina de Habsburg-Lorena, a vinda de cientistas de língua alemã para a América e a independência brasileira, com a necessidade de colonos e soldados, o país finalmente deu início, de modo organizado, ao processo imigratório de populações alemãs no Suíços de língua alemã já haviam chegado ao Rio de Janeiro, em 1819, e fundado Nova Friburgo, na região serrana do estado. Em janeiro de 1824, para lá também foram enviados os primeiros colonos de língua alemã. Em 3 de maio eles chegaram à colônia carioca, dois meses antes de São Leopoldo.

Nova Friburgo2

3- Houve presença alemã no Rio Grande do Sul antes do século 19 – Alguns alemães chegaram ao Estado durante o século 18, de forma isolada, sem fazerem parte de um processo de povoamento. A família Schramm, que aqui ganhou as grafias “Xarão” ou “Charão”, é um exemplo. O médico Johann Adolph Schramm, de Braunschweig, casou em 1727 no Rio de Janeiro com Cecília de Sousa da Conceição, com quem teve o filho Antônio Adolfo Charão. Antônio, alferes dos Dragões em Rio Pardo, casou em Viamão, em 1758, com Joana Velosa Fontoura. Os descendentes deste casal tiveram ativa participação nas guerras e revoluções gaúchas.

Ainda do ponto de vista militar, importante personagem da história gaúcha é o general alemão J. Heinrich Böhm, comandante do exército que retomou Rio Grande aos espanhóis em 1776. Böhm legou a história não apenas a retomada da importante cidade gaúcha, mas também um manuscrito com suas memórias sobre a passagem pelo sul.

Casamento de Antônio Adolfo Charão, em 9 de julho de 1758.

4- São Leopoldo: o berço da Colonização Alemã no Brasil – A ideia de imigração e colonização no Brasil passava pela necessidade de criação de uma nova classe média, branca e pequena proprietária, que desenvolvesse a policultura agrícola e o artesanato, povoasse áreas de fronteira e que fosse capaz de abastecer cidades importantes. E São Leopoldo cumpriu muito bem esse papel, muito mais do que Nova Friburgo ou qualquer outra tentativa anterior. Daí que, mesmo não sendo o projeto pioneiro, é considerado o berço da colonização alemã no Brasil, justamente pelo sucesso no empreendimento, em que pesem todos os custos e dificuldades iniciais.

Chegada dos imigrantes em São Leopoldo em quadro de Ernst Zeuner

5- A contribuição dos alemães – Além da contribuição no desenvolvimento da agricultura (criação do minifúndio e da agricultura familiar) e na produção industrial (artesanal), o imigrante alemão teve um importante papel no processo de diversificação cultural do país, especialmente na língua, na gastronomia e na arquitetura. A presença alemã ainda consolidou no país a atuação dos protestantes (evangélicos luteranos e calvinistas, entre outros).

5 personagens da Imigração Alemã no Brasil (da Europa a São Leopoldo)

1- Napoleão Bonaparte (1769-1821). Poucos personagens na História transformaram a vida da população mundial em um espaço tão curto de tempo quanto o imperador dos franceses. A Era Napoleônica transformou profundamente o Velho Continente (política, social e economicamente), obrigando muitos alemães a emigrar;

2- D. João VI (1767-1826). O rei de Portugal foi o criador da identidade brasileira, ele foi o responsável pela criação do país propriamente dito, o que acabou preparando o terreno para a Independência; foi o primeiro a incentivar a colonização com imigrantes não-lusos;

3- José Bonifácio (1763-1838). O Patriarca da Independência foi o principal articulista para que o Brasil recebesse colonos alemães. Ainda que D. Leopoldina receba o título de “Mãe da Imigração Alemã”, foi Bonifácio o idealizador do projeto;

Bonifácio

4- Major von Schaeffer (1779-1836). José Bonifácio pensou, D. Pedro concedeu autorização, mas foi o odiado von Schaeffer o responsável por buscar, na Alemanha, os colonos e soldados para o Brasil.

Georg Anton Schäffer

5- J. Daniel Hillebrand (1800-1880). São Leopoldo é Hillebrand. E vice-versa. Ainda que se concedam méritos a José Fernandes Pinheiro (o Visconde de São Leopoldo), não fosse o médico idealista, de caráter humanitário, e a colônia gaúcha talvez não tivesse sobrevivido aos primeiros anos.




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