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segunda-feira, 23 de maio de 2011

A FRONTEIRA LINGUÍSTICA


"Não tomem quartéis, tomem escolas e universidades, não ataquem blindados, ataquem idéias".Antonio Gramsci

Um dos fundamentos que nos une é a língua. Na Espanha, um país de várias etnias e identidades regionais que se preparava para conquistas além mar, Elio Antonio de Nebrija, professor da Universidade de Salamanca, redigiu a primeira gramática européia em língua vulgar em 1492 - a Grammatica castellana - e a dedicou a Isabel de Castilla, a Católica. Como esta não entendeu sua utilidade, Nebrija esclareceu: "Majestade, a língua é o instrumento do Império", se referindo ao idioma como sinal de identidade que facilitaria a unificação política da Espanha e de suas futuras conquistas naquele mesmo ano. Três anos depois redigiu o primeiro dicionário espanhol. Os primeiros sinais de que este país está em risco de desaparecer como unidade nacional foi a adoção do catalán como língua oficial da Catalunha e a retirada do Espanhol do currículo oficial. Mais modestamente o mesmo está ocorrendo na Galícia.
Grammatica_-_Nebrissensis
O Brasil, assim como Estados Unidos e Canadá, teve a felicidade de adotar uma única língua com gramática unificada, absorvendo a linguagem nativa. Os nomes de Estados Paraná, Dakota, Saskatchewan, são exemplares.
O que se pretende fazer oficialmente em nosso País com a nova "gramática" que elimina a norma culta e a substitui não somente por regionalismos como oficializa erros grosseiros de linguagem com base na eliminação de "preconceitos"? O que é a Gramática senão uma série imensa de pré-conceitos para a fala e a escrita - a regência, a conjugação, a concordância? Entre as funções da palavra talvez a mais importante seja a definição de algum conceito. E o que é a unidade da língua senão o fato de todos os que a falam entenderem este conceito com clareza?
A obra de Rondon e dos primeiros indigenistas, civilizando os índios e ensinando-os o português, tornando-os, portanto, brasileiros, foi da maior importância para a unificação da Pátria. Hoje, como atesta o General Heleno, os índios integrados às FFAA têm uma função importantíssima, pois conhecem a selva amazônica como ninguém.
Não é coincidência que simultaneamente com os ataques às fronteiras físicas por partes de ONGs estrangeiras que se valem do entreguismo de brasileiros 'defensores do meio ambiente', o Ministério da Educação una-se ao do Meio Ambiente, ao da Justiça para, numa ação integrada, cumprir a missão de imbecilizar nossas crianças e adolescentes, os futuros professores, através da destruição da nossa língua.
É um plano integrado seguindo as orientações de Gramsci [i]. Estão transformando a Gramática numa "gramscimática", a Novilíngua do esquema de poder - ou pudê - revolucionário. Não é burrice nem inocência: é pura má-fé revolucionária.


Nota:
 Ver Gramsci e o Estado, Christine Buci-Glucksman, Ed. Paz e Terra, 1980. Para as contribuições da Escola de Frankfurt ao tema: O Marxismo Ocidental, José Guilherme Merquior, Nova Fronteira, 1986.

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