A Alemanha é a força-motriz da União Europeia. É também
a locomotiva que puxa a zona do euro. E sua economia começou
a se contrair. Era inevitável. O que realmente impressiona é que tenha
demorado. Itália
e Reino Unido também apresentam a mesma perspectiva.
Angela Merkel costumava dizer que "a União
Europeia representa 5% da população do globo, 25% do seu PIB, e aproximadamente
50% dos gastos mundiais com políticas de bem-estar social."
Mas os dados verdadeiros são mais preocupantes.
A União Europeia engloba:
7,2% da população mundial.
23,8% do PIB mundial.
58% dos gastos mundiais com políticas de bem-estar
social.
Alguém terá de ceder.
Na União Europeia, a alíquota média de impostos que
incide sobre os trabalhadores é de 44,5%.
Já a tributação total representa 41% do PIB
da zona do euro. Consequentemente, um cidadão comum da UE tem de trabalhar
quase metade do ano apenas para bancar seus governos.
A facilidade de se empreender continua menor (mais
difícil, cara e burocrática) que a das principais economias do mundo.
A burocracia é asfixiante. De acordo com o
espanhol Foro Regulación
Inteligente e com os dados oficiais da União Europeia de 2015, os
países membros estão sujeitos a mais de 40.000 regras pelo simples fato de
pertencerem a instituições da UE. No total, incluindo regras, diretivas,
jurisprudência, e especificações setoriais e industriais, estima-se que haja
aproximadamente 135.000 regras compulsórias.
A União Europeia aprova, em média, 80 diretivas, 1.200 regulações e 700
decisões por ano.
A facilidade de se empreender continua menor (mais
difícil, cara e burocrática) que a das principais economias do mundo. Até mesmo
as principais (mais ricas) economias da UE continuam significativamente atrás
das líderes em termos de
liberdade econômica.
A
meta é a França
A Comissão Europeia não apenas gosta de impostos
altos, como também é partidária da tributação dupla. Em específico, os chamados
impostos "verdes" são a grande piada. Os consumidores pagam pelos
maciços subsídios "verdes" repassados pelos governos às empresas do
setor industrial, mas também pagam pelos impostos indiretos "verdes"
que incidem sobre o preço final de bens de consumo emissores de gás. No final,
os cidadãos da UE pagam duplamente: pelos subsídios e por serem tão insensíveis
ao ponto de usarem um carro.
No que diz respeito a gastos e impostos, a padrão é
sempre o mesmo. Para Bruxelas, fazer uma "harmonização fiscal e
tributária" dos países-membros significa elevar impostos,
regulamentações e gastos de todos os países. Na prática, o corpo burocrático
exige que as outras nações da UE tentem alcançar os números da França. Bruxelas
não questiona a asfixia econômica que ocorre na França ou em outros países. Ela
exige que as outras nações alcancem a média de impostos, regulações e gastos
que a França, sozinha, eleva desproporcionalmente.
Frequentemente, as recomendações da Comissão
Europeia não procuram reduzir os desequilíbrios e promover a competitividade, a
atração de capital e os investimentos produtivos. O que elas fazem é perpetuar
um modelo dirigista copiado da França, o qual apenas gera estagnação e maior
descontentamento.
Quanto
mais se tributa mais se gasta
Ao mesmo tempo, apesar de todo o pesado fardo
tributário e de todo o confisco de riqueza, a dívida total da União Europeia está
em 85%
do PIB (era de 70%
no início da década de 2000). Estimativas fictícias sobre evasão de
impostos e os frequentes clamores para "tributar
mais os ricos" — como se isso fosse a solução mágica para os déficits
— serviram apenas para que os gastos governamentais continuassem
crescendo despreocupadamente, levando a níveis insustentáveis o fardo do
governo sobre a economia real e, consequentemente, afetando os investimentos
produtivos.
Na UE, as políticas públicas são cada vez mais
direcionadas a tributar os produtivos para subsidiar os improdutivos.
O uso de estimativas irrealistas de receitas
tributárias (estimativas essas feitas por políticos que sempre estão errados)
para financiar aumentos reais de gastos (os quais consistentemente ficam acima
do inicialmente previsto) fez com que a UE fracassasse em todas as promessas de
redução da dívida.
As
consequências
Os custos da hiper-regulação e dos impostos
excessivos sobre os investimentos, a criação de emprego e a inovação são
evidentes. A União Europeia tem uma taxa de desemprego que é praticamente o
dobro da dos outros países desenvolvidos: sua atual taxa de 7,5% foi
puxada para baixo pelo baixo desemprego da Alemanha (3,1%) e do
Reino Unido (3,9%).
O desemprego na França é de 8,5%, na
Itália é de 9,7%
e na Espanha é de 14%.
Enquanto isso, o desemprego nos EUA é de 3,7% ,
no Canadá é de 5,7%,
na Austrália é de 5,2%, e na
nova Zelândia é de 3,9%.
A tributação afeta severamente o crescimento das
pequenas e médias empresas: a
proporção de desenvolvimento das pequenas e médias empresas em relação às
grandes é metade da dos EUA.
A menos que os burocratas e políticos da UE mudem
sua mentalidade em relação a este modelo — que se sustenta majoritariamente
por meio de uma maciça tributação e de uma volumosa burocracia — e passem a
adotar políticas voltadas ao corte de impostos e de gastos, à redução da
burocracia, à facilidade de se empreender, a uma maior liberdade econômica, e à
atração de capital, o próprio estado assistencialista irá implodir. Custeá-lo
será impossível.
O
que os defensores do modelo não vêem
Cidadãos produtivos e empresas não são um caixa
eletrônico sem limites, o qual pode cuspir dinheiro infinitamente para bancar
excessos políticos. A fonte sempre seca. Para o estado de bem-estar social
europeu, o fim do dinheiro alheio está chegando.
O grande paradoxo é que o estado de bem-estar social
europeu só poderá ser prolongado se houver mais liberdade ao empreendedorismo,
aos investimentos, à criação de empregos e ao crescimento econômico. Apenas
assim haverá mais riqueza para ser confiscada e, com isso, dar continuidade ao
estado assistencialista. Não há social-democracia
sem uma ampla liberdade econômica, como bem ensinam Suécia e Dinamarca.
No entanto, a deliciosa ironia é que tudo indica que
o estado assistencialista europeu será destruído pelos mesmos que, de tanto
defenderem o setor público, o tornaram insustentável.
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