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segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Historiador suíço expõe memórias anti-Hitler de Rauschning como fraudulentas

Praticamente todas as principais biografias de Adolf Hitler ou da história do Terceiro Reich fazem citações da memória de Hermann Rauschning, ex-Presidente do Senado Nacional-Socialista de Danzig [1]. No livro publicado na Grã-Bretanha como “Hitler Speaks” (Londres, 1939) e nos Estados Unidos como “The Voice of Destruction” (Nova Iorque, 1940) Rauschning apresenta página após página o que são supostamente as mais íntimas visões de Hitler e os planos deste para o futuro. Elas são supostamente baseadas em uma centena de conversações privadas entre os dois homens.
Agora, depois de mais de quarenta anos, um historiador suíço tem exposto minuciosamente este suposto documento da loucura de Hitler como completamente fraudulenta. Wolfgang Haenel apresentou os resultados de sua pesquisa na conferência anual em maio de 1983 do Centro de Pesquisa de História Contemporânea de Ingolstadt na Alemanha Ocidental.
O Hitler de Rauschning é nada mais que um revolucionário niilista totalmente carente de ideias, objetivos, princípios ou ideologia sistemática, o qual demagogicamente explorou as palavras e os homens para acumular poder para seu próprio bem. Ele era inteligente mas completamente inescrupuloso e oportunista o qual acreditava em nada do que ele próprio dizia. Seu Nacional Socialismo, de acordo com Rauschning, era apenas uma “Revolução do Niilismo”. Ele era supostamente preocupado com a guerra. Suas numerosas propostas de desarmamento e ofertas de paz eram apenas hipócrita retórica designada para enganar suas futuras vítimas.
Do homem que unificou a Alemanha, Hitler é suposto ter dito: Bismarck foi estúpido. Ele era apenas um protestante.” Ele teria repreendido Rauschning por seus escrúpulos: Por que você balbucia sobre brutalidade e se aborrece em relação ao sofrimento. As massas querem isso. Elas necessitam de um pouco de crueldade. Eu quero uma juventude violenta, magistral, sem medo e cruel,” ele é citado como tendo dito. Em outra ocasião, Hitler teria, de acordo com relatos, declarado: “Sim, nós somos bárbaros. Nós queremos ser bárbaros. É um título honroso.”
Wolfgang Haenel passou muitos anos em uma pesquisa detalhada, em comparações do textos e entrevistando testemunhas contemporâneas. Ele descobriu que ao invés de “cerca de uma centena de conversações” com Hitler, Rauschning na verdade se encontrou com o líder alemão somente quatro ou cinco vezes. E estes poucos encontros não foram nem em tempo privado e nem foram longos, mas sempre na companhia de altos funcionários enquanto visitava Hitler em Berlim ou em Obersalzberg. Rauschning nunca teve a oportunidade de ouvir as opiniões íntimas de Hitler ou seus planos secretos para o futuro, conforme ele se vangloriou em suas espúrias “memórias.”
Haenel mostra que algumas palavras atribuídas a Hitler por Rauschning eram na verdade levantadas dos trabalhos de Ernst Jünger [2] e Friedrich Nietzsche. Hitler é citado como tendo feito afirmações as quais não poderiam ter sido feitas na alegada época. Algumas citações supostamente feitas em privado foram de fato retiradas de discursos feitos por Hitler depois de 1935, o ano que Rauschning foi para a França. Haenel também expõe sérias contradições entre eventos conforme apresentados por Rauschning e a forma de como eles realmente ocorreram, como no caso de uma alegada conversação após o incêndio do Reichstag em março de 1933.
Hermann Rauschning (1887-1982), 3º Presidente do Senado da Cidade Livre de Gdańsk. Quatro livros que fizeram a cabeça de leitores no Ocidente a partir dos anos da década de 1960 se utilizaram de uma fraude, a obra de Rauschning, para difamar Hitler e o Nacional Socialismo (‘nazismo‘). William Shirer em “Rise and Fall of the Third Reich”, 1962; Alan Bullock em “Hitler, a Study in Tyranny“, 1952; Joachim Fest, “Hitler”, 1973; e Robert Payne em “Life and Death of Adolf Hitler“, 1973. Os livros de Shirer e Fest continuam inclusive sendo publicados no Brasil em português como obras supostamente sem falsificações. I Imagem: Narodowe Archiwum Cyfrowe, sygn. 1-E-6125, 31 de dezembro de 1932.
Haenel mostra que o livro de memórias espúrias foi encomendado por alguns jornalistas franceses e por editoras de Nova Iorque como uma arma na propaganda de guerra contra a Alemanha Nacional Socialista. Por muitos anos a soma paga para o quase falido Rauschning por seu trabalho permaneceu um recorde na França se tratando de um livro político.
Os meios de comunicação de massa democráticos, os quais devotaram intermináveis colunas de impressão e horas de transmissão em denunciar o livro chamado de “Hitler diaries” [3] como falso, ignoraram caracteristicamente a história desta grande farsa histórica. Uma exceção foi o geralmente sóbrio jornal da Alemanha Ocidental Die Welt (19 de maio) o qual, no entanto, encerrou seu relatório na página 21. A imprensa diária americana não publicou nada.
Para seu crédito, o historiador americano John Toland não fez uso do trabalho de Rauschning em seu detalhado estudo, “Adolf Hitler”. E o historiador alemão Werner Maser colocou a observação em sua biografia de Hitler que “As declarações de Rauschning podem, na melhor das hipóteses, serem consideradas como uma fonte histórica secundária. Elas não têm valor documental.”
É sempre mais fácil produzir um documento forjado ou memórias falsas que provar que elas sejam falsas. Mas é ainda notável que levou tanto tempo para alguém expor o trabalho de Rauschning como fraudulento. Qualquer leitor de mente aberta e familiar com a literatura sobre Hitler pode determinar mais rapidamente que “The Voice of Destruction” é uma imaginativa mistura. O leitor simplesmente sente falta da “sensação” de autenticidade. Em contraste, a genuína memória de Otto Wagener, “Hitler aus naechster Naehe”, fornece prolongados e detalhados esboços dentro do pensamento de Hitler e suas opiniões privadas. Como primeiro chefe da equipe da SA [“os Camisas Pardas] e diretor do Departamento de Econômico Político do Partido Nacional Socialista, Wagener conseguiu conhecer Hitler intimamente. Eles gastaram centenas de horas juntos entre 1929 e 1932, muitos deles sozinhos.
O Centro de Pesquisa de História Contemporânea de Ingolstadt merece crédito por seu papel em expor esta grande fraude. Seu diretor, o Dr. Alfred Schickel, tem escrito numerosos ensaios substanciais de revisionismo histórico.
O desmascaramento que Haenel fez sobre o livro de memórias de Rauschning é uma bem-vinda contribuição para o lento e doloroso processo de esclarecimento em uma época de ofuscação histórica.
The Journal for Historical Review, outono de 1988, volume 4, número 3, página 378 – 380.
Tradução e observações de Mykel Alexander
Fonte da tradução: World Traditional Front 

Notas:

[1] Nota do Tradutor: Danzig é uma cidade que durante o período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial foi o centro de muitas disputas, de teor histórico e de questões urgentes na época, entre o Reich Alemão e a Polônia. O insucesso em resolver estas disputas pacificamente resultou no conflito entre o Reich Alemão e a Polônia, resultando na reincorporação de Danzig ao território alemão.
[2] Nota do Tradutor: Ernst Jünger (1895-1998). Foi um escritor e ex-combatente alemão da Primeira Guerra Mundial. No período nazista serviu no exército e também como administrador de uma província da França quando esta estava ocupada pelas forças alemãs. Esteve perifericamente envolvido com a oposição à Hitler que havia dentro do Reich, e, anteriormente, em 1938, foi proibido de publicar livros.
[3] Nota do Tradutor: Refere-se ao evento ocorrido em 1983 quando foi anunciado nos meios de comunicação a descoberta de documentos que seriam diários de Adolf Hitler. Contudo duas semanas depois esta descoberta foi classificada como uma fraude devido a muitas inconsistências tais como o texto ter sido escrito em papel e com tinteiro de época posterior à Hitler, e também devido a muitas incoerências históricas.

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