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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

As lições da Argentina

Maurício Macri assumiu prometendo consertar os (enormes) estragos causados por Cristina Kirchner. No entanto, em vez de tomar as medidas rápidas e decisivas que o descalabro econômico exigia, ele covardemente optou pelo gradualismo e pela suavidade.
Por exemplo, em vez de aprovar um forte corte nos paquidérmicos gastos herdados dos Kirchner, Macri concedeu aumentos para os aposentados e para os professores.
Para não comprar briga com sindicatos e com o funcionalismo público, não privatizou nenhuma estatal e nem atacou privilégios. Os mamutes e os nababos seguem intactos.
Pior: o funcionalismo público continuou em níveis soviéticos. Há 4 milhões de funcionários públicos na Argentina, sendo que aproximadamente 280 mil são fantasmas.
As dificuldades para empreender seguem as mesmas da época dos Kirchner. O país está na 116ª posição no ranking de facilidade empreendedorial.
Mas tudo isso empalidece quando olhamos as políticas fiscal e monetária.
O déficit do governo continuou sagrado, chegando até mesmo a superar os do período Kirchner. Já o Banco Central da Argentina, desde que Macri assumiu, hiperinflacionou o peso também a um ritmo ainda maior do que sob Kirchner. De janeiro de 2016 até hoje, a quantidade de pesos na economia argentina aumentou 75%. Logo, não é nada surpreendente a brutal desvalorização vivenciada pelo peso.
O fato é que, desde o início do governo Macri, seus assessores lhe venderam a ideia de que não haveria problemas em não se ter um plano econômico. O plano econômico era o próprio Macri: bastava ele estar na Casa Rosada, com o kirchnerismo fora do governo, que isso magicamente produziria uma chuva de investimentos estrangeiros, os quais gerariam um mágico efeito de crescimento econômico — apesar do monumental gasto público, da carga tributária confiscatória, de toda a rígida e inflexível legislação trabalhista, e da inacreditável inflação monetária.
Todos os sérios problemas estruturais que vinham se acumulando na economia argentina desde décadas, e que foram levados a um extremo insólito pelo kirchnerismo, magicamente seriam pulverizados pela simples presença de Macri. Esta era, no fim, a verdadeira estratégia: a simples mudança de governo já bastaria para fazer os investimentos dispararem, a economia crescer, as receitas tributárias aumentarem e o déficit cair.
A falta de um plano econômico consistente seria mais do que compensada pelo charme de Macri, o qual bastaria para mudar as expectativas e alterar o rumo da economia sem a necessidade de grandes reformas estruturais.
Obviamente, o truque não funcionou. A realidade econômica não pode ser revogada por discursos e aparências.
De concreto, o macrismo subestimou a fenomenal crise herdada do kirchnerismo. Um erro grosseiro tanto econômico quanto político.
O bolsonarismo recente não mostrou nada de mudanças e austeridades concretas para destruir a estrutura sovietica montada no país e muito menos ataca com eficiencia a ideologização da maquina pública e muito menos da sociedade.
Quem sabe teremos um repeteco da Argentina começando no Brasil.

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