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terça-feira, 30 de julho de 2019

Revisionismo do Holocausto é ilegal?

Nos Estados Unidos, a liberdade de opinião é protegida pela 1ª emenda da Constituição. Seja a exposição pacífica e/ou acadêmica na forma escrita e/ou oral, o pensamento revisionista não é tolhido pelo código penal. Mas as coisas mudam rapidamente se voltamos nossos olhares para o Canadá, Austrália, diversos países da Europa e
Israel. Ver aqui artigo da Wikipedia.
A razão para essa perseguição é a acusação de que as teorias revisionistas insultam os judeus, que seria ilegítimo ofender aqueles que foram feridos na Segunda Guerra Mundial. Embora o Revisionismo do Holocausto não se refira aos judeus como tal (ainda que alguns revisionistas assim o façam), os líderes da maioria das comunidades israelitas se sentem muito ofendidos. A razão aqui seria, o Revisionismo conclui – direta ou indiretamente – que muitos judeus não foram sempre fieis e honestos em seus testemunhos sobre suas experiências na Segunda Guerra.
É claro que seria inacreditável, se os judeus fossem o único grupo identificável de humanos que nunca mentiu, distorceu, exagerou ou simplesmente cometeu algum engano. Mas aparentemente as lideranças dos judeus e as autoridades de muitos países ocidentais concordam que ninguém tem o direito de acusar alguns judeus por proferirem falso testemunho sobre o Holocausto. Entretanto, ao nos debruçarmos sobre a situação legal, nós temos que insistir: o Revisionismo deveria ser perfeitamente legal em todos esses países. E isto se deve ao fato de todos terem assinado junto à ONU a Declaração dos Direitos Humanos, o que confere força legal a esses direitos. A liberdade de expressão pode ser limitada apenas no incitamento a atos de violência, mas a liberdade de pesquisa científica e o discurso pacifista nunca poderiam ser limitados – pelos menos teoricamente.
Por esta razão, uma dissertação jurídica na Alemanha sobre a Criminalização da Mentira de Auschwitz (Die Strafbarkeit des Auschwitz-Leugnens) chegou à conclusão de que o Revisionismo do Holocausto não pode ser suprimido legalmente, pois isso viola um Direito Humano básico. Entretanto, os fatos apontam para uma realidade diferente. Então, como podemos explicar tal discrepância entre o ideal e a realidade? Como justificativa para esta flagrante violação dos Direitos Civis, alega-se que o ponto de vista revisionista, mesmo se apresentado racionalmente e sem qualquer palavra inflamatória, poderia instigar as pessoas a cometer atos ilegais contra terceiros (principalmente judeus) ou poderia até mesmo ameaçar a “paz social”. Mas se analisarmos a questão do lado puramente racional, factual e com alegações substanciadas, tal procedimento nunca poderia causar tais ações, independente de quão controverso seja o assunto ou que venha a violar certos dogmas. Se as pessoas reagem desproporcionalmente a tais textos, é claro que o problema está nessas pessoas – em sua educação e formação social – ou até mesmo na própria sociedade por ter criado artificialmente esse tabu.
A alegação de que a discussão factual sobre a perseguição dos judeus pudesse inflamar os ânimos, é simplesmente uma mentira. Se esse método fosse aplicado universalmente, ele poderia ser usado indevidamente para a proibição de cada um e de tudo, se ao menos existisse algum grupo influente que se sentisse suficientemente perturbado. De fato, o conceito de “paz social” é uma ferramenta autoritária perfeita para suprimir qualquer visão controversa, por mais legítima que seja.
A única regra necessária para regular a liberdade de expressão é a seguinte: tudo é permitido, desde que não se exija, promova, tolere ou justifique a violação dos direitos civis dos outros cidadãos. Uma vez que todos os atos que realmente ameaçam a paz pública, como apelos por uma revolução violenta, insurreição, golpe, motim, pogrom, limpeza étnica etc, são clamados tendo em vista a violação dos direitos civis dos outros cidadãos, o conceito de “paz social” se torna obsoleto e não pode mais ser usado pelas autoridades para reprimir pontos de vista pacíficos, porém controversos.
Outra justificativa para as leis opressivas anti-revisionistas, em particular nos países de língua alemã, segue mais ou menos a seguinte “lógica torta”: a fim de evitar que minorias sejam novamente perseguidas, os dissidentes presos e os livros queimados, como aconteceu no passado, devemos, por uma mudança, perseguir outras minorias, prender outros dissidentes e queimar seus livros!
Essa perversão da lógica dispensa comentários. Por isso, estamos lidando “democraticamente” com algumas leis, ainda que tirânicas, permitindo que a maioria reprima uma minoria pacífica, pura e simples assim! Portanto, não é o revisionismo do Holocausto que é ilegal, mas as leis que o proíbem.
O americano Henry David Thoreau explanou muito bem quando escreveu há 160 anos (em oposição à guerra e à escravidão):
“Leis injustas existem: devemos nos contentar em obedecê-las, ou devemos nos empenhar em emendá-las e obedecê-las até que tenhamos obtido sucesso, ou iremos transgredi-las imediatamente? Os homens geralmente, sob um governo como esse, acham que devem esperar até que persuadam a maioria a alterá-los. Eles pensam que, se resistirem, o remédio seria pior que o mal. Mas é culpa do próprio governo que o remédio seja pior que o mal. Isso piora. Por que não é mais apto a antecipar e prover a reforma? Por que não valoriza sua sábia minoria? Por que chora e resiste antes de ser ferido? Por que não encoraja seus cidadãos a ficarem alertas para apontar suas falhas e fazer melhor do que eles teriam? Por que sempre crucifica a Cristo e excomunga Copérnico e Lutero, e pronuncia os rebeldes de Washington e Franklin? […]
Uma minoria é impotente enquanto se conforma com a maioria; nem sequer é uma minoria; mas é irresistível quando entope todo o seu peso. Se a alternativa é manter todos os homens justos na prisão, ou desistir da guerra e da escravidão, o Estado não hesitará em escolher. […]
Sob um governo que aprisiona qualquer um injustamente, o verdadeiro lugar para um homem justo também está na prisão.”
Ou, como Mahatma Gandhi, que foi inspirado pelo ensaio de Thoreau, 70 anos depois:
“Enquanto existir a superstição de que os homens devam obedecem a leis injustas, até então existirá a escravidão.”

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