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quinta-feira, 19 de abril de 2012

KNUT HAMSUN



UMA OPINIÃO DIVERGENTE

Se perguntarmos a 1000 pessoas qual a nota que dariam ao personagem histórico chamado ADOLF HITLER, certamente 999 responderão “0”. E ainda completarão com o epíteto MONSTRO, CARRASCO, DEMÔNIO! Sabem dar essa resposta, porque os jornais e os professores, os formadores da opinião pública, a ensinaram. Mas às vezes nos resta um depoimento de alguém que o conheceu e admirou.

Cito o norueguês KNUT HAMSUN. Mês passado fez 60 anos que faleceu aos quase 93 anos. Filho de alfaiate da aldeia de Garmostraet, exerceu diversas atividades, viajou pelo mundo (conheceu e desprezou o american way of life). Em 1888 voltou à pátria para se dedicar à vasta obra literária que deixou. Não parou de viajar. Finlândia, Rússia, Turquia, Pérsia fizeram parte dos seus roteiros. Depois de uma união mal sucedida, casou com Marie Andersen, 22 anos mais jovem, autora de livros para crianças.

Em 1920 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Observou o renascimento do Reich alemão. Sentia-se espiritualmente ligado ao povo germânico, tanto que já em 1936 manifestou sua simpatia pelo Nasjonal Samling, partido norueguês de tendências nacionalsocialistas. Assim foi dos que em 1940 preferiram que a Noruega fosse ocupada pela Alemanha e não pelos britânicos, que se atrasaram por poucos dias.

Houve um encontro entre Hamsun e Hitler na residência deste, no Obersalzberg, durante o qual o ancião não deixou de criticar a política adotada por Hitler em relação aos judeus. Uma discordância que, apesar de não ter agradado ao anfitrião, não chegou a afetar o relacionamento entre as duas personalidades. Tanto que no dia 7 de maio de 1945, uma semana depois de Hitler ter se suicidado, os leitores do jornal Aftenposten puderam ler o seguinte necrológio inserido por Hamsun:

Eu não sou digno de elevar a voz sobre Adolf Hitler, mesmo porque sua vida e seus feitos não convidam a uma sentimental comoção.
Ele foi um guerreiro, um guerreiro pela humanidade e um proclamador do direito de todas as nações.
Ele foi uma figura reformadora de mais alto grau e seu destino histórico o obrigou a atuar em tempos incomensuravelmente cruéis, que afinal o abateram.
Assim Adolf Hitler será visto pelo europeu ocidental em geral, e nós, seus fieis seguidores, curvamo-nos face à sua morte.

Provavelmente o seu renome, até como Prêmio Nobel, livraram Hamsun de consequências piores. Mesmo assim o fizeram pagar caro. A multa “por danos causados ao estado norueguês” praticamente o levou à ruína. Foi declarado “psicologicamente debilitado” e submetido a tratamento involuntário. Apesar destas condições redigiu ele próprio sua extensa defesa e durante o processo que lhe moveram escreveu mais uma obra, esta de forte cunho autobiográfico, publicada em 1949.

Knut Hamsun foi ele próprio um guerreiro, sobretudo um com opinião própria.

Para encerrar não posso deixar de destacar um detalhe surpreendente, principalmente para nós paranaenses. O artista, autor da tela acima reproduzida, chamava-se Alfredo Andersen, chegou a radicar-se em Curitiba e é considerado o “Pai da Pintura Paranaense”.

Toedter

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