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segunda-feira, 17 de maio de 2021

O mito Churchill

 

Em fevereiro de 1988, um jornal entrevistou o escritor britânico David Irving sobre seu novo livro A Guerra de Churchill. Baseado em ampla documentação pessoal do ex-primeiro-ministro, Irving acusa Churchill de ser o responsável direto pela transformação de um conflito regional entre Alemanha e Polônia, em um conflito de escala mundial, onde mais de 50 milhões de pessoas viriam a perder suas vidas.

A entrevista

O senhor diria que houve censura ao seu livro?

David Irving: Claro, não há diferença entre a censura a historiadores na Rússia ou aqui, apenas o método. Lá eles proíbem o livro, aqui os editores não publicam. Sempre tive problemas com os editores ingleses, mas meus livros sempre foram publicados. E todos foram comentados pela imprensa. Anualmente são publicados 40 mil livros na Inglaterra, mas apenas cem merecem críticas literárias. Os outros recebem completo silêncio. Mas, repito, todos os meus livros anteriores foram comentados pela imprensa, menos “Churchill’s War”. O editor literário do “Sunday Telegraph” me informou numa carta: “Tomamos em novembro a decisão de não comentar o seu livro”.


A guerra de Churchill

Mas a que o senhor atribui isso?

David Irving: No ano passado, surgiu um livro do Conde Nicholas Tolstoy, que agora é cidadão inglês, sobre as ligações de Harold MacMillan com crimes cometidos perto do fim da guerra. MacMillan foi Primeiro-Ministro deste país mas, na época, era um funcionário político britânico na Iugoslávia e na Áustria. E ordenou o retorno de 50 mil iugoslavos sabendo que eles corriam o risco de ser executados, como realmente o foram em sua maioria. Pois bem, o livro saiu, mas durante três meses os jornais o ignoraram. Ai aconteceram coisas estranhas. A Federação dos Estudantes conservadores publicou na primeira página de seu jornal um foto de MacMillan com o título “Este homem é um criminoso de guerra?”. O Partido Conservador foi à justiça para tentar impedir a distribuição do jornal. Os jornais tiveram de informar sobre isso e, depois de uma semana, saiu um artigo no “Times”, dizendo que devíamos estar todos envergonhados por fingir que o livro não existia. Com meu livro está acontecendo uma situação semelhante. Ele chegou aqui em novembro, mas só em janeiro os jornais admitiram sua existência.

Isso nunca lhe acontecera antes?

David Irving: Tive um problema há 15 anos com o livro “A destruição do comboio PQ 17”. O comandante da escolta do comboio, Capitão Jack Broome, alegou que eu o culpava pelo desastre. Embora negássemos a acusação, eu e o editor perdemos na justiça por 4 a 3. Tive de pagar 50 mil libras e quase fiquei arruinado. Foi a única vez que enfrentei um processo em 25 anos de carreira. Meu livro “A guerra de Hitler” também teve problemas. Em todas as minhas pesquisas para esse livro nunca encontrei a menor prova de que Hitler tenha dado uma instrução pessoal para o extermínio dos judeus. E eu já ofereci um prêmio a quem apresentar qualquer documento sobre isso. Mas o meio acadêmico é dividido sobre a questão do holocausto. Foi obra de um louco ou foi um movimento histórico?

Mas quais seriam as razões para o que acontece com “A guerra de Churchill”?

David Irving: Na Grã-Bretanha tivemos neste século apenas um herói, Winston Churchill. Em outros séculos tivemos muitos, mas neste só temos um. E estamos sentados num ninho de ilusões. Churchill começou as ilusões com seu discurso que dizia: “Lutaremos com eles nas praias”. Ainda podemos ouvir a voz dele, está nas nossas memórias e o pior é que a voz não é de Churchill, e sim de Norman Shelley, um ator que trabalhava num programa de rádio infantil. Shelley falou no lugar de Churchill, porque nosso líder estava totalmente embriagado. O próprio Shelley me contou e disse que ficou calado todos esses anos porque perderia os amigos se falasse a verdade. Meu livro sugere que a Grã-Bretanha tinha uma escolha – continuar a guerra ou aceitar a paz oferecida pela Alemanha, através de várias embaixadas, em maio e junho de 1940, logo após a queda da França e de Dunquerque. Os termos oferecidos eram generosos. Os alemães se propunham a sair da Polônia, da França e da Tchecoslováquia, retendo apenas os territórios que eles reivindicavam. Em troca a Alemanha se comprometia a atacar a Rússia e até chegaram a oferecer ajuda à Grã-Bretanha se ela fosse atacada por terceiros. Churchill chegou a dizer ao gabinete: “Acho que estaríamos errados, se não aceitássemos essa proposta”. Eu tenho o diário de Lorde Hallifax, o ministro do exterior, que confirma isso. Mas Churchill tomou o caminho oposto. Foi a guerra de Churchill em que perdemos o Império e o mundo perdeu mais de 20 milhões de vidas. Tenho também o diário de Sir John Martin, que foi o principal secretário particular de Churchill durante cinco anos. Ninguém sabia que Churchill estava lendo as mensagens alemãs decifradas que lhe eram entregues diretamente pelo MI-5 (a espionagem britânica). Churchill sabia quando Londres ia ser bombardeada e transmitia a imagem de ser corajoso. Mas na verdade a sua agenda me convenceu de que um dia, sabendo que Londres ia ser bombardeada, ele mandou desmarcar todos os compromissos e foi par ao interior. No caminho, um mensageiro o alcançou com novas mensagens interceptadas em que ele soube que o bombardeio seria dirigido contra outras áreas e não Londres. Ele aí voltou e deixou que todos soubessem que ele ia ficar na capital.


O historiador britânico David Irving

Mas como se explica que até hoje nenhum outro historiador tenha contado essa história?

David Irving: Os historiadores vivem atrás dos rabos uns dos outros e fazem citações entre si. Se você copia um livro, é plágio, mas se copia dois passa a ser pesquisa. Copiando quatro passa a ser uma ampla pesquisa. Eles não fazem pesquisa própria. Todos ficam famosos repetindo o que os outros escrevem. É um balão que vai crescendo e eu sou o alfinete que fura o balão.

Mas Martin Gilbert, o biógrafo oficial de Churchill, é considerado um acadêmico sério…

David Irving: O professor Gilbert tem dois problemas. O primeiro é que sendo o biógrafo oficial ele tem de escrever dentro das normas que se espera de um biógrafo oficial. O segundo problema é que, sendo judeu, ele se sente incapaz de escrever com isenção sobre certos assuntos. Os judeus financiaram Churchill nos anos 30. Ele estava sem dinheiro e recebeu 50 mil libras. Até esse momento os assuntos favoritos dele eram a Índia, defesa e desarmamento. Daí em diante ele passou a ter a Alemanha como seu tema principal. Alguns editores me propuseram claramente tirar isso do livro. O professor Gilbert já deixou de comparecer a dois programas de televisão comigo, com desculpas muitos fracas. Eu quero muito debater com ele o meu livro e, também, é claro, o dele.

E qual a razão de sua incompatibilidade com outros historiadores?

David Irving: Meus pais foram escritores, mas eu trabalhava numa siderúrgica quando alguém me contou que numa só noite de bombardeio aliado durante a Segunda Guerra, 100 mil civis haviam morrido em Dresden. Resolvi tornar-me historiador e escrever um livro sobre esse bombardeio. Eu não aprendi a mentir. Quando você entra numa universidade, recebe uma lista de livros para ler. É a história oficial. Eu não li nada. Viajo, visito os arquivos e vivo apenas do meus livros, trabalhando sete dias por semana.

E como se explica que a Oposição trabalhista não tenha se interessado peal censura de que o senhor se acha vítima?

David Irving: Sou um homem de direita e muita gente já me chamou de antissemita e fascista. Há sete ou oito anos a porta da frente da minha casa foi derrubada por um golpe de marreta. Uma gráfica que imprimia meus livros foi queimada. O Partido Trabalhista é grão a Winston Churchill porque em 1940 os trabalhistas estavam muito mal e Churchill os chamou para o Governo de coalizão.

E a família de Churchill? O neto dele lhe mandou uma carta de protesto.

David Irving: E eu já respondi e mande cópia da minha carta para todos os jornais. Eu lhe disse nessa resposta que ele, como todos os outros Churchill, é bêbado, mentiroso e adúltero.

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