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quinta-feira, 6 de maio de 2021

O navegador que descobriu o Brasil antes de Cabral

 

Duarte Pacheco Pereira foi um dos primeiros heróis dos descobrimentos, capitão de guerra na Índia, recebido em Lisboa com um desfile triunfal. Camões chamou-lhe “Aquiles lusitano”, sendo o navegador um hábil marinheiro e guerreiro com fama de colérico e agastado.

Nascido em Santarém, foi cavaleiro da Casa de El-Rei D. João II, tendo já sido notado antes da sua viagem à Índia na expedição de Afonso de Albuquerque, onde comandava a nau Espírito Santo.

Duarte Pacheco Pereira
Duarte Pacheco Pereira

Pacheco Pereira era filho de um navegador e neto de um armador, tendo crescido em contacto próximo com o mar e com as arrojadas viagens dos portugueses que desbravaram o oceano, descobrindo novos povos e terras. Assim, o seu espírito parecia cheio de ardor de aventuras e de grandes feitos, tendo-o demonstrado toda a vida, no seu serviço à pátria, com feitos que o tornaram um dos portugueses mais notáveis do seu tempo.

A epopeia de Pacheco Pereira inicia-se em viagens de exploração e reconhecimento ao longo da costa ocidental da África. Em 1494, fez parte da delegação portuguesa na conferência de onde resultou o célebre Tratado de Tordesilhas, considerado o mais importante tratado do séc. XV. Nessa conferência, revela todo o seu saber científico, revelando-se um elemento fundamental na defesa das pretensões portuguesas.

A confiança que D. João II tinha nele prolongou-se pelo reinado de D. Manuel, que o envia em 1498 para além do Mar Oceano em busca de terras ocidentais do Atlântico, onde o navegador encontrou terra firme, com grandes ilhas adjacentes.

Tratado de Tordesilhas
Tratado de Tordesilhas

Esta expedição teria como objetivo reconhecer as zonas situadas para além da linha definida no Tratado de Tordesilhas. Pensa-se, assim, que Pacheco Pereira terá descoberto o Brasil, algo que a política de então não lhe permitiria revelar, para não provocar confrontos com Espanha.

Em 1500, o descobrimento é tornado oficial por Pedro Álvares Cabral, evitando-se desta forma atritos e reclamações que poderiam ter surgido, se o acontecimento não se tivesse revestido de todos os cuidados e de sigilo sobre as navegações anteriormente realizadas.

Realizou algumas viagens à costa da Guiné, sob as ordens de D. João II. Depois, a sua competência em matéria de geografia e de cosmografia, assim como a sua experiência de navegador, levaram-no a figurar entre os membros da delegação portuguesa encarregada de estabelecer, com os castelhanos, os termos do Tratado de Tordesilhas, em 1494.

D. Manuel I, em 1498, encarregou-o de uma expedição relacionada com a demarcação da linha estabelecida pelo mesmo tratado, o que terá constituído um passo preparatório do descobrimento do Brasil. Aliás, Pacheco Pereira acompanharia Pedro Álvares Cabral na viagem de 1500.

É autor do Esmeraldo de situ orbis, obra que ficou incompleta e que constitui um roteiro comentado das costas ocidental e oriental da África. Nela, Duarte Pacheco Pereira refere, embora não muito claramente, que o rei D. Manuel o tinha mandado descobrir «uma tão grande terra firme» a ocidente do Oceano Atlântico, facto até hoje desprovido de provas convincentes e que deu origem a várias especulações sobre a sua veracidade.

Depois de várias outras viagens, nomeadamente à Índia, exerceu o cargo de capitão de S. Jorge da Mina entre 1519 e 1522, altura em que regressou a Lisboa.

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