Estou convencido de que abri uma espécie de Caixa de Pandora ao denunciar aqui que o Movimento Passe Livre está recrutando estudantes nas escolas particulares mais caras de São Paulo — gente que não tem nem mesmo noção de como funciona o sistema público de transportes —, usando a moçada cheia de disposição como massa de manobra de sua “luta”. Pior: muitos professores dessas escolas estão incitando os estudantes a participar de confrontos de rua e tentativas de ocupação de prédios públicos como forma de exercitar a “cidadania”. Na manifestação da semana passada, os vereadores do PT, diligentes como sempre, estavam lá dando suporte à “manifestação”. Quando rojões começaram a ser lançados contra o prédio da Prefeitura, a Polícia — que, no estado de democrático e de direito é a democracia de farda — reprimiu os “baderneiros do papai”. Cuidado com as camisetas da Hollister e os jeans da Diesel, crianças…
Ontem, eu me dirigi aos pais que pagam a farra. Hoje, dirijo-me aos diretores dessas escolas e coordenadores pedagógicos. Sim, vocês têm responsabilidades técnicas, profissionais e morais. É preciso saber a forma que o “discurso da cidadania” está tomando na sala de aula. “Educação crítica”, como dizem por aí, vá lá: partidarização da sala de aula é outra conversa e caracteriza, reitero, uma forma de assédio moral. O professor exerce uma liderança intelectual em sala. Em muitos casos, torna-se uma referência. Já bastam as quantidades industriais de bobagem contidas nos livros didáticos, boa parte deles produzida também por prosélitos. Aulas de história, geografia, sociologia e filosofia são, com freqüencia, verdadeiros manuais de militância petista, em que a verdade costuma ser a primeira vítima. Se pouco se pode fazer — a dificuldade realmente é imensa — para evitar a distorção, o incitamento à ação direta tem como ser contido.
REINALDO AZEVEDO
REINALDO AZEVEDO
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