Quem pedirá a cassação do mandato do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT)? Acho que ninguém. Quem na imprensa irá protestar contra a sua ligeireza, a sua irresponsabilidade, o seu pouco caso — ele já foi ministro da Justiça — com um dos mais graves problemas brasileiros? Acho que ninguém também! Nesse caso, então, nem se diga: com raras exceções, há identidade de agenda, quem sabe de prática.
Leiam o que informa Graciliano Rocha na Folha Online. Volto em seguida:
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), defendeu nesta quarta (6) que a maconha receba um tratamento mais tolerante do que outras drogas. A defesa da “regulação” - que deveria ser precedida de estudos científicos, segundo ele - foi feita durante palestra a estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Ex-ministro da Justiça no governo Lula, o petista, no entanto, apresentou objeções à legalização do comércio porque o dinheiro gerado com a venda da droga é a fonte de poder do tráfico.
Tarso comparou a maconha com outras drogas e a malefícios do cigarro. “As pessoas terem tolerância com a cannabis sativa [nome científico da maconha] é diferente da heroína. Muitos especialistas dizem que a maconha faz menos mal que o cigarro. Eu nunca vi alguém matar por ter fumado um cigarro de maconha”, disse.
Ao falar de sua experiência pessoal, Tarso, 64, negou ter fumado maconha na juventude. Não por falta de vontade, ressalvou ele, mas porque vivia como clandestino durante a ditadura militar (1964-1985). “Na minha época, a gente não fumava maconha não por não ter vontade, mas porque as condições de segurança em que a gente vivia na clandestinidade”, afirmou. E completou: “Mas dizem que é muito saboroso”.
Comento
Antes que venham me torrar a paciência com as opiniões de FHC sobre a descriminação da maconha, vamos a algumas diferenças. O tucano está fora do poder, o que não é o caso de Tarso. Mas deixo claro: essa é uma das questões em que divirjo radicalmente do ex-presidente. De todo modo, sua abordagem me parece mais séria do que o “dizem que” do governador do Rio Grande do Sul, que pode valer por um convite, um incitamento ao consumo. FHC questiona a política continental, liderada pelos EUA, de combate às drogas. Discordo dele, acho que está errado, mas é outra coisa.
Antes que venham me torrar a paciência com as opiniões de FHC sobre a descriminação da maconha, vamos a algumas diferenças. O tucano está fora do poder, o que não é o caso de Tarso. Mas deixo claro: essa é uma das questões em que divirjo radicalmente do ex-presidente. De todo modo, sua abordagem me parece mais séria do que o “dizem que” do governador do Rio Grande do Sul, que pode valer por um convite, um incitamento ao consumo. FHC questiona a política continental, liderada pelos EUA, de combate às drogas. Discordo dele, acho que está errado, mas é outra coisa.
A tese central de Tarso, se existe, é bucéfala: “Ah, maconha tudo bem, já as outras drogas…” Num país que tem hoje no crack um verdadeiro flagelo, um governador de estado dispensar às drogas esse tratamento banalizado, como se estivesse falando, sei lá, de alguma guloseima (”dizem que é muito gostosa”), merece o repúdio de qualquer pessoa de bom senso. Não! Mais do que isso: merece o repúdio das pessoas de bem!
Tarso é também chegado à mistificação sobre o passado. Esse negócio de que não fumou maconha porque estava na clandestinidade é uma sandice lógica. Justamente porque estava, teria sido mais fácil. Vamos pôr ordem na bagunça. Tarso foi, digamos assim, um clandestinozinho, por um certo período. Foi periferia do esquerdismo. Poderia ter fumado maconha à vontade, e ninguém daria a menor bola.
Bolsonaro diga o que quiser. Tarso diga o que quiser. Eu também digo o que quero e sustento que são boçalidades diferentes, sim, mas combinadas. Um acha que resolve todo no tabefe. O outro se dá a devaneios supostamente líricos. Mas há uma diferença que não tem a ver com eles: o deputado virou o satã de plantão de grupelhos de pressão, e Tarso é confundido com uma pessoa séria.
É compreensível que tenha sido este senhor a redigir aquele “tratado” defendendo a permanência de um terrorista homicida no Brasil. Quanta à maconha e seu sabor, talvez ele devesse experimentar, agora que não é mais clandestino. Dizem também que dá sono. Tarso dormindo, trabalhando a metade, certamente renderá o dobro…Enquanto dorme, não fala.
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